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AMOR DE RECOMPENSA

Coluna publicada originalmente na Tribuna do Norte (edição sábado e domingo 17181222) sobre final da Copa do Mundo

por Rubens Lemos

Tão bom o mundo fosse decidido por homens iguais a Messi. Assembleias, conspirações, reuniões inúteis e confusas, o excedente da burrice seria jogado direto à lata de lixo atrás do gol contrário ao que a Pulga fosse atacar.

Final de Copa do Mundo , estou com Messi porque estou com todos os gênios da bola que vi jogar. Quero vê-lo erguer a Copa do Mundo e ele está em amores febris com a gordinha, o que significa a repetição Michelângela em campo do que se fez na Capela Sistina.

Queria agradecer a Messi pelos incontáveis versos em criação canhota desde que o acompanho, pelos idos distantes de 2006, ele nanico a entrar no segundo tempo pelo Barcelona e partir como locomotiva de ferrovia europeia costurando o que ousasse aparecer à frente.

Faz tempo que sou Messi, com ênfase no patriotismo granadeiro do Brasil ao fazer mal a Neymar, ousando compará-lo ao argentino. Foi um crime contra Neymar que, vaidoso, se deixou levar pelos tubarões dos dinheiros sujos boleiros e acreditou que, sim, pudesse ele, o craque mirrado do Santos, amarrar algum cadarço da chuteira do argentino criado nas ruas de Rosário sempre com lances de Maradona no coração e na criação.

Sobretudo a Globo, Rede Galvão de Televisão, atrasou em uma década a vida de Neymar, inegavelmente talentoso, menos, bem menos, por exemplo, do que Ronaldinho Gaúcho. Foi o Gaúcho quem passou a camisa 10 do Barcelona a Messi e percebeu que ele próprio nunca seria páreo para o garoto de olhar no infinito e drible de fazer e parar conflitos internacionais.

Para o futebol-arte, a vitória de Messi terá a magia de uma coroação. Messi representará diversos gênios que, na hora final, sucumbiram a armadilhas que este ano o camisa 10 Hermano(ou será do Mundo), desarmou balançando a cintura ou colocando sutilmente a gordinha por entre as pernas dos pseudo marcadores.

Começo por Zizinho, o melhor jogador do Brasil derrotado pelo Uruguai no Maracanã em 1950, de virada, por 2×1, resultado que transformou o estádio em mausoléu e o país em cemitérios góticos ocupando o lugar do que seriam lares. Zizinho merecia e não levou a Copa de 1950. Quero Messi campeão por Zizinho.

Quatro anos depois, a Máquina Magiar da Hungria, liquidificador de jogar futebol destroçou a Alemanha na primeira fase por 8×3 sem notar que eram reservas os chcrutes e, na decisão, sucumbiu por 3×2. Quero Messi campeão pelo húngaro Puskas, o Galopante.

Pelé entrou em cena e reescreveu o roteiro. Das quatro Copas, ganhou três e perdeu uma pela politicagem escrota da então CBD, madrasta da CBF. Em 1966, quem merecia era o moçambicano Eusébio, da seleção portuguesa, terceiro lugar porque teve de enfrentar nas semifinais os ingleses para quem o torneio estava destinado antes de começar.

Em 1970, jogou o melhor time de futebol de todos os tempos em miscelânea com o de 1958. Do meio para frente, Romário, por vontade de Tostão, ocuparia o lugar de Tostão e Messi revezaria com Jairzinho e Rivelino. Poderia ser 8×1 e não 4×1 sobre a Italia, Pelé e Messi juntos.

Messi com Cruijjff teria resolvido a injustiça de 1974 porque, na decisão, Messi transformaria em pó de mico o troncudo lateral-direito alemão Vogts. A Argentina campeã na marra, na porrada, na tortura, na corrupção nunca será a liberdade igual a sinônimo de Messi. Mas, com ele, em 1982, fosse no lugar de Cerezo, ou no de Serginho Chulapa, a Itália teria levado olé à brasileira.

Em 1986, nada a fazer. Maradona estava pleno e imarcável. Seu futebol espetacular encantou e hipnotizou a todos, nos estádios ou diante de agora decadentes aparelhos de TV.

Messi teria salvo em 1990 até o deplorável Lazaroni, fazendo dupla de área com Careca e, do nosso lado, encararia o cansado e ainda endiabrado Maradona no jogo da eliminação.

A partir de 2006, as copas foram de Messi, tendo ele vencido, perdido, sido injustiçado , ficado no banco.

Agora, ele incorporou a força dos deuses gregos, a magia do drible de Garrincha e a sua luz pura, radiosa como o sol da meia-noite, exibindo aquilo que parecia esquecido nalguma gaveta corrupta da Fifa.

Quero Messi campeão. Não discuto, agora, outra possibilidade. Para enxugar cada sujeira que contaminou o universo do futebol. Só ele é capaz de nos redimir, nós, os mendigos do drible inspirados por Eduardo Galeano.

Que fique claro: não sou Argentina, sou Messi. A bola, por exemplo, disfarça gomos imperceptíveis em azul, branco e detalhes negros. Para arrebatar Pleonasmo Messi, deitá-lo e domá-lo de sexo ardente, amor de recompensa.

Imprevisível

Messi em flor, ainda assim é preciso combinar com a implacável França de Mbappé e outros tão bons quanto ele.

Os franceses jogam um futebol técnico e mecânico, têm Dembélé, têm Konaté, têm Girou e têm Griezmann, maior maestro do mundo, o que restou de um meia-armador.

FUTEBOL SEM BRILHO

Por Bismarck Barreto

Para os que amam futebol, é notório e autêntico que queríamos ver o Brasil campeão da Copa do Mundo de novo. Vimos um Brasil mentalmente fraco, como nas últimas Copas. Um Brasil que, convenhamos, jogou o segundo tempo com Sérvia, segundo tempo contra a Coreia e só. Um Brasil sem marcação, pressão, sem envolver o adversário e sem atitude.

Se pegarmos todas as Copas dependendo somente de um jogador que, diferentemente do Messi, joga quando acorda bem ou quando não está melindrado por alguma crítica, o que vimos no jogo Argentina x França foi um jogo de uma equipe com um gênio contra um jogador só. A Argentina neutralizou o Mbappé, o que o Brasil deveria ter feito com Modric da Croácia.

A Argentina se mostrou forte em dois jogos cruciais na Copa: contra a Holanda e contra a França. Sinceramente, se tivéssemos encontrado os hermanos na semifinal, acho que não passaríamos. Estamos indo para 24 anos sem ganhar uma Copa e sem perspectivas de futuro de estarmos seguros que ganharemos.

A geração dos meus filhos do PlayStation não sabe o que é pintar as ruas, colocar bandeirinhas nos postes ou já saber muito antes quem é o mascote da Copa. Sabem quem são os jogadores que nós nem sabemos pelo novamente PlayStation, mas não sabem o que é ganhar uma Copa na vida real, de ir para rua em uma felicidade que não consegue se medir para comemorar.

Como nos sentiríamos parte importante daquela vitória e campeonato, como se estivéssemos no palco recebendo aquela medalha e levantando aquela taça com todos os confetes e fogos de artifício. Que os meus filhos vejam o próximo treinador, independentemente de ser estrangeiro ou brasileiro, alguém que tenha o espírito do estudo incessante do adversário do Parreira em 1994 ou a família unida, aguerrida e mentalmente forte do Felipe Scolari de 2002.

Estamos órfãos e carentes de um futebol sem brilho e carisma há muito tempo. Que voltemos novamente à fonte da vida do futebol moleque, alegre, do improviso, mas também do futebol organizado, tático, coletivo e principalmente forte na forma mental. Que os deuses do futebol estejam reunidos em assembleia extraordinária e urgente para decidir o futuro treinador e consequentemente o futuro da alegria dos nossos filhos, sem ser um vídeo-game com controle remoto e sim um vídeo-game real da vida.

URGENTE PARA DECIDIR O FUTURO TREINADOR E CONSEGUENTEMENTE O FUTURO DA ALEGRIA DOS NOSSOS FILHOS …SEM SER UM VÍDEO GAME COM CONTROLE REMOTO E SIM UM VÍDEO GAME REAL DA VIDA .

LONGE DOS HOLOFOTES

::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::::

A coluna de hoje tinha tudo para ser exaltando o jogaço que foi a final da Copa do Mundo, mas tem um assunto muito mais importante que, incrivelmente, não vi ninguém comentando. Bem longe dos holofotes do torneio que custou 220 bilhões de dólares, o jogador iraniano Amir Nasr Azadani foi condenado à morte e pode ser enforcado por participar dos protestos pelos direitos das mulheres no Irã. É isso mesmo que você leu, amigo! Dito isso, pergunto a você: é ou não é pra estar indignado com a situação? O pior é que não vi ninguém se manifestando! Nem Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, Mbappé, Lewandowski, nem o presidente da FIFA, da Conmebol… Ninguém!

A Copa do Mundo é um momento de confraternização entre as equipes do mundo inteiro, com uma visibilidade absurda, e seria uma excelente oportunidade para levantar uma bandeira contra essa decisão nojenta que vai custar a morte de um jovem de 26 anos com uma vida inteira pela frente. Uma injustiça tremenda.

Já que estamos falando de comportamento, também fiquei muito surpreso com os gestos obscenos do goleiro da Argentina! Fez uma excelente Copa do Mundo, foi decisivo ontem mais uma vez, mas conseguiu manchar sua imagem ao comemorar com a Luva de Ouro em sua região íntima. Totalmente desnecessário, assim como os cânticos racistas dos argentinos nas arquibancadas. Ou seja, ganharam a Copa do Mundo, mas conseguiram fazer tudo de pior fora das quatro linhas. Na minha opinião, deveriam tomar uma multa pesada pra verem o que é bom pra tosse! Só assim aprenderiam!

Se já não fosse o bastante, li essa semana que Putin prepara a Rússia para uma longa guerra na Ucrânia, os corruptos estão todos soltos no Brasil e por aí vai! Que 2023 seja um ano mais leve, com boas notícias e um futebol bonito de se ver!

Pérolas da Semana:

“Com uma linha de cinco e outra de quatro, o ala tem leitura de jogo e conforto para jogar por dentro, atacando os espaços com ingrediente e tempero que resultam na penúltima bola”.

“Os professores convencionais selecionam jogadores box to box pela estratégia de furar sem a bola, encaixar suas ferramentas e esconder a intenção do passe para elevar o patamar no sarrafo mais espaçado”.

Diz aí, geraldino! Continua sem entender lhufas? Kkkk

COCITO, A FORÇA DO FURACÃO

por Eduardo Lamas

Foi numa manhã chuvosa de uma terça-feira de outubro que eu e o cinegrafista Fernando Gustav partimos do Bacachéri, onde estávamos hospedados em Curitiba, para a Arena dos Campeões, no bairro do Portão, com a missão de entrevistar Cocito, o guardião da defesa do Athletico, na época ainda Atlético-PR, campeão brasileiro de 2001. O jogo duro, de cara fechada, muita marcação e as divididas e disputas ríspidas ficaram nos gramados, pois a recepção foi calorosa apesar do frio curitibano naquele dia de primavera.

A carreira foi curta, encerrada por uma sequência grande de lesões, a última na cartilagem do joelho que ainda hoje o incomoda. Mas Cocito, apesar das limitações, não deixa de bater sua bola no Master do Athletico com alguns companheiros daquela surpreendente conquista.

Ninguém dava nada pelo rubro-negro paranaense, em 2001, mas o time era unido, havia sido formado por Carpegiani e o saudoso Mario Sérgio e comandado na hora certa por Geninho. Cocito diz que aquele era um elenco muito bem equilibrado e uma equipe organizada em campo. Porém, só eles acreditavam no título. E ele veio, numa final com o também surpreendente São Caetano, clube do interior de São Paulo que aprontou muito no início deste século com conquistas e finais, como a do Paulistão, no primeiro caso, e da Libertadores, no segundo, ambas em 2004.E foi do interior paulista que Cocito saiu para ganhar o mundo do futebol. De Batatais, passando por Ribeirão Preto, onde vivenciou a história de ídolos que se formaram por lá, como Sócrates, Zé Mário, Raí, Marco Antônio Boiadeiro, entre outros. E com as lições do pai severo com relação aos estudos e a boa formação que teve dentro do futebol, partiu para suas aventuras e vitórias, não só no Athletico, como também em outros muitos clubes do Brasil e dois da Espanha. E não podendo mais continuar jogando profissionalmente, passou a formar com o ex-zagueiro Rogério Souza e outros professores, novos craques da bola e da escola e da ética, na Arena dos Campeões.

POR MESSI

por Marcos Vinicius Cabral

Torcer para a Argentina, independentemente da competição, convenhamos, não é tão simples para um brasileiro.

Em uma comparação no âmbito futebolístico, é a mesmíssima coisa que em final de campeonato torcer para o Vasco, Palmeiras, Grêmio, Vitória e Cruzeiro sendo torcedor do Flamengo, Corinthians, Internacional, Bahia e Atlético-MG respectivamente.

Sinceramente, não dá!

Há uma rivalidade que extrapola o nível razoável de racionalidade quando se trata em querer ver sempre o adversário na pior. Ou seja, ninguém torce para o arquirrival. Nem em amistoso. Sob hipótese alguma.

Contudo, um fato faz cair por terra o que foi escrito acima: grandes jogadores adversários nos fazem torcer por ele e obviamente pelo time.

Gênios como Messi, suscitam em nós, brasileiros convictos e assumidamente secadores dos argentinos, o desejo em torcer por ele.

Foi o meu caso. Quero que o futebol da Argentina passe um longo hiato – quem sabe, séria ótimo, maior que os 36 anos sem Copa conforme estavam? – sem títulos.

Aos hermanos, esses mesmos que vivem ironizando o futebol brasileiro, que se lasquem!

Esses mesmos que fazem brincadeirinhas sem graça nas arquibancadas dos estádios com a cor da pele de jogadores brasileiros, que eles possam torcer novamente para a seleção de seu país em uma final de Copa do Mundo em 2058. Até lá, Messi já será avô e estará ao lado dos (as) netinhos (as) vendo a vergonhosa eliminação dos compatriotas.

Mas se nos respeitarem mais nos estádios e aos nossos jogadores, talvez 2062, 2066 ou 2070, eu torça por eles.

Mas vamos combinar uma coisa: é preciso separar o joio do trigo. Se tem alguém que merecia esse título, esse alguém era Lionel Messi.

Ah, Messi, Messi, Messi… como torci por ele.

Como vibrei com a atuação dele na final deste domingo (18), no Estádio Lusail, no Catar, contra a França.

Perdão Mbappé, mas gritei com os dois gols marcados contra o excelente Lloris e os comemorei – voltando na cápsula do tempo – como se fossem gols do Flamengo de 1981 com Zico e Cia e do Flamengo de Jorge Jesus em 2019, os maiores times de toda história rubro-negra.

Vale frisar que essa Argentina demonstrou nesta Copa – apesar do susto na estreia quando acabou derrotada pela Arábia Saudita – um futebol competitivo, de toques envolventes, compactado e com esquema tático surpreendente.

Comandada por Scaloni, a equipe argentina se mostrou a fim de querer jogar de maneira atrevida, aguerrida e com um 10 que fez a diferença – como Zico e o camisa 14 Arrascaeta fizeram nos Flamengos de 81 e 19 – na terra dos catarianos.

Mas ninguém mais do que Messi mereceu. Mereceu não apenas pela participação espetacular que teve nesta Copa do Mundo de 2022, mas principalmente no privilégio que deu a nós brasileiros, italianos, espanhóis, uruguaios, alemães e holandeses, todos apaixonados por futebol, vê-lo, aos 35 anos, sendo o último romântico do futebol.

Messi foi o remanescente dos que já jogaram bonito e souberam tratar tão bem uma bola de futebol. O amor e a atenção especial dele com a redonda é o mesmo que tem pela mulher Antonella.

Pai de Thiago, Mateo e Ciro, é a bola, a primogênita do camisa 10 argentino. E ele a trata com tamanha reverência. Amor genuíno. Sentimento bonito de se ver.

Foi emocionante ver Messi no Grand Finale, vestido com uma túnica preta transparente, erguendo a taça ao lado de seus companheiros, sorrindo feliz por ter conquistado a Copa do Mundo e não ser mais – como foi em boa parte da carreira – alvo de críticas covardes e descabidas, principalmente da imprensa argentina.

Entretanto, agora Messi ocupa um lugar que é seu de direito por tudo que fez de magistral e encantador dentro de um campo de futebol.

O cidadão Lionel Andrés Messi Cuccittini vai ganhar vida e despersonificar Lionel Messi muito em breve quando chegar a hora de pendurar as chuteiras e curtir a família.

Em se tratando de Copas do Mundo, o craque argentino entrou definitivamente para uma outra casta de jogadores, a de campeões mundiais.

Por meritocracia, é bom que se diga, já está ao lado de outros gigantes do futebol mundial como Bobby Charlton (1966), Jairzinho (1970), Beckenbauer (1974), Mário Kempes (1978), Dino Zoff (1982), Maradona (1986), Lothar Matthäus (1990) Romário (1994), Zidane (1998), Ronaldinho Gaúcho (2002), Pirlo (2006), Iniesta (2010), Schweinsteiger (2014) e Mpabbe (2018) na prateleira de quem ganhou um título mundial pelo próprio país.

E para o camisa 10 e capitão da Argentina, comandada por um outro Lionel, o Scaloni, promissor treinador que fez história neste Mundial e surpreendeu ao lançar Di María na ponta-esquerda no jogo decisivo contra a França, isso basta!

Basta porque era o que faltava na carreira deste que é o maior jogador de futebol desse século.

Obrigado, Messi!

Vá curtir seu título!

Afinal de contas, ninguém mais do que você mereceu essa conquista.

E ao destino, que tantas e tantas vezes foi injusto com grandes craques que jogaram uma Copa do Mundo e não venceram – não falo apenas da Seleção de 82 de quem sou fã – mando um recado: Obrigado, por desta vez, não nos pregar uma peça no fim do jogo!