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ALDIR BLANC, ETERNO CRUZMALTINO

4 / maio / 2020

por Wesley Machado


“A esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar”! Assim termina a letra de “O Bêbado e o Equilibrista”, música de Aldir Blanc, da sua frutífera parceria com João Bosco. A canção, do LP “Essa Mulher”, de Elis Regina, lançado em 1979, se tornaria o hino da Anistia da Ditadura Militar no Brasil naquele ano.

Mas como continuar o show agora sem Aldir Blanc? Ainda mais que ele não era afeito a shows. Lembro de tê-lo encontrado uma vez na Cantareira de Niterói quando lá eram realizados shows culturais às terças-feiras no início dos anos 2000. Eu estudava Cinema na UFF e tive a oportunidade de assistir a muitas destas apresentações, uma delas de Aldir Blanc, uma raridade.

Criado na casa dos avós em Vila Isabel, bairro boêmio do Rio de Janeiro, Aldir Blanc resolveu colocar o nome de uma das filhas de Isabel. Ironia do destino foi num hospital de Vila Isabel, o Pedro Ernesto, que Aldir Blanc veio a falecer na madrugada desta segunda-feira (04/05) aos 73 anos por complicações da Covid-19. Ele havia dado entrada e sido internado no dia 10 de abril na Coordenação de Emergência Regional (CER) do Leblon com infecção urinária e problemas respiratórios e o quadro se agravou levando-o ao óbito.

Além da clássica “O Bêbado e o Equilibrista” com Elis Regina, outros sucessos foram “Mestre Sala dos Mares” e “Dois prá lá, dois prá cá”, ambas também na voz de Elis; entre outras, a linda “Resposta ao Tempo”, gravada por Nana Caymmi e que foi tema de abertura da minissérie “Hilda Furacão”, que inclusive foi mulher de Paulo Valentim, ex-jogador do Botafogo, do Atlético-MG e do Boca Juniors da Argentina.

Como o tema aqui é futebol, passamos então à relação de Aldir Blanc com o futebol, mais especificamente com seu Vasco, o time do coração dele. Aldir Blanc escreveu, em parceria com o jornalista e historiador José Reinaldo Marques, o livro “A Cruz do Bacalhau”, da Coleção “Camisa 13”, da Editora Companhia das Letras. O Vasco foi tema de várias crônicas que escreveu para diversos jornais. Suas crônicas foram tema de uma dissertação de mestrado em Letras, obtido em 2013 por Luis Eduardo Veloso Garcia.

Chegou a afirmar em 2007 em entrevista ao Jornal O Globo: “Se o Vasco for para a Segunda Divisão, serei Vasco. Se for para a Terceira Divisão, serei Vasco. Se o Vasco acabar, serei Vasco”. Aldir Blanc é autor ainda da música “Coração Verde e Amarelo”, composta para a Copa de 94 e que se tornou o jingle oficial da Rede Globo e é veiculado a cada Copa do Mundo.

Da sua música “De frente pro crime”, mais uma parceria com João Bosco, do disco “Caça à Raposa”, de 1975, a frase “Tá lá um corpo estendido no chão” ficou famosa nas narrações de Januário de Oliveira. 

“Nada sei de eterno” é o título de uma música composta em parceria com Sílvio da Silva Júnior e defendida por Taiguara no Festival Universitário da Música Popular Brasileira. Uma coisa, eu sei e posso dizer, Aldir Blanc: Você é eterno, como o Vasco da Gama!

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