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PELÉ EM 3 TEMPOS

7 / junho / 2022

por Péris Ribeiro

1) 1951 –

  • Deixa eu entrar?
  • Que é que há, garoto! Não vê que é muito pequeno?
  • Mas sei jogar…
  • Então entra. Rápido!

Canelas finas, olhar comprido, o negrinho mirrado tinha apenas escassos minutos para mostrar o que sabia. O diabo é que sabia mesmo; E jogava tanto, que virou o destino daquela simples pelada em Bauru. Bastaram os poucos minutos que lhe deram.
Ninguém via, sequer percebia. Mas ali começava a se consagrar um Rei.

1958 –

Um drible seco em Borjesson, um chapéu em Gustavesson. Finalmente o toque sutil, desconcertante, no canto direito do incrédulo Svensson.

Pouco depois, fim de jogo. Brasil 5 x Suécia 2. Brasil, campeão do mundo pela primeira vez.
Lá em baixo, no campo, um menino de 17 anos acabava de ser coroado Rei do Futebol.

2) 1962-

Com o uniforme imaculadamente branco do Santos, são jornadas épicas. Memoráveis! O ápice acontece no ano seguinte, com o bicampeonato mundial de clubes; o bi da Libertadores da América.

E o Rei, soberano, segue reinando com a pompa de sempre.

1970 –

Pela Seleção Brasileira, eis que vem o tricampeonato mundial, nos altiplanos do México. E era de se ver um Pelé ungido, a realizar jogadas de puro sonho pelos gramados astecas.
Já nos ombros do povo, aquele inesperado sombrero não poderia servir-lhe de mais apropriada coroa.
Ali, ele era o Rei maduro em sua arte. A viver os rescaldos da glória…

3) 1999 –

Vejo Pelé e pergunto:

  • Seu ídolo maior. Dondinho?
  • Negativo. Zizinho!
  • Os motivos…
  • Olha, é que sem o Mestre Ziza talvez não existisse o Pelé. Como ele, sei que nunca havia aparecido outro igual. Driblava, criava, lançava e finalizava com a maior perfeição. Até na cabeçada era bom, apesar do tamanho, da baixa estatura. E era do tipo macho! Que não rejeitava parada em campo. Foi nele que me mirei. Ele foi o meu grande espelho.

E o Rei ainda teve tempo, de me lembrar uma certa historinha:

  • Em 1957, ali no comecinho da minha carreira, o São Paulo foi o campeão paulista. Mas, sei bem que só chegou lá, graças à genialidade do Zizinho. Era ele do lado de lá, dando o seu showzinho particular. E eu, do lado de cá, de olhos arregalados. Só aprendendo, aprendendo…

Detalhe: não muito tempo depois, Pelé, com apenas 17 anos, se consagraria o mais jovem campeão mundial da história. A camisa? A de número 10 do Brasil. E na volta triunfal, apenas quatro meses depois, ainda levaria o Santos ao título de campeão paulista de 1958. O recorde? 58 gols em 30 jogos – marca não igualada até hoje.
Lições, afinal, do venerável Mestre Ziza?

2022-
Se o Futebol,
é pura forma de religião,
que o Maracanã, então,
seja o templo.
A bola,
consagrada hóstia.
Pelé?
Deus!

TAGS: Pelé

1 Comentário

  1. Chico de Aguiar

    Texto excelente. Desnecessário dizer de quem viveu a fazer poesia em forma de prosa. Parabéns, sempre, ao José Péris Ribeiro, um mestre.

    Responder

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