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FALTA TREINAR FUNDAMENTOS

por Elso Venâncio

Telê Santana treina fundamentos com Cafu (Reprodução)

‘Capitão do Tri’, Carlos Alberto Torres, quando se tornou técnico, insistia em treinar os fundamentos do futebol com seus atletas. Passes, chutes, domínio de bola, cabeceios, faltas, cobranças de escanteio… As atividades pareciam simples, mas eram profundas. Pegava a bola com a mão e avisava:

– Domina com a direita! Agora, com a esquerda! No peito… De cabeça…

O Capita declara aos jornalistas:

– Sabe porque eu treino os fundamentos? Esses caras não sabem dominar e nem chutar com o pé ruim. Tem jogador que não sabe cabecear. Isso é o beabá do futebol.

Hoje em dia, Gabigol erra na conclusão, por não chutar com a direita. Rodinei, então, se enrola todo para dominar a bola e acaba marcando gol contra, diante do Corinthians. O futebol mudou muito.

Por que Zico e Junior foram especialistas na bola parada? A explicação é simples: porque treinavam forte. Zico pegava as bolas, a barreira móvel, e se dirigia ao gol à esquerda da arquibancada na Gávea. Um garoto sentava na grama e o observava com atenção. Era Marcelinho Carioca, que se tornou um dos maiores cobradores de faltas do nosso futebol.

Junior, tendo Zico ao lado em boa parte da carreira, por muito tempo não cobrava faltas, muito menos pênaltis. Porém, quando Zico parou, o ‘Maestro’ virou um dos craques da bola parada. Quantos gols saíram de seus pés, nas batidas laterais e nos escanteios? Até o golaço do penta nacional, contra o Botafogo, ele fez. Na decisão do Brasileiro de 1992.

Numa entrevista, Junior me disse:

– Aprendi com ‘Seu Telê’. A gente bate a falta lateral para um companheiro roçar levemente de cabeça para a área. Essa jogada mata o goleiro e a zaga.

Ontem, o Santos marcou seu primeiro gol desta forma, contra o Fluminense. No cruzamento, desvio de Barbosa e conclusão de Luiz Felipe.

Telê Santana, tanto nos clubes como na seleção, dedicava um bom tempo a esse tipo de exercício. Fazia muito bem.

Os gols de falta no Campeonato Brasileiro diminuíram em mais de 50% nos últimos anos. Por falta, sim, mas de treino, de dedicação!

Eu vi Mestre Didi comandando a Máquina Tricolor. Ele colocava o calção, calçava as chuteiras e ia para o campo. O jogador vinha com a bola dominada e passava por Didi na entrada da área. Ele dominava e devolvia para que o jogador batesse para o gol. Mário Sérgio, irreverente e, de certa forma, até irresponsável, chutou com violência em direção a Didi. O inventor da ‘Folha Seca’ matou com tranquilidade a pelota no peito e, de propósito, rolou rente à grama, mas no pé direito de Mário Sérgio, que por ser canhoto se desequilibrou, não conseguindo chutar. Vários craques consagrados, como Paulo Cézar Lima e Rivellino, riram diante da cena hilária.

Didi, de forma serena, disse ao jovem mas rebelde ponta-esquerda:

– Garoto, vem cá! Você tem que saber usar essa perna cega.

Meio emburrado e cabisbaixo, Mário Sérgio naquele momento foi fazer um treino à parte com Didi.

Será que os treinadores de hoje têm autoridade para exigir que seus jogadores, que chegam a ganhar R$ 1,5 milhão por mês – e muitos deles, com o ego Inflado – treinem os fundamentos, que são a base de tudo no futebol?

Fica a dúvida no ar.

OS 40 ANOS DE UM DIVISOR DE ÁGUAS

por Paulo-Roberto Andel

É impressionante a velocidade do tempo. Um dia desses, nos esbaldávamos com craques e partidas a valer não somente no Maracanã, mas pelo Brasil agora. Então veio a Copa da Espanha e, por conta de tudo que já se sabe, nosso mundo mudou para sempre.

De 1958 a 1970, o Brasil ganhou três dos quatro mundiais disputados. Mesmo sem a força de antes, ficamos entre os quatro primeiros nas Copas da Alemanha e da Argentina. Com o time dos sonhos montado por Telê Santana, o penta era tratado como mera formalidade a ser cumprida, só que a história seguiu por outros caminhos.

A derrota no Sarriá foi drástica para o futebol brasileiro e mexeu com o esporte em todo o mundo. Vendeu conceitos absolutamente equivocados: quem joga melhor tende a perder, a força é mais importante do que a técnica, o talento não é primordial, não adianta jogar bem e perder. O equívoco é tão grande que, de lá para cá, ganhamos apenas dois Mundiais, ambos em cima do talento. Bebeto e Romário em 1994; Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Rivaldo em 2002. Claro que o Brasil campeão nestas duas edições não se resumia a estes cinco jogadores, mas eles explicam boa parte do sucesso.

Há 40 anos, tínhamos jogadores que eram unanimidades mundiais. Falando de Seleção, você tinha Leandro, Júnior, Cerezo, Sócrates, Falcão e Zico. Ok, mas imagine que só pelas meias, o futebol brasileiro tinha jogadores como Renato, Pita, Arturzinho, Deley, Mendonça, Geovani, Mário Sérgio, Adílio, Jorge Mendonça, Jair, Humberto e tantos outros. Aos poucos, o drama da Espanha foi ceifando o talento brasileiro e priorizando o brucutu, o marcador implacável e até violento, o destruidor. Era melhor ganhar jogando feio? O fato é que pioramos e ganhamos pouco.

O que sempre nos diferenciou do resto do mundo foi a profusão de jogadores fora de série que produzimos. Aos poucos eles foram escasseando, diminuindo, até chegarmos a 2022. Vamos à Copa do Catar com boas chances, um time promissor com jogadores que brilham no exterior e prometem voos mais altos, mas com um único – e contestado – super astro: Neymar. Em tempos idos, a Seleção tinha mais uns três ou quatro nomes de super astros titulares.

Em 40 anos, os campinhos desapareceram, as peladas de rua, os jogos na praça. Até no futebol de praia as coisas mudaram, com menos campos. Nossa fábrica de craques foi sendo desativada aos poucos. Será que realmente valeu a pena a vitória do “futebol-força” para os brasileiros?

Nas últimas semanas, a sensação do Brasileirão tem sido o Fluminense, com atuações de futebol ofensivo e bonito, na contramão de botinadas e regimes de força. Seu mentor é o treinador Fernando Diniz. Cantado e decantado nas resenhas esportivas da TV, Diniz tem em seu grande mérito a tentativa de resgate do nosso futebol, do jeito que era quando ele mesmo era um garoto buscando oportunidades como jogador. Andorinha solitária do cenário brasileiro, Diniz pode ser o vetor de uma maravilhosa epidemia entre os treinadores, “infectando-os” para que, num futuro próximo, sejamos capazes de recuperar o tempo perdido.

O Brasil é o país do futebol, não dos brucutus. Que outros treinadores entendam isso e que possamos, um dia, rever em campo ao menos parte do que já tivemos de melhor: um futebol onde a bola era a verdadeira majestade.

@pauloandel

AMARELINHA BANALIZADA

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::

Em uma resenha depois da pelada com os amigos, um deles me pergunta: “PC, você sabe de cabeça o meio-campo da Seleção?”. Se essa pergunta fosse feita nos áureos tempos do nosso futebol, qualquer brasileiro saberia sem pensar duas vezes, mas hoje a realidade é outra! Depois de alguns segundos pensando, lembrei que é formado por Casemiro, Fred e Lucas Paquetá. Nada contra esse trio, mas eu é que devo estar mal acostumado mesmo! Vestir a amarelinha era um privilégio para poucos e quem era convocado fazia de tudo para permanecer no grupo. Lembro como se fosse ontem da minha primeira convocação e o quanto a gente respeitava a amarelinha. Ninguém da minha época falava que chegaria lá e atualmente qualquer jogador da base já fala em ser convocado! A concorrência era grande e várias lendas do futebol brasileiro tiveram pouquíssimas ou nenhuma oportunidade. Ademir da Guia, Dirceu Lopes, Eduzinho, Antunes, Zé Carlos, Paulo Borges, Samarone, Alladin, Lula, Silva, Denílson, Spencer e Parada foram alguns deles e eu poderia passar horas aqui citando vários outros nomes. Na minha época, cada clube tinha de 5 a 6 craques e tenho certeza que esses clubes batiam de frente com qualquer seleção atual. Hoje em dia, a Seleção virou um balcão de negócios e volta e meia aparece um que eu nunca ouvi falar na vida! Faltam quatro meses para a Copa do Mundo e confesso que nunca estive tão desacreditado. Podem falar que eu sou ranzinza, chato, reclamão, mas está cada dia mais difícil ver uma luz no fim do túnel. O 10×1 (7 da Alemanha e 3 da Holanda) era pra ter sido uma lição, mas, sinceramente, acho que até pioramos de lá pra cá! Antes que falem besteira, sou brasileiro e vou torcer até o fim! Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos!

Pérolas da semana:

“Ligação direta ao jogador de lado de campo com o pé dominante chapando por dentro na cara ou na orelha da bola, elevando o jogo pegado e fazendo a transição entre os setores”.

“Chama a bola de coberta e o volante proativo que faz o encaixe com sustentação de lado com intensidade mental e atmosfera que oferece ao falso 9 uma marcação alta ou baixa para quebrar a linha de cinco e matar a bola viva ou queimando de um time espetado”.

VOZES DA BOLA: ENTREVISTA RICARDINHO

“Por mais que o Ricardinho tenha conquistado títulos importantes, feitos gols decisivos, honrado essa camisa pesada deste gigante do futebol, mas não dá para fazer tal comparação. O Rivellino está nesta seleção do Corinthians de todos os tempos, sem dúvidas, não só da qualidade como jogador, mas também por tudo que ele fez pelo clube”, disse ao telefone para o repórter Marcos Vinicius Cabral.

Humilde como pessoa e fã de uma geração que se expressava pelo futebol arte de Sócrates e Zico, Ricardo Luiz Pozzi Rodrigues, o Ricardinho, começou a pisar no chão de cimento do futebol de salão nas categorias de base no Paraná Clube e escrever a própria história.

Dono de um talento inquestionável, o craque da camisa 11 formou ao lado de Vampeta, Rincón e Marcelinho um dos melhores meio-campos da história do Corinthians e com a camisa do Timão conquistou os Brasileiros de 1998 e 1999, Paulistas de 1999 e 2001, o Mundial de Clubes em 2000, a Copa do Brasil e o Rio-São Paulo, ambos em 2002, além de ter sido um dos 23 filhos da Família Scolari do patriarca Luiz Felipe Scolari que conquistou o pentacampeonato para o futebol brasileiro.

Mesmo com tantos títulos importantes, o torcedor corintiano não esquece aquele 13 de maio de 2001, Dia das Mães, quando a equipe do Parque São Jorge enfrentou o Santos, em duelo decisivo pelas semifinais do Paulista daquele ano.

O Peixe precisava de apenas um empate para avançar à final. Igualdade que permaneceu até os 47 minutos do segundo tempo. Mas quando Gil levou a bola até a linha de fundo, cortando o zagueiro André Luiz, que ficou no chão, a torcida levantou da arquibancada e viu o jogador erguer a cabeça, rolar a bola para trás para Marcelinho que, de propósito, deixou passar, e o lance sobrou para Ricardinho bater de canhota e acertar um belo chute no canto direito do goleiro Fábio Costa.

A partida terminou 2 a 1, o Timão conquistou o título após bater o Botafogo-SP na final, mas aquele momento é lembrado até hoje pelos torcedores do Corinthians que estiveram no Morumbi. O Vozes da Bola teve a honra de entrevistar Ricardinho, pentacampeão Mundial pela Seleção Brasileira na Copa de 2002, disputada na Coreia do Sul e Japão e que é atualmente comentarista de futebol na TV Globo e dos canais por assinatura SporTV. O cérebro meio-campista vem a ser o 45º em uma seleta seleção de quem fez – e por méritos – merecer ser entrevistado por nós do Museu da Pelada.

Por Marcos Vinicius Cabral
Edição: Fabio Lacerda

Nascido na cidade de São Paulo, em 1976, você iniciou a carreira nas categorias de base do Paraná Clube, no início da década de 90. Como foi isso?

Meu começo foi no futsal no Paraná Clube, em 1993, e em seguida fui para o futebol de campo jogar no juvenil. Em 94, joguei nos juniores e no ano seguinte, fui profissionalizado e aí começa a minha trajetória futebolística.

Cobiçado por diversos times nacionais e internacionais, o Bordeaux-FRA acabou te contratando ainda em 97. Por que você ficou pouco tempo por lá?

Fui contratando pelo Bordeaux da França e joguei lá apenas uma temporada, a de 1997/98. Eu tinha mais três anos de contrato, mas a pedido do Vanderlei Luxemburgo, fui contratado pelo Corinthians, que ao lado do Santos, quis me contratar desde à época em que eu ainda jogava no Paraná. Por esse motivo, joguei esse pouco tempo no clube francês e voltei ao futebol brasileiro.

Como surgiu o Corinthians na sua vida?

O interesse do Corinthians na minha contratação veio por meio do Vanderlei Luxemburgo, que me conhecia e foi meu treinador no meu primeiro ano como profissional da equipe do Paraná, em 95, no Campeonato Brasileiro daquele ano. Pouco antes do início da Copa da França de 1998, cheguei no Parque São Jorge.

Ricardinho, você teve uma passagem vitoriosa pelo Timão. Foram dois títulos do Brasileirão, em 1998 e 1999, um Mundial de Clubes, em 2000, uma Copa do Brasil, em 2002, dois Campeonatos Paulistas, em 1999 e 2001, e um Torneio Rio-São Paulo, em 2002. O que significou ter vestido a camisa do Corinthians?

Significou muito vestir a camisa do Corinthians, pois tive uma grande identificação com o clube, pelas conquistas, pelo time que foi montado, em que a geração foi vitoriosa e formada por grandes jogadores. Mas é lógico que em um clube do tamanho do Corinthians, com uma torcida apaixonada como a Fiel e você conquistar títulos importantes, isso marca.

Mesmo com tantos títulos importantes, podemos citar o Corinthians x Santos naquele 13 de maio de 2001, no Dia das Mães, quando o duelo decisivo pelas semifinais do Paulista foi marcado por um belo gol marcado por você?

Sem dúvida. Esse gol contra o Santos ficou marcado pelas circunstâncias do jogo, da importância e por ter sido em uma semifinal do Campeonato Paulista de 2001. Era um clássico decisivo, a equipe santista jogava pelo empate e no último minuto do confronto, consegui finalizar de fora da área e marcar o gol da vitória. Por todos esses motivos, acredito que esse gol tenha ficado definitivamente marcado na história do Campeonato Paulista entre esses dois grandes times do futebol brasileiro. Mas na minha história de atleta profissional, até hoje ele é lembrado e me deixa feliz em saber que ele foi marcante, não só para mim, mas também para muitos torcedores do Corinthians.

O Sport Club Corinthians Paulista vai fazer 112 anos no próximo dia 1° de setembro. Como você escalaria o Corinthians de todos os tempos? Na meia esquerda, o comentarista Ricardinho lançaria no time titular você ou Rivellino, levando em consideração o número de títulos de ambos os jogadores pelo Corinthians?

Sinceramente, eu não saberia escalar o Corinthians de todos os tempos. Porque eu seria injusto com muitos grandes jogadores que são ídolos nessa rica história do clube em 111 anos e que teriam que ficar de fora. Mas posso te garantir que como comentarista, o titular do meio-campo é o Rivellino. Por mais que o Ricardinho tenha conquistado títulos importantes, feitos gols decisivos, honrado essa camisa pesada deste gigante do futebol, mas não dá para fazer tal comparação. O Rivellino está nesta seleção do Corinthians de todos os tempos, sem dúvidas, não só pela qualidade como jogador, mas também por tudo que ele fez pelo clube.

Em 2002, com a lesão do volante Emerson, você em grande fase foi convocado por Felipão para integrar o grupo que conquistou o pentacampeonato mundial, na Coreia do Sul e Japão. Como foi participar da Família Scolari?

Infelizmente fui convocado por uma infelicidade do Emerson. Lembro que vínhamos de duas importantes conquistas pelo Corinthians, que foram a Copa do Brasil e o torneio Rio-São Paulo, e aquele time de 2002, me proporcionou, com boas atuações, ser lembrado pelo Felipão. Mas sei que fui premiado pela oportunidade em fazer parte daquele grupo que era chamado de Família Scolari e conquistar o Mundial. Mas fomos competentes e merecemos sim, em vencer aquela Copa do Mundo, pelo que mostramos em campo com jogadores de qualidade que estavam em boa fase nos clubes. Foi ótimo ter participado daquele grupo e até hoje mantemos contatos uns com os outros e aquela conquista, não só marcou o futebol brasileiro, mas também a nossa amizade dali por diante.

Você sempre foi um jogador que se envolveu em poucas polêmicas, no entanto, houve uma confusão na Turquia, no estacionamento no estádio do Fenerbahçe com o brasileiro naturalizado turco, Mehmet Aurélio, após a decisão da Copa da Turquia de 2007? O que aconteceu, de fato, é grave, para um problema que culminou com violência no estacionamento do estádio?

A confusão no campo e fora dele na partida contra o Fenerbahçe na Copa da Turquia em 2007, se deu porque nós, do Besiktas, acabamos eliminando o nosso adversário na casa deles. Ali existe uma rivalidade muito grande, como existe em qualquer lugar do mundo em um clássico envolvendo dois grandes clubes, e alguns jogadores do Fenerbahçe se exaltaram, entre eles esse brasileiro naturalizado turco, que acabou perdendo a cabeça no estacionamento. Mas a gente sempre fala que o que acontece dentro de campo fica dentro de campo e não foi esse o caso neste episódio. Mas foi superado e não tem mais problema nenhum entre nós. O importante é que o Besiktas passou adiante, eliminou um grande adversário que foi o Fenerbahçe e conquistou a Copa da Turquia.

Quem foi seu melhor treinador?

Meu melhor treinador foi Vanderlei Luxemburgo.

Quem foi o jogador que mais te inspirou desde o começo da carreira no Paraná, em 1997, até você pendurar das chuteiras em 2012?

Eu sou da geração que viu Sócrates e Zico em campo, né? Então, o Zico acabou se tornando uma das referências, seja pela condição técnica, pelo poder de decisão e pelo poder do improviso. Agora, a inspiração vem de vários jogadores, mas não tem como você ser igual a ninguém, pois cada um tem a sua característica, mas é importante você ter uma postura profissional e ser dedicado. E o Zico resumiu muito bem isso.

Após concluir o curso de treinadores da CBF na PUC de Minas Gerais em 2013, você dirigiu algumas equipes como a do Paraná por duas vezes, Ceará, Avaí, Santa Cruz, Portuguesa, Tupi-MG e Londrina sem alcançar resultados expressivos. Por que desistiu de ser técnico de futebol?

Realmente eu fiz todos os cursos, ou melhor, todas as licenças exigidas pela CBF, sendo aluno da primeira turma da licença A e do Pró, ambas concluídas. Quando terminei o Pró, curiosamente, não era mais treinador, enquanto cursava, tive a oportunidade de dirigir várias equipes e conquistei a série B do Campeonato Paranaense com o Paraná, o Pernambucano pela Santa Cruz e passei por outras equipes. Mas quando saí do clube Londrina, recebi o convite do Grupo Globo para ser comentarista e ouve uma reflexão minha, junto com minha família, e optei em seguir esse caminho. Posso te assegurar que estou feliz por estar onde estou, faço aquilo que gosto, ou seja, me envolvo com o futebol, não no dia a dia de um clube, mas comentando os jogos do futebol brasileiro. Tomei essa decisão por dois aspectos: o primeiro, ficar perto dos meus familiares e o segundo, como técnico, não ficar dependente de resultados para se manter treinador de uma equipe, correndo o risco iminente de uma demissão por alguns maus resultados, isso pesou muito. Mas tenho a certeza que a escolha foi acertada e estou feliz aqui no Grupo Globo.

Como enfrentou essa questão de isolamento social do coronavírus?

Continua sendo uma questão muito difícil para todos nós. Na verdade, mudou a vida de todo mundo, independente da profissão, da classe social e todos tivemos que nos adequar a esse vírus. Mas é preciso respeitar as orientações médicas e sanitárias que estão atuando em prol do bem-estar da população e mesmo assim, isso tem afetado a todos. Eu com a minha família, a gente procurou seguir orientações para voltar à vida e conviver com as pessoas. Mas vale dizer que se vacinar foi importantíssimo assim como seguir as orientações, o isolamento social, álcool em gel e máscara contra a Covid-19, medidas fundamentais.

Como definiria Ricardinho em uma única palavra?

Amigo. Essa é a palavra que me define.

O CRAQUE DO BRASIL EM 2018

por Luis Filipe Chateaubriand

Em 2018, o Palmeiras era o clube dominante do futebol brasileiro, tendo sido o vencedor do Campeonato Brasileiro da Série A.

À frente da trupe, o atacante Dudu.

Homem de muitos gols, também fazia assiduamente assistências para outro alviverdes marcarem.

Raçudo, buscava espaços contra as defesas adversárias com rara competência, o que garantia, ao Imponente, boas oportunidades.

Líder, instruía os companheiros a estarem ligados nos jogos, a se doarem em campo, a terem comprometimento.

Tinha, também, a identificação com a torcida, que sempre o prestigiava e se fazia presente para enaltecer o grande jogador.

Por essas e outras, Dudu foi o craque do Brasil em 2018.