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NA PELADA DA FIRMA NASCE UM ÍDOLO OU O GIVANILDO DO SANTINHA

8 / agosto / 2017

por André Felipe de Lima


“Eu não acreditava que pudesse jogar futebol profissional. Disputava minhas peladas com o pessoal da firma, aos sábados, e só. Nunca passara por um clube. Foi nessa época que meu patrão, o Paulo Duarte, resolveu me levar para o juvenil do Santa Cruz, onde era diretor. Passei a treinar de manhã e a trabalhar à tarde. Depois de dois meses de treinos, vi que aquilo não era para mim. Já havia desistido, quando um diretor telefonou para a agência, pedindo que eu voltasse para ganhar 70 cruzeiros por mês. Mas logo fiz 20 anos, estourei a idade de juvenil e fiquei entre os profissionais. Nem entrava em coletivo. O treinador, seu Gradim, me pedia paciência e no dia 31 de março de 1969 – Como esquecer? – lançou-me desde o início num amistoso com o Bahia – na ponta-esquerda. Ganhamos de 5 a 2 – 5 a 0 no primeiro tempo – e só saí quando vim para o Corinthians. Ninguém entendeu, porque não me conheciam. Eu era uma figura misteriosa até para os jornais da cidade. Quem é esse Givanildo? – perguntavam. Que nome é esse? Fácil: sou o mais velho dos sete filhos de uma família com nomes que começam com a letra gê. Tem a Gessé, o Genival, a Girlene, o Gervásio, o Gilberto e a Gedolva. Afinal, em 71, com as contusões do Zito e do Osvaldo, o Duque me puxou para a posição em que estou hoje. Como nunca imaginara um negócio desses, ficava pensando. Precisava agarrar a oportunidade com unhas e dentes. No futebol, os jogadores vêm de famílias humildes, sem conforto, da classe média para baixo, não é? Então, era a minha chance na vida. Como iria perdê-la? Levei o negócio muito a sério. Tinha que ganhar dinheiro, construir meu patrimônio. No começo, queria ficar por lá. Vir para o Sul era coisa fora dos meus planos. Passei a ter vontade por volta de 74 para poder chegar à Seleção. E depois pela idade, pela rotina do clube, pela vontade de aparecer num centro maior e, não nego, pelos 15% da transferência. (…) Meu futebol é de dois toque, dificilmente dou três. tem jogador que gosta do drible. Eu só driblo se não tem outro jeito. Prefiro passar logo a bola. E aí acusam de não criar jogadas. Não sou é de enfeitar, o que é diferente.”


Esse depoimento faz parte de uma extensa entrevista de Givanildo ao gigante repórter Carlos Maranhão, da revista Placar. Um papo muito bacana que aconteceu em 1977, quando o craque pernambucano brilhava no Corinthians, do técnico Osvaldo Brandão.

Como ele mesmo se autodefinia, Givanildo não era realmente de enfeitar em campo, mas foi, sem dúvida, um dos melhores volantes do futebol brasileiro na década de 1970 e o melhor da história do Santa Cruz, do querido “Santinha”.

Givanildo, um grande ídolo que nasceu no dia 8 de agosto de 1948.

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