O CRAQUE DO BRASIL EM 2014
por Luis Filipe Chateaubriand

Em 2013, o Cruzeiro foi campeão brasileiro.
Teve como destaque a dupla Everton Ribeiro e Ricardo Goulart.
Everton Ribeiro, jogando muita bola, foi eleito o craque do Campeonato Brasileiro – só não foi o craque do ano no futebol brasileiro porque Ronaldinho Gaúcho “arrebentou a boca do balão” jogando pelo Atlético Mineiro, na Copa Libertadores da América.
Com o sucesso, Everton Ribeiro foi negociado com o futebol árabe em 2014.
E Ricardo Goulart ficou no Cruzeiro, sem o parceiro.
Pois, em 2014, o Cruzeiro foi campeão brasileiro novamente e, desta vez, Ricardo Goulart assumiu o protagonismo.
Jogou muito, jogou bastante, jogou “o fino”.
Por assim dizer, jogou por ele e por Everton Ribeiro.
E, com isso, Ricardo Goulart foi o craque do Brasil em 2014!
DOM EVARISTO – LENDA VIVA DO FUTEBOL
por Elso Venâncio

Evaristo de Macedo é uma das lendas vivas do futebol. Foi o primeiro brasileiro a ter superdestaque na Espanha. Jogou com craques antológicos. Idolatrado pela torcida e pela imprensa do Velho Mundo, sagrou-se bicampeão da Liga de Futebol Profissional pelo Barcelona (1959/1960). Nas decisões, enfrentava o poderoso Real Madrid de Di Stéfano, Kopa, Didi, Puskas e Santamaria.
Pouco depois, pelo próprio Real, entre 1962 e 1964, teve a seu lado algumas dessas feras, como Di Stéfano e Puskas, além do ponta-esquerda Gento. A grande fase desse ídolo, contudo, deu-se mesmo no Barça. No time da Catalunha, estreou ganhando a Taça do Mundo de Caracas, em 1957, com direito a dois gols sobre o Botafogo de Garrincha, Nilton Santos e Cia, na decisão. Além do bi conquistado em 1959/60, faturou outro: o da Taça da Cidade de Feiras, que corresponde à Liga da Europa.
Dois times, porém, marcaram a trajetória de Evaristo. O Flamengo tricampeão carioca e o Barcelona do final dos anos 50 e começo dos 60. No Rubro-Negro, jogou com Rubens e Dequinha, além do grande Dida, e também com Índio, Paulinho de Almeida e Zagallo. Sem falar dos paraguaios García, um gigante no gol, e o artilheiro Benítez. Com esses craques nasceu o histórico tricampeonato de 1953/54/55, que representou a maior façanha de um clube nos primeiros anos de vida do Maracanã.
Nosso personagem foi também o único de toda a História a marcar 5 gols com a camisa da seleção brasileira em um único jogo, e gosta de contar que, se não fosse vendido para o exterior, Pelé não jogaria em 1958 pois ele seria o titular. Na época, eram convocados apenas jogadores que atuavam no país, ao passo que Evaristo já brilhava no Velho Continente.
Treinador por mais de três décadas, pude acompanhá-lo de perto em suas três passagens pelo Flamengo. E também em 1985, quando dirigiu a seleção pouco antes das Eliminatórias para a Copa do Mundo do México. Campeão Brasileiro pelo Bahia em 1988, e da Copa do Brasil pelo Grêmio nove anos depois, em relação a Estaduais faturou títulos com os mesmos Grêmio e Bahia, além de quatro canecos pernambucanos com o Santa Cruz, de Recife.
Nessa função, ganhou seu primeiro troféu comandando o América, em 1967. O time rubro ganhou do campeão uruguaio Nacional, de Montevidéu, por 1 a 0 – gol do craque Edu, irmão do Zico. O jogo valeu pela decisão do Torneio Internacional Negrão de Lima, que o próprio Negrão, então prefeito do Distrito Federal, fez questão de entregar pessoalmente o troféu ao capitão Alex.
Evaristo de Macedo Filho nasceu em 22 de junho de 1933. Prestes a completar 89 anos, em suas caminhadas matutinas por Ipanema é sempre parado por amigos e torcedores, para falar de futebol. Iniciou sua carreira no Madureira, onde ficou de 1950 a 1952. No Flamengo foram quatro anos – de 1953 a 1957. Vendido ao Barcelona, jogou meia década pelo clube catalão (1957/62). Nos seus últimos tempos na Espanha, honrou a camisa do Real Madrid entre 1962 e 1964). Na volta, quis encerrar a carreira no seu clube do coração, o Flamengo, onde atuou de 1964 ao começo de 1966.
- Colaborou Péris Ribeiro (escritor)
ESSÊNCIA DO FUTEBOL
por Paulo Cezar Caju

O futebol vive de personagens, de emoção, de entrega, de música, de bandeiras e, acima de tudo, da paixão do torcedor. Estamos cansados de falar sobre o baixo nível técnico do futebol brasileiro. Tenho assistido jogos terríveis, mas também tenho presenciado o show de várias torcidas. Elas parecem ter entendido que o protagonismo deve ser delas, que elas, sim, precisam entrar em campo e salvar os campeonatos. E foi justamente a torcida que acertou em cheio o coração do executivo John Textor. Ele em momento nenhum elogiou o desempenho do Botafogo, pois reconhece que se trata apenas de um grupo de bons jogadores, que tem suas deficiências, como tantos outros. John Textor desfraldou uma bandeira, tomou chope no Jobi e chorou contagiado pela magia do torcedor brasileiro. Isso é o futebol, o conjunto da obra. E foi preciso a chegada de um empresário americano para sacolejar nossos ombros e nos lembrar que o Brasil é o país do futebol. Não conheço Textor, mas não me parece com alguns dirigentes que usam o alcance dos clubes para concorrerem a cargos políticos e de multinacionais. Textor é marqueteiro? O futebol é marketing. Francisco Horta, Eurico Miranda, Vicente Matheus, Márcio Braga podiam ser polêmicos, mas faziam o futebol respirar. Hoje jogadores, cartolas, todos são muito distantes de seu público e, por isso, todos foram fisgados pela emoção de Textor, porque não deixamos essa essência se perder, ser soterrada nos escombros dos velhos estádios. A torcida do Vasco também deu um show e vibrei com a vitória do Goiás sobre o Santos porque torço muito pelo futuro de meu “sobrinho” Jair Ventura. Botafogo, Vasco e Goiás tem times similares, mas torcidas apaixonadas. E os torcedores já perceberam que seguirá em frente os que gritarem mais forte, os que empurrarem seus times com mais amor e paixão, a mesma paixão que arrancou lágrimas de John Textor.
Pérolas da semana:
“Com um ótima leitura de jogo, o treinador fez o time ser compacto e encaixotou o adversário na defesa para aproveitar a segunda bola viva”. Futebol não se lê, se enxerga!
“O jogador de beirinha fez o facão e centralizou para tentar espetar o adversário. Com uma linha de cinco e outra linha de quatro, o atacante busca dar a assistência para o segundo centroavante”.
AMARILDO, O ETERNO “POSSESSO”

Mas o auge mesmo acabou sendo no Chile, em plena Copa do Mundo de 1962
Um cigarro, um único e escasso cigarro – da modesta, mas popularíssima marca Continental -, pode ter significado, afinal, o início da vertiginosa escalada de Amarildo rumo à glória e à fama.
– Joga esse cigarro fora, garoto.
Já cansado do jeitão autoritário do técnico Fleitas Solich, e vendo poucas chances de subir dos juvenis para o time de cima do Flamengo – ainda mais que na sua posição, a meia-esquerda, quem reinava absoluto era Dida, o maior ídolo rubro-negro -, aquele garoto campista de cabelos encaracolados, e de semblante quase sempre crispado, não perdeu tempo.
– Olha, seu Fleitas. O problema é que gosto de fumar. E não vou jogar o cigarro fora, não.
– Se não jogar, pode pegar as suas coisas e ir embora. Agora!
Sabendo o tamanho da encrenca na qual havia se metido, de imediato foi o que Amarildo fez. Afinal de contas, não desconhecia, em absoluto, a força que o paraguaio Don Fleitas tinha no clube. Poderes ditatoriais. Ainda mais, depois de haver levado o Flamengo ao primeiro tricampeonato da Era do Maracanã. E ainda por cima com Dida, o dono da meia-esquerda, como um dos heróis da grandiosa façanha.
Mesmo assim, foi o temperamento impulsivo do garoto campista, com seu jeitão libertário, que falou mais alto. E ele ainda disse poucas e boas para Don Fleitas antes de ir embora, chamando-o, inclusive, de velho caduco. “Em quem só não dou umas boas porradas agora, porque estou respeitando a sua idade”. De cabeça quente, mas plenamente consciente do poder de fogo do seu jogo, Amarildo Tavares da Silveira acabou deixando a Gávea para desembocar, pouco depois-ou quase de imediato –, em General Severiano. A ponte acabou sendo João Saldanha – um padrinho e tanto. Que já tinha ouvido falar dele através do velho amigo Galo, lendário lateral-esquerdo bicampeão pelo Flamengo em 1914/15, e que não saía dos treinos da Gávea.
Abusado no drible, decidido e veloz, além de possuir um verdadeiro canhão no pé esquerdo, Amarildo impressionou nos dois primeiros meses a tal ponto que, antes de completar 18 anos, já podia se considerar enraizado no Botafogo. Jogava nos Juvenis e nos Aspirantes, indistintamente. E no meio daquele Butantã de cobras que vestiam a camisa alvinegra, já começava a sonhar com uma vaguinha no time de cima. Ainda que fosse na ponta-esquerda.
O diabo é que o titular era o Zagallo, que havia sido campeão do mundo e pouco se machucava. A minha sorte é que haviam as excursões – costuma lembrar Amarildo, mergulhado no tempo.
É que, nas excursões, os jogos eram praticamente uns atrás dos outros. O roteiro, cigano. Três jogos na Bélgica, mais quatro na Holanda, outros três na França… Então, um revezamento do elenco se fazia necessário. Mesmo com a briga de Saldanha- àquela altura, técnico do time – com os empresários, que viviam a exigir a presença dos campeões mundiais Garrincha, Didi, Nilton Santos e Zagallo em todas as partidas.
Marcando gols com uma competência exemplar, e se entendendo às mil maravilhas com os parceiros que eram escalados ao seu lado – ora, gente consagrada como Garrincha, Quarentinha, Paulinho Valentim e Zagallo; outras vezes, jogando com Amoroso, China, Neivaldo e Bruno, que com ele haviam sido bicampeões nos Aspirantes -, Amarildo foi conquistando aos poucos, o seu espaço nas excursões à Europa, América do Sul, México e América Central. E mais: acabou ganhando um lugar definitivo entre os titulares quando menos esperava, favorecido que foi com a venda milionária de Paulinho Valentim ao Boca Juniors da Argentina.
Mesmo assim, que fique registrado que 1961 foi o ano decisivo em sua carreira. É que, naquela temporada, ele arrasou a banca pra valer, consagrando-se como o artilheiro absoluto do Campeonato Carioca, com 18 gols. E mais: tornou-se um jogador fundamental, para que o Botafogo enfim se consagrasse um grande campeão. Um campeão capaz de realizar uma série espetacular de 37 jogos sem derrotas – recorde de invencibilidade até hoje, na história dos Campeonatos Cariocas.
Mas foi logo no início de 1962, que Amarildo, ao lado de Garrincha, Didi, Quarentinha e Zagallo, formou em um ataque deveras arrasador, verdadeiro terror para as defesas adversárias. Um ataque tão poderoso, que levou o Botafogo ao título de campeão do famoso Pentagonal da Cidade do México, lá nos altiplanos astecas. E, por aqui, do nosso Torneio Rio -São Paulo – do qual foi ele, Amarildo, o artilheiro, com 10 gols.
Pronto e acabado para a consagração definitiva, eis que Amarildo Tavares da Silveira embarcou para a Copa do Mundo do Chile, no mês de maio, como reserva de Pelé. Muitos queriam, porque queriam, vê-lo lado a lado com o Rei, deslocado para a posição de centroavante. Mas a Comissão Técnica, mais uma vez, preferia apostar na experiência de Vavá, campeão em 1958 e celebrado como o “Leão da Copa” da Suécia.
No Chile, após uma estreia sem novidades contra o México – vitória do Brasil por 2 a 0, gols de Pelé e Zagallo. Com o ataque sendo o mesmo de 58: Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagallo-, eis que Pelé, logo ele, se contunde seriamente diante da Tchecoslováquia, no segundo jogo. Azar? Destino? Ou havia chegado, simplesmente, a hora da verdade para o garoto campista, que vinha arrebentando nos treinos?
Quando falaram que eu ia entrar, sabia que aquele ia ser o jogo da minha vida. Podia me consagrar. Ou, se nada desse certo, me afundar de vez. Para sempre! Felizmente, acabei fazendo os gols da nossa vitória! – viaja Amarildo no tempo mais uma vez. Agora, com um brilho diferente nos olhos. O prazer a lhe adoçar as palavras.
É que, naquela batalha contra a Espanha, ele tremeu nas bases, sim. Jogou nervoso durante os 90 minutos, preso ao chão, sem a mobilidade costumeira. Mas, mesmo assim, sem nunca deixar de acreditar. E foi por acreditar, que acabou fazendo o impossível: os gols da vitória brasileira por 2 a 1. Certamente, a mais difícil e dramática em toda a Copa.Na primeira vez que marcou, por sinal, um centro na medida de Zagallo, da esquerda, deixou-o em condições de concluir rasteiro, de pé esquerdo, contra o goleiro Araquistain, de dentro da pequena área. Uma finalização inapelável.
Porém, no segundo gol, foi preciso que Garrincha costurasse toda a defesa espanhola lá na direita, à base de dribles desmoralizantes. E prendendo a atenção, inclusive, do goleiro Araquistain. O bastante para que, o sempre esperto Amarildo se esgueirasse até o segundo poste, onde recebeu o cruzamento perfeito de Mané para a cabeçada fatal.
Já de moral elevada, e cada vez mais confiante, o Amarildo tinhoso, brigão e serelepe do Botafogo, foi visto por inteiro em campo nos jogos seguintes. Aí, acabou virando uma arma fatal. O parceiro tão esperado por Vavá, Garrincha, Didi, Zagallo e Zito nas evoluções do ataque. E se Garrincha, em estado de graça, arrebatava a coroa de Maior Jogador da Copa, era Amarildo quem saía com as honrarias de Grande Revelação da competição. Uma Copa repleta de disputas acirradas – e , não raro, violentas – pelos vários palcos andinos.
Sua maior atuação, contudo, como que a coroar uma jornada cheia de glórias, acabou por ocorrer justamente no jogo final, com o Estádio Nacional de Santiago do Chile inteiramente lotado. O seu gol, o de empate, veio depois de dribles sensacionais e uma bomba de pé esquerdo, que pegou no contrapé o goleirão tcheco Schroif. E o desempate só ocorreu, após um cruzamento de pé direito, lá da ponta-esquerda, quando o garoto campista enrolou toda a defesa adversária até centrar, com fita métrica, para a cabeçada épica de Zito.
Consagrado pelo genial Nelson Rodrigues como o verdadeiro “Possesso” de Dostoiévski – acima de tudo, por sua bravura indômita em campo-, o que Amarildo mais merecia, depois daqueles 3 a 1 sobre a Tchecoslováquia, era o beijo emocionado – e agradecido – que lhe aplicava Sua Majestade, Pelé, na festa dos vestiários. Ou então, a medalha de ouro de campeão do mundo, que o presidente da FIFA, Stanley Rous, havia lhe colocado solenemente no peito.
Mas, certamente, o que ele mais preferia naquele momento, era se divertir com os apuros porque passava Mané Garrincha, fugindo a todo custo dos afagos calorosos da torcida. Uma turma pra lá de ensandecida, que insistia em chamá-lo, em altos brados, de Rei Mané, Rei Mané, Rei Mané…
Ou, secretamente, o que talvez mais desejasse mesmo, fosse se reportar aos seus tempos de garoto, nas ruas do bairro da Lapa, lá em Campos dos Goytacazes. Onde, na bola e no braço, iniciara uma saga que havia acabado de colocá-lo lá em cima, no topo da glória. Um privilégio concedido a poucos, bem poucos- que ele ficasse certo disso -, pelos matreiros Deuses do Futebol.
ONDE ESTÃO OS FUROS DE REPORTAGEM?
por Elso Venâncio

Jorge Jesus ficou pouco mais de uma semana no Rio, deslumbrado com seu status de ídolo. A situação do conterrâneo português Paulo Souza, que desarruma o time mais do que arruma, fez aumentar o coro de “Volta, Jesus”. O treinador campeão da Libertadores de 2019 rodou a cidade, reencontrou amigos e jogadores, além do seu restaurante preferido. Na Sapucaí, durante todo o Desfile das Campeãs, era uma celebridade. Até ir ao encontro de dirigentes e jornalistas e chutar a ética profissional, pensando estar entre amigos, onde poderia abrir seu coração. Acabou virando uma espécie de “traíra” – termo muito usado no futebol.
Isso me fez sentir falta dos furos de reportagem. Essas entrevistas coletivas chatas, os treinos fechados e a falta de contato do torcedor com seus ídolos vêm adormecendo a imprensa. É estatística pra lá, estatística pra cá, mas… cadê a notícia?
Sim, até que há algumas. Só que repetidas ou requentadas. Não há mais a disputa saudável pela informação. Onde estão os GRANDES FUROS DE REPORTAGEM?
Durante um programa na TV, junto a Cahê Mota, que representa com brilhantismo na Globo a nova geração do Esporte, debatemos o tema. Ele explicou que hoje é tudo em tempo real. A redação cobra postagens imediatas, antes, durante e após os fatos. Ninguém tem paciência para suportar a ansiedade e trabalhar uma notícia.
Os chefes têm culpa no cartório. Não cobram mais boas informações. Veículo grande tem obrigação de INFORMAR COM EXCLUSIVIDADE. Hoje é muita gente atrás do computador, atenta aos twitters. O celular virou instrumento de trabalho, mas nada como a apuração olho no olho! Indo pra rua! Buscando “A Notícia”.
Jantei recentemente com meu amigo Sérgio Lobo, o Lobinho, do SporTV:
“Você tem o telefone do Landim?” – pergunto. “Você liga para o presidente?”
“Não. Não temos contato.”
Como assim? Argumento que Landim é um dos personagens do futebol dos mais agradáveis que conheço. É acessível e valoriza quem está ao seu lado. Lobinho ainda completou dizendo que o presidente Mário Bittencourt, do Fluminense, lê as mensagens e um assessor retorna.
As redes sociais aproximam as pessoas, atualmente contatamos qualquer um. Teve até o caso de um paulista que ligou para o Michel Temer quando ele era o Chefe do Executivo. E o Presidente da República, simplesmente, assim o atendeu:
“Sim, sou eu” – respondeu Temer.
No futebol, noto que há um abismo cada vez maior entre os setoristas, que vem diminuindo a cada dia, e quem comanda os clubes. O que dificulta ainda mais o vazamento das grandes notícias, aquelas capazes de abalar estruturas.
Em 1997, o “Maestro” Junior, que nunca se firmou como técnico, foi afastado após um empate do Flamengo com o Madureira, em Conselheiro Galvão. No tenso e acanhado vestiário, assim que eu o questionei sobre o jogo, ele declarou que não era treinador. Disse que estava apenas “colaborando”.
“Mas… como assim?” – perguntei, surpreso.
Não obtive resposta.
No início da madrugada, recebo a informação de que Evaristo de Macedo tinha ido para o apartamento do então presidente rubro-negro, Kleber Leite, no Posto 6, ao lado do Forte de Copacabana. Dei plantão por lá. A reunião, que contou também com Plínio Serpa Pinto e Michel Assef, só terminou depois das três da manhã. Porém, o Rio amanheceu ouvindo, pela Rádio Globo, o nome do substituto do recém-demitido “treinador”.
Sei que o momento é outro e que vida de repórter não é fácil. Mas a busca pela notícia tem que ser constante e não ficar restrita a comunicados oficiais ou coletivas de Imprensa.