45 MINUTOS DE SILÊNCIO
por Marcos Eduardo Neves

Gilsão se foi. E com ele, parte da minha infância.
Quantas vezes o ouvi no rádio, atrás do gol, berrando no microfone:
“Ô, Bebetô! Ô, Bebetô!!! Para com isso…”
Eu jurava que Bebeto o ouvia.
Essa mágica que somente o rádio é capaz de criar com o imaginário popular, Gilson Ricardo dominava como ninguém. Era um mestre. Até hoje, até ontem esteve na ativa, quando um infarto fulminante em casa, aos 74 anos de idade, interrompeu tudo o que ele ainda nos daria de prazer nas transmissões de futebol Rio de Janeiro afora.
Gilsão, Gilsão…
Que orgulho ter participado contigo de um dos diversos programas que comandaste, o ‘Bola em Jogo’, na Super Rádio Tupi.
Ano passado mesmo, eu e Sergio Pugliese participávamos tendo esse prazer. Entrávamos por alguns minutos num dado momento chamado “Museu da Pelada”, mas no fundo, desde que nos encontrávamos na rádio era uma delícia degustar do seu excelente humor e o alto astral impagável. Ô, pessoa do bem. Iluminada.
Gilson Ricardo se foi me deixando uma última mensagem, faz onze dias:
“Irmão, o Fagner tá sabendo da morte do Roberto Dinamite?”
Respondi que “Claro! Quem não?”
Hoje coube a mim avisar o Raimundo mais conhecido do país da despedida do próprio Gilson. Que tanto viu no futebol, que tanto sabe de futebol, que tanto encanto emprestou ao futebol.
Um minuto de silêncio para quem nos fez sorrir tanto é muito pouco. Eu daria 45.
Com direito a acréscimos.
GILSÃO
por Paulo-Roberto Andel

Em 2010, eu tive a minha primeira chance na grande mídia, sendo entrevistado pelo Gilson Ricardo sobre o meu primeiro livro na Rádio Globo, graças à ajuda de minha amiga Lau. Aquilo mudou a minha vida: três meses depois, eu já era cronista, debatedor e apresentador do Fluminense & Etc, o site que todos os outros – inclusive o PANORAMA – copiaram como modelo. E o resto, quem me acompanha já sabe.
Porém, muitos anos antes, o Gilsão já estava na minha vida. Afinal, eu cresci o ouvindo como repórter esportivo de primeira grandeza. Sua irreverência na cobertura dos jogos era marcante, especialmente nos anos 1990 (“Queeeee zoeiraaaaaaaa!”, “Para com issooooo”). Ouvi-lo na rádio era obrigação. Um monstro.
Anos depois, tive a oportunidade de dividir a bancada com o Gilsão no SBT, no programa de esportes do Garotinho. Foram dias muito divertidos e de grande aprendizado. Debater com esses caras ao vivo era como jogar com Roberto Dinamite, Edinho e Andrade. Ah, e ele ainda deu um depoimento para um livro meu, o segundo sobre o antológico gol de barriga. Gilsão, rubro-negro, estava atrás do gol no lance capital e contou com toda esportividade.
Noite de domingo já tem um certo jeito de melancolia. Pensar nos grandes personagens da minha juventude que, aos poucos, estão indo embora, é se sentir cada vez mais sozinho na multidão. A estrada segue, alguns vão desembarcando do ônibus, eu fico olhando os bancos vazios e vou me sentindo mais sozinho. Mas o rádio continua ligado, enquanto as vozes eternas me falam muita coisa. O rádio não para. As tiradas e os risos são muito maiores do que a tristeza.
Gilsão, onde quer que esteja, considere-se abraçado. Obrigado por tudo.
@pauloandel
TIMAÇO DO PALMEIRAS
por Rubens Lemos

É encantador o time do Palmeiras na Copinha. Independentemente de resultados , me conquistou na opção pela habilidade. Pegou o Floresta e esquartejou: 5×0.
Se tivesse vencido de 18×1, seria normalíssimo. Há jogadores de alto nível. O toque de bola é vistoso, a saída para o ataque, massacrante, com deslocamentos rápidos, toques venenosos, gols construídos como se fossem projetados.
O Palmeiras honra suas duas Academias, assim, com a maiúsculo, que maravilharam o futebol brasileiro nos anos 1960 e 1970, com Julinho Botelho, Servílio, Tupãzinho, Chinesinho, Leivinha, Dudu, Edu Bala, Nei e o inigualável violino Ademir da Guia, o quarto melhor armador da história do país, atrás apenas de Didi, Gerson e Zizinho.
Ver jogo de um time alegre e atacante é uma compensação pelas retrancas doentias que assolam o futebol brasileiro.
“CADÊ VOCÊ, MEU FILHO?”
por Zé Roberto Padilha

Se soubesse que minha mãe, cujo filho a largou aos 16 anos e saiu correndo atrás da bola pelos cantos do país, iria sofrer tanto sem ver nossa carinha, tentaria desde cedo fazer gols. E deixar de ser armadinho.
Começando no salão, eu e os que nascem habilidosos por serem canhotos, vamos aperfeiçoando dribles, domínio da bola e nos especializando em realizar assistências. Marcamos gols, mas vão se tornando raros porque essa tarefa cabe aos destros, altos e egoístas que ficam parado lá ns frente e poucos voltam para ajudar na marcação.
E quando você vai para o campo, se afasta ainda mais do gol por ser ponta esquerda. As orientações eram para chegar à linha de fundo e cruzar no segundo pau para o Flávio, Mickey, Té, Artime, Manfrine e até o Dionísio, o Bode Atômico.
Como estava jogando no Rio, e Três Rios é pertinho, acabava o jogo voltava para os braços da mamãe. Era o filhinho querido, diziam meus irmãos, por sair de casa mais cedo e blá, blá, blá….
Acusado, injustamente, por uns de que era seu puxa-saco, e denunciado por outros como cínico, tudo bem, aí encontraram indícios, suposições …mas prescreveu.
Até que fui parar em Recife. Foram dois anos e meio defendendo o Santa Cruz. Sem Internet, telefone tinha que entrar na fila para ter acesso à cabine, só restava para minha mãe nos ver nos Gols do Fantástico. Como não fazia gols, ela suplicava aos domingos: “Cadê você, meu filho!”.
Nunes, Betinho e Luiz Fumanchú não tinham esse problema. Nunes, então, começando, aparecia mais no Fantástico do que Michael Jackson e Sônia Braga. Só tinha um jeito: treinar piques rápidos em direção aos meus artilheiros.
E quando Léo Batista descrevia os seus gols, minha mão já estava agarrada aos seus pescoços. A outra, acenava do Arruda para Dona Janet. “Oi, mãe. Estou bem, obrigado. Bjs.”
Sei que ela preferia que os marcasse, mas quem nasce para armandinho se torna, no futebol moderno, um assistencialista. Ser protagonista, autor da obra, que é bom mesmo, era tarefa pra quem sabe marcar e tinha direito de aparecer no Fantástico.
O show da vida para os que foram além das preliminares de um lançamento em profundidade. De um duelo à parte com seus marcadores não transmitidos para todo o país via satélite.
E aprenderam, desde cedo, a atingir o orgasmo quando depositam a bola nos fundos das redes adversárias.
HALL DA FAMA DO OPERÁRIO
por Sullivan Oliveira

O movimento Hall da Fama do Operário foi idealizado em 2022 e está prestes a sair do papel! Agora, no início de 2023, unindo as torcidas operarianas, diretoria do clube e ex-jogadores, o projeto vem para se solidificar pela cultura de respeito aos grandes ídolos do clube.
Vale destacar que o projeto já detém preservadas as marcas dos ídolos Arturzinho (ídolo do Operário de Campo Grande, Fluminense, Bangu, Vasco da Gama, Corinthians, Bahia, Vitória e Democrata de Governador Valadares/MG) Pastoril (ídolo do Pontaporanense, Comercial-MS, Blumenau, Sãocarlense, Operário MS, Fernandópolis, Goiás, Atlético Mineiro, Mixto, Vasco), Cocada (ídolo do Operário de Campo Grande e Vasco) e do goleiro Manga (ídolo do Sport, Botafogo, Nacional, Internacional, Operário de Campo Grande, Coritiba, Grêmio, Barcelona de Guayaquil).
Ainda no mês de janeiro, irão ser coletadas em uma única ação mais de 20 marcas, o que representa um marco nas ações dos clubes de futebol, a nível mundial, pois nunca nenhum clube do planeta fez ação de captação com tantos ídolos em uma única operação.



O Hall da Fama do Operário abre o projeto da edificação do futuro Memorial Operariano que já esta sendo trabalhado para nesse ano ainda estar protegendo o rico legado de conquistas do gigante galo do Mato Grosso do Sul.