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Futebol arte

TALENTO DO BERÇO

Após a dica do colecionador Jorge Maia, batemos um papo com João Marcos Alencar, flamenguista de 18 anos, de Colinas Maranhão, com um talento impressionante: o desenho.


João Marcos Alencar

Apaixonado pela arte desde a infância, João começou a dar seus primeiros rabiscos aos cinco anos, e apesar de nunca ter feito curso algum, se especializou em ilustrações depois de assistir tutoriais na internet.

Depois disso, para arrecadar uma grana, o artista passou a atender os pedidos dos colecionadores e registrou de forma perfeita alguns jogadores. Ademir Queixada, Dadá Maravilha, Yago Pikachu, Augusto, do “Expresso da Vitória”, e o goleiro Castilho, que ainda está sendo ilustrado, são apenas algumas de suas obras. O curioso é que a paixão pela bola só foi despertada aos 13 anos.

– Comecei em campinho de bairro mesmo, depois em quadra de futsal. Sou goleiro e agarro tão bem quanto desenho!

Além dos jogadores, o flamenguista também faz ilustrações de atores e personagens famosos do cinema, como a dupla da série norte-americana “Supernatural” e Angelina Jolie.

Sem medo de novos desafios, João garante que quem tiver interesse nas ilustrações não vai se arrepender do resultado!

O VOO DO PERIQUITO

por Marcelo Vieira Dias


O Periquito ter ido embora num estranho domingo sem futebol não cabe no poema. Logo ele, jogador das divisões de base do Ferroviário e filho de Newton Ferreira, lendário centroavante maranhense na década de 1930, de quem herdou a posição e o amor pela bola. Mas, franzino, Periquito acabou desistindo cedo dos caminhos do futebol profissional – foi para o Rio de Janeiro e lá fez-se Ferreira Gullar, poeta, crítico, tradutor, ensaísta, jornalista, defensor das liberdades, vascaíno e apaixonado, como sempre, pelo futebol.

O poema “O gol” é o texto mais conhecido do Periquito sobre futebol, mas não foi o único. As referências ao esporte estão espalhadas por suas obras, colunas, versos e incontáveis entrevistas que ele concedeu ao longo da vida.


Canhoteiro é considerado um dos melhores pontas da história

Nos idos da década de 1940, Periquito formava, com Esmagado e Canhoteiro, a mais talentosa das linhas de ataque que se apresentavam nas peladas do Campo do Ourique, no Centro de São Luís. Na meia esquerda, Esmagado, que durante mais de uma década brilharia com as camisas do Ferroviário e do MAC, combinava raça e técnica. Anos depois, já técnico, ele fundaria uma das primeiras equipes de futebol feminino do Brasil, o Aurora. 

Mais à frente, na ponta esquerda, Canhoteiro já entortava e desentortava zagueiros, exatamente como faria, alguns anos depois, no São Paulo e na Seleção Brasileira, o que o levou a ser chamado de “Garrincha do Morumbi”. 

Um dia, muitos anos depois, Periquito contou a Armando Nogueira que tinha sido colega de pelada de Canhoteiro. Armando, imediatamente, pensou em preparar o encontro dos dois. Canhoteiro, ao saber da novidade, entre gozador e incrédulo, perguntou a Nogueira: “Não me diga, o Periquito virou poeta?!”.

E que poeta, Canhoteiro….

O GOL

A esfera desce

do espaço

        veloz

ele a apara

no peito

e a pára

no ar

     depois

com o joelho

a dispõe a meia altura

onde

iluminada

a esfera

        espera

o chute que

     num relâmpago

a dispara

     na direção

     do nosso

  coração.

FERREIRA GULLAR


Apaixonado por futebol, o vascaíno Ferreira Gullar morreu hoje, aos 86 anos! Poeta, ensaísta, crítico de arte, dramaturgo, biógrafo, tradutor e memorialista, o craque por muito pouco não se tornou jogador de futebol! Na infância, chegou a participar de treinos como centroavante nas divisões de base do Sampaio Corrêa, mas não deu sequência.


Postulante da cadeira 37 da Academia Brasileira de Letra, o escritor demonstrou toda sua paixão pela bola no poema “O Gol”.

O GOL

A esfera desce
do espaço
veloz
ele a apara
no peito
e a pára
no ar
depois
com o joelho
a dispõe a meia altura
onde
iluminada
a esfera
espera
o chute que
num relâmpago
a dispara
na direção
do nosso
coração.

           Ferreira Gullar
 

CRAQUES DAS LENTES


Ismar Ingber

Dando sequência à série de fotógrafos que nos enviam belos registros sobre futebol, postamos quatro fotos históricas tiradas pelo parceiro Ismar Ingber, o aniversariante do dia! Flamenguista apaixonado, o craque dava trabalho para os marcadores, seja como ala ou como pivô, em um clube de Copacabana.

A paixão pela fotografia surgiu por acaso. Quando tinha 20 anos, um amigo o convidou para fazer um curso e, alguns anos depois, passou a dar assistência para um fotógrafo. A partir daquele momento, sua carreira decolou.

Estudou fotografia na School of Visual Arts of New York. Começou a trabalhar na Ed.Bloch, depois no Jornal do Brasil, onde também atuou como sub-editor e editor de fotografia. Como freelancer atende: COB, Coca-Cola, , Ed. Abril, Ed. Globo, H.Stern, Universal Channel, PETROBRAS, entre outros. Vencedor de um prêmio FINEP, organizou a exposição individual “Um Rio de Atletas” e participou das coletivas ¨Efiges¨, ¨Paisagens Inventadas¨ e ¨Fotógrafos Brasileiros”.

Tem fotografias publicadas no livros : “Rio de Janeiro–Retratos da cidade” ,”Mangueira, uma nação verde e rosa” e “Fotógrafos Brasileiros”.

Se o sucesso como fotógrafo não para de crescer, o mesmo não se pode dizer do desempenho nas peladas. Por já ter rompido o ligamento e também sentir fortes dores na coluna, precisou pendurar as chuteiras antes da hora. 

– O Pugliese brilhou em muitos gols graças aos meus passes! – lembra Ismar Ingber.

Confira as fotos:


O craque Júnior com a camisa da Juventus, time em que jogava nas areias de Copacabana


Em um trabalho de publicidade para a marca Monark, em um clube no Alto da Boa Vista, Pelé é clicado pelas lentes de Ismar.


Logo depois de marcar o golaço contra a Argentina, na Copa América de 2004, Adriano posou para o registro de Ismar.


Ismar registrou o exato momento em que Edmundo discute com o árbitro Luís Antônio Silva Santos, o Índio.

LETRA E MÚSICA

por Cláudio Vieira

Talvez poucos percebam, principalmente com essa manhã nublada e chuvosa anunciada pelo Climatempo. Acima das nuvens, porém, o sol estará mais intenso. Mesmo predominando as pancadas previstas para a noite deste sábado, aproveite os intervalos e dê uma espiada neste misterioso céu de Escorpião: as estrelas desfilarão fulgurantes, metálicas, no doce compasso cadenciado do Samba.

Quis o Zodíaco, em seus mapas indecifráveis, que o dia de hoje fosse marcado por um curioso encontro entre cometas nascidos no mesmo dia, o 12 de novembro. Um, no Meier, em 1941; o outro, em Botafogo, no ano seguinte. São cometas escorpianos, criadores, inspiradores e torcedores de times diferentes, rivais até a alma. Um é rubro-negro; o outro, vascaíno. E hoje eles se cumprimentam cavalheirescamente, cruzando o céu do Rio de Janeiro.

Observe que conjugo os verbos no presente, pois cometas possuem vida eterna. Estão e estarão sempre milhões de anos-luz à nossa frente, traduzindo as coisas do povo em versos que embalam nossas almas. São transformadores e, como tais, nos ensinam a trocar decepções por poesia, frustrações por fantasia. 

São poetas que possuem inúmeros parceiros, embora jamais tenham feito um samba juntos. E, acredite!, faziam parte da mesma Ala de Compositores, a da Portela.

O cometa João Nogueira, um dia, resolveu partir para criar uma nova galáxia, como a velha Portela, ganhadora de títulos, imbatível no quadro de medalhas. Fundou a Tradição, cuja luminosidade, porém, vai esmaecendo ano a ano. Já o cometa Paulinho da Viola também ficou muitos anos fora da órbita de sua Escola, embora jamais tenha negado que ela foi o Rio que passou em sua vida – aliás, enredo que Paulo Barros desenvolve para 2017.

Se a cada 75 anos a passagem do cometa Halley é festejada em toda a Terra, o que devemos fazer para comemorar a passagem desses dois cometas cariocas que acontece todos os anos, nessa data? 

Hoje é dia de cantar, sorrir, acertar no milhar, arrebentar na mega-sena e acreditar que a vida vai melhorar. É dia de amar. E de dar um jeito para ser feliz.

Está no Evangelho, segundo João e Paulinho.