por Elso Venâncio

O tricampeão do mundo Marco Antônio foi um dos grandes laterais do futebol brasileiro. Carlos Alberto Torres jogava no Santos e viu Marco Antônio treinando na Portuguesa Santista. Imediatamente, o indicou ao Fluminense, onde o promissor atleta chegou com 17 anos, em 1968, e não demorou para assumir a posição de titular. Logo viriam os títulos da Taça Guanabara e do Campeonato Estadual de 1969, sendo o Carioca conquistado em um histórico Fla-Flu.
Telê Santana, o técnico tricolor, tinha o time base com Félix; Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antônio; Denilson e Lulinha (Samarone); Wilton, Flávio, Cláudio Garcia e Lula (Gilson Nunes). O goleador gaúcho Flávio Minuano, artilheiro do Estadual com 15 gols, foi o autor do gol do título. Flávio afirma ter marcado mais de 1.000 gols em sua carreira, mas não há registro oficial dessa marca, sempre por ele lembrada.
Marco Antônio tinha 1m85 de altura e jogava com a cabeça erguida. Hoje, seria um ala, já que atacava sempre e fazia gols. Ótimo cobrador de faltas, embarcou como titular da Seleção Brasileira para disputar a Copa do Mundial de 1970. Antes do Mundial, uma contusão o afastou momentaneamente da equipe. Só que Everaldo, seu substituto, também se contundiu durante a Copa. Marco Antônio entrou na vitória por 3 a 2 diante da Romênia e foi mantido nos 4 a 2 sobre o Peru. Zagallo, então, revelou que Everaldo voltaria, porque Carlos Alberto apoiava muito pela direita, como Marco Antônio em seu setor. Já Everaldo se preocupava com a marcação.
De volta às Laranjeiras, o jovem lateral-esquerdo ajudou o Fluminense a conquistar o Campeonato Brasileiro de 1970, considerado o maior da história, com a presença do Rei Pelé e dos demais campeões no México. No ano seguinte, voltou a ser campeão da Taça Guanabara e conquistou novamente o Carioca, na decisão com o Botafogo, dos astros Jairzinho e Paulo Cezar Caju. A Selefogo, como era conhecida, disputou a final desfalcada de Jairzinho, que ficou de fora da final devido a uma fratura na perna direita.
Entre outros títulos, Marco Antônio ainda deu a volta olímpica nos títulos cariocas de 1973 e 1975, se transferindo em seguida para o Vasco. Era a época do “troca-troca” criado pelo então presidente do Fluminense, Francisco Horta. O “presidente do vencer ou vencer” liberou o goleiro Roberto, Toninho Baiano e o ponta Zé Roberto para o Flamengo, recebendo Renato (para substituir Félix), Rodrigues Neto e Doval. Ao Vasco, cedeu Abel, Marco Antônio e Zé Mário, recebendo Miguel, além de uma quantia em dinheiro. Com o Botafogo, o negócio foi Manfrini e Mário Sérgio por Dirceu.
Pelo Vasco, Marco Antônio sagrou-se campeão da Taça Guanabara, em 1976 e 1977, e do Estadual, em 1977. Jogou ainda no Bangu e no Botafogo. Nos tempos de Moça Bonita, era comum o bicheiro Castor de Andrade abrir uma pasta e distribuir dinheiro para os jogadores, sem permitir deslizes. Antes de um treino pela manhã, Marco Antônio dormia dentro do carro, no estacionamento da sede banguense, quando foi acordado aos gritos pelo supervisor Neco, avisando que o Dr. Castor tinha chegado. Rapidamente, trocou de roupa e sentou ao lado da trave, onde tirou novo cochilo. Ao ver a cena, o patrono do Bangu sacou um Taurus calibre 38, com cabo de madrepérola, e deu um tiro no travessão. Um susto e tanto para o lateral…
Pela Seleção Brasileira, Marco Antônio disputou 52 partidas, de 1970 a 1979, tendo participado também da Copa do Mundo na Alemanha, em 1974, quando o Brasil foi quarto colocado. Hoje, Marco Antônio Feliciano tem 74 anos e mora na Zona Sudoeste do Rio de Janeiro.
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