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PERSONIFICAÇÃO DE UM ESPÍRITO GUERREIRO

22 / dezembro / 2020

Jogador do Grêmio nos anos 50 e 60, Milton Kuelle, o “Formiguinha”, foi campeão gaúcho nove vezes e fez parte de uma das linhas ofensivas mais idolatradas do clube em todos os tempos

por Cláudio Lovato Filho


Nos anos 50, sob o comando do lendário técnico Oswaldo Rolla, ele já jogava um futebol muito à frente de seu tempo. Meia-esquerda destro de muita movimentação, ajudava na defesa, às vezes se tonando quase um outrozagueiro, armava o jogo e, dono de aguçado faro de artilheiro, chegava à área adversária para fazer as redes balançarem, tanto que  é o oitavo maior goleador da história do Grêmio, com 129 gols.

Nascido em Porto Alegre, Milton Martins Kuelle completa 87 anos neste 22 de dezembro. Disputou 502 partidas pelo Grêmio, número que faz dele o sexto jogador que mais vezes vestiu a camisa do clube – o único que defendeu.Começou como juvenil, em 1952, aos 19 anos. De 1953 a 1965 foi nove vezes campeão gaúcho. Formou com Marino, Gessy, Juarez e Viera uma das mais celebradas e idolatradas linhas ofensivas do Tricolor em todos os tempos. Os cinco jogadores estão entre os 11 maiores artilheiros da história do Grêmio.

Milton foi um dos jogadores da mais completa confiança de Oswaldo Rolla, o Foguinho, que costumava dizer: “Para jogar no meu time não basta ser bom. Tem que correr”. Detentor de excelente preparo físico, Milton corria. E jogava. E defendia. E marcava. E armava. E fazia gols. E corria mais. Não por acaso ganhou do jornalista Mendes Ribeiro o apelido de Formiguinha.

A vida de jogador começou em 1952, como juvenil, quando a casa do Grêmio ainda era o Fortim da Baixada, no bairro Moinhos de Vento. Pouco mais de dois anos depois, em 19 de setembro de 1954, Milton participou do jogo inaugural do Estádio Olímpico: vitória do Grêmio sobre o Nacional, do Uruguai, por dois a zero. E, alguns dias antes de completar 79 anos, deu uma demonstração de seu talento para o público que assistiu a inauguração da Arena, em 8 de dezembro de 2012. Milton, naquele dia, conquistava assim a honra de ter pisado no gramado das três casas do Grêmio.


Formado em Odontologia na PUC-RS com o dinheiro que ganhou no futebol, Milton nunca se desligou do clube. Aliás, muito ao contrário disso. Foi técnico do Grêmio entre novembro de 1972 e agosto de 73 e, mais adiante, em 80, respondeu como técnico interino. Na campanha do primeiro título do Campeonato Brasileiro do clube, em 81, era o diretor de futebol, cargo que voltaria a ocupar em 99, quando o Grêmio levantou a taça da Copa Sul. Um dos maiores heróis gremistas, legenda tricolor, personificação do espírito de luta e do brio que estão contidos em cada segundo da existência do Grêmio, Milton prossegue hoje em plena atividade no dia a dia do clube, como conselheiro. 

Em outubro de 2012, pouco tempo antes da última partida realizada no Olímpico, ele declarou em reportagem da Band TV realizada no gramado do estádio: “Aqui é a minha catedral. Qual é a minha religião? Sou gremista”.

E nessa mesma ocasião, ao relembrar seus tempos de jogador, disse: “Ouvir a torcida gritar o nome da gente… Tem alguma coisa melhor que isso?”

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