por Claudio Lovato Filho
Quem os conforta
Quando se dão conta de que jamais terão aquilo de novo:
O estádio lotado por causa deles
Os refletores
A adrenalina atingindo o pico no vestiário?
Quem os conforta
Quando acordam no meio da noite
Sobressaltados porque sonharam
Que tudo aquilo ainda lhes pertencia
Ainda lhes acontecia?
Quem os conforta
Quando em alguma resenha de TV
O pessoal da bancada se esquece de mencionar seu nome ao falar do time do ano tal
Campeão do torneio tal
Conquista que foi um dos maiores motivos de orgulho da vida?
Quem os conforta
Quando bate a saudade
Dos pedidos de autógrafo
Dos pedidos de entrevista
E até dos pedidos dos oportunistas que estavam sempre em volta, orbitando?
Não há conforto.
Mas há o sorriso largo
A risada sincera
Quando a família está em volta
A companheira de tanto tempo, os filhos (e para alguns, já há netos!)
Sim, agora existe tempo para a família
E também para os velhos amigos, poucos mas verdadeiros, camaradagem antiga
Então, vez por outra,
Vem a satisfação de ser lembrado e homenageado
Por aqueles que amam o futebol de verdade
Por aqueles que cultuam a história do futebol
Gente que não esquece os ídolos
(Salve o Museu da Pelada)
Conforto, não há.
Mas existe a memória
A lembrança do que se fez (e sempre se fez muito)
A alegria de recordar
Toda aquela alegria que se proporcionou a tanta gente de escassas alegrias
Quem os conforta?
Não, não há conforto.
Só há a vida que segue.
E de todos os milagres
E de todas as vitórias
E de todos os motivos de celebração
Talvez seja esse o maior deles
Por fim e definitivamente compreendido.
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