Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

UMA COISA JOGADA COM MÚSICA – CAPÍTULO 49

15 / fevereiro / 2024

por Eduardo Lamas Neiva

Zé Ary aproveita a breve dispersão do público e uma pausa na resenha da mesa principal do bar Além da Imaginação após a execução de “Escola de Feola” para pôr no aparelho de som “Brasil campeão do mundo”, de Aldemar Paiva e Nelson Ferreira, interpretada por Claudionor Germano, acompanhado por orquestra e o Coro Mocambo.

https://discografiabrasileira.com.br/fonograma/167575/brasil-campeao-do-mundo

Com o fim da execução de mais uma homenagem à seleção brasileira de 1958, Vicente Feola voltou a ser o tema da mesa.

João Sem Medo: – Em clube, Feola só dirigiu o São Paulo e o Boca Juniors, da Argentina.

Idiota da Objetividade: – Tudo indicava que Feola fosse o técnico na Copa de 62.

Garçom: – Garrincha ganhou aquela Copa pra gente, não foi?

João Sem Medo: – Pra começo de conversa, gosto de afirmar que se Garrincha fosse espanhol, a Espanha teria ganho o negócio. Se fosse inglês, naquele dia dos 3 a 1, nós teríamos entrado pelo cano para os ingleses. Mesmo contra o impetuoso, mas modesto Chile, se o Mané não mete aqueles dois logo de cara, confesso que não arriscaria nada. Se estou dando berro a favor de Mané Garrincha é porque jamais se pode admitir que lhe roubassem outra vez um título que, de justiça, já deveria ter lhe pertencido desde 58, quando entrou num time que vinha jogando mais ou menos, igual aos outros, e que depois da entrada do cobra no jogo contra a Rússia passou a ser uma máquina infernal. Viva Garrincha! Daqui a 400 anos, toda vez que falarem de futebol terão de falar de Mané Garrincha.

Ovacionado mais uma vez pelo público presente ao bar, Mané Garrincha se levanta e agradece mais uma vez a todos, em especial a João Sem Medo. Zé Ary aproveita a deixa.

Garçom: – Vamos aproveitar para homenagear mais uma vez Mané Garrincha, então?

Músico: – Claro que sim, como se vê todos concordam. Vamos chamar ao palco o grande saxofonista Luiz Americano, um mestre do nosso choro.

Luiz Americano vai ao palco aplaudido por todos.

Luiz Americano: – Obrigado! Se é pra enaltecer este grande gênio do nosso futebol, a música chama-se simplesmente “Garrincha”.

Músico: – E isso resume tudo, vocês vão ver. Ou melhor, ouvir.

O público no bar caiu na gargalhada com a maestria de Luiz Americano ao representar as risadas do povo com os dribles do Mané no saxofone. João Sem Medo, Ceguinho Torcedor e Sobrenatural de Almeida se levantam para aplaudi-lo de pé, juntamente com todos que estavam no Além da Imaginação. Uma epopeia!

Rindo muito, Garrincha vai ao palco e dá um abraço apertado no saxofonista.

Luiz Americano (emocionado): – Muito obrigado! Muito obrigado! Muito obrigado por tudo, Mané.

Ambos saem do palco abraçados como se fossem amigos de longa data. E a resenha volta a esquentar.

Ceguinho Torcedor: – A partir da vitória de 62 sumiram todos os imbecis, não havia mais um idiota nesta Terra. Passamos a ser 75 milhões de reis, até mesmo o bêbado tombado na sarjeta, com a cara enfiada no ralo, também era rei. Ninguém tinha dúvidas da vitória. E sofríamos porque há também a angústia da certeza. Amigos, nunca foi tão fácil ser profeta. Nós sentíamos o Bi, nós o apalpávamos, nós o farejávamos.

Sobrenatural de Almeida: – Tirei o Pelé de campo e da Copa contra a Tchecoslováquia pra provar que o Brasil podia vencer sem seu rei.

Ceguinho Torcedor: – Feliz o povo que, na vaga de um gênio, põe outro gênio. Amarildo, o Possesso, surgiu contra a Espanha e foi o novo Pelé proclamado. E Garrincha? Foi o gênio duplo do escrete. Era genial por si e por Pelé.

Garçom: – E pra cantar os nossos gênios da bola, só mesmo mais um gênio da nossa música. Jackson do Pandeiro, por favor, venha ao palco.

Sob aplausos, Jackson do Pandeiro se encaminha para o palco e, sem perder tempo, vai direto ao assunto com a banda.

Todos aplaudem muito.

Jackson do Pandeiro: – Este foi o “Frevo do bi”, composto por Braz Marques e Diógenes Bezerra. Muito obrigado, minha gente! Em especial o meu agradecimento vai pro Zé Ary, que se mostrou um grande dançarino.

Todos riem. E aplaudem.

Jackson do Pandeiro: – Só um esclarecimento: esta música foi feita e gravada antes da Copa de 62.

Garçom: – Ah, por isso a letra fala tanto do Pelé, que acabou jogando só duas partidas.

Jackson do Pandeiro: – Isso mesmo. Obrigado.

Jackson do Pandeiro sai do palco aplaudido de pé e se direciona à sua mesa.

Quer acompanhar a série “Uma coisa jogada com música” desde o início? O link de cada episódio já publicado você encontra aqui (é só clicar).

Saiba mais sobre o projeto Jogada de Música clicando aqui.

“Contos da Bola”, um time tão bom no papel, como no ebook.

Tire o seu livro da Cartola aqui, adquira aqui na Amazon ou em qualquer das melhores lojas online do Brasil e do mundo.

Um gol desse não se perde!

TAGS:

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *