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HADDOCK LOBO: CAMISAS DOS MARRONS DA TIJUCA SÃO REVIVIDAS

por André Luiz Pereira Nunes


O escritor Kléber Monteiro relança modelos do Haddock Lobo

O escritor e professor Kléber Monteiro Fins (foto) marcou mais um gol de placa. Após relançar, com a ajuda de interessados, várias camisas de times extintos do Rio como Andaraí, Confiança, Vila Isabel, Catete, Helênico, Tijuca, Palmeiras e Riachuelo, a bola da vez, ou melhor, a camisa da vez é a do Haddock Lobo Football Club, outra saudosa agremiação que se localizava na Tijuca, pródiga região da cidade do Rio de Janeiro que abrigou dezenas de equipes de futebol.

O simpático Haddock Lobo, fundado em 23 de julho de 1908, se notabilizou pela singular combinação de cores de seu pavilhão. Em três anos de existência contou com três fardamentos. O primeiro, predominantemente, na cor marrom, perdurando até a metade do Campeonato Carioca de 1909, quando foi criado o segundo fardamento, este listrado nas cores marrom e branco.


Modelo marrom do Haddock Lobo

Contudo, durante o Campeonato de 1910 o clube abandonaria as cores originais, passando a atuar com a indumentária azul.

Vale ressaltar que o clube possivelmente foi um dos poucos a adotar a cor marrom. Porém, é preciso ressaltar que o Grêmio, de Porto Alegre, quando foi fundado, em 15 de setembro de 1903, ainda não contava com sua icônica e conhecida camisa tricolor, imortalizada como umas das mais belas do mundo. Seu primeiro modelo era composto por um design listrado, na horizontal, nas cores azul celeste e havana, uma espécie de marrom.

Em 1911, o Haddock Lobo, em virtude de uma grave crise econômica, se fundiria ao America Football Club. A proposta inicial era o novo clube se chamar Haddock Lobo-America, mas, a ideia não prosperou. Tanto o nome, quanto as cores originais, não foram mantidas. Na prática, o America incorporou o co-irmão, se apropriando do terreno, localizado à Rua Campos Sales. Inclusive, Marcos Mendonça, o primeiro goleiro da Seleção Brasileira, pertencia ao Haddock Lobo e passou a atuar pelo America.


Grêmio, de Porto Alegre, foi o pioneiro na utilização do marrom

Curiosamente, o novo presidente do America foi Álvaro Zamith, oriundo do Haddock Lobo, o qual veio a substituir o lendário Belfort Duarte, que passou a ser o capitão da nova equipe integrada.

Apesar da existência breve, o Haddock Lobo deixou a sua marca na história do futebol carioca. Disputou os estaduais da primeira divisão de 1909 e 1910 e a segunda divisão de 1911.

Os interessados em adquirir os modelos todo marrom e o listrado marrom e branco devem procurar Kléber Monteiro através das suas redes sociais ou pelo ZAP 21 99791-5589.

ONDE VOCÊ ESTAVA?

por Paulo Roberto Melo


Onde você estava, em 25 de novembro de 1971, quando o Roberto Dinamite explodiu as redes do Maracanã, fazendo seu primeiro gol como profissional do Vasco, contra o Internacional? Primeiro gol dos mais de setecentos, ao longo de mais de vinte anos de carreira. Eu, com cinco anos de idade, provavelmente estava presenciando uma comemoração dupla: pelo gol do Roberto e pelo aniversário do meu saudoso pai.

Onde você estava, em 9 de maio de 1976, quando o Roberto Dinamite encobriu o zagueiro Osmar, do Botafogo e emendou de voleio, fazendo um dos gols mais bonitos da história do Maracanã? Eu, com 10 anos de idade, estava saindo da missa e correndo para falar com o Irmão Josafá, da Paróquia Santo Afonso, que com seu radinho de pilha, acompanhava todos os jogos do Vasco e gostava de me perguntar no final de cada missa: “rezou pro Vasco ganhar?”

Onde você estava, em 11 de junho de 1978, quando o Roberto Dinamite acertou o ângulo do bom goleiro Koncilia, da Áustria, na Copa da Argentina? Gol salvador, que classificou o Brasil e evitou o vexame de uma volta antecipada para casa. Eu, com 12 anos de idade, de frente para a primeira TV em cores da nossa casa, pulava de alegria pelo sucesso do meu ídolo.

Onde você estava, em 9 de agosto de 1987, quando o Roberto Dinamite, depois de matar a bola no peito, rolou-a suavemente para a bomba do Tita, dando, assim, o título carioca daquele ano ao Vasco? Eu, com 21 anos de idade, estava na arquibancada do Maracanã, vibrando como um louco, a vitória de um grande time, cujo astro era o Roberto.

Onde você estava, em 24 de março de 1993, quando o Roberto Dinamite deu uma volta olímpica pelo gramado do Maracanã, acenando para a torcida e se despedindo do futebol? Eu, com 27 anos de idade, na arquibancada do Maracanã, via uma linda parte da minha vida se despedindo junto.

Onde você estava, em 8 de junho de 2011, quando o Roberto Dinamite, presidente do Vasco, comemorava com os jogadores o último título nacional de relevância do clube da Colina? Eu, com 45 anos de idade, estava abraçado à minha esposa, de frente para a TV, vibrando em silêncio, para não acordar a nossa filha.

Onde você estava, em 26 de outubro de 2021, quando o Roberto Dinamite abriu a porta da sua casa para me receber com o mesmo sorriso de sempre? Eu, com 55 anos de idade, conversei alguns minutos com meu ídolo, entreguei a ele o projeto de um livro, tirei uma foto e me despedi com a vida zerada.

Onde você estava, em 9 de janeiro de 2022, quando o Roberto Dinamite revelou que começaria o tratamento para combater determinados tumores que haviam aparecido? Eu, com 55 anos de idade, demorei alguns dias para absorver o impacto da notícia e corri para rezar por ele e enviar pensamentos de cura e restauração.

Onde você estará, quando, em nova revelação, o Roberto Dinamite afirmar que venceu mais essa luta? Eu, com qualquer idade, estarei onde e como sempre estive: distante, mas junto dele.

ELE PODE SER ÚTIL

por Rubens Lemos


Você confiaria em Daniel Alves – convocado quinta-feira à seleção aos 38 anos de idade? Eu sim. Quem escolheu tirá-lo do pijama devolvendo-lhe as chuteiras o conhece de dividir campo e espetáculos de toque de bola. Xavi Hernandez sabe que Daniel Alves pode ser útil!

Também seria um dos meus primeiros nomes. Tite não pode abrir mão dele. Daniel Alves, com sua experiência e a sua técnica, injetou ânimo ao time bicampeão olímpico. Daniel Alves, com 38 ou 46 anos de idade, é melhor até que todos os meio-campistas de Tite. Na lateral, é único. Pode lhe faltar gás. Compensa usando atalhos.

Com ele, a seleção olímpica tomou gosto e perdeu o medo de qualquer adversário. A Alemanha foi vencida como o antigo Rosita Sofia, amontoado de cabeças de bagre de subúrbio no Rio de Janeiro.

Alemanha não era a principal? Menos. A Alemanha só vale quando enfia 7×1 numa seleção de fundo de barraco? Não. Pronuncie Alemanha e verás a força da potência esportiva e em qualquer lugar da vida.

Com Daniel Alves, foram liberados os garotos. O melhor deles na teoria, Claudinho, meia-esquerda e também convocado, acabou vendido ao Zenit, da Rússia, por 15 milhões de euros ou R$ 92 milhões, quando o negócio foi anunciado pela internet e à mídia tradicional. Dinheiro demais como fantasia de Walt Disney.

Claudinho, o camisa 20, entrou na Olimpíada com pinta de supercraque, alguém que pudesse repetir o desempenho de Geovani do Vasco em 1988 (sinceramente, impossível), de Gilmar Popoca do Flamengo em 1984, de Juninho Paulista em 1996 ou de Alex do Palmeiras no ano 2000. O cara da meiúca, o homem capaz de resolver a partida num lançamento, drible ou sacanagem peladeira de efeito.

Com toda boa vontade, Claudinho rendeu em torno de 35,77% do que mostrou no Campeonato Brasileiro do ano passado, um Orós em meio ao deserto de qualidade no setor mais nobre de qualquer time que se dê a respeito: o meio-campo.

Insistindo em Daniel Alves, basta situá-lo à função correta. O Brasil joga com Casemiro, miniatura de Dunga, e com Fred. Cada vez que leio antes de um jogo da seleção o nome de Fred designando o camisa 8, jaqueta que foi de Zizinho, Didi, Gerson, Canhotinha de Ouro, Sócrates e Zico, que ela vestia quando a 10 era de Rivelino, me dá o prazer paradisíaco de uma unha encravada. Depois de levar o chute de um gordo de 129 quilos.

Tite adotou Fred. Não sabe marcar, desarma apenas com faltas, é incapaz de um passe de cinco metros. Não dribla a sombra (dele). Uma peça de abominável nulidade.

Casemiro até pode ficar no time, o ABC teve Arandir para deixar Alberi livre a fazer arte, mas os outros três do meio precisam de o mínimo de flerte com a redondinha.

Casemiro, Daniel Alves, Bruno Guimarães (começou ótimo, caiu) e Neymar soltinho da silva, formariam um bom quadrado. Com Gerson descansando Daniel Alves e Claudinho entrando com Gerson em situações emergenciais de necessidade de gols.

Richarlison relembrou, com a medalha de ouro, cada ano desperdiçado com Roberto Firmino ou o abominável Hulk, ideal para luta greco-romana.

Antes dos Jogos Olímpicos e com base apenas na desimportante Copa América, era difícil prever algo agradável para o Brasil, além da eliminação na primeira fase da Copa do Mundo.

Um time que joga feio, cheio de boçais incorrigíveis. Agora, é possível imaginar o trecho das quartas, limite brasileiro dos mundiais recentes. Com Daniel Alves, Gerson, Everton Ribeiro. Houve discreta guinada à criatividade. Gerson.

Em Tocantins, é possível achar laterais melhores do que Danilo e o pavoroso Renan Lodi. Daniel Alves é velho? Nilton Santos, numa passada maliciosa após cometer pênalti num espanhol, ajudou o Brasil a ser bicampeão em 1962. Tinha 37 anos.

Daniel Alves não é Nilton Santos, mas ninguém cola nele no futebol patropi. Xavi tem projetos especiais para ele no Barça. Só há um problema: a frescura de ser chamado de Dani. Jogador cascudo é apelido. Dani. “Fofo demais”..

O FLAMENGO PERDEU O NORTE

por Zé Roberto Padilha


Tinha muita gente no barzinho assistindo Flamengo X Oeste, pela Copinha. Pouco importa onde seja, com quem joga, vestiu rubro-negro e entrou em campo, a maioria se acomoda. E se inquieta. E vira festa!

Como tricolores, eu e a Maris ficamos de longe observando essa admirável paixão e o tamanho da frustração ocorrida após o resultado final: Oeste 2×0 Flamengo. Esse resultado eliminou o clube da mais importante competição sub-20 do país.

Não se esqueça aquele recadinho de Antoine Saint-Exupéry: tu és responsável, Flamengo, por tudo aquilo que cativas.

O Flamengo não perdeu do Oeste. Perdeu o norte.

Se sentindo o Barcelona, resolveu desvalorizar as competições em que participa deixando seus craques expostos na sala de troféus. Em campo, como nenhum adversário está à altura do que imagina ser, só os reservas.

Na Copinha foi de Sub-17, no Campeonato Carioca vai colocar o Sub-20 para jogar. No máximo, após tomar as porradas que vai tomar, vai escalar um time misto.

Somos do tempo em que o Carioca valia mais do que o Brasileiro. Perder do Inter, sem problemas. Seu torcedor está lá na fronteira com a Argentina. Mas perder do Vasco, o rubro-negro da padaria vai ter que aguentar o Arquimedes. A chegada do Roberto Lavinas. E aturar o Vlamir.

Uma falta de respeito não só com seus torcedores, mas com o futebol brasileiro em si. Dá saudades do tempo em que Romário entrava em campo todo jogo em busca do seu milésimo gol. Tulio também. Eram pagos para jogar e faziam questão de ir a campo.

Pagar R$ 1,5 milhão para deixar o Gabigol treinando, R$ 1,2 milhão para poupar o Bruno Henrique de justificar seu salário é uma desmoralização para todos os que amam o futebol.

Ja pensou ir ao teatro assistir “Nelson Rodrigues por ele mesmo” e deparar no palco com Fernanda Montenegro sem ela mesmo?

Mais ou menos por aí. O culpado foi quem inventou o tal patamar, aquele que foi subindo com os resultados ao mesmo tempo em que descia com a humildade.

O CRAQUE DO BRASIL EM 2009

por Luis Filipe Chateaubriand


Em 2009, Petkovic estava de volta ao Flamengo, fruto de negociações de dívidas antigas com a diretoria rubro negra.

A novidade não fez sucesso com a torcida, que achava que oito anos mais velho do que quando fez o golaço de falta do tricampeonato contra o Vasco da Gama, o gringo não era mais o mesmo.

Ademais, depois de ter saído do Flamengo, Pet jogou no Vasco da Gama e no Fluminense, e o torcedor rubro negro não perdoava.

Mas Pet veio.

E veio para fazer um Campeonato Brasileiro soberbo, com passes longos, passes curtos, lançamentos, cobranças de faltas, assistências e gols – sejam dele, mesmo, sejam os que propiciou aos colegas de time, especialmente Adriano, o Imperador.

O gringo fez barba, cabelo e bigode e, por isso, foi o grande jogador do Brasil em 2009!

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!