por Marcelo Mendez
De tudo que posso lembrar-me do domingo, a última coisa que disse antes de entrar em estado delicioso de torpor etílico foi: “Deyverson, eu te amo”.
Assim como tantas outras vezes eu disse que o odeio, que o detesto, que não joga nada, que é maluco, que é grosso e caneleiro. Mas daí vem o titulo do Palmeiras do Brasileirão em 2018 e nada do que foi dito importa.
Só vale então o que se sente.
Um titulo do Palmeiras para mim tem o gosto do picolé da Yopa que meu pai comprava para mim na frente do Parque Antártica, lá pelos anos 70. Tem o cheiro daquela chapa de pernil, pronta pra preparar os mais deliciosos lanches que já comi. Tem a velocidade do carro do meu saudoso Tio Bida, a nos levar para embates épicos pelas arquibancadas de São Paulo ao longo da vida.
Vale muito.
Vale minha busca intrínseca pelo riso do rosto de vocês, meus iguais Palmeirenses, vale pelo meu ofício de cronista, de procurar a mínima centelha de faísca para através dela, incendiar o coração de vocês, para criar uma labareda de encantos, em meio a esse mundo duro e frio que insiste em se fazer presente.
As melhores vezes que consegui isso foram através do Palmeiras.
Portanto agora, as 05h27min da manhã da segunda, vestido de verde e tomando café numa padaria do Parque Novo Oratório, eu saúdo a todos vocês que assim como eu, deram um tempo na chatice da razão critica, da razão pura e simples e de todas as lógicas que se impõe no dia a dia nosso.
Já, já a gente volta às responsabilidades.
Agora comemora Palmeirense.
Comemora que a gente merece.
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