A INACREDITÁVEL EXCURSÃO FUTEBOL CLUBE
por Zé Roberto Padilha

Estava machucado no joelho e jogava no Santa Cruz, em Recife. Nosso time era o máximo (Joel Mendes, C. A. Barbosa, Lula Pereira, Levir Culpi e Pedrinho; Givanildo, Betinho, Wilson Carrasco, eu ou Joãozinho; Nunes e Luiz Fumanchú). Fomos semifinalista do Brasileiro, mas o empresário que vendia excursões exagerou: vendeu essa barca como se fôssemos campeões brasileiros.
Não havia Internet e o telefone era mais lento do que a noticia levada a bordo do avião.
O roteiro era para jogar 15 partidas entre Paris, Arábia Saudita e Grécia. Nem no Fluminense ou Flamengo vi algo tão bom assim. Fiz um lobby com nosso treinador, Evaristo Macedo, que logo me descartou.
Disse que eram 19 bilhetes disputados a tapa. Muitos sequer conheciam o Rio, sendo que dois moravam em Afogados da Ingazeira. E não seria justo. Até a neta de Marco Maciel, então vice-presidente e cuja familia dava nome ao nosso estádio (José do Rego Maciel), se escalou para chefiar a delegação.
Estava desistindo quando ouvi pelos corredores que iriam contratar um intérprete. Sempre estudei inglês e nunca o usei. Sabia que percorria todo meu corpo e também que nunca alcançara a língua. Quem sabe?
Passei a chegar no clube dando “good morning“. E gastando o “How are you my friends”. Tomaram até susto. Pensaram bem e entenderam que seria mais útil levar um dois em um. E consegui meu bilhete premiado.
Foi a melhor viagem da minha vida. Com direito a estadia, acreditem, no Hotel Sheraton, em Paris.
Não usei mais do que seis frases, três para levar meus companheiros às compras, três para voltar ao hotel. O pacote mais barato da história desde que resolvemos conhecer o caminho de volta ao continente que nos descobriu.
Só derrapei um dia : o gerente do hotel queria confirmar o jantar para 19h00. E completou, “19h00 sharp!”. Sem saber que sharp era “em ponto”, respondi que preferia Sony. Meu walkman era Sony. Não sharp. Foi preciso um intérprete de verdade intervir para não atrasar o dinner.
Tirando isso, só alegria. Algumas lembranças compradas, nenhuma partida jogada. E tratei de registrar tudo com minha novíssima Câmera Sony, no ano de 1979.
Caso contrário, I wouldn’t even believe myself.
“Uma coisa jogada com música” – capítulo 37
por Eduardo Lamas Neiva

A discussão sobre a final do Brasileiro de 77 tomou conta do bar “Além da Imaginação”.
Idiota da Objetividade: – Aquela final foi a primeira do Brasileiro a ser decidida na disputa de pênaltis.
João Sem Medo: – E foi um festival de pênaltis perdidos. No fim, o São Paulo, que tinha um time mais pesado e se aproveitou do campo encharcado para se defender, acabou levando a taça.
Houve mais um burburinho, com os atleticanos reclamando muito da arbitragem. Então, Zé Ary interveio.
Garçom: – Minha gente, já que aquela decisão terminou nos pênaltis, vamos aproveitar para ouvir uma música aqui no som sobre o tema, até pra acalmar os ânimos que estão ficando muito exaltados. É “O medo do artilheiro na hora do pênalti”, de DJ Dolores, Lúcio Maia e Pio Lobato, com DJ Dolores e a Orchestra Santa Massa. Vamos lá!
O pessoal se diverte com a música e tudo fica mais sereno, quando João Sem Medo retoma a pelota.
João Sem Medo: – Meus amigos, eu falava antes dos nossos dirigentes, dos nossos maus dirigentes. A tabela, o número de clubes e o regulamento do Campeonato Brasileiro foram mudados diversas vezes.
Garçom: – Até hoje se discute quem foi o campeão de 87: Flamengo ou Sport.
Idiota da Objetividade: – E, por isso, quem deveria ficar com a Taça das Bolinhas, Flamengo ou São Paulo. A CBF instituiu esta taça para ficar com o primeiro clube que conquistasse primeiro três títulos seguidos ou cinco alternados. Mas isso, antes de reconhecer os títulos da Taça Brasil e do Robertão, pois se fosse depois, teria de ficar com o Palmeiras.
Garçom: – Que confusão!
Sobrenatural de Almeida: – Assombroso!
João Sem Medo: – Eles ataram o nó e o futebol conseguiu ficar mais desorganizado que o país naquela época. Depois da Copa do México, em 86, levaram todos os nossos jogadores para a Europa, com exceção do goleiro, e ficou por aqui o segundo escalão e as revelações. Não era mais possível aguentar competições deficitárias, nem estádios vazios. Aí veio o Clube dos 13, selecionaram 16 times, o que me pareceu certo, mas não era lá muito justo. Sport e Guarani resolveram melar a final do Grupo Amarelo e deixaram o juiz sozinho em campo. Enquanto isso, o Flamengo dava a volta olímpica no Maracanã carregando uma taça e o mérito de campeão brasileiro.
Alguns torcedores e ex-jogadores do Sport presentes protestam, mas João Sem Medo prossegue.
João Sem Medo: – Uma coisa é certa, foi justo virar a mesa e se insubordinar contra os campeonatos do Otávio Pinto Guimarães, Caixa D’Água, Rubens Hoffmeister e outros dirigentes que usufruíam do esporte na época todas as mordomias possíveis e imagináveis. O Clube dos Treze virou uma das mais sujas mesas da história de nosso futebol. O público prestigiou as duas partidas finais e deu o recado: queria assistir a grandes jogos.
Houve mais alguns protestos.
Idiota da Objetividade: – Em 1986 a CBF declarou que não tinha dinheiro para organizar o Campeonato Brasileiro com 40 times. Os principais clubes do Brasil, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Grêmio, Inter e Bahia, então se reuniram, fundaram o Clube dos 13, obtiveram verba com patrocinadores e transmissão pela TV. Com o aval da CBF realizaram a Copa União, com mais três clubes: Goiás, Santa Cruz e Coritiba. Guarani, vice-campeão em 86, e o América do Rio, o quarto colocado, ficaram fora.
Ouvem-se protestos no público quando América e Guarani são citados.
Garçom: – Foi mesmo injusto com os dois clubes. Mas senhor…
Ceguinho Torcedor: – Idiota da Objetividade, prossiga, por favor…
Idiota da Objetividade: – A CBF montou um torneio paralelo, chamado de Módulo Amarelo, com os outros principais clubes, mas o América do Rio se recusou a participar. O Sport entrou no lugar do Inter de Limeira, campeão paulista do ano anterior. Para valorizar o seu torneio, a CBF sugeriu em reunião que o campeão e o vice do Módulo Amarelo disputassem o título brasileiro com o campeão e vice do Verde, que era a Copa União. O representante do Clube dos 13, Eurico Miranda, do Vasco, aceitou, mas a diretoria do Clube dos 13, presidido por Marcio Braga, do Flamengo, decidiu recusar a proposta. O impasse não foi resolvido até hoje.
João Sem Medo: – Acabou que o Sport e o Guarani disputaram a final da CBF, já em 88, e o time pernambucano foi o vencedor.
Garçom: – E os dois disputaram a Libertadores daquele ano, né?
Idiota da Objetividade: – Sim, e oficialmente não foi aceito nem pelo Supremo Tribunal Federal a divisão do título entre Flamengo e Sport, proposto pela CBF em 2011.
Sobrenatural de Almeida: – Isso sim é assombroso.
Idiota da Objetividade: – O campeonato de 88 também foi chamado de Copa União, teve a participação do América do Rio e serviu para apaziguar os ânimos. Ao todo, foram 24 equipes que disputaram a primeira divisão daquele ano.
João Sem Medo: – A competição também só terminou no ano seguinte e teve uma série de confusões.
Idiota da Objetividade: – Sim, uma delas ocorreu logo na primeira rodada. A CBF decidiu o regulamento em cima da hora, com três pontos para o vencedor e dois pontos para o time que vencesse a disputa de pênaltis, no caso de empate no tempo normal. Fluminense e Botafogo, que jogaram no Maracanã, tentaram se insurgir e não fizeram a disputa depois do jogo terminar empatado em 1 a 1. Houve depois um acordo e os dois times voltaram no meio de semana ao Maracanã apenas para a disputa de pênaltis.
Garçom: – Que confusão!
Sobrenatural de Almeida: – Assombroso!
João Sem Medo: – Uma barbaridade!
Ceguinho Torcedor: – Eu fui lá, os portões foram abertos e vi o meu tricolor vencer nos pênaltis. Se bem que eu já não precisasse dos portões abertos pra entrar no Maracanã.
Todos riem.
Garçom: – Bom, se o assunto voltou a ser pênalti, músicas não faltam. Vou colocar mais uma aqui pra tocar: se antes foi o artilheiro, agora é “O medo do goleiro diante do pênalti”, de e com Marco Ferrari.
Fim do Capítulo 37
Quer acompanhar a série “Uma coisa jogada com música” desde o início? O link de cada episódio já publicado você encontra aqui (é só clicar).
Saiba mais sobre o projeto Jogada de Música clicando aqui.

“Contos da Bola”, um time tão bom no papel, como no ebook.
Tire o seu livro da Cartola aqui, adquira aqui na Amazon ou em qualquer das melhores lojas online do Brasil e do mundo.
Um gol desse não se perde!
AS FINAIS DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1981
por Luis Filipe Chateaubriand

No ano de 1981, Grêmio e São Paulo decidiram o Campeonato Brasileiro.
O São Paulo chegou às finais depois de conturbados jogos contra o Botafogo, sendo que o clube carioca foi visivelmente prejudicado pela arbitragem no segundo jogo decisivo.
Já o Grêmio chegava pela primeira vez às finais, ao eliminar a Ponto Preta nas semifinais.
A primeira partida das finais foi realizada no Estádio Olímpico de Porto Alegre, com mando de campo do Grêmio.
No primeiro tempo, Serginho Chulapa, de cabeça, fez 1 x 0 para o São Paulo.
No segundo tempo, contudo, o Grêmio virou o jogo para 2 x 1, com dois gols de Paulo Isidoro.
A segunda partida das finais foi realizada no Morumbi, com mando de campo para o São Paulo.
E, novamente, o Grêmio venceu, desta vez por 1 x 0, com gol de Baltazar, em belo chute de fora da área, já no segundo tempo.
Grêmio campeão brasileiro de 1981!
A MOLECADA
por Zé Roberto Padilha

Pobre, Endrick. Com sua idade, Pelé, revelado pelo Santos, se apresentou à seleção brasileira e foi logo adotado por cobras criadas como Nilton Santos, Didi, Bellini e Gilmar. E encontrou apoio e segurança para apresentar todo o seu futebol.
Já Endrick se apresenta à nossa seleção junto a outros jovens, como André, 22 anos, Rodrigo, 22, Vinicius Jr., 23, Martinelli, 22. E os mais experientes, como Marquinhos e Alisson, nunca exerceram significativas lideranças por onde jogaram.
Em meio à correria, juventude e ousadia da maioria que enfrentou a Argentina, todos bons jogadores, faltou um Gerson, nosso Canhotinha de Ouro, para refinar o toque. Esconder a bola. E deixar um atacante na cara do gol com seus lançamentos primorosos.
Renovar é preciso. A seleção brasileira tem ido à feira buscar produtos frescos para servir novos pratos. Levar à mesa uma outra iguaria que os amantes do futebol-arte estão acostumados a saborear. Safra após safra.
Mas quando o cozinheiro é igualmente novo no pedaço, não é um Vicente Feola, campeão mundial, um Aymore Moreira, Bi, Zagallo, Tri, Parreira, Tetra e Felipão, Penta…. fica parecendo que ele aguarda um tempero John Arias, uma pitada do Ganso, uma pimenta malagueta Felipe Mello para dar um Cano no paladar argentino.
Só que…
A seleção brasileira não é o Fluminense. Sem um tiozinho, a cadência de um Zito, será sempre uma molecada correndo muito, se entendendo pouco e ganhando nada.
TORCEDORES LANÇAM LIVRO OFICIAL CONTANDO A HISTÓRIA DAS CAMISAS DO BAHIA

Publicação ricamente ilustrada traz os uniformes utilizados pelo esquadrão desde a sua fundação e será lançada dia 28, no museu do Bahia.
Você sabia que o Bahia utilizou camisas amarelas ainda nos anos 60? Que o goleiro Ronaldo Passos utilizou uniformes de marca diferente dos demais jogadores na final de 1988? Quais detalhes traziam a camisa utilizada por Raudinei em seu gol histórico? Todas essas curiosidades são elucidadas no livro AS CAMISAS DO BAHIA, que ilustra todos os uniformes utilizados pelo clube em seus 92 anos de história. Após longa e minuciosa pesquisa, através de arquivos de jornais, revistas e relatos de ex-jogadores, os autores presenteiam o torcedor tricolor com esse primoroso lançamento. O projeto possui a chancela do Bahia, sendo um produto oficial e licenciado pelo clube.
Os autores Ruy Guimarães, Eduardo Medeiros, Ronei Dias, Arilde Junior e Alexandre Teixeira são estudiosos da história do clube, além de colecionadores de camisas e itens relacionados ao tricolor de aço, colaborando com o museu do clube e como autores de obras relacionadas à trajetória triunfante do maior clube do Norte/Nordeste. O livro, que já teve a sua pré-venda finalizada, custa R$ 149,90 e estará disponível para aquisição no dia do evento e no site bit.ly/ascamisasdobahia, bastando preencher os dados solicitados.
“Sempre existiu uma lacuna enorme tanto na literatura como na mídia nacional a respeito dos times do nordeste e vimos que é preciso um clube do porte do Bahia ter sua história contada também pelo viés de suas camisas, que são uma espécie de marco temporal para o torcedor em cada fase, em cada título do clube. Nada mais justo que ele tenha uma obra como essa à mão para saber mais sobre o Bahia ou mesmo rememorar um momento especial”, defende o jornalista Ronei Dias.
Com capa desenhada pelo grande artista baiano Bel Borba, torcedor do Esquadrão, o livro é ricamente encadernado com capa dura e papel nobre, tendo ilustrações de todas as camisas utilizadas pelo esquadrão, bem como traz todos os uniformes de goleiro documentados, fato inédito em um livro dedicado a um clube nordestino, desenhadas pelo designer Jr. Rocha, sendo sem dúvidas um belíssimo presente para todos os torcedores e simpatizantes do Esporte Clube Bahia.
Evento:
No dia do lançamento os autores estarão presentes para noite de autógrafos e entrega dos livros adquiridos em pré-venda, assim como a presença de personalidades ligadas ao clube e ao esporte baiano, como ex-atletas, jornalistas e blogueiros, além de colecionadores e entusiastas em geral. A entrada será liberada para todos os torcedores.
Serviço:
Lançamento do Livro AS CAMISAS DO BAHIA
Instagram: @ascamisasdobahia
Link para adquirir o livro: bit.ly/ascamisasdobahia
Local: Museu do Bahia – Arena Fonte Nova
Data e Horário: 28 de novembro (terça-feira), das 18h30 às 22h00 Entrada gratuita
Visitação: aberto a todos
Classificação indicativa: Livre
Acesso para pessoas com deficiência
Informações: (71) 99188-5456 (Ronei); 99159-5549 (Eduardo); 98148-7183 (Ruy) 14/11/2023