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Futebol

DE OLHO NA TELA


O CINEFOOT-FESTIVAL DE CINEMA DE FUTEBOL dá o pontapé inicial da sua oitava edição no Rio de Janeiro apresentando uma programação de 42 filmes, com entrada franca em quatro salas, entre os dias 23 de novembro e 3 de dezembro.

São 17 filmes brasileiros e 22 internacionais oriundos da França, Grécia, Rússia, Islândia, Itália, México, Argentina, Inglaterra, Uruguai, Equador e Alemanha; além de três co-produções: Brasil/Inglaterra, Alemanha/Irã e Líbano/USA.

Em 2017, além das tradicionais mostras competitivas de curtas e longas-metragens que ocorrem no Espaço Itaú de Cinema (Praia de Botafogo), o CINEFOOT chega pela primeira vez em Niterói, no Cine Arte UFF.

O CCBB-Centro Cultural Banco do Brasil recebe a nova mostra especial criada pela organização do CINEFOOT batizada de “GERALDINOS & ARQUIBALDOS“ e a já consagrada MOSTRA DENTE DE LEITE, voltada para o público infantojuvenil.

O CCJF-Centro Cultural Justiça Federal apresenta a “PRORROGAÇÃO“ do CINEFOOT, de 30/11 a 3/12.

AS MOSTRAS COMPETITIVAS DE CURTAS E LONGAS-METRAGENS.

Local: Espaço Itaú de Cinema (Praia de Botafogo).

De: 23 a 28 de Novembro

Para a MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS, o CINEFOOT reúne sete filmes, seis deles inéditos no Brasil.

São eles:

FORA DE CAMPO, Itália, Dir. Collettivo MELKANAA, DOC.

ALEX CAMERA 10 – TURQUIA AO BRASIL – DESPEDIDA DO FUTEBOL, Brasil, Dir. Caue Serur, DOC.

EL ZURDO,  A VINGANÇA DO IGNORADO, Argentina, Dir. Roberto Cox, DOC.

CAMPINHO, Rússia, Dir. Eduard Bordukov, FIC.

YOU’LL NEVER WALK ALONE, Alemanha, Dir. André Schäfer, DOC.

LISTRAS PRETAS E BRANCAS: A HISTÓRIA DA JUVENTUS, Itália, Dir. Marco La Villa, Mauro La Villa, DOC.


1976-O ANO DA INVASÃO CORINTHIANA, Brasil, Dir. Ricardo Aidar e Alexandre Boechat, DOC.

O CINEFOOT premiará o melhor filme de longa-metragem exclusivamente através do voto popular.

Para a MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS, o CINEFOOT selecionou 13 filmes, sendo 12 inéditos no Brasil.

São eles:

PENALTY, Itália, Dir. Aldo Iuliano, FIC.

QUE NEM MEU PAI, Brasil, Dir. Pedro Murad, DOC.

BRAZUCA, Grécia, Dir. Faidon Gkretsikos, FIC.

LÍBANO GANHA A COPA DO MUNDO, Líbano/USA, Dir. Tony ElKhoury, Anthony Lappé, DOC.

INTERVALO, França, Dir. Arnaud Pelca, FIC.

O ROUPEIRO, Equador, Dir. Andres Cornejo, DOC.

MANN OF THE MATCH, Brasil/Inglaterra, Dir. Karin Duarte, DOC.

DOMINGO, México, Dir. Raúl Lopez Echeverría, FIC.

SATURDAY, Inglaterra, Dir. Mike Forshaw, FIC.

MARACANAZO, Argentina, Dir. Alejandro Zambianchi, FIC.

TEERÃ DERBY, Alemanha/Irã, Dir. Simon Ostermann, DOC.

BONIEK & PLATINI, França, Dir. Jérémie Laurent, FIC.

BOCA DE FOGO, Brasil, Dir. Luciano Pérez Fernández, DOC.

O CINEFOOT premiará o melhor filme de curta-metragem exclusivamente através do voto popular.

CINEFOOT EM NITERÓI / ESTREIA NA CIDADE

Local: Cine Arte UFF

De: 24 e 29 de Novembro

 O CINE ARTE UFF recebe o CINEFOOT na sua edição inaugural em Niterói, contribuindo para a ampliação do leque de admiradores do cinema de futebol.

O CINE ARTE UFF é o espaço ideal para a bola rolar, desfilando produções brasileiras e internacionais oriundas da Alemanha, Itália, Inglaterra, Espanha e Uruguai. Um time com 11 filmes de diversos formatos, entre curtas e longas-metragens documentais e ficcionais.

Niterói possui tradição nas cenas futebolística e cinematográfica, sendo palco de momentos marcantes na história. A união destas artes centenárias em torno de um festival de cinema singular e irreverente, gera um ambiente propício para o fortalecimento da identidade e promoção dos valores mais preciosos do futebol e do cinema na cidade.

PARTIDA INTERNACIONAL, Alemanha, Dir. Nadine Schrader, Sven Schrader, FIC.

DEMOCRACIA EM PRETO E BRANCO, Brasil, Dir. Pedro Asbeg, DOC.

DOIS PÉS ESQUERDOS, Itália, Dir. Isabella Salvetti, FIC.

O PRÓXIMO GOL LEVA, Inglaterra, Dir. Mike Brett, Steve Jamison, DOC.

PORQUE HÁ COISAS QUE NUNCA SÃO ESQUECIDAS, Itália, Dir. Lucas Figueroa, DOC.

MARACANÃ, Uruguai, Dir. Sebastián Bednarik e Andrés Varela, DOC.

A CULPA É DO NEYMAR, Brasil, Dir. João Ademir, FIC.

JOÃO SALDANHA, Brasil, Dir. André Iki Siqueira e Beto Macedo, DOC.

BARBA, CABELO & BIGODE, Brasil, Dir. Lucio Branco, DOC.

BOCA DE FOGO, Brasil, Dir. Luciano Pérez Fernández, DOC.


GERALDINOS, Brasil, Dir. Pedro Asbeg, Renato Martins, DOC.

A MOSTRA ESPECIAL “GERALDINOS & ARQUIBALDOS“

Local: CCBB-Centro Cultural Banco do Brasil

De: 24 a 27 de Novembro

Foram selecionados sete filmes que envolvem na sua narrativa identidade, memória e direitos humanos no futebol.

São eles:

PENALTY, Itália, Dir. Aldo Iuliano, FIC. (tema central: refugiados)

FOME DE BOLA, Brasil, Dir. Sidney Garambone, DOC. (tema central: refugiados)

A COPA DOS REFUGIADOS, Brasil, Dir. Luciano Pérez Fernández, DOC. (tema central: refugiados)

SEGUNDA PELE FUTEBOL CLUBE, Brasil, Dir. Filipe Mostaro, DOC. (tema central: identidade/colecionadores de camisas)

BONIEK & PLATINI, França, Dir. Jérémie Laurent, FIC. (tema central: política/democracia)

LÍBANO GANHA A COPA DO MUNDO, Líbano/USA, Dir. Tony ElKhoury, Anthony Lappé, DOC. (tema central: política/conflitos internos)

MAIS TRISTE QUE CHUVA NUM RECREIO DE COLÉGIO, Brasil, Dir. Lobo Mauro, DOC. (tema central: política/democracia)

A MOSTRA ESPECIAL “DENTE DE LEITE“

Local: CCBB-Centro Cultural Banco do Brasil

De: 24 e 27 de Novembro

Realizada pelo oitavo ano consecutivo, a MOSTRA DENTE DE LEITE busca contribuir para o processo de formação de especatdores, apresentando uma rica e variada seleção de curtas-metragens futebolísticos.

A RUA É PÚBLICA, Brasil, Dir. Anderson Lima, FIC.

O PRIMEIRO JOÃO, Brasil, Dir. André Castelão, ANIMA.

GAÚCHOS CANARINHOS, Brasil, Dir. Renê Goya Filho, DOC.

A CULPA É DO NEYMAR, Brasil, Dir. João Ademir, FIC.

TAPETE VERDE, Brasil, Dir. Angelo Martin, DOC.

DOIS PÉS ESQUERDOS, Itália, Dir. Isabella Salvetti, FIC.

A MOSTRA ESPECIAL “PRORROGAÇÃO“

Local: CCJF-Centro Cultural Justiça Federal

De: 30 de Novembro a 3 de Dezembro

Tradicionalmente realizada logo após o encerramento das competições do CINEFOOT, a MOSTRA PRORROGAÇÃO oferece a oportunidade de reprisar alguns filmes, oferecendo uma chance extra para o público.

EL ZURDO,  A VINGANÇA DO IGNORADO, Argentina, Dir. Roberto Cox, DOC.

O PRÓXIMO GOL LEVA, Inglaterra, Dir. Mike Brett, Steve Jamison, DOC.

1976-O ANO DA INVASÃO CORINTHIANA, Brasil, Dir. Ricardo Aidar e Alexandre Boechat, DOC.

DOMINGO, México, Dir. Raúl Lopez Echeverría, FIC.

PENALTY, Itália, Dir. Aldo Iuliano, FIC.

O ROUPEIRO, Equador, Dir. Andres Cornejo, DOC.

CINEFOOT / RIO DE JANEIRO / SESSÃO ESPECIAL DE ABERTURA:

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA

23/11, QUINTA-FEIRA, ÀS 20h30, ENTRADA FRANCA (Sujeita à Lotação da Sala)


A sessão especial de abertura do CINEFOOT no Rio de Janeiro, contará com a première no Brasil do documentário DENTRO DE UM VULCÃO – A ASCENSÃO DO FUTEBOL ISLANDÊS, Direção de Saevar Gudmundsson.

Esta é a incrível história da geração dourada do futebol da Islândia. Uma visão pessoal de uma equipe que fez o mundo virar o olhar em sua direção, quando se tornou o menor país do mundo a alcançar a fase final da EuroCopa.

O Diretor, Saevar Gudmunsson, teve acesso total à equipe e revela a intimidade de um grupo de jovens que cresceu ouvindo que sua paixão, o futebol, nunca alcançaria dias de glória no seu país. E tudo transbordou para as arquibancadas, onde o grito viking dos torcedores marcou a competição.

CINEFOOT / RIO DE JANEIRO / SESSÃO ESPECIAL DE HOMENAGEM: JOÃO SALDANHA.

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA

25/11, SÁBADO, ÀS 21h, ENTRADA FRANCA (Sujeita à Lotação da Sala)

A homenagem central do 8˚CINEFOOT é voltada para o centenário de João Saldanha.

Na sessão das 21h do dia 25/11, será exibido o documentário JOÃO SALDANHA, de André Iki Siqueira e Beto Macedo, que reconstrói a história do jogador, técnico, cronista, imprevisível, polêmico e irreverente João Saldanha (1917-1990), que ficou conhecido como o comentarista que o Brasil inteiro consagrou. O longa traz imagens inéditas da época de ouro do futebol brasileiro, todas registradas em 35mm. São cenas que vão desde um Maracanã enlouquecido em preto-e-branco em 1957 até os preparativos da inesquecível seleção de 70. Curiosidades e casos divertidos da vida do comentarista são revelado através de depoimentos da família Saldanha, de ex-jogadores de futebol, de jornalistas esportivos e de amigos.

Para a homenagem, o CINEFOOT recebe familares e amigos de João Saldanha, além do Co-Diretor do filme, Iki Siqueira.


CINEFOOT / RIO DE JANEIRO / SESSÃO ESPECIAL DE ENCERRAMENTO E PREMIAÇÃO:

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA

28/11, TERÇA-FEIRA, ÀS 20h30, ENTRADA FRANCA

O programa da sessão de encerramento e premiação do CINEFOOT no Rio de Janeiro, apresenta première no Brasil do filme PERGUNTE QUEM ERA FALCÃO, Direção de David Rossi.

10 de agosto de 1980. O dia que muda a história de AS Roma. O dia em que Paulo Roberto Falcão vai para Roma. As Copas italianas, o título. Tudo começa com ele, mudando a mentalidade da AS Roma que começa a pensar grande. Esta é a história do oitavo Rei de Roma, uma viagem de ida e volta da Itália ao Brasil para explicar “Quem era Falcao”.

Nesta sessão está programada a realização da segunda edição do “REDAÇÃO AM NO CINEFOOT“, uma divertida premiação da melhor narração do quadro REDAÇÃO AM do programa REDAÇÃO SPORTV apontada pelo público presente no cinema.

Serão entregues as Taças de Melhor Curta e Melhor Longa do 8˚CINEFOOT, e o Troféu João Saldanha, destinado ao filme que melhor expressar as facetas humanas, democráticas e libertárias do futebol.

O CINEFOOT mantém parceria com a FICTS- Federation Internationale Cinema Television Sportifs. Esta tradicional federação italiana, sediada em Milão, reúne os 16 mais prestigiosos festivais de cinema esportivo do mundo, sendo o CINEFOOT um dos eventos integrantes deste seleto circuito internacional.

DATAS / LOCAIS:

CINEFOOT RIO DE JANEIRO

De: 23 a 28 de Novembro

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA / PRAIA DE BOTAFOGO, 316

De: 24 e 29 de Novembro

CINE ARTE UFF / R. MIGUEL DE FRIAS, 9 – ICARAÍ, NITERÓI

De: 24 a 27 de Novembro

CCBB-CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL / RUA PRIMEIRO DE MARÇO, 66 – CENTRO

De: 30 de Novembro a 3 de Dezembro

CCJF-CENTRO CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL / AV.RIO BRANCO, 241 – CENTRO

Entrada franca.

www.cinefoot.org

FRAGMENTOS

por Claudio Lovato


Você já ouviu a expressão “a vida inteira de repente passou como um filme…” Claro que já.

Só que com ele não foi bem assim. Não foi como um filme. Acho que nunca é.

Foram fragmentos.

O sorriso do pai cada vez que ele contava o que fez no jogo, e os conselhos do pai, e depois a morte do pai, para nunca mais, a devastadora e insolúvel morte do pai.

E a saída casa aos 16 anos, e o drama da mãe arrumando a mala dele, e a cama no quarto do alojamento sob a arquibancada do velho estádio. Quanta solidão e quanta expectativa e quanto desamparo e quanta saudade cabem numa cama de alojamento debaixo de uma arquibancada de estádio velho?

E a primeira vez em que ele e ela saíram juntos, e o primeiro filho, que viria exatos dois anos e três meses depois, e as mudanças, e as trocas de cidade, e o primeiro clube grande, e a interminável paciência dela com ele, a força dela, a presença dela, firme e forte, sempre.

E o telefonema do irmão mais velho, uma despedida que ele só foi entender que era uma despedida quando já era tarde demais para dizer a ele tudo o que queria dizer, e nunca conseguiu.

E a filha que veio num momento em que ele achava que a vida não valia mais grande coisa, quanto engano; quanta vida aquela criança lhe trouxe.

Fragmentos.

Em um segundo? Dois? Três? Não dá para dizer, não dá para contar, porque não é como um filme. Não é assim. Pelo menos não para ele, aqui, agora, com a bola colocada na marca do pênalti, com o goleiro batendo palmas diante dele, gritando que ele vai se foder, só vai, que essa bola é dele, do goleiro.

E os dedos amarelos do avô, e o sorriso amarelo do avô, e as palavras de encorajamento do avô, uma forma completa e irretocável que Deus arranjou para lhe explicar, cedo na vida, o que era amor, mas que ele só foi entender mais tarde, bem mais tarde.

E o filho, e a filha, e a mulher, sua família agora, a forma como Deus, ou que nome se queira dar, encontrou para lhe dizer que ele – pai, marido, jogador, ser humano – era importante do jeito mais completo e perfeito que alguém pode ser: dando felicidade a outros.  

E então o árbitro apita, e há um silêncio que só ele consegue ouvir no estádio lotado, e é a última chance que aquele time tem de conseguir ganhar o primeiro título nacional que disputa em sua longa existência, e então ele respira fundo e esvazia os pulmões e puxa o ar outra vez e corre para a bola sem soltar o ar e bate nela do jeito que tinha que fazer, exatamente como havia se proposto a fazer, e o resultado daquele chute é exatamente aquele que eu e você queríamos (queremos), porque não se pode admitir outra maneira de este novo fragmento chegar ao fim – e se eternizar.

ISTO É PELÉ

por Armando Nogueira


Armando Nogueira

“Sua vocação de jogador de futebol é incomparável e se  exprime no campo com a mesma espontaneidade da bola que rola; é tão perfeito no criar como no fazer o gol,  no drible, no passe, no chute, na cabeçada.

Seja em  que circunstância for, Pelé mantém com a bola uma  relação de coexistência absolutamente íntima, terna, cordial; por isso é bom goleiro e ótimo goleador; por  isso, é capaz de estar, ao mesmo tempo, na concepção e na realização de uma jogada.

Seu talento é do tipo  esférico como a bola, o seu brinquedo mágico.

A técnica individual de Pelé não merece um só reparo  do mais exigente crítico de futebol: ele domina a bola com naturalidade e perfeição, usando qualquer parte do corpo, notadamente os pés e o peite; tem chute potente e certeiro com as duas pernas; dribla com facilidade e grande arte, valendo-se de incrível poder de articulação nos tornozelos, joelhos, cintura e, sobretudo, graças a uma força instintiva, medular, que lhe permite sair criando movimentos novos, irresistíveis, à base de contrapés, falsas hesitações, meneios e desequilíbrios aparentes.


Usa as faces  exteriores e interiores dos pés tanto para o drible e o chute como para fazer passes de efeito; tem espantasoa velocidade de partida e de corrida e se  eleva para as cabeçadas com uma elasticidade impressionante e com uma noção de tempo que só se vê  nos grandes especialistas dessa jogada (o húngaro Kocsis, por exemplo); tem agilidade felina para  recobrar o equilíbrio perdido.

E aqui vale a pena  recordar lance recente no jogo Brasil 5 X Argentina 1, no Maracanã. Pelé recebe a bola na corrida, entra na defesa  driblando uma fila de adversários; o último,  pressentindo o perigo, aplica uma rasteira que alcança Pelé em pleno ar.

Pelé se desequilibra, vai cair de  costas, a bola foge ao seu domínio, o juiz apita a  falta. Mas eis que no instante do apito, Pelé consegue  recobrar o equilíbrio, alcança novamente a bola e  restabelece a excelente condição de gol que conseguira.

A essa altura, porém, já o árbitro havia  interrompido o jogo e todo o maravilhoso esforço de  recuperação de Pelé resultava inútil. Restou-lhe o  consolo de ver o árbitro Juan Armental correr na sua  direção e pedir-lhe desculpa humildemente, por ter apitado.

Mais tarde, o juiz explicava à imprensa que  aquele fora o maior exemplo de agilidade pessoal  jamais visto em um campo de futebol nos seus vinte  anos de arbitragem.   Por fim, Pelé tem uma capacidade quase irreal de  infiltrar-se com a bola defesa adentro.


Vai como um  raio, dando a impressão ao espectador de que está  atravessando os corpos dos adversários. Temos ouvido  tanta gente querendo descrever as infiltrações de Pelé  mais ou menos assim: ele ia passando por dentro dos  outros.

Realmente, o lance é muito rápido e sugere a imagem.

O que ocorre, simplesmente, é que ele realiza  a ação em alta velocidade e com notável noção do  próprio corpo, que se assegura o mínimo de tropeços, o máximo  de equilíbrio e grande fluência na corrida. 

Em apenas três anos de prática ininterrupta, Pelé melhorou sensivelmente o seu futebol.

Não tanto do  ponto de vista da técnica individual, que nisso ele é  perfeito de nascença, mas no plano da ação coletiva. Antes, Pelé era um atacante, um especialista dos  chutes e cabeçadas à porta do gol; hoje ele multiplica sua presença conseguindo ser, com, igual eficiência, construtor e finalizador; num momento, Pelé é o arco que aciona e em seguida vai ser a flecha que alveja.


Do ponto de vista moral, ele já se destaca como grande  animador de equipes, impondo aos colegas e aos  adversários a autoridade indiscutível que vem da alta  categoria técnica. Uma única face de sua forte  personalidade não tem evoluído no sentido da perfeição: a serenidade.

Ele perdeu muito daquela ingenuidade com  que jogava nos começos da carreira; ficou irritadiço, impaciente. Mas, coitado, tanto sofreu nos pés dos  medíocres, tanto lhe deram pontapés que ele hoje  deixou de ser aquela força da natureza exprimindo-se puramente, sem amargor.

Antes, davam-lhe um trompaço  brutal, ele se levantava, limpava os calções e ia  tomar posição de jogo; agora, se o derrubam com  deslealdade, ele raclama furiosamente”.

 

Texto publicado originalmente na revista Senhor,  nº 21, em novembro de 1960, quarto ano de Pelé como profissional….

UM DUELO DE TITÃS – ZICO X MARADONA

por Serginho5Bocas


De alguns anos para cá, a imprensa tem-se perguntado constantemente quem foi o melhor, Pelé ou Maradona? Dúvidas à parte, em minha opinião chega a ser brincadeira esta comparação, Pelé sempre esteve acima de todos.

Alguém seria capaz de escolher e me dizer em qual critério Pelé perderia para Maradona? Prefiro dizer que Maradona deveria ser primeiro o melhor disparado de sua época, como Pelé foi em todas as épocas.

Lembro na minha infância e adolescência que Maradona de tempos em tempos duelava com Zico pelo trono de melhor do mundo. E para a surpresa de muita gente de agora, o argentino não levou vantagem em nenhum confronto direto, mas indiretamente, pois eles não se enfrentaram na Copa de 1986. Maradona fez a diferença que Zico não conseguiu fazer pelo Brasil em Copas do Mundo e daí a superioridade que muitos dizem que ele teve sobre o Zico.

Em 1979, Zico tinha saído de uma Copa horrorosa em todos os sentidos para ele, pois perdeu a vaga de titular e quando finalmente recuperou a posição, sofreu uma distensão muscular. Mas foi exatamente quando a Argentina comemorava seu aniversário da conquista que Zico deu a primeira mostra ao mundo de quem era o melhor naquele momento.


A FIFA reuniu os melhores do resto do mundo e enfrentou os argentinos. Maradona abriu o placar, enquanto Zico estava no banco por ter chegado atrasado para o jogo. O Galinho entrou na segunda etapa, fez o gol de empate e deu o passe para o gol a vitória, deixando a imprensa mundial estarrecida tal o futebol apresentado por ele.

Naquele mesmo ano, voltariam a se enfrentar pela Copa América e nova propaganda foi feita questionando quem era o melhor dos dois. Brasil 2×1 Argentina com um gol de Zico e passe do craque para Tita fazer o outro.

Já em 1981, voltariam a se enfrentar pela terceira vez, desta vez num amistoso entre Flamengo e Boca Juniors no Maracanã, que também era a despedida de Carpegiani do futebol. Flamengo 2×0 Boca Juniors, com dois gols de Zico e mais um show da bola, mesmo apresentando 38° de febre e furúnculos pelo corpo.


No ano seguinte, na Copa da Argentina seria o verdadeiro tira teima, já que o Brasil dava show a cada jogo e a Argentina era o time campeão de 1978 reforçada por Maradona e Ramon Diaz. Brasil venceu o jogaço por 3×1 com um gol de Zico, um passe para Júnior marcar outro e o passe para Falcão cruzar na cabeça de Serginho. Maradona além de perder pela quarta vez e assistir a mais uma exibição do Galinho, deu uma entrada dura em Batista e foi expulso do jogo e da Copa.

Em 1985 se enfrentariam duas vezes, uma num empate entre a Udinese e o Napoli em 2×2 com 2 gols de Maradona (sendo um de mão) e depois jogariam festivamente no jogo da volta de Zico da Itália, quando o Flamengo venceu um combinado de amigos dele por 3×1 com outro gol do Galo.

Podemos defender Maradona dizendo que em poucos confrontos destes citados, ele jogou em uma equipe tão boa quanto a do Zico, mas talvez a diferença residisse justamente neste ponto: até que ponto cada um influenciou decisivamente nos confrontos? O saldo não deixa dúvidas, não mente, Maradona nunca venceu o Galinho, e mais, a única vitória do baixinho habilidoso, foi na Copa de 90, sem Zico, mesmo tendo levado um chocolate na bola, apesar de ter saído vencedor com um gol de Caniggia em passe primoroso seu.

Acho que Maradona foi um dos maiores de todos os tempos, mas na década de 80 que foi o seu apogeu, ele não reinou sozinho, pois além de dividir as atenções com Zico, o francês Platini também gastava a bola e era nome certo em qualquer eleição de melhor do mundo.

O tempo amplifica os feitos, para o bem e para o mal, e a atuação magistral de Maradona em 1986 foi o que ele precisava para deixar na história sua marca eternizada como o melhor daquela Copa, mas continuo a achar que ele foi um deles e não o melhor acima de todos daquela época.

Fica aí a polêmica e podem me bater de porrete, mas, meninos, foi o que eu vi…

ANOS DOURADOS

por Victor Kingma

Na segunda metade da década de 50, o Brasil vivia uma fase de euforia. O projeto desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek prometia crescimento de cinqüenta anos em cinco. A era JK foi uma fase áurea de desenvolvimento do país. Naquele período, entre tantas outras realizações, podemos destacar a expansão da malha rodoviária, a construção de hidrelétricas e a implantação da indústria automobilística e naval no país. Além da construção de Brasília, a nova capital.


No rastro do otimismo que o Brasil vivia naquele tempo, movimentos artísticos e culturais apareciam nos quatro cantos do país. 

Vivíamos os famosos “Anos Dourados.”

Em Copacabana, no Rio de Janeiro, a então capital do Brasil, um grupo de músicos e compositores, entre os quais Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, costumavam se reunir na casa dos pais da cantora Nara Leão, preocupados em criar um novo ritmo, que melhor combinasse com seus estilos de vida e formação musical. Sonhavam unir a alegria da música e do samba brasileiro com a harmonia do Jazz americano.


Certo dia, em 1957, Menescal recebeu a visita de um rapaz que não conhecia e que se apresentou como João Gilberto. Esse pediu um violão e disse que precisava mostrar uma nova batida que havia criado. Um jeito totalmente novo de tocar violão.

Impressionado, Roberto Menescal foi imediatamente mostrar a novidade aos amigos. E a batida diferente do violão de João Gilberto era exatamente o que faltava para ser criado o estilo musical que tornaria a música brasileira conhecida internacionalmente. Assim surgiu a Bossa Nova.

Em diversos esportes tivemos um período de glórias com o surgimento de estrelas como Maria Ester Bueno, no tênis, e Éder Jofre, “o Galo de Ouro”, no boxe – que acabaria conquistando o cinturão da categoria em 1960, numa épica luta contra o mexicano Eloy Sanches.


 No basquete o Brasil conquistaria o inédito título de campeão mundial, em 1959, no Chile, com uma histórica seleção, onde se destacavam os astros Wlamir e Amaury.

E no futebol?

No futebol, o Brasil vinha de duas grandes frustrações nas Copas anteriores: a tragédia da derrota de 2 a 1 para o Uruguai em 1950, em pleno Maracanã, diante de 199.854 torcedores, o maior público das história do futebol, e a queda por 4 a 2 nas quartas de final em 1954, na Suíça, diante da histórica seleção húngara, de Puskas.

Mas, no rastro das energias dos “Anos Dourados”, o Brasil, finalmente, se tornaria campeão mundial pela primeira vez, em 1958, na Suécia.


Além da inédita conquista, com uma das maiores seleções da história, o futebol brasileiro assombrou o mundo ao apresentar  um menino de 17 anos, que se tornaria o maior jogador de todos os tempos, o rei do futebol,  que seria eleito futuramente o atleta do século XX.

Ao lado do menino Pelé, entre tantos craques consagrados como Didi, Nilton Santos, Zito, Bellini e Gilmar, o mundo do futebol conheceu também Garrincha, “o anjo da pernas tortas”, o maior ponta direita e o maior driblador que já passou pelos gramados.

E a magia daquele time tinha uma incontestável explicação: jamais uma seleção conseguiria escalar no mesmo time dois craques tão espetaculares como Garrincha e Pelé. A prova disso é que sempre que atuaram  juntos, em 40 partidas e sempre pela seleção brasileira, eles nunca foram derrotados.

Os deuses do futebol foram generosos com os gênios da bola.

Naquele tempo era assim…