por Fabio Lacerda

Ao longo dos últimos 25 anos, o futebol equatoriano vem sendo coadjuvante com picos de protagonismo no continente sul-americano. Mesmo assim, pouco se fala da ascensão de um dos dois países que não fazem fronteira com o Brasil. O Equador participará da quinta Copa do Mundo, e não é ironia do destino que todas elas são a partir da primeira Copa do século XXI.
Muito se fala da Venezuela, que foi vice campeã mundial sub-20 em 2017, o Uruguai que voltou a revelar jogadores em profusão, embora, o certame nacional ainda não apresenta tantas novidades quanto aos campeões nacionais, da Argentina, que por mais que a crise econômica que assola o país desde a virada do século, segue sua veia exportadora de grandes jogadores. Mas falar da seleção equatoriana e dos clubes, ainda há uma lacuna.
Segunda colocada das Eliminatórias para a Copa do Mundo em 2016, o Equador chegará à América do Norte muito mais experiente, e com possibilidades de uma performance melhor que na Copa do Mundo do Catar quando somou quatro pontos no grupo A e não classificou para as oitavas-de-finais. Apesar da eliminação, o Equador não foi passear no Oriente Médio e conhecer um dos países mais prósperos do planeta. Foi adquirir experiência para jogar a primeira Copa do Mundo que terá três países-sedes.
A seleção La Tri dirigida pelo argentino Sebastián Beccacece, que assumiu o cargo em 1º de agosto de 2024, além da fazer a melhor campanha da história nas Eliminatórias, conta com jogadores exponenciais no Velho Continente. O volante Caicedo, apontado como um dos melhores do mundo, é campeão mundial de clubes com o Chelsea. Jogador insubstituível, hoje em dia, na equipe londrina. Outro é Pacho, quarto-zagueiro do Paris Saint-Germain, campeão da Liga dos Campeões. Piero Hincapié é outra pérola da nova geração. O zagueiro, que foi campeã da Bundesliga com o Bayer Leverkusen, despertou o interesse do Arsenal, atual clube do jogador eleito para a seleção do mundial sub-20 em 2022, e da centenária Copa América em 2024. Há também Gonzalo Plata, jovem promessa do futebol equatoriano que é uma realidade no Flamengo.
Quanto aos clubes, alguns atingiram as glórias sul-americanas desbancando os argentinos, brasileiros, uruguaios e paraguaios. Na final da Libertadores de 1998, o Barcelona de Guayaquil foi o primeiro insight do início da evolução. E passados 27 anos, o gigante equatoriano ainda é desdenhado nas conversas informais. Ninguém lembra que o Barcelona de Guayaquil teve a melhor defesa da fase de grupos da 39ª edição da Libertadores da América. Ninguém quer lembrar que aquele time dirigido por Ruben Darío Insúa, o “El Poeta” do futebol argentino.
Passaram-se os anos, e em 2018, o início da consolidação do futebol equatoriano entre os clubes da América do Sul. A LDU conquista a Libertadores da América sobre o Fluminense gerando mais um histórico “Maracanazo”. A mesma LDU, após colocar as mãos na “Glória Eterna”, conquistou duas Copas Sul-Americanas(2009 e 2013) e duas Recopas (2009 e 2010). E a LDU na altura dos seus 95 anos, está prestes a jogar mais uma final de Libertadores este ano. O Palmeiras vai precisar reverter um placar que aconteceu somente cinco vezes na história da competição.

Por fim, o Independiente Del Valle. O clube vem se tornando uma fábrica de talentos no Equador. A seleção, que teve a melhor performance da história das Eliminatórias, possui sete jogadores formados em Sangolquí, uma das cidades mais desenvolvidas do país na província de Pichincha.
Apesar da diferença etária para a LDU, o Independiente Del Valle segue sua saga de revelar jogadores com potencial de comercialização com os principais centros mundiais, e caminha pela mesma vereda de títulos do rival. O Independiente Del Valle é bicampeão da Copa Sul-Americana (2019 e 2022) e campeão da Recopa (2023) silenciando o Maracanã. Assim como fez o rival, Los Rayados Del Valle, também foi protagonista de um Maracanazo ao vencer o Flamengo nos pênaltis.
Ambos os clubes decidem suas sortes na temporada continental. A LDU, com a faca e o porco na mão, enfrenta o Palmeiras na próxima quinta-feira, 30, podendo calar o Allianz Parque. Já o Independiente Del Valle joga a sorte na Arena MRV para chegar a mais uma decisão de Sul-Americana. Grandes sensações estão por vir.

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