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Futebol

COPA DO MUNDO DA MÚSICA

por Mateus Ribeiro

A Copa do Mundo está chegando, e já estamos todos no clima. Seja trocando figurinhas do álbum, seja fazendo simulações com a tabela, todo mundo já está se imaginando na Rússia.

Como sou ser humano, amo futebol (principalmente a Copa do Mundo), decidi que entraria no clima do Mundial, mas de maneira diferente: resolvi que era a hora de listar atletas que disputaram o maior campeonato de futebol do planeta, e que se aventuraram no mundo da música.

Nessa pequena lista, você encontrará de tudo: desde campeões geniais até jogadores não tão talentosos, seja cantando samba ou judiando de uma bateria. Sem mais conversa, vamos ao que interessa!

Alexi Lalas, o zagueiro rockeiro

É muito provável que você se lembre de Alexi Lalas, um dos maiores fenômenos da inesquecível Copa de 1994. Em razão de sua cabeleira e sua barba um tanto quanto chamativas, Lalas foi um dos jogadores mais falados durante o Mundial. Se fosse nos dias atuais, certamente viraria um meme.

Lalas não era apenas jogador de futebol. Desde sua adolescência, fazia parte de uma banda chamada Gypsies. Porém, seu “sucesso” veio com a carreira solo, com o zagueiro/guitarrista chegando a lançar dois discos enquanto jogador: “Far From Close”, em 1996, e “Ginger”, em 1998. Lalas ainda está na ativa, passeando por várias vertentes do rock and roll. Seu último disco, lançado em 2016, chama se “Shots”, e conta com a ótima “Big Break”, que pode ser conferida no vídeo.

Sócrates, um fã de sertanejo:

Que Sócrates é um dos maiores e mais emblemáticos jogadores da história do futebol brasileiro, todos nós estamos cansados de saber. O que muita gente talvez não saiba é que o saudoso Doutor tem um disco de música sertaneja lançado.

Dois anos antes de disputar sua primeira Copa do Mundo, Sócrates gravou um disco de música sertaneja, intitulado “Casa de Caboclo”. O craque do Corinthians e da Seleção Brasileira gravou músicas como “Cabocla Tereza”, “Luar do Sertão” e Couro de Boi”. Para quem gosta de uma boa moda de viola, vale a pena ouvir este grande achado.

Júnior Capacete, um craque do samba: 

Um dos principais jogadores da história do Flamengo, Júnior, carinhosamente (ou não) chamado de Capacete, esbanjou talento e longevidade pelos gramados do Brasil e do planeta.

No ano de 1983, Júnior gravou um LP, com destaque para a música “Povo Feliz” (também conhecida como ‘Voa, Canarinho, Voa), tema da Seleção na triste Copa de 1982. Seu LP é algo difícil de se encontrar, mas enquanto não encontro, você pode ficar com essa regravação de 2014 para a citada música.

Petr Cech:

Em 2006, Petr Cech pintava como um dos melhores goleiros do mundo. A seleção da República Tcheca, que disputava seu primeiro Mundial, despertava curiosidade, e alguns até imaginavam que Nedved e sua turma poderiam fazer uma boa campanha. Isso não aconteceu, e o sonho acabou na primeira fase.

Essa foi a única participação de Cech em um Mundial. Sua carreira foi um sucesso, com títulos nacionais e continentais pelo Chelsea. Hoje, já em final de carreira, alterna bons e maus momentos no rival Arsenal.

Pelo menos depois que aposentar, o goleirão já sabe o que fazer: aulas de bateria, uma vez que seu kit sofre um pouco na mão do grandalhão. Mas imagina só se ele tivesse com as baquetas o mesmo talento que tem com as luvas? Desfrute de bons momentos em seu canal no Youtube:

Miguel Herrera cantando Ska: 


Miguel Herrera foi um lateral da Seleção Mexicana, e como a grande maioria dos seus companheiros de selecionado, nunca chamou muito a atenção pelo talento. Talvez você se recorde de seus espetáculos na Copa 2014, quando como treinador, proporcionou algumas cenas bonitas como essa:

Pois bem, mas se você acha que esse comportamento, e o fato de ter sido demitido do cargo de técnico da Seleção Mexicana por ter descido o braço em um jornalista foram suas maiores bizarrices, está redondamente enganado.

Em 2002, quando treinava o Atlante, o treinador gravou uma canção do ritmo SKA para ajudar a promover e divulgar o bom momento do clube. Clique no link abaixo, e assista essa preciosidade do mundo alternativo.

VIDEO| Miguel Herrera al grito de guerra – SanDiegoRed.com
La canción del género “Ska” que alguna vez hizo el ‘Piojo’ para el Atlantewww.sandiegored.com

Ümit Davala, o rapper Turco: 

Davala foi um dos pilares da Seleção Turca na inesquecível campanha na Copa de 2002. Chamou a atenção pelo seu futebol e seu penteado de gosto duvidoso.

Se você achou o penteado dele um tanto quanto alternativo, é porque não ouviu disco de Rap cantado em turco pelo ex jogador. Lançado no ano de 2004 , o disco chamado de “UD 2004” é um tesouro para quem gosta de curiosidades e excentricidades.

Ryan Babel, boleiro e rapper nas horas vagas: 

O atacante holandês está bem longe de ser um craque. Mesmo assim, conseguiu participar de poucos minutos entre os Mundiais de 2006 e 2010. Sua carreira em Mundiais não passa disso.

Talvez sua carreira como rapper seja mais interessante. Com o nome artístico de Rio, Babel tem participações em músicas de outros rappers. Mas seu melhor momento mesmo fica para a música gravada ao lado do compatriota Royston Drenthe (que chegou a jogar no Real Madrid). Vale a pena ouvir:

Raí, o homem que estava nos sonhos de Paula Toller: 

Achou que apenas Sócrates representaria a família Vieira de Oliveira? Achou errado, amante da música e do futebol.

No ano de 1993, antes de disputar sua primeira (e única) Copa, um dos principais jogadores da história do São Paulo participou do clipe da música “Eu tive um sonho”, da banda Kid Abelha. Raí faz um papel de Príncipe Enantado no clipe. Relembre esse grande crossover abaixo:

Tomas Brolin, dos gramados para as pistas de dança: 

No ano de 1999, as boybands estavam em alta. Nomes como BakstreetBoys, Five e N´Sync estavam no auge, e rodavam o mundo, fazendo shows para multidões.

O fenômeno rodou o planeta, e a Suécia não poderia ficar de fora. Um dos principais nomes da Seleção Sueca na Copa de 1994, Tomas Brolin fez parte do grupo Friends In Need, que executava um eurodance de gosto um tanto quanto duvidoso. O clip é tão inusitado quanto a música. A desenvoltura de Brolin como integrante de banda de adolescente mostra que escolher o futebol foi a melhor das opções.

Pelé, um pouco além do ABC: 

A lista tinha que terminar com o Rei. Pelé gravou uma música para promover os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

A canção, intitulada “Esperança”, é mais empolgante do que o jingle que dizia que “…toda criança tem que ler e escrever”. Porém, podemos dizer que como cantor, o rei continua sendo o maior jogador de futebol de todos os tempos.

E você, consegue se lembrar de algum outro craque (ou pereba) que participou de uma Copa do Mundo e foi fazer sucesso nos estúdios e palcos mundo afora? Caso se lembre, mande aí nos comentários!

Até a próxima!

LENDAS ETERNAS

por Walter Duarte


Sempre tive grande admiração e curiosidade pela imagem, principalmente das fotos jornalísticas, em especial as revistas e cadernos de esporte. Ao saber da “passagem” do grande fotógrafo Raimundo Valentim, lembrei-me da infância, lá pela segunda metade dos anos 70, onde juntava os trocados para comprar os principais jornais da época e ver as fotos dos jogos.

Confesso que anos depois, na adolescência, é que comecei a me interessar pela a leitura ou a “substância” da crônica do jogo, porém a Imagem do lance capital, a emoção da jogada e a vibração do gol congelados no tempo é o que me encanta.

Não era comum para mim frequentar o Maracanã, palco dos principais jogos, devido a dificuldades e distância da nossa terra. Cabia, então, pedir insistentemente ao meu pai, Sr. Walter, para ser levado aos estádios em Campos e ver de perto os jogos ou, caso contrário, aguardar o “VIDEO-TAPE” e as resenhas da noite na TVE ou TUPY.

A oportunidades de assistir aos grandes craques representava um sonho para todos nós, pois aqueles caras eram mais do que “atletas da bola”, eram heróis ou entidades no meu mundo idealizado. Naquela época, o Jornal do Brasil, o Globo e o Jornal dos Sports eram muito concorridos nas bancas e eu não perdia tempo nas segundas-feiras de ir cedo assegurar quase que a “tapas” meu exemplar, principalmente quando meu time ganhava. Costumava também recortar as fotos e colar na parede do quarto, e fixar meu olhar infaltil no “acervo” e imaginar um dia jogar como eles, motivo de muitas broncas da minha mãe Dona Marlene que me cobrava os estudos e sinalizava as dificuldades da vida.


Não tenho conhecimento da matéria jornalística no sentido profissional, pois não sou do “ramo”, mas imagino o quanto de inspiração e técnicas devem ser adotadas para dar emoção e realismo àqueles instantes. Algo de muita inspiração e “feeling” devem existir para o resultado do trabalho, transcendendo as regras elaboradas no ofício dos fotógrafos ou cinegrafistas.

Sempre me instigou a situação real de não podermos reproduzir novamente o fato histórico na sua plenitude, servindo então a imagem fixa, ou não, o papel importante do testemunho daquilo que não voltará mais a acontecer, pelo menos na sua forma original. Um remake de um filme jamais terá a mesma atmosfera inicial, mesmo mantendo o elenco anterior.

O gol ou a jogada decisiva será o momento único fixado no tempo, sendo “tempo passado” um segundo depois, restando a imagem gravada a matéria que nos vai fazer saudosos na alegria da vitória ou na tristeza da derrota. Independente do vídeo, gostaria de ter todos esses lances marcantes em quadros com molduras de grande arte, no meu “Museu imaginário”. 

Flashs recorrentes estão em minha memória tais como o elástico do Riva no saudoso Alcir, o golaço do Dinamite em 76 com aquele lençol no Osmar, aquela falta magistral do Zico contra o Santa Cruz em 87, o gol do Maurício do Botafogo no título de 89 que acabou com a angústia da fila, aquele chute improvável do Nelinho que traiu o Zoff em 78, o quase gol do Pelé no cabeceio defendido pelo Banks da Inglaterra em 70, o olhar desesperado dos marcadores do Garrincha na iminência do “baile”, o “drible de corpo” do PC e tantos outros lances  fantásticos dos nossos craques.

Tudo isso faz parte do inconsciente coletivo dos amantes do futebol e não nos cansa recordar. Independente de todos recursos computacionais e de multimídia da atualidade, o meu museu teria todos instantâneos em preto e branco e entraria todo dia no túnel do tempo daquelas emoções. Viva assim a arte do futebol, viva a arte dos nossos magos da imagem. Viva a memória daqueles que deixaram um legado de poesia nas lentes eternas do esporte chamado futebol.

ZAPEANDO

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


O controle remoto tem sido um grande parceiro nos últimos tempos porque tem me livrado de algumas roubadas. Racing x Cruzeiro foi uma dessas. Assistir o azulão levando de quatro não foi bom. O camisa 10 dos argentinos fez três e comemorou com a garra típica dos hermanos. Eles jogam com alma, não há dúvida.

Dei uma zapeada e fiquei impressionado com a quantidade de programas de culinária. Tinha um que chamava-se “Pesadelo na cozinha”. Mas pesadelo viveu o Flamengo, que empatou com o River em casa. Parei um pouco no canal quando o goleiro do Flamengo se explicava. Como os goleiros do Flamengo se explicam!

Os comentaristas falavam mal de Carpegiani, que mexe mal, essas coisas. Ué, mas ele não era a salvação? Alguém disse que o Everton Ribeiro é a contratação mais cara da história do Flamengo, isso é sério? Quanto custou um Sócrates, um Pet?

Lembro que um grupo de investidores se uniu para me contratar, tinham dois bancos envolvidos e o Carlinhos Niemeyer, do Canal 100, e o Walter Clark, da Globo, se mobilizaram. Deve ter dado algo em torno de um milhão de dólares. Os tempos mudaram e os valores, em todos os sentidos, são outros.

O Grêmio empatou com um time fraquinho. Zapeei. “Hotéis Incríveis” me prendeu um pouco, afinal sempre gostei de viajar….”Mude o seu look” me segurou mais tempo ainda porque sempre me vesti com extravagância.

É sério que o Gum ainda é titular da zaga do Flu? O Santos, de Jair Ventura, empatou com o Corinthians e na coletiva ele disse que armou um esquema para vencer em jogadas de bola parada. Acho ruim ouvir isso.

A Globonews fala sobre intervenção. Meu Deus, o que fizeram com a minha cidade? Intervenção deveria haver no futebol, que coloca PhilCollins no Maraca e Fla x Flu, na Arena Pantanal.

Fluminense x Volta Redonda arrastaram 600 e poucos torcedores para um jogo tenebroso.


(Foto: Nana Moraes)

Novela eu passo direto.

O Vasco virou em cima do Boavista. Sete gols e um jogo-granja, cheio de frangos. Zapeio. No SporTv, começa Junior Barranquilla x Palmeiras e no canal Viva passa “Os Trapalhões”. Entre a truculência de Felipe Mello, escolho a poesia de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias.

Largo o controle no chão e não saio mais dali.

IMAGEM É QUASE TUDO

por Serginho 5Bocas


Se existisse uma máquina do tempo que nos transportasse de volta ao passado, só para ver in loco aqueles jogadores que tanto ouvimos falar pelos nosso pais e amigos mais velhos, e que não podemos nos deliciar com suas jogadas de almanaque através das imagens captadas pela nossa retina, ali bem de pertinho. Eu queria experimentar essa viagem.

Quem nunca ouviu histórias deliciosas de craques do passado que nos fez imaginar do nosso modo, como numa folha de papel sendo desenhada aos poucos, cada passo da jogada espetacular em curso?

Fico aqui pensando, como seria uma bicicleta de Leônidas ou imaginando quanto inédito era o posicionamento de Tim, que por ter a fama de comandar o time em todo o campo, ficou conhecido como o “peão”? Quem sabe assistir de pertinho aos três minutos assombrosos de Garrincha contra a poderosa U.R.S.S. na Copa de 1958 ou o massacre que a Holanda propôs aos uruguaios na Copa de 1974?

A falta quase completa de imagens não nos permite avaliar com mais clareza a grandeza dos craques daquela primeira metade do século e boa parte dos que jogaram na segunda, mas ainda assim, é comum ver discussões acaloradas sobre quem foi o melhor de todos os tempos, como se fosse possível definir algum critério objetivo e justo para uma comparação deste porte. No final, a força da resenha é que prevalece, afinal de contas, bom senso cada um tem o seu e olhe lá.

Talvez, por não haver a TV com mais imagens daquela época, ouço muita gente boa dizer que no futebol de hoje não haveria vez para os dribles de Garrincha, só que esqueceram de combinar com Messi e Neymar que dão dribles a torta e a direita, jogando por terra essa argumentação tão pobre e sem imaginação. Lamentável o pessimismo de certas pessoas.


Outros dizem que Pelé só fez mais de mil gols porque jogava numa época em que se amarrava cachorro com linguiça, outro argumento pra lá de preguiçoso, pois senão, alguém me responda por que só ele fez essa enxurrada de gols naqueles anos de glória? Não havia mais ninguém para aproveitar aquele “mamão com açúcar”?

Romário veio comprovar que muitos estavam errados sobre Pelé alguns anos depois, fazendo mil ou quase isso, tanto faz, mesmo tendo enfrentado esquemas muito mais defensivos do que na época do Rei e com muito mais gente disposta a não deixar jogar. Então me digam, como defender a tese? Se novamente o Baixinho foi o único em sua geração a conseguir?

Não é saudável comparar jogadores de épocas diferentes, mesmo tentando utilizar os critérios mais objetivos possíveis, sempre haverá uma ponta de injustiça ou subjetividade. Um exemplo disso é a eterna pergunta sobre quem foi melhor: Maradona x Pelé? Que muitos teimam em comparar. Jogaram em épocas distintas, enfrentaram adversários diferentes, jogavam em posições diferentes e com certeza em clubes que ajudaram ou atrapalharam uma comparação mais legitima. E ai, como é que fica uma comparação entre os 2 monstros, juro que tenho a minha, mas não conto. A TV não ajudou mais uma vez.

De bate pronto, responda se for capaz:

Quem corria mais? Zé Sergio ponta esquerda do São Paulo, Euller o filho do vento do Vasco ou Bale do Real Madrid?

Quem chutava mais forte? Pepe o canhão da vila, Rivelino a patada atômica, Nelinho do cruzeiro, Eder do Atlético ou Branco do Fluminense?

Quem foi mais habilidoso? Ipojucan, PC Caju, Leandro, Mario Sergio, Djalminha, Felipe ou Ronaldinho Gaúcho?

Que tal ficar com todos?

A TV nos trouxe o irreversível conforto de ver o jogo em casa, ajudou decisivamente na globalização do futebol, ou seja, foi definitivo na melhora do jogo dos mais fracos, dos sem “know-how” e, com isso, reduziu as diferenças de qualidade entre as equipes. Mas tem grandes imperfeições, como a questão do vídeo-tape de 35 câmeras no estádio. Árbitros ficaram mais burros ou desonestos por conta desta parafernália tecnologia que povoa os campos e hoje tem muita gente ganhando uma grana preta, comentando o que você já sabe porque viu ou, pior, o que você e nem ninguém viu, mas ele diz que viu com a maior cara-de-pau.

Já o DVD, que é largamente utilizado por empresários para vender os seus “produtos”, apesar de toda a tecnologia envolvida que teoricamente poderia melhorar a transparência, teve efeito contrário, pois abriu brechas para as edições mal intencionadas, para o ilusionismo dos donos do jogo e tirou boa parcela da graça do jogo, que quando visto fora de época, pode ter um efeito colateral, como descreve muito bem o craque das letras, que também foi dos campos, Tostão, em seu livro “A perfeição não existe”.
 
Segundo ele, o Brasil de 70 não foi perfeito, mas espetacular e irresistível para aquela época. A perfeição só existe na imaginação:


“A seleção de 70 teve um grande defeito: seus jogos são constantemente reprisados pela TV. A imagem destrói a fantasia, que é sempre melhor que a realidade. Proponho que todos as fitas sejam queimadas para que no futuro permaneça a lenda: “Existia no futebol um time perfeito. O do Brasil campeão mundial de 70”

Mesmo com todos os prós e contras é indiscutível a importância dessa telinha em nossas vidas, goste ou não, ela veio pra ficar e é uma pena que não exista há mais tempo.

Ah se eu tivesse uma máquina do tempo… nem sei que jogo veria primeiro.

JOGOS HISTÓRICOS

por Otavio Leite

Brasil 2 x 0 União Soviética – 1958

Protagonistas: Pelé, Garrincha, Vavá, Didi, Lev Yashin e Igor Netto

Um adolescente infantilizado e um driblador irresponsável.

Dá para ganhar a Copa do Mundo apostando nessa dupla?

O técnico Vicente Feola é claro: a resposta é não.

Já os mais experientes do time, Didi, Nilton Santos e Bellini veem de maneira diferente.

É hora de ousar. De apostar no improvável, no inimaginável, naquilo que os europeus jamais conseguiriam prever e evitar.

É a hora de Pelé e Garrincha.

O adversário, a União Soviética, é a antítese de tudo isso.


Disciplinados, fisicamente preparados como superatletas e com uma abordagem científica do jogo que promete anular qualquer traço de improviso.

Um embate de estilos.

No gol, o grande Lev Yashin, o Aranha Negra, imponente e gelado, sempre de preto. A figura já intimida.

Às 19h, no estádio Ullevi, em Gotemburgo, os soviéticos dão a saída. 

O capitão Igor Netto, com sua aparência de agente da KGB, recebe de Ivanov e rola para Kuznetzov. O lateral dá passe longo para Iliyn que tenta forçar a jogada pela esquerda. 

É o último momento de paz para a União Soviética.

De Sordi, sem qualquer trabalho, toma a bola e serve Zito – outro que entra no time para nunca mais sair. A bola vai a Didi, que lança Garrincha.


Com uma balançada de corpo, Kuznetzov fica para trás e Mané já está na área. Prefere o chute sem ângulo em vez do cruzamento para Pelé e Vavá que fecham na área.

Mas, de Garrincha, nunca se espera o óbvio. A bola explode na trave e sai.

Os soviéticos se assustam.

No lance seguinte, Mané repete a jogada, mas serve Pelé. O Pequeno Príncipe solta a bomba. Trave outra vez.

Os soviéticos estão atônitos.

Ainda grogues pelos dois golpes, veem a bola chegar aos pés envenenados de Didi.

Cercado por Ivanov e Tsaryov e vigiado por Kesarev, o homem dos passes impossíveis faz com que a bola desfira uma trajetória embriagada que contraria qualquer lei física.


O passe com o lado de fora do pé direito, de curva, põe a bola por trás de seus marcadores e à frente de Vavá, que penetra pelo meio da área.

O artilheiro vascaíno controla de canhota e solta a bomba de pé direito na saída de Yashin. Golaço.

Com apenas três minutos de jogo!

Os soviéticos agora estão apavorados.

Não há resposta científica aos dribles de Garrincha, às arrancadas de Pelé ou aos passes de Didi.

Kuznetzov já não está mais sozinho diante de Mané. Tsaryov e Krijevski correm para ajudá-lo cada vez que a bola chega ao Anjo das Pernas Tortas.

Os soviéticos buscam o empate com Ivanov, que recebe de Voinov na entrada da área e bate seco para a defesa segura de Gylmar.

Com a vantagem, Didi, Zito e Zagallo “escondem a bola” com trocas de passes, esperando os espaços para buscar o trio ofensivo.

O segundo tempo começa com a bola nos pés de Pelé. Toque curto para Vavá e o recuo até Orlando. Novo lançamento para Garrincha. Mais desespero para a zaga soviética.

O domínio é total, mas o segundo gol não sai.

Aos 12 minutos, Didi dá meia-lua em Ivanov e levanta para Pelé, que tabela de cabeça com Vavá. Após quatro toques sem deixar a bola cair, o Leão da Copa domina na pequena área mas é abafado por Yashin.

Outra vez Garrincha desmonta a zaga soviética pela direita. O cruzamento chega até Zagallo, que bate mascado para nova defesa de Yashin.


Aos 32, De Sordi cobra falta para a área adversária. Pelé domina e busca a tabela com Vavá. A dupla envolve Tsaryov e Krijevski com toques rápidos e a bola fica dividida entre Vavá e Kesarev.

O brasileiro chega uma fração de segundo antes e desvia de Yashin para marcar o segundo gol.

Só não consegue se proteger da duríssima entrada de Kesarev, que crava as travas da chuteira na canela do atacante vascaíno.

Uma pancada tão forte que tira Vavá da partida seguinte, contra País de Gales.

O golaço não é apenas o ato final de jogo de Copa do Mundo. É o início de uma nova era no esporte.

A Era dos Supercraques.

Garrincha, Didi, Nilton Santos…

E do Rei do Futebol!

Antes de Pelé, ninguém no esporte jamais recebera um título de nobreza.

Aquela noite no dia 15 de junho de 1958 pôs o Brasil no mapa e mudou para sempre a história do futebol mundial. 

Ficha do Jogo

Brasil 2 x 0 União Soviética

Estádio Ullevi – Gotemburgo – 15/6/1958

Público: 51.000

Árbitro: Guigue (FRA)

Gols: Vavá (3 e 77)

BRASIL: Gylmar, De Sordi, Bellini (c), Orlando e N.Santos, Zito, Didi e Pelé, Garrincha, Vává e Zagalo. TEC: Vicente Feola

URSS: Yashin, Kesarev, Krijevski, Tsaryov e Kuznetsov, Voinov, A.Ivanov e V.Ivanov, Simonian, Netto (c) e Ilyin. TEC: Gavril Kachalin