SÓ DEUS SABE COMO VEIO O TETRA
por Elso Venâncio
A princípio, pensei que fosse piada de português, mas não é. Depois da enxurrada de portugueses, que chegam com uma gigantesca comissão técnica, há quem aposte que vai ser natural um representante da terra de Camões assumir a Seleção após a Copa.
Dois nomes lembrados: Jorge Jesus, pelo trabalho que fez no Flamengo e é adepto do jogo ofensivo, e Abel Ferreira, bicampeão da Libertadores com o Palmeiras.
Por que o treinador brasileiro ficou tão fragilizado? São eles os verdadeiros culpados?
Ao mesmo tempo que ficamos carentes de grandes jogadores, uma onda de retranca assumiu um protagonismo nunca antes visto no nosso futebol. O importante era vencer, não importava de que forma, e manter o emprego. Demissão? O caminho era justiça, direto! Tem profissional recebendo, simultaneamente e sem trabalhar, de dois ou às vezes três ou mais clubes.
Uma fatalidade tira o título do Brasil em 1982 e, doze anos mais tarde, em 1994, só Deus sabe como nos veio o título mundial. Talvez São Romário explique! A partir de então, o futebol-arte foi colocado para escanteio. O esquema fechado, buscando apenas o resultado, virou moda após a Copa dos Estados Unidos. Os times passaram a ter não dois, mas três cabeças de área.
Alguns técnicos ganharam fama e dinheiro com esse esquema. O camisa 10 foi sepultado. O armador, tipo Gerson, o ‘Canhotinha de Ouro’, foi para o saco. O ponteiro virou jogador de lado, obrigado a recuar para marcar. Ainda assim, fomos penta na Coreia e no Japão, com Felipão, adepto da escola gaúcha, e o seu futebol de força e resultados. O esquema, 3-5-2, mas tendo Ronaldo Fenômeno (três vezes eleito o melhor jogador do mundo), Ronaldinho Gaúcho (duas vezes o astro-rei do Planeta Bola) e Rivaldo (Bola de Ouro em 1999), um trio que, quando a redonda chegava ao ataque, resolvia.
O garoto chega hoje na escolinha e avisa:
– Sou cabeça de área, meia de contenção, meia pelos extremos ou atacante recuado (o famoso falso 9).
Vi muito profissional nas categorias de base buscar títulos a qualquer custo. Ninguém se preocupa mais em formar jogador. Parar uma jogada com falta é mais importante do que tentar roubar a bola e sair jogando com ela.
Nosso futebol sempre foi criativo, com dribles, toque de bola, visando o gol. Vitórias convincentes! Exatamente como a Seleção se comportou contra o Chile e a Bolívia. Será que é tão difícil armar esquemas ofensivos?
FLA x FLU, O JOGO QUE NUNCA TERMINA
por Paulo-Roberto Andel
A peleja que começou trinta minutos antes do nada caminha para 110 anos de disputas. A próxima decisão aí está, em carne viva e tensão flutuante do Rio. Flamengo e Fluminense, Fluminense e Flamengo.
No mundo inteiro, há grandes clássicos que envolvem milhões de torcedores. O que difere o Fla x Flu de todos os outros é a relação de intimidade nas entranhas dos dois clubes. Claro que uma história secular também ajuda e ela não é pouca: de Laranjeiras e Gávea para São Januário e, então, para o Maracanã imortal das duzentas mil pessoas. O jogo dos jogos, com dezenas de recordes de público, decisões inesquecíveis e lances imortais, às vezes disputados em situações até comuns, embora o Fla x Flu jamais seja comum.
Por exemplo, o jogo dos três gols do Zico todo mundo se lembra e parece uma decisão de título, mas não foi nada disso e sim a partida de estreia na Taça Guanabara de 1986. O mesmo vale para os três gols de Super Ézio em 1994, num clássico normal de tabela, mas também inesquecível. E aquele golaço do Leandro em 1985? Era o primeiro jogo do triangular final, mas ficou eterno. E o créu do Thiago Neves? São muitas histórias.
Irmãos Karamazov do futebol brasileiro na concepção do genial Nelson Rodrigues, Flamengo e Fluminense têm papel decisivo num dos momentos mais difíceis da história do futebol brasileiro. Após a Copa de 1950, éramos terra arrasada. Pouco se fala dos suicídios ocorridos no Maracanã e no Distrito Federal após a derrota para o Uruguai. O Maracanã corria risco de se tornar um gigantesco elefante branco. Então o Fluminense ganhou o Carioca de 1951 e o Mundial de 1952, refazendo o colorido das arquibancadas, sucedido pelo tricampeonato rubro-negro de 1953 a 1955, confirmando o estádio como a casa da alegria no futebol brasileiro. Pouco tempo depois, veio 1958 e o resto da história já se sabe.
Num país onde a memória costuma ser desprezada, é fascinante pensar que o Fla x Flu atravessou o século XX no Brasil e segue firme no XXI. Quantos jogos, quantos ídolos, quantas histórias caberiam em livros e mais livros sobre o assunto? Fala-se de Zico, Rivellino, Júnior, Assis, Leandro, Félix. Doval vestiu as duas camisas, Renato Gaúcho também. Carlos Alberto Torres, Edinho, Rodrigues Neto, Paulo Cezar Lima, Moisés, Válber, Branco, o goleiro Renato, Cláudio Adão, Robertinho, o saudoso Zezé, Sérgio Araújo, Renato Carioca. Telê sempre foi Flu e depois treinou o Fla. Evaristo sempre foi Fla e treinou o Flu. A gente pode falar de Tim, de Renganeschi, de Zezé Moreira, de Fleitas Solich. É um universo tão marcante que um gol imortaliza até jogadores de efêmera passagem pelos clubes, tais como Luiz Marcelo, Nildo, Jacozinho e Jefferson.
Até aqui, nem falamos de Carlinhos e Nelsinho, de Flávio e Lula, de Denilson, de Didi, Henrique Frade e Joubert Meira. E Castilho e Pinheiro, Batatais e Chamorro. Nem que o Fluminense costumava prevalecer nos Fla x Flus decisivos – o que não tem acontecido nos últimos tempos -, nem que o Flamengo tinha mais vitórias na história do clássico – o que não tem acontecido nos últimos tempos. Nem falamos das grandes finais de 1941 e 1963, de 1969 e 1973, nem das recentes em 2020 e 2021. Hei, tem gol de barriga!
Tudo começou lá atrás, em 1912. O Flamengo montou um timaço com a cisão no Fluminense e era favorito, mas o Tricolor vestiu a roupa de mosca na sopa e ganhou por 3 a 2, com Barthô marcando o gol decisivo. De lá para cá, o Tricolor e o Rubro-Negro vêm se engalfinhando e escrevendo uma linda história de rivalidade e disputa através das décadas. E agora novos nomes concorrem ao prêmio de imortalidade que um título no Fla x Flu é capaz de oferecer. Vença quem vencer, será lembrado daqui a 50 ou 80 anos – a gente mesmo se lembra ou ouviu falar dos 2 a 2 de 1941, e parece que foi ontem.
Nesta semana o Rio vai assistir a mais um capítulo desta série de gala, cujo desfecho é absolutamente imprevisível, porque no Fla x Flu só existe uma única certeza: é o jogo que nunca termina.
@pauloandel
FALTA CARISMA
:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::::
Assisti essa pelada horrível entre Botafogo x Fluminense e tenho alguns pontos a destacar. O primeiro foi minha lembrança da decisão de 71 quando o tricolor venceu com um gol irregular de Lula, após um empurrão escancarado do lateral Marco Antônio no goleiro Ubirajara. Mas naquela época não havia VAR nem segundo, terceiro, décimo árbitro auxiliar.
Obviamente que o Botafogo deveria ter cobrado a falta, mas o juiz preferiu terminar a partida. Vale ressaltar que o Botafogo precisa de jogadores mais experientes se quiser sonhar alto. O juiz só aumentou o tempo de acréscimo, permitindo o gol do Flu, porque os jogadores comemoraram o segundo gol por quase cinco minutos!
O segundo ponto é como um time melhor tecnicamente entra em campo jogando para não perder e leva dois gols? Bastaram alguns minutos de futebol ofensivo para balançarem a rede! Por isso, falam que tem coisas que só acontecem com o Botafogo!
E essa história do novo dono do Botafogo afirmar que o Botafogo terá time A e B? Será que isso dará certo no Brasil? Na Europa, os atletas encaram isso com naturalidade, mas aqui é Brasil e terá muita gente torcendo o nariz por não estar no principal. É bom John Textor investir pesado em psicólogos e naqueles jogadores que não jogam nada, mas são bons de animar vestiário, os “bons de grupo”.
Mas me assusta se a nova comissão técnica considerar esse time que enfrentou o Fluminense como o A. Imaginem o B!!!
E os técnicos portugueses não param de chegar! A onda lusitana está indo tão bem que até a Portuguesa desandou a ganhar! Só sei que os “professores” deveriam fazer o feijão com o arroz. Não insistam para que os goleiros saiam jogando com o pé!!!! Toda a semana algum entrega o ouro. O do São Paulo foi patético. Se nem os jogadores estão conseguindo acertar passes, não serão os goleiros.
Por falar em goleiro, Rogério Ceni vem fazendo um bom trabalho no São Paulo, com futebol ofensivo, e vai enfrentar o Palmeiras de Abel na decisão. A expectativa é de mais um jogo truncado e sem emoção, como vem sendo as finais do Palmeiras. Sigo como fã da Copa do Nordeste, os jogos são mil vezes mais animados do que os grandes centros. Rio, São Paulo e Minas tem os três times de maior investimento financeiro, mas eles estão precisando de uma pitada do tempero nordestino para conquistarem algo além do futebol: o carisma.
Pérola da semana:
Zagueiros em transição que dão fatiadas nas jogadas, com intensidade por dentro ou na diagonal, tentando encontrar um atacante agudo que exerce a função de falso 9 flutuando pelo último terço do gramado.
Entenderam as asneiras das figuras que analisam nosso futebol?
O CRAQUE DO BRASIL EM 2012
por Luis Filipe Chateaubriand
Corria a Copa Libertadores da América de 2012, e Emerson Sheik cumpria atuações apenas regulares.
De repente, não mais que de repente, o mancebo “arrebentou” nas semifinais contra o Santos.
Não bastasse isso, nas finais, contra o Boca Junior, só “faltou fazer chover”, especialmente no segundo jogo, em São Paulo.
Quatro jogos, importantíssimos, foram suficientes para fazer de Emerson Sheik o melhor jogador do Brasil em 2012!
SUCESSO NA REGIÃO, SUPERCOPA NOROESTE RETORNA COM EDIÇÃO 2022
por André Luiz Pereira Nunes
Em 2017, as regiões norte e noroeste do estado do Rio de Janeiro sofreram drasticamente com a diminuição do número de integrantes que disputavam os certames profissionais organizados pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ). Na ocasião, apenas o Paduano e o Itaperuna ainda participavam das competições oficiais.
Indignado, devido ao pouco caso por parte da Federação com os clubes do interior, o desportista Márcio Monzato, ex-presidente do São José de Itaperuna, teve a brilhante ideia de congregar as agremiações do interior numa única liga, de caráter amador, com o intuito de não deixá-las inativas.
Consequentemente, disputaram a edição inaugural de 2017: Associação Atlética Guaritá (Itaperuna), Boa Sorte Atlético Clube (Cantagalo), Cardoso Moreira Futebol Clube (Cardoso Moreira), Estrela do Norte Esporte Clube (São Fidélis), Esporte Clube Italva (Italva), Floresta Atlético Clube (Cambuci), Liga Itaocarense de Desportos (Itaocara), Monte Carmelo Atlético Clube (Carmo), Miracema Futebol Clube (Miracema), Nova Aurora Futebol Clube (Italva), Real VTS (Bom Jesus do Itabapoana), Retiro Futebol Clube (Itaperuna), São Fidélis Futebol Clube (São Fidélis), Seleção de Laje do Muriaé (Laje do Muriaé) e União Calçadense Futebol Clube (São José do Calçado/ES).
Paraíso, de Cambuci, foi o vencedor da edição 2019.
Sagrou-se vencedor o Monte Carmelo, enquanto Floresta e a Liga Itaocarense de Desportos ficaram, respectivamente, na segunda e terceira colocações.
Em 2018, a lista de disputantes contou com as presenças de Aperibeense Futebol Clube (Aperibé), Associação Atlético Noroeste (Miracema), Bibarrense Atlético Clube (Duas Barras), Boa Sorte Atlético Clube (Cantagalo), Cardoso Moreira Futebol Clube (Cardoso Moreira), Cordeiro Futebol Clube (Cordeiro), Esporte Clube Italva (Italva), Floresta Atlético Clube (Cambuci), Laje Esporte Clube (Laje do Muriaé), Liga Itaocarense de Desportos (Itaocara), Macuco Esporte Clube (Macuco), Monte Carmelo Atlético Clube (Carmo), Retiro Futebol Clube (Itaperuna), Paraíso Esporte Clube (Cambuci), União Calçadense Futebol Clube (São José do Calçado/ES) e União São Vicente Futebol Clube (São Fidélis).
O Macuco foi o campeão, o Atlético Noroeste o vice, enquanto a Liga Itaocarense de Desportos repetiu a terceira colocação e o União São Vicente ficou na quarta posição.
Em 2019, ocorreu a terceira edição que contou com Altense Clube (São Sebastião do Alto), Associação Atlético Noroeste (Miracema), Bibarrense Atlético Clube (Duas Barras), Boa Sorte Atlético Clube (Cantagalo), Cardoso Moreira Futebol Clube (Cardoso Moreira), Carmense Atlético Clube (Carmo), Esporte Clube Italva, (Italva), Floresta Atlético Clube (Cambuci), Liga Itaocarense de Desportos (Itaocara), Macuco Esporte Clube (Macuco), Monte Carmelo Atlético Clube (Carmo), Olympico Futebol Clube (Bom Jesus do Itabapoana), Paraíso Esporte Clube (Cambuci), Pito Aceso Futebol Clube (Aperibé), União Calçadense Futebol Clube (São José do Calçado/ES) e União São Vicente Futebol Clube (São Fidélis).
Macuco foi o campeão da Supercopa Noroeste de 2018
O Paraíso, do distrito de São João do Paraíso, em Cambuci, foi o campeão da terceira edição, enquanto o Pito Aceso, de Aperibé, foi o vice.
Finalmente, após um longo hiato causado pela pandemia, haverá a partir deste mês de março a quarta edição. Os participantes serão União Futebol Clube (São Jose do Calçado/ES), Cardoso Moreira (Cardoso Moreira), Palmeiras Sport Club (Cambuci), Macuco Esporte Clube (Macuco), Esporte Clube Paraíso (Miracema), Associação Atlético Noroeste (Miracema), Pito Aceso Futebol Clube (Aperibé), AMCMP – Associação (São Jose de Ubá), Nacional Atlético Clube (Palma/MG), União São Vicente Futebol Clube (São Fidélis), Brasileiro Futebol Clube (Bom Jesus do Itabapoana), Secretaria de Esportes de Cantagalo (Cantagalo), Porciúncula Esporte Clube (Porciúncula), Visconde Futebol Clube (Trajano de Moraes), Altense Clube (São Sebastião do Alto) e Cordeiro Futebol Clube (Cordeiro).
As chaves ficaram assim definidas: GRUPO “A”: Macuco, Cordeiro, Visconde e Altense. GRUPO “B”: Palmeiras, Paraíso, Cantagalo e AMCMP – Associação. GRUPO “C”: Cardoso Moreira, Atlético Noroeste, Porciúncula e União São Vicente. GRUPO “D”: União Calçadense (ES), Pito Aceso, Brasileiro e Nacional de Palma/MG.
Monte Carmelo, de Carmo, venceu a edição inaugural da Supercopa Noroeste
No tocante ao regulamento, as 16 dezesseis agremiações estão divididas em 4 grupos com 4 clubes e farão jogos de ida e volta em suas respectivas chaves, classificando-se para a fase seguinte as 2 melhores colocadas. Findada a primeira fase, as 8 habilitadas disputarão as quartas de final, em caráter eliminatório, com partidas de ida e volta. Os vencedores, no placar agregado, avançarão à próxima fase. Daí, as 4 classificadas disputarão as semifinais, em jogos de ida e volta, em que os vencedores, no placar agregado, chegarão à decisão, que também contará com partidas de ida e volta.
Contando sempre com a expressiva presença da torcida e o apoio maciço da imprensa e comércios locais, a Supercopa Noroeste se consolidou como uma relevante atração no calendário esportivo do estado do Rio de Janeiro, passando a dar protagonismo ao futebol do interior que se encontra infelizmente totalmente vilipendiado por parte da Federação.