Luis Filipe Chateaubriand
Devido a uma situação absolutamente prosaica, o futebol carioca passou, ontem, por uma das maiores vergonhas de sua história.
Tanto Vasco da Gama como Fluminense queriam disputar o clássico decisivo da Taça Guanabara com suas torcidas acomodadas no setor sul do Maracanã.
Como não houve acordo entre os clubes, uma medida judicial determinou que a decisão acontecesse sem público, com portões fechados.
O jogo assim começou, mas outra medida judicial determinou a abertura dos portões – prejudicando o Fluminense, pois só havia torcedores vascaínos no entorno do estádio.
O Vasco da Gama argumentava para que sua torcida ficasse no setor sul, que isso era uma tradição desde 1950.
O Fluminense argumentava para que sua torcida ficasse no setor sul, que o acordo com o consórcio que administra o Maracanã previa isso.
Como sempre, faltou diálogo para resolver o impasse.
Era fácil resolver o dilema: o Vasco da Gama, mandante do jogo, comunicaria ao Fluminense sua intenção de ter a sua torcida no setor sul. Com a negativa do Fluminense, decidiria ou por acomodar sua torcida no setor norte, ou por realizar o jogo no Estádio Nílton Santos ou em São Januário.
Se houvesse, portanto, diálogo entre as partes, a situação patética não se sucederia. Mas, ao optarem por muito barulho por nada, dirigentes irresponsáveis e inflexíveis criaram um papelão poucas vezes visto no futebol brasileiro.
É pena, pois a sensação que se passa é que futebol não é ambiente para gente séria, o que é ofensivo a todos nós que amamos este esporte fascinante.
Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.
0 comentários