CARLOS ALBERTO PINTINHO, O PATRÃO DA BOLA
por Luis Filipe Chateaubriand

Quem viu Carlos Alberto Pintinho jogar bola, é um privilegiado!
Jogador de técnica e de força, defendeu o Fluminense e o Vasco da Gama, antes de ir exibir sua arte em campos espanhóis.
Era um volante clássico, daqueles que defendem sem fazer uso da violência e armam o time para o ataque.
Assim, fazia o que queria com a bola, seja para interceptá-la, seja para fazê-la correr.
Aliás, Pintinho é do tempo que quem tinha que correr era a bola, e não os jogadores.
A frustação, para Pintinho, foi não ter jogado muitas vezes na Seleção Brasileira.
A concorrência era alta: Falcão, Toninho Cerezo, Paulo Cesar Carpegiani, dentre outros.
Mas que o mancebo “tinha bola” para jogar na Seleção, não se discute. Esse era Carlos Alberto Pintinho, show de bola, literalmente.
ROMÁRIO: “MEU NEGÓCIO É FAZER GOL”
por Elso Venâncio

Fui setorista do Vasco, na Rádio Globo, durante o bicampeonato carioca de 1987/88. O senador, hoje com poucos cabelos, a maioria brancos, tinha na época uma cabeleira encaracolada e o apelido de Toddynho.
A imprensa, com acesso direto aos jogadores, ficava ao lado do campo nos treinos e com facilidade escutava o promissor talento cruzmaltino:
– Meu negócio é fazer gol! – repetia sempre.
Foi o único atacante que acompanhei que era verdadeiramente obcecado em marcar gols.
O coletivo começava e era comum os titulares entrarem com somente 10 em campo. O “Baixinho”, aos 22 anos, preferia ficar atrás do gol, onde hoje está a estátua do artilheiro Roberto Dinamite, treinando e se aperfeiçoando nas finalizações. Ademar Braga, o preparador físico, era quem o auxiliava. Trave móvel, sem goleiro, o atacante dominava de costas, virava e batia. Pelo menos, por 30 minutos. Mas diariamente.
Chutes frontais e laterais, cabeceios, piques em diagonal sempre com a bola aos pés. Batia fraco, às vezes forte, vez ou outra colocado, dava fintas com gingas de corpo, enfim, a gente percebia sua satisfação pessoal. Treinamento físico? Arrumava um jeito de escapulir, sair dessa para ficar na sua, apenas batendo para o gol.
O garoto que havia saído do Jacarezinho e morava na Vila da Penha já era folgado. Em um coletivo, o lateral-esquerdo Lira reclamou aos gritos do treinador Sebastião Lazaroni e deu um bico na bola para a arquibancada. O técnico expulsou de imediato o lateral. Romário, amigo de Lira – e que já liderava a artilharia do Carioca –, pegou outra e igualmente a isolou com força:
– Me tira também!
Lazaroni levou todos os jogadores para uma longa conversa no vestiário.
O humorista Tom Cavalcante, logo após o “Tetra” conquistado na Copa dos Estados Unidos, em 1994, lançou uma música que viralizou. O nome, ‘Treinar pra quê?’:
“Treinar pra quê, se eu já sei o que fazer…”
Nos times em que atuou desde que retornou ao Brasil, Romário sempre deixou claro aos presidentes dos clubes:
– Não bebo, mas gosto da noite. Por isso, só treino à tarde.
Os técnicos, porém, não sabiam do combinado:
– Onde está o Romário?
À tarde, assim que o craque surgia era imediatamente abordado pelo supervisor. De bate-pronto, respondia:
– Pergunta ao presidente…
Muitas vezes, nem à tarde o goleador aparecia. Júlio Leitão, diretor de futebol do Flamengo, cansou de ir até o quiosque Viajandão, na Barra da Tijuca, implorar para que ele voltasse para a Gávea:
– Estou treinando! – argumentava, bem-humorado. Na verdade, jogava futevôlei com alegria, e a cada ponto marcado parecia se lembrar das finalizações que matava todo e qualquer goleiro na área adversária.
Ah… falei sobre o tema porque ainda tento apagar da memória o chute na trave do Gabigol, após passe de Pedro, diante do Athletico Paranaense. Gol enorme! Escancarado! Se praticasse forte esse fundamento, não teria como errar…
*Elso Venancio foi setorista do Flamengo por 11 anos seguidos (de outubro de 1988 a dezembro de 1999) e cobriu a seleção brasileira em 3 Copas do Mundo (1990, 1994 e 1998)
DINAMITE, A ESPERANÇA
por Rubens Lemos

Desde criança, no sufoco que a vida me reservou e à vida dos meus pais, a minha crença chamava-se Roberto Dinamite, herói de sorriso triste e gladiador solitário na luta contra o espetacular Flamengo de Zico. Narrava gols de Roberto Dinamite sozinho no quarto, tarde da noite, com fé e orgulho. Ele foi o maior artilheiro que vi jogar com a camisa do meu Vasco.
Hoje nem chamo o Vasco de meu, porque o Vasco é uma catástrofe de falta de vergonho e futebol paupérrimo, sem qualquer jogador acima da média, apanhando de times que goleava nos meus tempos de viciado nos domingos de Gol do Fantástico.
O Vasco de hoje não desperta aquele sentimento confiante de euforia, nem pode, é um time ridículo, com jogadores desconhecidos que podem perfeitamente jogador na Série C e até mesmo na Série D.
O Vasco tirou dos seus apaixonados a confiança nas vitórias tranquilas contra adversários ruins. Sua raça acima da técnica como nas jornadas em que guardava sozinho Roberto Dinamite contra a orquestra flamenguista.
O carisma de Roberto Dinamite, buscando o gol sem qualquer temor, assumindo a escritura da grande área ou partido do meio-campo como o Quixote das conquistas impossíveis. Roberto Dinamite é o maior jogador da história do Vasco, embora meu ídolo seja, também, o genial meia Geovani.
Roberto Dinamite é um estoico, um resignado. Desde o golaço que valeu seu apelido de Dinamite em 1971(ele aos 17 anos), contra o Internacional no Maracanã.
Roberto Dinamite se entregou à massa e ela o assumiu como explosão das causas impossível. Roberto Dinamite assumiu o cetro de ídolo e fez a torcida cruzmaltina assumir uma razão de lotar o Maracanã.
Roberto Dinamite sofreu muito a vida inteira. Introspectivo, de timidez e conformismo indescritíveis, foi convocado para a seleção brasileira de 1978 porque o centroavante Nunes se machucou. Roberto Dinamite parecia um guerreiro sem lança na chuteira, esquecido e sem merecer o menor respeito do falecido técnico Cláudio Coutinho.
O Brasil, tudo bem, tinha um gênio chamado Reinaldo do Atlético(MG) que sucumbiu, não apresentou 5% do seu toque esplêndido. O Brasil seria eliminado se empatasse com a Áustria e o Almirante Heleno Nunes, presidente da Confederação de Futebol, no auge da Ditadura, agiu certo e mandou escalar Roberto de titular.
Um passe preciso do ponta-direita Gil encontrou Roberto Dinamite pronto para o tiro de sniper, bem colocado, ajeitando a bola e fulminando o goleiro Koncília. Roberto – ah, hipocrisia impossível -, passou a ser bajulado sem deixar de manter o semblante blasé e sábio. Os elogios eram oportunistas.
Roberto Dinamite jogou mal uma partida, apenas uma, contra a Tchecoslováquia no Morumbi em 1×1 nos preparativos para a Copa do Mundo e Telê Santana, brilhante e teimoso, simplesmente o ignorou.
Roberto Dinamite fez falta e teria classificado o Brasil contra a Itália em 1982 porque Serginho Chulapa não passava de um zagueiro disfarçado. Só pra lembrar, Zico e Roberto nunca perderam juntos pela seleção.
Então Roberto entregou-se ao Vasco como um libelo, silencioso, grito abafado pela multidão vascaína , liderando time espetacular com Romário, Geovani, Mazinho, Tita, Acácio, Mauricinho, uma máquina que botou no liquidificador o Flamengo de 1987.
Roberto voltou a sofrer. Em 1989, o Vasco o emprestou para a Portuguesa(SP) e ele seguiu, humilde e machucado, para o campeonato brasileiro.
Duvidaram dele e em 1990 até 1992, fez gols decisivos tabelando com o craque e sucessor Edmundo. Roberto, claro, sempre buscando a foça e a liberdade de quem respondia balançando a rede, aqueles que o menosprezavam.
Roberto Dinamite é tão bom que Zico vestiu camisa do Vasco em sua despedida. Roberto é tão bom que os vídeos dos seus gols são repetidos com emoção e o ineditismo das lágrimas que correm de saudade.
Roberto Dinamite está com câncer aos 68 anos e, a cada batalha que vence, rompendo a covardia da doença, ensina que o ser humano é resistência. Roberto Dinamite é perseverança e exemplo. Explodindo o gol da vida que vai prosseguir.
A FARRA DA PATOTA
::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::::

Na última semana, li uma matéria que dizia que Tite havia definido uma “agenda de observações” para analisar o desempenho de alguns jogadores e definir o grupo que vai disputar a Copa do Mundo. Antes de mais nada, acho um absurdo que, às vésperas de um torneio tão importante, o treinador da Seleção ainda não tenha o elenco formado.
Disputei duas Copas do Mundo, três Eliminatórias e tenho propriedade no assunto. Não é por acaso que o Mundial é disputado de quatro em quatro anos e não vai ser a dois meses da competição que Tite vai descobrir o craque que vai nos salvar.
Se já não fosse o bastante, o que me causou indignação ainda maior foi o roteiro definido para acompanhar os jogos e treinamentos: Brasil, Espanha, Portugal, Itália, Inglaterra, França e México. Ao lado da sua patota, o treinador fará uma viagem dos sonhos com o que há de melhor em termos de gastronomia e hospedagem com tudo pago pela Confederação.
Pelo que li, são dez jogos distribuídos ao longo desse período e a panela contará com Matheus Bachi, filho do treinador, César Sampaio, Juninho Paulista, Fábio Mahseredjian e outros que eu nem sei quem são. No México, por exemplo, li que César Sampaio e Guilherme Passos foram acompanhar Puma x Santos Laguna e viram Daniel Alves perder de 5 a 1, com direito a drible desconcertante que o deixou no chão. Agora me respondam com sinceridade: precisa ir até lá para constatar que o lateral de 39 anos não tem mais condições de disputar o Mundial? Pelo menos a comissão deve ter aproveitado os pontos turísticos da cidade, degustado bons vinhos, tacos, tortillas e burritos! Não sou bobo!
Por falar em lateral, a carência é tanta que teve uma galera cogitando Rodinei na Seleção! Kkkkkk! Vamos aguardar as próximas partidas porque estou ansioso pelo relatório da comissão após esse tour gastronômico abaixo:
17/8 – Athletico-PR x Flamengo (Cleber Xavier e César Sampaio)
17/8 – Fluminense x Fortaleza (Tite e Matheus Bachi)
21/8 – Palmeiras x Flamengo (Tite e Cleber Xavier)
21/8 – Atlético de Madrid x Villareal (Matheus Bachi e Fábio Mahseredjian)
21/8 – Pumas x Santos Laguna (César Sampaio e Guilherme Passos)
23/8 – Benfica x Dínamo Kiev (Matheus Bachi e Fábio Mahseredjian)
24/8 – Pumas x Tigres (César Sampaio e Guilherme Passos)
27/8 – Juventus x Roma (Matheus Bachi e Fábio Mahseredjian)
27/8 – Arsenal x Fulham (Tite e Juninho Paulista)
28/8 – PSG x Mônaco (Tite e Juninho Paulista)
PÉROLAS DA SEMANA:
“Com uma ligação direta e transição no último terço do campo, o cenário se ofereceu desconfortável para o time inflar sem mudar a escalação com a corda esticada, aprimorando o modelo de jogo qualificado por dentro”.
“Para balançar o meio-campo, o time desconecta os setores amassando e empurrando o adversário para trás em direção ao gol e no controle da segunda bola (só existe uma!!). Para quebrar a marcação e algemar o adversário, também potencializa o homem de lado para ganhar amplitude de campo”.
Algemar
Contundente
Transição
Amplitude
Potencializar
Passar na linha Central (Seria Central do Brasil? kkkk)
Quebrar a marcação
Diz aí, geraldino! Entendeu alguma coisa?
JORNALISTA CRIA EQUIPAMENTO PARA PROTEGER A CABEÇA DE JOGADORES DE FUTEBOL
Texto publicado originalmente na Gazeta Esportiva

Ainda criança, Odir Cunha assistiu, pela televisão, o centroavante Coutinho, parceiro de Pelé no ataque mágico do Santos, cabecear uma bola chutada com força pelo ponta esquerda Pepe, marcar o gol e cair desmaiado. Aquela cena ficou marcada na memória do menino que se tornaria um jornalista premiado e escritor de mais de uma dezena de livros sobre futebol, muitos deles retratando aquela equipe memorável.
Adolescente, Odir viu um colega de ginásio, bom atacante da várzea de Parelheiros, acordar com metade do corpo paralisado dias depois de perder os sentidos ao cabecear uma bola mais pesada pela água da chuva. Fausto, era este o seu nome, jamais se recuperou e morreu em consequência do alcoolismo.
O mal que os cabeceios fazem
Em novembro de 2011, no encontro anual da Sociedade Radiológica Norte-americana, a Universidade Yeshiva, de Nova York, apresentou um estudo que deixava claro a relação direta entre lesões no cérebro e os cabeceios no futebol.
“O estudo analisou imagens de ressonância de 38 atletas amadores que praticavam o futebol desde a infância. Os que cabeceavam a bola 1.500 vezes ou mais por ano apresentaram resultados semelhantes às pessoas que sofrem concussões, um tipo de traumatismo craniano, e tiveram os piores resultados nos testes de memória e reação motora”, informou Odir.
Outra pesquisa, mais recente, da Universidade de Glasgow, Escócia, concluiu que jogadores de futebol têm cinco vezes mais possibilidades de contrair Alzheimer do que a população em geral. Esses estudos serviram de base para que as Federações Inglesa e Escocesa proibissem crianças de menos de 12 anos de pôr a cabeça na bola nos treinos, uma tendência que está se espalhando por outras federações nacionais.
“Em outros esportes, como rugby, futebol americano e boxe, os danos ao cérebro são mais visíveis e imediatos. No caso do futebol a degeneração é lenta, e por isso poucos se dão conta. Foi aí que resolvi fazer algo a respeito e criei o Cabeceador”, prosseguiu o jornalista.
Para proteger a cabeça e potencializar o golpe
Um equipamento que protegesse a cabeça sem atrapalhar o cabeceio – este era o desafio de Odir quando iniciou os estudos que o levaram a inventar o Cabeceador, uma touca especial de silicone medicinal que preserva a cabeça do atleta e não traz nenhum prejuízo técnico ao cabeceio. Nos testes já feitos ficou comprovado que sua superfície mais espessa e irregular na testa e têmporas dão mais conforto e controle ao golpe.
– Tinha de se ajustar bem à cabeça, ser leve, mas reforçada e irregular nos pontos de contato com a bola. Além disso, ter orifícios para a respiração do couro cabeludo e também nas orelhas, para permitir ao jogador ouvir seus companheiros e as marcações do árbitro. Por fim, a touca tem um design moderno e pode ser produzida em todas as cores, para satisfazer aos praticantes, aos clubes e aos futuros patrocinadores! – detalha o inventor.
A patente, válida em 153 países, foi obtida junto ao IPI (Instituto de Propriedade Industrial) por meio da Associação Nacional dos Inventores.
Ideal para ser utilizado nos treinos, ou para substituir a improvisada touca de natação quando os jogadores têm um ferimento na cabeça, o Cabeceador deverá se popularizar entre os atletas amadores e nas escolinhas de futebol, minimizando os efeitos dos cabeceios e assim passando mais segurança aos jovens e a seus pais. Seu uso também está previsto no futevôlei, futebol de cinco e futsal.