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Concentração

OS QUATRO (E MAIS OS SETE E TODOS OS OUTROS)

por Claudio Lovato


(Foto: Marcelo Tabach)

Na concentração no hotel

O goleiro tenta disfarçar a tensão.

O lateral esquerdo é pura euforia.

O volante está revoltado.

O atacante mantém a autoconfiança.

No ônibus para o estádio

O goleiro está calado.

O lateral esquerdo puxa a batucada.

O volante olha para a rua e só o que vê é um lugar ruim.

O atacante anda pelo corredor.

Na preleção no vestiário


(Foto: Marcelo Tabach)

O goleiro sabe que não é o preferido do técnico (é o terceiro goleiro e enfrenta a desconfiança do treinador; é a cartada que sobrou, a solução que restou à mão, e isso fica bem claro nas palavras do chefe).

O lateral esquerdo ri e leva tapas na cabeça (é benquisto por todos, até pelo técnico, que embora seja, como todos sabem, um sujeito mal-humorado, faz brincadeiras com seu jogador durante a prelação).

O volante que ir embora do clube (é vaiado em todos os jogos, não importa o quanto se esforce, não interessa mais se tem bom desempenho nas partidas ou não).

O atacante faz uso de toda a experiência que conseguiu acumular (não faz gol há oito jogos, uma seca inédita na carreira).

No aquecimento no gramado

O goleiro recebe o apoio de todos os companheiros de defesa – e alguns esparsos gritos de apoio do pessoal da organizada que fica atrás do gol.

O lateral esquerdo vai ser pai a qualquer momento – e se marcar gol hoje vai, sim senhor, fazer igual a Bebeto na Copa de 94.

O volante é xingado pelos torcedores das sociais – quer mostrar a eles o dedo médio, mas não o faz porque tem uma grande fé em si mesmo e em sua capacidade de dar voltas por cima e sabe que sempre há um outro dia, o amanhã.

O atacante diz para si mesmo: “Hoje a inhaca termina”.


(Foto: Reprodução)

Quando soa o apito do juiz

Todos os quatro – e mais os outros sete que estão com eles, irmãos de armas ali colocados pelo destino ou pelo mais puro acaso, o que pode significar exatamente a mesma coisa – então partem para a luta, vão para cima do adversário, vão fazer o melhor que podem, vão ser quem podem ser, nem mais nem menos que isso, porque não há outra coisa neste mundo de Deus que possam fazer agora.  

 

 

Fotos tiradas originalmente para a matéria “O Maquinista”, sobre o time de pelada “Trem da Alegria”, do craque Afonsinho.

PAINEIRAS, ENFIM!


O ex-jogador Edinho marcou presença na apresentação do hotel para os jornalistas


Hotel das Paineiras: Pelé e Didi jogam damas ao lado de Belini e Gilmar (sentados). Em pé (esq. p/ dir.), Zequinha, Mauro, Paulo Amaral e Zito. 07/05/1962 / Agência O Globo
 

Palco de inúmeras concentrações da seleção brasileira e de vários times cariocas, o Hotel das Paineiras, próximo ao Corcovado, vai ser reinagurado oficialmente neste sábado, no Rio de Janeiro. Construído em 9 de outubro de 1884 para ser a casa de verão de D. Pedro II, o grande estabelecimento foi arrendado pela Associação Educacional Veiga de Almeida em 31 de outubro de 1984. A apresentação do hotel reformado ocorreu ontem para os jornalistas e contou também com a presença de ex-jogadores, como o craque Edinho, atualmente comentarista do SporTV.

Ex-ponta da Máquina Tricolor, Zé Roberto Padilha deixou um depoimento bem bacana, lembrando seus tempos de jogador, quando se concentrava no sofisticado hotel:

“O Fluminense concentrava ali entre 1971 e 1975, quando mudamos para o Hotel Nacional. Em frente ao hotel, toda terça tinha largada comandada pelo Parreira para a corrida de 5 km, uma enorme subida em que eu, Edinho, Rubens Galaxe, Toninho, Pintinho e Cafuringa disputávamos o ouro olímpico. Certa vez encontrei o Abel Braga, nosso zagueiro, liderando no km 3. Pegou uma carona em uma kombi e surgiu por um atalho. Mas era zagueiro, perdoamos. Se existisse delação premiada, quem sabe? Valendo uma vaga naquele time….”