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A AULA DA SAUDADE DO “MR FOOTBALL”

21 / fevereiro / 2020

por Victor Kingma


 Assim que terminou o coletivo naquele grande clube, o treinador reuniu os seus melhores chutadores para treinarem cobranças de faltas. 

Toda  uma infraestrutura, então, foi cuidadosamente montada: barreira móvel, bolas novas, escolha do melhor ângulo para os chutes, etc, etc.  Nada faltando para facilitar  a vida  dos “craques”. 

 Na beira do gramado um senhor magro e esguio, de cabelos grisalhos, calça jeans e  tênis, a tudo observava. 

 Iniciadas as cobranças, os chutadores vão se revezando nos chutes e após várias tentativas, sem muito sucesso, a bola toca na barreira e corre até a lateral do campo onde estava o velho senhor.

Esse, então, a levanta com o bico do tênis, faz duas embaixadas com surpreendente habilidade, a coloca debaixo do braço e se dirige, altivo como um príncipe’, para dentro do gramado. 

– Vai tentar também, seu Waldir?  -Brinca o jovem treinador.

O senhor de cabelos grisalhos ajeita carinhosamente a pelota no local da cobrança, dá quatro passos para trás, corre vagarosamente e a toca com incrível precisão.

A bola passa sobre a barreira, descreve uma meia parábola e pousa suavemente na rede…

Como se fosse uma “Folha Seca”.      


E diante dos olhares incrédulosdaqueles jovens e milionários atletas, de cabelos e chuteiras coloridas, vai deixando lentamente o gramado. 

Da arquibancada, um velho e solitário torcedor, como se assistisse a um vídeo tape do passado, exclama eufórico:

–  VALEU, DIDI!

PS:  Waldir Pereira, o  grande  Didi, o inventor da “Folha Seca,  foi o maestro e o ponto de equilíbrio de uma seleção que tinha Nilton Santos, Garrincha e Pelé, entre tantos outros craques consagrados.  Eleito o melhor jogador da copa do mundo de 1958, na Suécia, foi aclamado pela imprensa internacional como “Mr. Football.”

Ídolo das torcidas do Fluminense e  Botafogo, onde viveu seus melhores momentos na carreira, nasceu em Campos dos Goytacazes em 08 de outubro de 1928 e faleceu no Rio de janeiro, em  12/05/2001, aos  72 anos,  poucos  dias  após  essa  homenagem ser escrita.  

TAGS: Didi | Geral

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