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Wesley Machado

ALDIR BLANC, ETERNO CRUZMALTINO

por Wesley Machado


“A esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar”! Assim termina a letra de “O Bêbado e o Equilibrista”, música de Aldir Blanc, da sua frutífera parceria com João Bosco. A canção, do LP “Essa Mulher”, de Elis Regina, lançado em 1979, se tornaria o hino da Anistia da Ditadura Militar no Brasil naquele ano.

Mas como continuar o show agora sem Aldir Blanc? Ainda mais que ele não era afeito a shows. Lembro de tê-lo encontrado uma vez na Cantareira de Niterói quando lá eram realizados shows culturais às terças-feiras no início dos anos 2000. Eu estudava Cinema na UFF e tive a oportunidade de assistir a muitas destas apresentações, uma delas de Aldir Blanc, uma raridade.

Criado na casa dos avós em Vila Isabel, bairro boêmio do Rio de Janeiro, Aldir Blanc resolveu colocar o nome de uma das filhas de Isabel. Ironia do destino foi num hospital de Vila Isabel, o Pedro Ernesto, que Aldir Blanc veio a falecer na madrugada desta segunda-feira (04/05) aos 73 anos por complicações da Covid-19. Ele havia dado entrada e sido internado no dia 10 de abril na Coordenação de Emergência Regional (CER) do Leblon com infecção urinária e problemas respiratórios e o quadro se agravou levando-o ao óbito.

Além da clássica “O Bêbado e o Equilibrista” com Elis Regina, outros sucessos foram “Mestre Sala dos Mares” e “Dois prá lá, dois prá cá”, ambas também na voz de Elis; entre outras, a linda “Resposta ao Tempo”, gravada por Nana Caymmi e que foi tema de abertura da minissérie “Hilda Furacão”, que inclusive foi mulher de Paulo Valentim, ex-jogador do Botafogo, do Atlético-MG e do Boca Juniors da Argentina.

Como o tema aqui é futebol, passamos então à relação de Aldir Blanc com o futebol, mais especificamente com seu Vasco, o time do coração dele. Aldir Blanc escreveu, em parceria com o jornalista e historiador José Reinaldo Marques, o livro “A Cruz do Bacalhau”, da Coleção “Camisa 13”, da Editora Companhia das Letras. O Vasco foi tema de várias crônicas que escreveu para diversos jornais. Suas crônicas foram tema de uma dissertação de mestrado em Letras, obtido em 2013 por Luis Eduardo Veloso Garcia.

Chegou a afirmar em 2007 em entrevista ao Jornal O Globo: “Se o Vasco for para a Segunda Divisão, serei Vasco. Se for para a Terceira Divisão, serei Vasco. Se o Vasco acabar, serei Vasco”. Aldir Blanc é autor ainda da música “Coração Verde e Amarelo”, composta para a Copa de 94 e que se tornou o jingle oficial da Rede Globo e é veiculado a cada Copa do Mundo.

Da sua música “De frente pro crime”, mais uma parceria com João Bosco, do disco “Caça à Raposa”, de 1975, a frase “Tá lá um corpo estendido no chão” ficou famosa nas narrações de Januário de Oliveira. 

“Nada sei de eterno” é o título de uma música composta em parceria com Sílvio da Silva Júnior e defendida por Taiguara no Festival Universitário da Música Popular Brasileira. Uma coisa, eu sei e posso dizer, Aldir Blanc: Você é eterno, como o Vasco da Gama!

OS NOVOS BAIANOS E O FUTEBOL

por Wesley Machado


Os Novos Baianos voltaram a se reunir em 2016 para um show após 17 anos sem todos da formação original. Mas mais do que um grupo musical, os Novos Baianos eram um time de futebol. Gostavam tanto ou até mais de futebol do que gostavam de música. Tanto que o 3º disco do grupo, de 1973, foi intitulado Novos Baianos F. C., tendo dado origem a um documentário homônimo.

Eles chegaram a jogar dentro de um apartamento no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, onde moraram, antes de se mudarem para o sítio Cantinho do Vovô, no bairro de Jacarepaguá, também no Rio.

Foi no campo do Cantinho do Vovô que a bola rolou com força em partidas bastantes disputadas. E os magricelos eram bons com a pelota. Ainda tinham o reforço de craques como Afonsinho e Nei Conceição e participação especial de Paulinho da Viola.

Em contrapartida, Moraes Moreira, que nos deixou nesta segunda-feira (13/04), jogava no time de Afonsinho, o Trem da Alegria. Os Novos Baianos apareceram em várias imagens com camisas de times de futebol.


Moraes Moreira, um flamenguista inveterado, autor de músicas sobre o Rubro Negro, como “Vitorioso Flamengo” e “Saudades do Galinho”! Pepeu Gomes também era rubro-negro, tanto no Rio como na Bahia, onde torcia para o Vitória. O letrista Luiz Galvão, Vasco; o baixista Dadi, Botafogo.

Há ainda quem apareça em imagens da época com camisas do Santos, do Santa Cruz e até do Olaria.

CLUBE EMPRESA

texto: Wesley Machado | fotos: Agência Check


O Club de Deportes Cobreloa, do Chile, é famoso por ter sido o time que fez a final da Libertadores de 1981 vencida pelo Flamengo. Mas o Cobreloa do Chile não é só isto. Os Zorros do Deserto, como são chamados, já revelaram grandes jogadores para o futebol mundial, como Alexis Sánches, Eduardo Vargas e Charles Aránguiz.

E em Campos dos Goytacazes-RJ existe um núcleo do Cobreloa do Chile. O Centro de Treinamento do Cobreloa Campos funciona no estádio do Municipal, no bairro do Capão. O Cobreloa Escola Brasil conta com uma grande estrutura, incluindo alojamento de concentração para atletas no bairro do IPS, academia, caixa de areia para trabalho funcional, fisioterapeuta, osteopata, preparador físico, nutricionista e quatro treinadores.

O Cobreloa Brasil Escola em Campos é uma parceria das empresas Vandi G6, Neto Sports e da Escola de Goleiro Construindo Paredões. O Cobreloa Brasil Escola em Campos tem um perfil de clube empresa e tem o objetivo de formar atletas.

– Recebemos recentemente a visita do vice presidente do Cobreloa do Chile, Adrian León. Somos um clube intermediário credenciado junto à FERJ e à CBF. Já temos muitos contatos Brasil afora. Temos uma parceria com o empresário Rodrigo Pitta. Já temos atletas no Sub 20 do Cobreloa do Chile, no Sub 17 e Sub 13 do Cruzeiro, no Sub 16 do Vasco e no Sub 12 do Botafogo – informou Neto, empresário do Cobreloa Escola Brasil em Campos.

O Cobreloa Brasil Escola em Campos foi fundado em maio de 2018 a partir da passagem do empresário Vandinho pelo time chileno de 2015 a 2017. 

– Meu sonho era criar esta escola de futebolpara dar oportunidades que eu não tive como atleta quando jovem! – comentou Vandinho.


A esposa de Vandinho, Eveline Pessanha, é a coordenadora geral do Cobreloa Brasil Escola em Campos. Ela fala sobre o trabalho que é desenvolvido no clube empresa.

– Atualmente temos cerca de 150 atletas. Nós aqui oferecemos toda a estrutura para o atleta, coisas que muitos craques do passado não tiveram, desde alojamento, passando por material esportivo, até a parte social, onde acompanhamos o desenvolvimento do atleta. Hoje nós temos a chance de acompanhar a evolução do futebol, onde o atleta não precisa estar num clube propriamente dito para este atleta ser revelado. Os clubes tradicionais não querem ter o trabalho de desenvolver o atleta, já o querem pronto. Mas nós aqui trabalhamos o atleta. Quem tiver interesse em fazer uma avaliação no Cobreloa deve procurar a secretaria no estádio Municipal – informou Eveline.

Um desses atletas trabalhados no Cobreloa Brasil Escola em Campos foi o meia atacante Rayan, de 14 anos, que foi descoberto jogando bola na rua e não chegou a fazer as categorias de base. Rayan foi o destaque do treino da equipe Sub 15 do Cobreloa Escola Brasil em Campos na tarde desta quarta-feira. Ele fez três gols e mostrou muito talento.

– O Cobreloa me ajudou a desenvolver meu futebol. Passei a ter mais vontade de jogar. Quando entro em campo tento esquecer todos os problemas. Minha família passa por dificuldades financeiras e meu sonho é me tornar um grande atleta para poder ajudar minha família a sair desta situação – disse Rayan, que está no 8º ano escolar, é morador do Parque Aurora, filho de uma faxineira e de um entregador de bebidas e tem quatro irmãos.

Outro atleta de destaque do Cobreloa é o meia Nicolas, de 19 anos, que irá para o México. Ele fala da expectativa de jogar fora do Brasil.


– Minha expectativa é das melhores possíveis, de fazer o que eu gosto, que é jogar futebol. Passei por muitos clubes e nenhum me deu a oportunidade que o Cobreloa está me dando. Por isto quero aproveitar ao máximo – comentou Nicolas.

O técnico Índio, que está no Cobreloa desde o início do projeto, considera que a estrutura que o Cobreloa oferece nenhum clube de Campos tem. Além da estrutura e a parte social, o clube empresa de Campos se preocupa com a alimentação dos atletas, oferecendo um cardápio balanceado com frutas e repositores energéticos.

O Cobreloa Brasil Escola em Campos fará amistosos em Belo Horizonte no mês de novembro com o Cruzeiro e o América Mineiro. Antes, nesta sexta-feira (01/11) terá um amistoso às 9h30 contra o Goytacaz no Aryzão. A equipe já foi convidada para disputar torneios no México em 2020. É o crescimento do primeiro clube empresa de Campos, que tem o lema da agremiação do Chile: “Não somos grandes, somos gigantes”.

UMA VEZ POR ANO

texto: Wesley Machado | fotos: Maria Clara Menezes


Dia dos Pais também foi dia da pelada anual da Associação de Imprensa Campista (AIC), instituição histórica da cidade de Campos dos Goytacazes, fundada em 1929. E a pelada que reúne os profissionais da Imprensa Campista e acontece apenas uma vez por ano – é isto mesmo – já se tornou tradicional. Há quem jogue apenas esta pelada durante todo ano. É o caso de Rafael Vargas, flamenguista que, por ter jogado basquete no America, foi para a pelada vestido com o manto rubro. 

Na pelada anual da AIC, os jogadores não usam coletes. Cada qual joga com a camisa que quiser. Eu fui com a camisa do Museu da Pelada. O repórter e blogueiro de Política, Alexandre Bastos, com a camisa do Botafogo. E o experiente fotógrafo Jocelino Check, com a camisa do Brasil com o escudo do Americano. Por conta do Flamengo ter perdido no dia anterior, ninguém apareceu com a camisa rubro-negra. Outros jogaram com camisas sem ser de times. Houve quem jogasse sem camisa e descalço para honrar o nome pelada, caso de Antônio Leudo, fotógrafo veterano.


No Dia dos Pais, muitos tiveram a oportunidade de jogar ao lado dos filhos, como Leudo e o filho Leno e Alexandre Paiva, o repórter mais bem informado de Campos e região, e o filho também chamado Alexandre. O jornalista das antigas, Cilênio Tavares, ficou de fora apitando, mas o filho dele, Bernardo, no auge de seus 19 anos, foi o que mostrou mais disposição. Mas o craque foi Alexandre Paiva, que aplicou um lindo lençol em Check e ainda deu vários dribles no artilheiro da pelada, que gosta de zombar dos adversários mas desta vez vai ter de aturar a gozação, mesmo que tenha feito sete gols, segundo ele, e comprovado sua fama de matador.

Quem também fez muitos gols desta vez foi o repórter de Esportes Raphael Petersen, o Tijolo, que mesmo acima do peso, assim, como eu, mostrou faro de gol. Quem não gostou muito foi Alexandre Bastos, que apesar de ter deixado duas vezes a bola no fundo das redes não ficou satisfeito em perder a pelada. Reclamou muito comigo pois quando eu subia para apoiar e não recebia a bola (“Quem desloca, recebe”), não voltava para marcar. Mas tenho a desculpa de ter jogado praticamente sozinho lá atrás, por mais que Bastos voltasse de vez em quando para ajudar na defesa. Mas é que ninguém aguenta a solina que estava. 

A pelada estava marcada para às 11 horas de domingo, horário que passou a ser utilizado em campeonato profissional da 1ª divisão desde o ano passado, só começou quase meio-dia. E só o fato de eu estar pesado demais para jogar bola, aliado ao fato de estar há um mês parado, já seria suficiente para um má atuação. Ainda bem que deixei meu golzinho como de praxe. E fiz um esforço para tirar algumas bolas, o que fez com que Bastos diminuísse as críticas. Ao fim da peleja, o que valeu foi a confraternização dos colegas de profissão e os momentos vividos pelos pais com os filhos e vice-versa.


A CAMISA DA SORTE

por Wesley Machado

Domingo, de manhã. Era mais uma volta minha à Pelada Antigos Craques, depois de um tratamento mal feito de um estiramento na coxa direita. Da última vez que tinha voltado, ainda não estava totalmente recuperado e joguei mancando. Desta vez, me sentia mais à vontade.

No aquecimento antes de começar a pelada, fui tentado a chutar uma bola de longe, mas resolvi não forçar. Fui escolhido por Rodrigo, dono do Time Verde, o mais badalado da pelada.

O Time Verde ficou bem escolhido. Ainda tinha Zezé, o armador das jogadas; e Davi, um motorzinho, que apóia e volta para ajudar na defesa. Mas perdemos a primeira pelada para um time inferior no papel. Talvez pelo excesso de confiança. Ficamos na cerca. E quando voltamos, foi a minha vez de resolver.

Eu já tinha reparado que toda vez que visto uma camisa do Botafogo não faço gol. Desta vez, relutei em colocar uma camisa do Botafogo. Mas estava frio. E escolhi a de manga comprida. E tive uma ideia. Estrear a camisa do Museu da Pelada, que havia ganhado do Sergio Pugliese.


Coloquei a camisa do Museu da Pelada por cima da camisa de manga comprida do Botafogo. E decidi jogar na frente. Em dois lances decidi a pelada a favor do Time Verde. Dois gols que definiram a partida. Um deles driblando o goleiro. Todos os dois com assistência do garçom Zezé.

Estou até agora curtindo aquela manhã de artilheiro. Não chego nem perto do artilheiro da Pelada Antigos Craques, Juninho, que tem algumas dezenas; mas estou no mesmo ritmo de Thiagão, o rei dos gols de cobertura. 

Coincidência ou não, nesta pelada em que marquei dois gols, Jean, que foi pai pela primeira vez recentemente; e Paulinho marcaram seus primeiros gols. Eles que tentavam desencantar há tempo.

Agora dá-lhe gelo, arnica, diclofenaco e até injeção para tratar a coxa inflamada que chegou a ficar com um hematoma. Não sei quando vou voltar a jogar, mas bem que esta seria uma boa oportunidade para eu pendurar as chuteiras. No alto dos meus 35 anos e de bem com a bola.