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BANGU 1985

por Marcelo Mendez


A história do time que vamos contar hoje começa nos sonhos do velho Senhor Eusébio de Andrade, nos teares das fabricas de tecido de Bangu, passa pelo Rio Maravilha dos anos 60, se consolida a partir dos anos 70 com um nababesco Chefão do Jogo do Bicho e termina com uma lágrima que não quer parar de escorrer pelos rostos da Zona Oeste.

Vamos ao ano de 1985 para tratar de um Esquadrão que ousou se formar para além da Zona Sul, longe do concreto Paulistano, afora das dinastias, Mineiras e Gauchas.

A série Esquadrões do Futebol Brasileiro vai até o subúrbio para falar do Bangu de 1985…

ZIRIGUIDUM 1985, UM TIME ESTRELAR

“Quero ser a pioneira

A erguer minha bandeira

E plantar minha raiz

A erguer minha bandeira

E plantar minha raiz

Nos meus devaneios quero viajar

Sou a Mocidade, sou Independente

Vou a qualquer lugar

(Eu sou)

Sou a Mocidade, sou Independente

Vou a qualquer lugar”

Quando Ney Vianna soltou a garganta para cantar os primeiros versos do samba “Ziriguidum 2001, Um Carnaval nas Estrelas”, o ano para Castor de Andrade pareceu ser bastante proeminente. Com um enredo luxuoso, metido à futurista e o escambau, a Mocidade Independente de Padre Miguel sagrou-se campeã do Carnaval de 1985


Castor de Andrade era só alegria.

O Barão do Jogo do Bicho, otimamente relacionado com todo primeiro escalão da Ditadura Militar, amigo pessoal do Presidente Figueiredo, havia tomado o comando tanto da Escola que acabara de sagrar-se campeã, quanto a frente do Bangu, time que outrora havia tido seu pai, o Velho Eusébio de Andrade, como Presidente.

Com a chegada de Castor, o Bangu deixou de ser um time mediano, coadjuvante no futebol carioca. Ele acabou com o Romantismo tanto nos negócios do pai, como também na gestão do clube. Com ele, o time passa a ser administrado de maneira profissional, firme. O time passa a ter investimentos e já no seu primeiro ano como diretor, em 1966, vem o titulo de campeão carioca daquele ano.

A partir da metade dos anos 70, Castor vira Presidente de Honra, tanto da Mocidade Independente, quanto do Bangu. Daí, chegamos na história que contaremos hoje…

O GIGANTE DA ZONA OESTE, DE VERDADE!

O Bangu havia sido um mero participante do Brasileirão em 1984.

Ali pelo meio da tabela, sem incomodar ninguém, sem chamar muito atenção. Mas o Seu Castor não era um homem muito dado à descrição e para 1985, muda isso pra valer.

Com a chegada de jogadores como Mario, Ado, Lulinha, Israel, o centroavantão João Claudio e o craque Marinho, o time de Moça Bonita entra no Campeonato Brasileiro para arrebentar e consegue de cara, com uma primeira fase irretocável.

Foram 14 vitórias, 5 empates e apenas 3 derrotas na primeira fase da competição.


Para a fase de classificação, um grupo enroscado com o Mixto do Mato Grosso, além de Vasco e Internacional. O Bangu jantou com todo mudno! Foi 3×0 no Vasco, 4×1 no Mixto, 2×1 no Inter em Porto Alegre e quando o País acordou, o Bangu estava numa das semifinais mais insólitas da história do Campeonato Brasileiro, contra o Brasil de Pelotas.

Foram dois passeios!

Em Porto Alegre, o Bangu venceu por 1×0 e no Rio, um baile de bola, 3×1 no Placar em um show de Marinho e Ado. Pois é:

Ado…

AO 11 COM AMOR

São muitos os mistérios que circundam as marquises de sonhos e odes do futebol.

Paradoxalmente, uma partida de futebol não se faz na exatidão de um ponto final, frio e calculista ao término de uma equação. Não se desvenda esses mistérios a partir de fórmulas, soluções, magias ou feitiços. O futebol tem para sim uma imprevisibilidade que o aproxima demais do que é a vida da gente. Por isso é algo grandioso, épico e também cruel.

Após aquele 1×1 da final em jogo único contra o time do Coritiba, o Bangu poderia ter sido campeão se o árbitro Romualdo Arpi Filho não tivesse feito a cagada de anular um gol de Marinho. Gol legitimo! Poderia ter virado o jogo, após o empate que veio com Lulinha. Ninguém mais lembrava do gol de Índio de falta.

O Bangu foi melhor o tempo todo. Mas o futebol tem os mistérios que falei, lembra? Ele se fez na disputa de pênaltis.

Prorrogação empatada, cobrança de pênaltis empatada, série alternada começando com o Bangu abrindo as cobranças; 5×5 no final, ninguém errou. Nas alternadas, o Bangu começa e aí chega a vez de Ado…

Era o melhor jogador do Brasil em 1985. Canhoto, habilidoso, inteligente, cotado para se transferir para grandes clubes, seleção brasileira, o camisa 11 de Moça Bonita estava voando. Quando o técnico Moisés o designou para a sexta cobrança, o craque, já sem ataduras, sem as chuteiras, sem o mesmo poder de concentração, veste todo o equipamento e vai.

Do centro do meio campo até a marca do Pênalti, Ado caminha para aquele que viria a ser o maior calvário da sua vida. A cobrança:


Rafael Camarota de um lado, bola ao lado da trave, explodindo nas placas de publicidade. Pra fora. Os mistérios todos que rondam o futebol são presentes aqui também. Não sabemos o que se passou na cabeça de Ado, a única coisa que vi dele naquela noite foi o tanto de lagrimas que desceu por seu rosto.

A dor de um cara digno, de um jogador que também é trabalhador, pai de família, torcedor e que ainda por cima tem que por fim jogar o jogo e decidir está aqui sendo respeitada por essa coluna.

O pênalti de Gomes, em seguida deu o caneco ao Coritiba. Sabemos. Mas a coluna Esquadrões do Futebol Brasileiro vai terminar hoje de uma maneira diferente, vai sair do protocolo, homenageando sim o ótimo time do Bangu de 1985, mas será dedicado para outro fim:

Ado, nós não podemos aqui dar a você o titulo de 1985. Mas com todo prazer do mundo, a série Esquadrões do Futebol Brasileiro homenageia você, glorifica as suas lágrimas, saúda a grandeza que tem em ti, para além de jogador, como pessoa ótima que você sempre foi e segue sendo.

Humildemente, esse jornalista dedica a coluna de hoje a você, Ado. Obrigado por tudo

DICÁ

por Rubens Lemos


O futebol virou um desafinado coral de jovens brutos. Mergulho no redemoinho da  infância e relembro Dicá, tão esquecido e melhor do que todos de agora.  Negada exceção. Sim, batia falta tão lindamente  quanto Zico, Zenon do Guarani e Corinthians, Roberto Dinamite e Rivelino. Chutava com a parte interna do pé direito, a bola viajava em parábola e morria no ângulo do goleiro. Dicá raramente errava uma cobrança. Os adversários tinham por ordem expressa dos seus técnicos evitar faltas na entrada da área.

Dicá punha as mãos na cintura, dava dois passos, descia o peitoral e tocava levemente na bola. O passeio aéreo era lento, belo e agonizante. Goleiros grandes tipo  Jairo, do Corinthians, se esticavam inutilmente. Outros, ótimos como Leão do Palmeiras e Raul do Cruzeiro ou o mediano Waldir Peres do São Paulo ficavam plantados, esperando que a bola não chegasse até a trave. Imóveis, resignados, evitando saltos decorativos.

Em torno do talento cerebral de Dicá, girava o time mais charmoso daquela segunda metade dos anos cabeleira, das camisas Volta ao Mundo e das calças boca de sino. A Ponte Preta de Campinas assombrava o Brasil com seu jogo ofensivo comandado por um camisa 10 de inteligência enxadrista de tão serena.

Dicá dava as ordens, apontava os caminhos, fazia os lançamentos, chutava forte quando era preciso, devagar e com sutileza sempre. Luz de plasticidade no meio-campo de raça e disciplina tática, composto pelo volante Wanderley, tarimbado e campeão brasileiro pelo Atlético Mineiro, e o correto Marco Aurélio, que também sabia trocar passes com qualidade nota seis.

A Ponte Preta transformava o seu estádio, o Moisés Lucarelli, num campo de batalha insuperável. Ninguém vencia a Macaca. A Ponte Preta era o Vasco de São Paulo, com seu uniforme preto e branco com listra cruzando a camisa.


Seu ano prateado foi 1977. Uma campanha impecável levava todos os especialistas a apontá-la campeã paulista pela primeira vez, ultrapassando o Trio de Ferro formado por Corinthians, Palmeiras e São Paulo e o decadente Santos de Fernando Narigão, Totonho e Toinzinho, sofrendo os três primeiros anos de viuvez de Pelé.

A Ponte Preta contava com três jogadores da seleção brasileira que seriam convocados para a Copa do Mundo da Argentina no ano seguinte: o goleiro Carlos, e os zagueiros Oscar e Polozzi. Seu ataque tinha a rapidez dos pontas Lúcio Bala e Tuta e a irreverência do polêmico artilheiro Ruy Rei, revelado pelo Flamengo nos tempos de Zico na escolinha.

O destino começava a castigar a Ponte Preta e tirar de Dicá, o direito de usar uma faixa exclusiva de campeão paulista. Na Portuguesa, dividiu com o Santos o título de 1973 por erro na contagem dos pênaltis pelo irrequieto árbitro Armando Marques. Em 1977, o Corinthians parecia ungido pelo carisma transcendental do técnico Oswaldo Brandão e pela força da Fiel torcida esperando há 23 anos por um campeonato.

A Ponte Preta venceu quatro vezes o Corinthians durante os dois turnos. Na pontuação final, foram para a decisão. O Corinthians venceu a primeira e seria campeão na segunda partida, um domingo com 140 mil pessoas superlotando o Morumbi.

O Timão abriu o placar com o ponta Vaguinho  e o estádio celebrou em alegria contida. Botijões de gás usados para encher balões haviam explodido antes da partida e ferido dezenas de torcedores. A comemoração antecipada do Corinthians azedaria: Dicá, de falta, parecia encestar no basquete, empatando a partida. Ruy Rei virou e forçou o jogo extra.


O Corinthians foi campeão com o gol de Basílio, o predestinado. A Ponte Preta tinha melhor time e o camisa 10. Dicá jogava pelo meio-campo inteiro do Corinthians naquela decisão: Ruço, Luciano e o heroico Basílio.

A Ponte Preta nasceu sem a obstinação pela glória. Perdeu de novo em 1979 para o Corinthians e em 1981 para o São Paulo. O título – um que fosse – teria sido  uma maravilha. Numa cobrança de falta. Em reverência ao craque Dicá.

A GLÓRIA DO LOCO

por Paulo Escobar


Em Minas, uma pequena cidade do Uruguai , nasce Washington Sebastián Abreu Gallo, que viria a ser conhecido no mundo do Futebol como Loco Abreu.

Podemos dizer que o Loco é um daqueles jogadores que mesmo em curto tempo nos clubes por onde passou deixou sua marca, e não foram poucos os times defendidos: no total 28 até agora. Mesmo sendo este nômade do futebol deixou marcas profundas em alguns clubes.

Além da Seleção Uruguaia, Nacional, San Lorenzo, River, La Coruña e Botafogo devem ter sido os lugares onde o centroavante talvez tenha deixado a sua marca. Mas não podemos esquecer que são títulos e artilharias que ele carrega no seu extenso currículo também.

Homem de área, de presença e que sabia aguentar a pressão como poucos atacantes, frio e decisivo em muitos momentos. Abreu não é um daqueles loucos sem noção ou idiotas na sua forma de ser, mas a inteligência e as posições firmes do lado de fora dos gramados também são suas marcas.

Formado em Jornalismo, lembramos bem da sua passagem pelo Botafogo, onde foi um terror daqueles que muitas vezes se escondem por trás dos microfones para emitir opiniões sem conteúdos ou desconexos de contextos.

A química gerada entre Abreu e Botafogo é sem dúvidas umas das paixões que até hoje a torcida da estrela solitária sente saudades. Impossível esquecer aquelas tardes de Maracanã nas quais o camisa 13 fazia as redes balançarem e levava os torcedores do Bota, carentes de ídolos e títulos às lagrimas. Vale lembrar que a fera honrou o Glorioso até na sua comemoração do título da Copa América de 2011, quando levantou a bandeira do Botafogo em campo.


Uma das lições mais bem aprendidas pelo Loco sem duvida foi a famosa cavadinha nas cobranças de pênaltis, como ele mesmo gosta de apontar que aprendeu olhando Djalminha fazê-las. E é justamente talvez aí que habite um dos gestos que deve ter causado mais de um pré infarto por aí.

Mesmo com poucos minutos jogados na Copa de 2010, talvez daqui a dez anos você ainda se lembre daquele pênalti do jogo Gana x Uruguai. E, claro, toda história que envolveu talvez um dos jogos mais emocionante da história das Copas.

Abreu jogou 15 minutos daquela Mundial, mas, como costuma apontar Lugano, que sofreu muito com as cavadinhas do Loco, procurou o seu momento de glória propositalmente. Buscou entrar para a história das Copas e foi atrás do momento que fosse único.

O Loco não vinha sendo colocado nos jogos daquele torneio, mas por uma daquelas paradas do destino foi escalado para entrar em campo naquele mítico jogo. Pela ordem de batedores do maestro Tabárez, o Loco seria o terceiro batedor daquela série, mas ele olha para o técnico e pede para ser o ultimo batedor, num olhar do maestro de alguns segundos que devem ter parecido uma eternidade concede o desejo de Abreu.

Lugano, que já sabia que o Loco faria a Cavadinha, pede por favor para não fazer naquele jogo, mas Abreu segue firme na sua decisão para fazer história. Naquele quinto pênalti decisivo, el Loco manda aquela cavadinha infartante, colocando em risco um capítulo histórico e a volta do Uruguai ao cenário mundial.

Vale lembrar que meses antes, numa final contra o Flamengo, converteria também um pênalti da mesma forma, inclusive com a bola batendo no travessão e entrando. Num momento também em que o Botafogo vinha de três finais perdidas contra o Flamengo, Abreu saca uma dessas que deve ter feito desmaiar mais de um torcedor botafoguense.

Para um louco de coletivas acaloradas com os jornalistas, que não tinha meias palavras, errar uma cavada daquelas seria sem dúvidas um motivo para ser massacrado. Mas a frieza e convicção de Abreu faz um momento que durou alguns segundos parece uma eternidade.


Ao entrar no Museu do Futebol no Uruguai, há uns anos atrás no Estádio Centenário de Montevideo, vi numa redoma de vidro a chuteira com a qual o Loco bateu aquele pênalti. Durante muitos anos ainda a torcida do Glorioso também lembrará da camisa 13, a chuteira e, claro, das glórias de um loco que passou como uma estrela fugaz.

Naquele ano de 2010 o Uruguai teve a melhor defesa da Copa, o melhor jogador e um time inesquecível, mas tudo isso passou a ser um detalhe, pois o que muitos com certeza irão contar a seus netos é a cavadinha de Abreu.

SPORT 1987


Todas as vezes que se fala sobre 1987 vem o trevo, o assunto que fica quicando nas mentes dos torcedores todos.

Lógico que a polêmica urge, salta aos olhos e os versos. Todo mundo já deve ter ouvido falar que a CBF, quebrada, entregou o Campeonato Brasileiro para os clubes, se recusando a fazê-lo por falta de grana. Os Clubes, 13 deles, fizeram o que sempre fizeram; Se juntaram na elite e danem-se os outros.

Guarani, vice-campeão brasileiro de 1986, ficou de fora da afamada Copa União de 1987. América-RJ, terceiro colocado, idem. Todo mundo foi para a chave do módulo amarelo e por lá ficou acordado que no final do ano, o módulo verde (Copa União) teria o cruzamento do módulo amarelo (Campeonato da CBF) para que soubéssemos quem seria o campeão brasileiro de 1987. Pois…

No final, Flamengo e Internacional se recusaram a jogar o cruzamento e, após a vitoria do Rubro-Negro na Copa União,  se auto intitularam campeão brasileiro, por conta e juízo próprio. Já que se recusou a entrar em campo, deixa o Flamengo pra lá. Aqui, vamos falar de quem ficou e jogou., do verdadeiro Campeão Brasileiro de 1987.

Esquadrões do Futebol Brasileiro, fala hoje do Sport de 1987.

CAMPEÃO DE DIREITO


A coisa toda começa com a eleição de Homero Lacerda, que primeiro trouxe o consagrado goleiro Emerson Leão, como jogador e depois o efetivou como técnico. Leão foi quem deu cara para o time, levando para a titularidade jogadores como Ribamar, Neco e Robertinho.

Na zaga o Leão da Ilha tinha Marco Antonio, jovem, vigoroso, talentoso, fazendo a dupla com o experiente Estevan Soares, hoje técnico de futebol. Bons laterais como Betão e Zé Carlos Macaé e meias velocíssimos como Zico e Rogério, além de um ataque infernal com Robertinho, Nando e Neco.

No meio do bagunçado ano de 1987 e o seu campeonato todo escangalhado, o Sport voou. Em 20 partidas, venceu 12, empatou 5 e perdeu apenas 3 jogos. Fez uma final contra o Guarani onde aconteceu de tudo!

Teve a decisão por pênaltis em que após inacreditáveis 11×11 as duas equipes simplesmente pararam de bater as cobranças, por conta própria, dividindo assim o titulo do módulo amarelo. Teve o WO de Flamengo e Inter que se recusaram a jogar no cruzamento do regulamento e, com isso, teve a final entre Guarani e Sport.


Nela, o Sport empatou a primeira em Campinas e depois venceu na ilha do Retiro, com o 1×0 necessário para ter o titulo mais importante de sua história.

No que pese toda discussão necessária, o que Esquadrões do Futebol Brasileiro faz é homenagear esse timaço de bola, que colocou o Nordeste no mapa do futebol nacional. É dar o devido tratamento para um ótimo time, que por direito é o Campeão Brasileiro de 1987.

Sendo assim, saudamos o Sport, Campeão Brasileiro de 1987

SONHOS RENOVADOS

por Marcos Vinicius Cabral


Dessa vez não fui despertado pelo celular que fica embaixo do meu travesseiro (graças a ele eu não perco a hora das peladas nos domingos).

Nele, marcava 4h57 da manhã da última quinta-feira, 27 de dezembro e ao olhar pela janela, uma escuridão tomava conta do céu.

O silêncio lá fora contrastava com o daqui de dentro do meu quarto, já que na ponta dos pés – como um bailarino ensaísta – dei os habituais vinte passos até o banheiro preocupado em não acordar Raquel minha esposa e Mel nossa cachorrinha da raça Shit-zu, que dormiam um sono angelical.

No regresso ao quarto, tentei dormir novamente e não reencontrei o sono.

Sem motivo algum comecei a pensar no Museu da Pelada, espaço virtual que resgata histórias de quem jogou bola e quem não jogou, de quem foi profissional ou de quem foi perna de pau nas peladas da vida e de quem marcou gols antológicos sendo aplaudido de pé e de quem perdeu outros feitos tendo na figura materna alvo de xingamentos.

Na verdade eu não estava pensando e sim sonhando com os olhos abertos, acreditem!

Já passava das 5h da manhã, deitado com olhos fixados no ventilador de teto, sonhei com o dia que conheci Sérgio Pugliese, pelos idos dos anos 90, quando visitei a redação do O Globo, na Rua Irineu Marinho, 35 – Centro – Rio de Janeiro.

Na ocasião, à procura de trabalho como ilustrador, o máximo que consegui aos 20 anos de idade foi conhecer Chico Caruso, segundo maior chargista desse país – ninguém supera o semovente Ique que se reinventa a cada ano.


Passados 23 anos, o reencontro na sede da Approach em Botafogo, Zona Sul da cidade, naquele segundo semestre de 2016.

Eu como estudante do quinto período de jornalismo e ele como Diretor.

Não falamos sobre outro assunto que não fosse os caminhos da Assessoria de Imprensa no século XXI, em que o dono da “canhota mais habilidosa do Albertão” foi sabatinado por minha colega de grupo Raquel Miranda.

Sonhei com minha adoração ao futebol do ex-camisa 2 rubro-negro e seleção brasileira Leandro, quando escrevi uma experiência vivida no “Enquanto todos queriam ser o Źico eu preferia o Leandro”, que foi minha primeira matéria para o Museu da Pelada.

Naquela ocasião, me senti como um garoto recém saído dos juniores e que treina bem durante a semana aguardando o momento de entrar na partida.

– Sensacional amigo, ela vai ser postada! – disse Serginho, como se fosse meu treinador e me chamasse para ser incorporado ao time do Museu.

E convenhamos, fazer parte de um grupo talentosíssimo como este e que tem Paulo César Caju, é um privilégio para poucos!

E foi assim que vi a publicação tendo curtidas, compartilhamentos e comentários, porém, após ser incorporado, a titularidade ainda estava longe.

O jogo estava só começando!

Comecei a escrever, escrever, escrever, pois era o mesmo que treinar, treinar e treinar.

Com isso, fui ganhando forma, assim como Rivellino na Copa do México em 1970, em que colocou uma “pulga” atrás da orelha do treinador Zagallo, que teve que arrumar uma vaga para o craque da camisa 10 do Corinthians e Fluminense, naquele time.

Aos poucos, fui me tornando uma grata surpresa, para Serginho e André – seu auxiliar técnico – assim como foi Josimar, lateral botafoguense que foi à Copa de 1986 – Leandro não estava no voo para o México – e fez história com dois golaços contra Argélia e Polônia respectivamente.

Oba, agora eu vestia o manto – não o rubro-negro – mas do Museu da Pelada!

O ano começou e com ele os sonhos foram renovados.

Que possamos escrever histórias cada vez mais bacanas de quem tem muito o que nos contar!

Feliz ano novo a todos!