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ZICO 70

por Serginho 5Bocas

Hoje é o aniversário do Galinho de Quintino e eu fiquei pensando se seria capaz de escrever alguma coisa para homenageá-lo sem ser repetitivo, até porque muita coisa já foi escrita e falada sobre ele. Então como montar essa equação? Não sei, mas vou tentar!

Sou um dos milhões de fãs “número 1” que o Zico tem. Pessoas que não se conhecem, mas que nutrem o mesmo sentimento, o de idolatria. Gente de vários cantos do planeta que o amam e que tremem quando ficam de frente com a fera, já tive essa oportunidade e deu ruim pra mim.

Zico é uma raridade nos dias de hoje, foi também em sua época, que era recheada de craques, mas que mesmo naqueles idos, poucos jogavam em um só clube e eram verdadeiros torcedores dentro de campo. Uma joia de valor incalculável para o torcedor, pois já pensou saber que o seu o seu ídolo é um torcedor tão fanático feito você? Ele era e ainda é!

Zico foi um daqueles raros craques, que aumentaram o tamanho do clube. Ele não jogou em um clube rico, que potencializou o seu talento, muito pelo contrário. No início da carreira, esteve ao lado de muita “baba” e se esforçou ao extremo para puxar o sarrafo para o andar de cima e conseguiu com louvor. O Flamengo de Zico tocou o topo do mundo e deixou uma marca de qualidade indelével na história do futebol.

Zico no Flamengo foi um personagem diferente de Messi, por exemplo, que fez carreira no milionário Barcelona, que era recheado de craques para lhe ajudar durante toda a sua carreira ou de CR7, que teve números estratosféricos quando jogou no time galáctico do Real Madrid, que lhe dava todo o suporte para bater recordes. Eles não foram colocados à prova em um time mais modesto, para mostrar o quanto poderiam oferecer.

Nesse quesito, ele foi do naipe de Pelé no Santos, de Falcão no Roma e de Maradona na seleção argentina e no Napoli, que jogaram em times que eram menores até as suas chegadas, mas que transformaram tudo ao seu redor com as suas presenças e talentos. Não é fácil explicar isso para quem vê futebol hoje em dia, de times milionários, verdadeiras seleções mundiais, mas acreditem: ele fez isso.

O Wikipedia mostra em uma pesquisa sobre recordes das Copas do Mundo, que Zico foi o jogador com mais gols e passes para gols da Copa de 1982 (4+4). Eles montaram uma tabela de pontos que dá o mesmo valor para um gol e um passe e pouca gente ao longo de todas as Copas conseguiu ter números desta monta nos dois quesitos. Pelé em 1970 fez 10 pontos (4+6), Maradona em 1986 também fez seus 10 (5+5) e Ronaldo Fenômeno em 1998 fez 7 pontos (4+3). Apesar disso, eu tenho que ouvir de muita gente, que nem viu Zico em campo, dizer que não jogava nada com a amarelinha, quanta maldade e inveja.

Outro lado que pouca gente comenta é o seu engajamento no sindicato dos jogadores profissionais do Rio na década de 70, quando seu colega de profissão Zé Mário era o presidente. Lembro dos encontros no Maracanãzinho para jogos de futebol de salão com a renda ou mantimentos destinados a SADEF ou das várias “peladas” do Flamengo ou da Seleção Brasileira, para reverter a renda para sobreviventes de enchentes, entre outras iniciativas com o viés altruísta, numa época em que o social nem era moda.

Não é pra qualquer um ser o ídolo de Ronaldo Fenômeno, David Beckham, Seedorf, Roberto Baggio, Alex, Leandro, Aquinagua, Michael Laudrup, Tigana, Amaral, Vampeta, Edilson, Tite, Leonardo e muitos outros de uma lista incontável. Zico era “o cara” na seleção dos “caras” da Copa de 1982. Ele deu seu nome para muitas crianças que nasceram naquela época, atraiu diversos novos torcedores para o Flamengo e, na Udinese, seus fanáticos torcedores diziam que a presença dele no time era como ter um motor de Ferrari num fusquinha, tal a musculatura que ele deu aquele time franzino.

No ano de 2000, estive uma única vez no CFZ, clube do Zico, num torneio de veteranos com craques aposentados dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro. Lembro como se fosse hoje que, ao final da partida entre Vasco e Flamengo, pais e filhos se apertaram na arquibancada e gritavam por um autógrafo de todos os jogadores que saíam do campo, num sol de meio-dia no Rio de Janeiro.

Os ex-jogadores iam se afastando, acenando com a mão, mas ninguém parou para falar com as crianças e os adultos ali presentes. Exceto Zico, que fez um sinal de longe, quando distribuía autógrafos (ainda não havia selfies) e veio falar com o povo. Zico pediu para organizarmos uma fila e falou com todos que ali estavam. Fotos e autógrafos para uma imensa legião de fãs num sol escaldante. Eu tive a sorte de tirar uma foto com meu ídolo, que guardo até hoje com todo o carinho. É por essas e outras que Zico foi e ainda é ídolo de tanta gente.

Não sei se consegui resolver a equação que citei no início desta crônica, de falar diferente do meu ídolo, mas joguei o jogo sem “amarelar” e como sempre digo a plenos pulmões:

“Nunca fui tão feliz antes e nem depois de Zico”

Parabéns pra você, Galinho!

Forte abraço
Serginho 5Bocas

ZICO FAZ 70 ANOS

por Norman Sharp

Hoje comemoramos 70 anos de Zico, é uma data que deve ser muito celebrada, não só por rubro-negros.

Quem viu teve muita sorte, quem é Flamengo tem muita sorte, pois Zico é eterno para o Flamengo, para o Maracanã, para o futebol, para todos que amam o futebol.

O maior artilheiro do maior estádio e da maior torcida.

Um fenômeno excepcional que aconteceu e ainda acontece e sempre acontecerá para nós rubro-negros, é a nossa história.

Sim, devemos celebrar muito, viva Zico!!! Zico é nosso Rei!

Somos uma imensa nação feliz, Zico acima de todos, Flamengo acima de tudo.

Um craque natural, um atleta espetacular, futebolista clássico, completo, agressivo nas arrancadas, generoso nos lançamentos e passes e matador nas finalizações, batia com a duas, exímio cabeceador, o melhor cobrador de faltas, oportunista na dentro da área.

Zico fez o Flamengo maior? Sim.
Zico fez o Maracanã maior? Sim.
E o Flamengo e o Maracanã fizeram Zico um gigante? Sim.

É a paisagem, o pintor, suas obras e a maior galeria.

E o melhor de tudo, um ídolo que valoriza e honra seus fãs como nenhum outro, uma cara espetacular que faz jus a sua obra.
Cumpre o seu papel dando o melhor exemplo.

Celebremos!!

Obrigado, Arthur Antunes Coimbra.
Obrigado, Zico.
Parabéns, que venham muito anos de vida!!!

OBRIGADO, PARREIRA

por Zé Roberto Padilha

Não seria justo de minha parte, no momento em que o treinador que apostou em mim, Carlos Alberto Parreira, completa 80 anos, não externar meus agradecimentos.

Em 1974, Parreira recebia, como auxiliar de Zagallo, no Fluminense, os primeiros aparelhos que iriam transformar jogadores de futebol em atletas. A Alemanha ganhou a Copa do Mundo neste mesmo ano e o futebol força tomou o lugar do futebol arte de 70.

Fui um dos primeiros jogadores a testar as máquinas Apolo e Nautilus. Com 22 anos e reserva do Lula, só me restava ser sua cobaia nos intervalos, circuit trainning e diminuir o tempo no Teste de Cooper. Quantas vezes fomos para a praia treinar piques intercalados na areia inaugurando os full-times…

Nesse mesmo ano, Zagallo foi para Arábia e Lula vendido ao Internacional. E ele, na sua primeira experiência como treinador, me efetivou na ponta esquerda do Fluminense.

Fizemos uma grande Taça GB e ela nos credenciou a fazer parte da Máquina Tricolor que encantaria o futebol brasileiro, um ano depois, com a chegada de Mario Sérgio, PC e Rivelino.

Carlos Alberto Parreira montou o chassi, Paulo Emílio acertou os pneus e Didi deu a nossa Mercedes o equilíbrio final.

Meu último livro, “Confesso que escrevi”, teve o seu prefácio. Gentilmente, escreveu que fui, ao lado do Dirceu, um dos precursores do futebol moderno. E que quando foi tetracampeão, deu a 11 para o Zinho porque já havia aprovado, duas décadas atrás, o sistema de jogo que liberou o Marco Antonio, fechou o meio e deu ao Branco espaços para atacar.

Feliz Aniversário e muito obrigado.

FIM DE COPA E O ‘JANTAR’ DO COUTINHO

por André Felipe de Lima

Cláudio Coutinho é o que podemos definir como o ápice da militarização na seleção brasileira. Ou, ao menos, a efetivação dela no escrete. Muitos dos conceitos (inclusive táticos) que empregara no time que foi à Copa do Mundo de 1978, na Argentina, tiveram como embriões modelos militares. Coutinho, afinal, era capitão do Exército e o país ainda respirava o fétido ar da ditadura militar. Isso tudo é fato. Mas a verdade é que, no campo, aquela seleção foi eficiente e só não chegou à final daquele Mundial devido à mutreta (inquestionável) naquele jogo entre argentinos e peruanos, que terminou 6 a 0 para os anfitriões, que acabariam campeões daquela que é a mais obscura de todas as Copas já realizadas. Fim de papo em Buenos Aires, Coutinho, jogadores e toda a delegação arrumaram as malas para regressarem ao Brasil com a pecha de “campeões morais”.

Mas há uma inusitada história descrita pelo saudoso repórter Tárlis Batista (1940-2002), um carioca de Pilares, que sempre entendeu (e muito!) de samba e futebol. Trabalhou na TV Manchete, onde cobria o desfile das escolas de samba e comandara um programa esportivo (cujo nome não me recordo) que recebia inúmeros craques da época. Zico, entre eles. O Galinho era uma de suas fontes principais no dia a dia do futebol.

Tárlis cobriu a Copa de 78 pela revista Manchete Esportiva — ele, aliás, trabalhou em praticamente todas elas da antiga editora Bloch. É dele a história de uma “homenagem” que os jogadores da seleção queriam prestar ao Coutinho. A ideia pintou ainda no avião que transportava todos de volta. Zico, Edinho, Rivelino, Gil, Toninho, Abel, Roberto Dinamite e Dirceu combinaram de promover um jantar para Coutinho no badalado restaurante Castelo da Lagoa, que já não existe mais. Foi fechada a umas três décadas, creio.

No dia combinado, Edinho foi o primeiro a chegar. “Chegou, olhou, procurou e concluiu que estava absolutamente só”, escrevera Tárlis Batista. A hora avançara. O relógio apontava 22 horas e o jantar estava marcado para as 21h. O zagueiro do Fluminense, que foi improvisado por Coutinho na lateral-esquerda da seleção, levantou-se e foi embora. Zico chegara logo após a saída do Edinho. Estava acompanhado de Sandra, sua esposa. “Ficou ali, parado, aguardando, durante duas horas, mas nem mesmo Cláudio Coutinho, o homenageado, apareceu. Então, cansado de tanto esperar, Zico jantou e foi embora, mancando, apoiando-se no ombro da sua mulher, grávida de quatro meses”, descrevera Batista.

A “homenagem” não rolou e a tentativa de “gratidão” ficou restrita ao Zico e ao Edinho. Nunca se soube quais foram os motivos que fizeram a maioria dos jogadores melarem o tal jantar. Somente Zico, Edinho e, sobretudo os que fizeram forfait podem explicar a repentina mudança de agenda.

DUDU “DENTÃO” E O VASCO DA GAMA

por Luis Filipe Chateaubriand

Carlos Eduardo Alberigi foi um futebolista que teve sucesso na primeira metade dos anos 1980.

Apelidado de Dudu “Dentão”, por ter os dois dentes de frente proeminentes, jogou no Vasco da Gama entre 1980 e 1982, exercendo o papel de volante.

Dudu era ótimo no desarme, conseguia recuperar bolas para o clube que defendia com frequência.

Dudu fazia bons lançamentos, era capaz de municiar os atacantes companheiros com ótimos passes.

Dudu era bom para chutar em gol, algo que fazia com naturalidade e eficácia, resultando em tentos para seu clube.

Em 1983, Dudu foi jogar em Portugal, no Belenenses, onde, do mesmo modo que aconteceu no Vasco da Gama, teve uma carreira bem-sucedida.

Em 1981, Dudu foi convocado para a Seleção Brasileira pelo técnico Telê Santana, mas não chegou a jogar com a “amarelinha”.

Carlos Eduardo Alberigi faleceu em 2020, aos 60 anos, devido a um câncer.