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PC Caju

DAS URNAS PARA O FUTEBOL

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Romero Jucá, Cesar Maia, Sarney Filho, Roberto Requião, Edison Lobão….há quantos anos ouvimos esses nomes circulando pela Política? Pelo que li, esses aí não conseguiram se reeleger o que já não deixa de ser um grande avanço.

Adoraria que uma renovação dessas fosse feita no futebol. O problema é que nem sempre os substitutos aproveitam a chance, pior, muitos rezam da mesma cartilha. Os políticos mudam de partidos sem qualquer cerimônia e no futebol o cenário não é diferente, os nomes não mudam e não há qualquer novidade no formato de trabalho, zero inovação.

Por exemplo, há time mais previsível do que o Inter? E o Palmeiras? Corre o risco de o Felipão ser campeão do Brasileiro com o mesmo esquema de sempre. Ou a mesmice de Mano ser premiada. Dois ex-seleção brasileira. Tite que se cuide, hein, Kkkkk!!!!

Sério, qual foi a grande sacada de Felipão? Insistir com Deyverson, um centroavante que provoca, tumultua o jogo, mas depois chora e diz que é bonzinho. Que mala!!! Fora que o Palmeiras tem um elenco gigante e Roger montou boa parte desse grupo.


Os candidatos ao título estão longe de pelo menos tentarem algo diferente. O Dorival já rodou mil clubes e agora volta ao Flamengo de onde o próprio Bandeira de Mello o mandou embora. Ganhou de um Corinthians desarrumado e visivelmente se poupando para a final da Copa do Brasil e virou gênio. Basta olharem o jogo. Mais irritante ainda é ouvir os comentaristas dizendo que ele “arrumou a casa”. Fora que contei sete profissionais na comissão técnica do Dorival. É preciso tanta gente mesmo?

Outra coisa que me irrita é essa história de os “professores” trazerem seus filhos para fazer parte do grupo. Será que, assim como os políticos, eles também querem se eternizar no poder? Olha que vários filhos de políticos não conseguiram se eleger nessa eleição, hein! Renovação assim é ruim porque os pupilos seguirão com os mesmos erros. Fora que não deixa de ser nepotismo.

Já falei que renovação não é pela idade, mas pelo pensamento. Zé Ricardo e Barbieri, por exemplo, são de uma nova safra que não ousou, que talvez querendo garantir o emprego jogam se defendendo. Saudade da tranquilidade de Jayme e da sabedoria de um Carlinhos Violino. Nos últimos tempos o único que vi tentar algo diferente foi o Fernando Diniz. Por onde ele anda, por falar nisso?


Adoraria ver uma garotada surgindo com novas propostas. Se é assim que sonhamos para o país, o futebol, maior paixão do povo, também deve seguir os mesmos passos. Há de surgir alguma alma salvadora que passe uma borracha nessa história de quatro volantes, não é possível!

O país assiste partidos políticos trocando insultos e inventando mentiras. Em campo, chutões, empurrões e desrespeito. Mas o Leonardo Gaciba diz que carrinho é normal, então tá! O Hino Nacional antes do jogo soa como deboche. O futebol precisa de uma revolução criativa. Como dizia o Mestre Didi, quem deve ser rápido é o raciocínio, não as pernas.

BOAS DOSES DE AZNAVOUR

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Fiquei sabendo da morte de Charles Aznavour quando estava no carro com o parceiro Oberdan em uma estrada de Curitiba. Para a garotada saber, Oberdan foi um excelente zagueiro de Coritiba, Santos e Grêmio. Por coincidência ouvíamos Frank Sinatra, Tony Bennett e falávamos sobre as boas coisas da vida. E a canção de Aznavour é uma delas.

Éramos amigos. O conheci em uma das muitas festas que ia quando jogava na terceira divisão francesa, no Aix en Provence. Ele adorava futebol e era amigo de Daniel Stern, fundador do Paris Saint-Germain.

Sempre considerei o futebol uma arte, assim como o cinema, a música, o teatro e a pintura. Por isso abomino os botinudos que viraram estrelas em nosso futebol atual. Estou triste, muito triste. Mas, graças aos céus, a arte é eternizada e poderei continuar ouvindo “La Bohème”.

A diva Angela Maria também viverá para sempre em nossos corações. Assim como o futebol, o rádio também teve sua época de ouro, com torcidas rivais e tudo. Angela Maria, Marlene e Emilinha Borba eram como times, tinham fã-clube e brigavam ano a ano pelo título de Rainha do Rádio.

As novas gerações, fascinadas pelas redes sociais, talvez não consigam dimensionar o poder de alcance do rádio, o inseparável companheiro do torcedor, o porta-voz das principais notícias e a garantia de boa música, como a de Tito Madi, que também nos deixou recentemente.

Nessa época, os jogadores circulavam pela cidade e trocavam ideias com a torcida, no Beco das Garrafas, por exemplo. O Beco era uma travessa sem saída, na Rua Duvivier, em Copacabana, que reunia vários bares. Ali, a boa música fervilhava, como nos campos o bom futebol atraía multidões, nos teatros, cinemas, palcos em geral, tudo era uma festa. Sempre me pergunto onde foi parar toda essa inspiração e poesia.


Uma vez, no Noites Cariocas, na Urca, um torcedor se aproximou de mim e perguntou porque em determinados momentos da partida eu colocava as mãos na cintura e parava de correr no jogo ocorrido no Maraca horas antes. “Porque o Dario não conseguia dominar uma bola”, respondi. Rimos juntos.

Nesse dia, a Geral me xingou de preguiçoso, mascarado e outros nomes impublicáveis. Tínhamos uma relação de amor e ódio. Mas a Geral era justa e no primeiro lençol que dava me transformava em rei novamente. Também costumavam me abordar na praia e nos restaurantes.

Hoje dificilmente você encontra um jogador dando bobeira por aí. Ligo a tevê e vejo o Mano tentando explicar a eliminação do Cruzeiro da Libertadores. Como se explicam….os botinudos não conseguem enxergar aquela entrada do Dedé no goleiro como jogo perigoso. A expulsão também foi justa. Para os adeptos do futebol força vale tudo!!!!

O pior é que a escola gaúcha ainda tem chance de ganhar uma Libertadores e isso me tira do sério. Olha que eles acabam se perpetuando no poder e isso não é nada bom. Na seleção, ainda insistem nessa tecla, nesse modelo feio, pragmático, de jogar bola. O meu Botafogo foi eliminado nos pênaltis pelo Bahia. O problema é que os retranqueiros que dominam o futebol atual não sabem jogar ofensivamente, só sabem destruir.


Hoje os centroavantes não marcam gols, marcam adversários. Hoje o futebol funciona como um corredor polonês: para conseguir seu objetivo vai ter que ultrapassar um batalhão de soldados. Futebol é xadrez, não boxe. E ainda me pedem paciência. Esgotou-se faz tempo.

O nosso futebol está tão esquizofrênico que a maior atração do Brasileiro é o Lisca Doido, um gaúcho dançarino, KKKKK. Realmente estou precisando de boas doses de Aznavour para me acalmar. Então, desligo a tevê, ligo o som e viajo aos áureos tempos no embalo de “La Bohème”.

UM ÍDOLO É MUITO MAIS QUE CRAQUE

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


A ausência de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo na entrega da Bola de Ouro escancara definitivamente a infantilidade dessa geração, um comportamento que a garotada define como Nutella e mimimi. São craques e isso não se discute, mas são mimados ao extremo, vaidosos, personagens de contos de fadas.

Messi já disse que não jogaria mais pela seleção argentina, fez biquinho, mas acabou voltando. Cristiano chorou porque foi expulso. Choram e reclamam por motivos fúteis. Para mim, não são referências.

Se você decide faltar a um evento dessa relevância, que faça como o ator Marlon Brandon, que, em 1973, recusou a estatueta do Oscar e mandou em seu lugar uma ativista indígena para mostrar seu repúdio à forma como os nativos eram tratados nos Estados Unidos. Dessa forma, se constrói um ídolo.


Para mim o ídolo tem que ter atitude, postura, iniciativa. A mesma que Afonsinho teve quando criou a Lei do Passe e trocou de clube por não aceitar cortar o cabelo. Os cabelos grandes, em nossa época, não eram uma modinha, mas uma forma de se manifestar. Que os piercings, brincos e tatuagens de hoje também sejam um grito contra o preconceito.

Na década de 60, conheci a socióloga americana Angela Davis e passamos a usar o futebol como uma ferramenta contra a discriminação racial. Mas em 1996 já existia o tal mimimi e a seleção olímpica, dirigida por Zagallo, também se negou a subir ao pódio para receber o bronze. Lembram-se disso? Pura birra.

Os atletas precisam entender que a derrota dói, mas deve ser encarada com dignidade, não com desleixo e deboche, como fez Ronaldinho Gaúcho, que usou o celular, no pódio, durante a entrega do bronze, em 2008.


Estive com Rogério Bailarino há alguns dias. Ele até hoje lamenta ter se contundido e cortado às vésperas da Copa de 70. Foi buscar na Igreja Messiânica explicação para isso. Dirceu Lopes até hoje chora por não ter ido ao México, assim como Ado, do Bangu, lamenta o gol de pênalti perdido na final do Brasileiro. Me culpo até hoje por um gol perdido contra a Holanda, assim como Zico deve sofrer até hoje pela falta de um Copa em seu currículo.

Hoje a derrota é banalizada. Não que a dor precise ser eternizada. Mas Felipão, por exemplo, continua se achando o último biscoito do pacote mesmo após o 10×1 (sete da Alemanha e três da Holanda). Vamos ver agora com mais essa desclassificação.

Os discursos mudaram. Hoje o futebol está infestado de palestrantes, do veterano Tite ao jovem Barbieri, que ficou tentando nos convencer até o último minuto que esse time sem molho do Flamengo é bom.


O melhor dessa bagunça toda é quando o “professor” se vê em maus lençóis e precisa furar um bloqueio, mudar o rumo do jogo. Ele olha para o banco e vê um Pedrinho, do Corinthians. Por sinal, esse garoto no banco é o retrato do futebol covarde praticado hoje. “Aquece, Pedrinho!”. Talvez ele não pratique boxe como Sassá e Felipe Melo, mas quando a porca torce o rabo, graças aos céus, é a arte do menino magrelo e bom de bola que ainda prevalece. 

PÁGINA EM BRANCO

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


(Foto: Nana Moraes)

Os torcedores, como sabemos, perdem o amigo, mas não a piada. Um grupo assistia ao Flamengo x Vasco em uma mesa ao lado da minha. “A cada passe errado o Roni vai pagar um chope!”, sugeriu Porquinho. Se Roni aceitasse teria que pedir um empréstimo para não ficar com fama de caloteiro.

O vascaíno Porquinho se lembrava dos tempos de Romário, Edmundo, Mauro Galvão e quase chorava. Roni nem citava Zico. Se contentava com Obina e Brocador: “Pelo menos sabiam fazer gol”.

O jogo estava tão ruim, mas tão ruim que volta e meia Porquinho dava uma saída do bar para refrescar a cuca. Em uma das vezes, quando voltou, viu os jogadores empurrando a ambulância e perguntou: “Para aonde estão levando a bola?”. Os amigos morreram de rir, mas a verdade é que a bola tem apanhado demais. E para piorar leio que os clubes estão deixando de investir na base para comprarem “jogadores prontos”.

Lembro de uma propaganda que perguntava ‘‘Tostines é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho?”. Peraí, como teremos jogadores prontos sem investir na base? É impossível!!! Basta os estatísticos de plantão contabilizarem o número de passes errados a cada partida. O número de faltas, de chutes longe do gol. Quantos gols de falta foram marcados no Brasileiro? Quantos gols de cabeça? Quantos gols nasceram após uma tabelinha bem construída? Quem é o melhor 10 do campeonato?

Essa tecla já está mais do que batida e fica até chato ficar repetindo, mas essa notícia foi publicada ontem, anteontem, sei lá. O número de faltas deve ter quadruplicado porque hoje cada time quer ter seu Felipe Melo de estimação. Se for falar das reclamações com o árbitro e simulações aí esse número dobra. Está chato, só isso, chato.


Me diga o que podemos esperar de um clássico Palmeiras x Cruzeiro, com Mano de um lado e Felipão do outro? Absolutamente nada. Mas os dois se acham os maiores estrategistas do planeta. Colocam 50 na zaga, um poste na frente e pronto. O time do poste com mais sorte vai ganhar o jogo. E assim caminha o nosso futebol.

Hoje cada time tem pelo menos cinco jogadores chilenos, venezuelanos, equatorianos. O Vasco trouxe um centroavante argentino de quase 40 anos. Quem é o centroavante da base do Vasco? Não saberemos nunca. São emprestados para “pegar experiência” e nunca mais retornam. Se esses sul americanos pelo menos fossem bons de bola, seria maravilhoso, mas, sinceramente, não tem sido o caso. Apoio o intercâmbio.


Só uma boa base nos salvará! Mas não me venham colocar professores de Educação Física para formar essas bases porque o resultado já sabemos: novos robozinhos. A escolinha do Fluminense se chama Guerreirinhos, não é preciso dizer mais nada. Essa filosofia de Hulks, Gladiadores, Ceifadores e He-Mans precisa acabar.

Necessitamos de super-heróis com outra mentalidade, que saibam, pintar, cantar, bailar. Precisamos de campos, não de arenas. O saudoso Armando Nogueira misturava futebol e poesia em suas crônicas. Hoje somos uma página em branco.

PITBULL, POMBOS E ROTWAILLER

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Estou em Florianópolis ainda estarrecido como incêndio no Museu Histórico Nacional. Apenas mais um crime cometido contra o nosso patrimônio. Fiquei arrasado, não surpreso. Nada mais me surpreende nesse país governado por múmias. O Rio está sem comando, caos generalizado, hidrantes sem água e nossa memória no ralo. São crimes atrás de crimes e, como diz a garotada, “segue o baile!”.

Estive no Rio recentemente e nunca vi tantos moradores de rua, abandono completo. O pior é que, agora, as mesmas múmias de sempre saíram de seus sarcófagos com as velhas promessas de sempre. Foram essas múmias que despejaram milhões no Maracanã e o deformaram. O Rio já não é mais cartão postal de nada e torra sua imagem diariamente.

No futebol, despencamos e estamos atrás dos paulistas, gaúchos e mineiros. E já já seremos ultrapassados pelos nordestinos. O Ceará não perdeu para nenhum carioca, por exemplo. São quatro timecos com pouquíssimas diferenças entre um e outro. E no zap, os torcedores, os bobos da corte, debochando uns dos outros. “Vamos morrer abraçados, êêêêêê!!!!” “Você levou quatro e eu três, êêêêêê!!!”.

Os quatro presidentes deveriam sentar-se juntos e pensar em uma medida para reverter essa situação. Imaginam como será o Estadual caso caiam dois times cariocas? Aí, ao invés de tomarem decisões conjuntas, culpam o Estadual. Os culpados são os dirigentes e não o Estadual, uma competição charmosa e de um valor inestimável para o torcedor.


O Francisco Horta tinha uma mentalidade moderna e já teria promovido algum troca-troca para agitar o campeonato! Alguma coisa ele faria, não tenho dúvida!!! Mas o que vemos são os clubes brigando pelo direito de usar o Maracanã, por verbas maiores de tevê e isso e aquilo. Vão afundar todos se não se unirem. Administração moderna é isso! Pagar salários em dia é obrigação! Precisamos de estádios cheios, ingressos baratos, times competitivos. Nem falo de craques porque isso está em extinção. Mas quem está preocupado com craques? O Felipão elogia o Felipe Melo, “seu Pitbull”, suspenso mais uma vez por entrada violenta, e exalta o substituto Thiago Santos, “seu Rotwailler”.

Os cães de guarda viraram ídolos. E craques como o Pedrinho, do Corinthians são vetados para dar lugar aos Ralfs da vida. No Vasco, Wagner de tanto ser barrado, saiu, cansou. Ninguém aguenta olhar para o lado e só ver cabeçudos especializados em fungar no pescoço dos adversários e serem reverenciados pela torcida com latidos.


Hoje o novo torcedor não canta, late, e vibra com a goleada do Brasil…. sobre El Salvador. E o Micale, campeão olímpico de futebol? Foi tentar a sorte no Figueirense. Tem gente que ainda cai nessa. É mais um da escola do professor Tite, que na beira do campo, contra El Salvador, gesticulava teatralmente. No gol, peito estufado, deve ter se orgulhado da fantástica Dança do Pombo. Pombos, Pitbulls e Rotwaillers. Saudade de quando a briga era entre cachorros grandes e não bravos.