MAIS UMA GUERRA – COMO OUTRAS TANTAS – VENCIDA
por Marcos Vinicius Cabral
Certamente na última segunda-feira (24), às 15h30 (horário de Brasília), os olhos do mundo estiveram voltados para a cerimônia do prêmio “Fifa The Best”, em Londres, que escolheu o melhor jogador do mundo na temporada 2017-2018.
No Royal Festive Hall – palco sagrado em que poucos pisaram -, com alguns metros de comprimento por alguns outros de largura, jogadores se digladiaram uns com os outros na busca pelo tão sonhado voto, e posteriormente, o tão cobiçado troféu de melhor jogador do mundo.
Não foi apenas uma simples votação de quem jogou mais bola e sim uma batalha campestre, em que o poder bélico de cada indicado foi colocado em prática à serviço da pátria de chuteiras.
Vale frisar que não foi um treino tático visando algum jogo importante e tampouco uma partida de 90 minutos: foi uma guerra!
Menos para um: Luka Modrić, de 32 anos e capitão da equipe croata no vice-campeonato na Copa do Mundo da Rússia!
– Obrigado aos meus fãs do mundo inteiro pelo apoio. Fico feliz pelo apoio que me deram desde sempre. Gostaria de agradecer aqueles que votaram por mim. Gostaria de mencionar o meu ídolo do futebol, capitão da Croácia na Copa de 1998, em nossa primeira participação, quando ganhamos o terceiro lugar. Aquele time mostrou que poderíamos conquistar coisas grandes e, por sorte… Tivemos a sorte de ser a mesma coisa para as próxima gerações. E mostramos que o sonho pode ser realidade! – disse Modric.
Nascido em um pequeno vilarejo chamado Modrici (plural de Modric, na língua croata), o pequeno Luka e seus familiares não tiveram opção quando em 1990, o país vivia em guerra por sua independência.
Quando houve então a secessão da Iugoslávia, a população sérvia – contrária ao movimento separatista – se juntou ao Exército iugoslavo para tomar o país.
A coisa estava tensa!
E ficou mais ainda, quando no final de 1991, o avô da estrela do Real Madrid – que coincidentemente se chamava Luka – passeava pelas colinas com seu gado quando párias de origens sérvias o sequestraram e em seguida o fuzilaram.
O mundo do pequeno Modrić desabou e aos 6 anos viu seu pai ser obrigado a servir ao Exército croata, sua família constantemente recebia ameaças de morte dos sérvios e a região onde moravam estava toda cercada por minas terrestres.
O terror físico e psicológico acabou obrigando-os a mudar para um hotel e com outras tantas famílias, se refugiando na cidade de Zadar.
Mesmo em meio ao território hostil de bombas, mortes e perseguições, havia no dono da camisa 10 da Croácia o sonho de ser jogador de futebol.
Contudo, na fase mais difícil da vida, fez do estacionamento do hotel um campo de futebol e ao som das explosões de granadas e morteiros, conviveu por um longo tempo com o perigo real e imediato.
E mesmo assim, ainda criança, deixou de driblar os veículos estacionados no concreto rachado daquele lugar e ingressou nas categorias de base do NK Zadar, clube local.
A dor existia dentro do pequeno Luka e sob forte pressão com os constantes ataques e a iminente marcação cerrada dos sérvios, soube se desmarcar, extraindo boas lições e cicatrizando aos poucos as feridas da alma.
Aos 12 anos, teve a chance de fazer parte do Hadjuk Split – seu clube de coração -, mas seu corpo franzino foi o responsável pelo não aproveitamento.
Com a persistência de um soldado de guerra, se profissionalizou aos 15 anos no Dínamo Zagreb e logo em seguida foi emprestado ao Zrinjski Mostar da Bósnia-Herzegóvina.
Entre idas e vindas, chegou à terra da Família Real em 2008, jogando pelo Tottenham, onde ganhou projeção internacional.
Atualmente joga no Real Madrid e disputou sua segunda Copa do Mundo – ficou em 22° lugar com a Croácia em gramados alemães em 2006 – e neste Mundial, apesar de não ter conquistado o título, fez os croatas se orgulharem de ter nele seu camisa 10, o equilíbrio da equipe muito bem treinada por Zlatko Dalic.
Portanto, venceu com 29,05%, o português Cristiano Ronaldo, que ficou com 19,08% e o egípcio Mohamed Salah, com 11,23%.
Se para os votantes (são técnicos e capitães das seleções, que não podem votar em jogadores de seu próprio país) essa eleição foi uma difícil missão, para Luka Modrić foi apenas mais uma guerra como as outras tantas que enfrentou desde 1985, quando veio ao mundo.
A CRUCIFICAÇÃO E RESSURREIÇÃO DO GOLEIRO NEGRO
por Paulo Escobar
Em meio a duzentas mil pessoas daquele Brasil e Uruguai de 50 vem um silêncio que ensurdece e se transforma num final de choro, para aquelas pessoas que ali se encontravam. E o silêncio não terminou alguns dias depois, mas continuou por décadas na vida do silenciado Barbosa, que pagou o maior preço de todos.
Barbosa Goleiro Negro, e porque a importância do negro no título? Pois além dos pesos que teve que carregar, um deles foi o de ter sido goleiro Negro no Brasil. O peso foi tanto que numa das conversas com Mirandinha, aquele da perna quebrada, comenta que quem descobriu ele como atacante foi o pai dele, pois o mesmo queria ser goleiro. Mas um dos conselhos do pai a Mirandinha foi de que Goleiro Negro no Brasil era sofrimento a exemplo do Barbosa.
Barbosa foi lembrado como o culpado da perda do título daquela final de 50, mas poucos lembram dele como o grande goleiro que ele foi. Quase ninguém comenta que foi aquele que fechava o gol no “expresso da vitória” do Vasco da Gama em tempos da inexistência dos treinadores de goleiros ou equipamentos de proteção que amorteciam quedas, ou do não uso de luvas.
Como goleiro sofreu fraturas algumas vezes ao se enfrentar aos atacantes. No primeiro ano de Vasco foram costelas, braço, dedos e assim Barbosa viveu de uma carreira árdua e sem todo o aparato que se vive no futebol de hoje.
Naquele fatídico domingo de julho o que Barbosa teve que enfrentar foi o começo da cruz que viria a carregar, as palavras que viria ouvir e o peso que se amplifica ainda mais num país carregado de racismo e que deseja ardentemente ainda hoje a derrota dos negros. O gol que o levou a ser enxergado como criminoso e que lhe custou o preço do martírio apagou a história do grande goleiro e humilde pessoa que Barbosa foi.
O que ele jamais imaginou antes daquele domingo, que mais parecia sexta-feira santa, era que se dirigia a sua crucificação e que o momento de alegria que ele esperava não se concretizou. Sempre penso o que será que Barbosa que se passou na sua cabeça, e como aquele homem de olhar humilde e sereno enfrentou essa culpa que lhe foi imputada. Numa das poucas entrevistas que anos atrás assisti na TV Cultura me lembro de ter chorado, num misto de tristeza e raiva, tristeza pela cruz que ele não escolheu carregar e raiva por ter sido crucificado.
Poucos foram os goleiros negros que tiveram na Seleção depois de Barbosa, poucos foram os que tiveram lugar de destaque mesmo sendo bons goleiros muitas vezes. Muitos carregaram o peso de serem comparados com Barbosa, não pelo grande goleiro que ele foi, mas pelo erro imputado a ele.
O futebol brasileiro tem uma divida com Barbosa, e penso que no Maracanã era o lugar que uma estátua deveria de ser feita a ele, como herói que teve que carregar o peso de uma culpa até sua morte, para nos lembrarmos o quão injusto fomos com ele. E como continuamos crucificando Barbosa no desprezo aos goleiros ou técnicos brasileiros por serem negros, mesmo num país de maioria negra. Vide Jefferson, que vem sendo colocado no ostracismo aos poucos ou a perseguição que Aranha sofreu em tantos estádios.
Barbosa foi crucificado num domingo de julho de 50, mas acredito que ele ressuscita quando um goleiro vence no futebol brasileiro que ainda depois de décadas continua dando mais oportunidades e prestígio a goleiros brancos.
A HISTÓRIA DOS UNIFORMES NAS COPAS
por Idel Halfen
Além das disputas esportivas que ocorrem na Copa do Mundo outras acontecem no campo do marketing, onde as marcas de equipamentos esportivos buscam através do fornecimento dos uniformes estar presentes não apenas aos olhos de quem acompanha o evento, mas, sobretudo, na mente dos potenciais clientes e em suas respectivas compras.
Para avaliar esse comportamento das marcas sob a ótica do marketing, a Jambo Sport Business desenvolveu um estudo que analisa as seleções e seus respectivos fornecedores desde a Copa de 1974, edição em que as logos dos fabricantes passaram a “aparecer” em alguns uniformes. Na verdade, apenas a partir da Copa de 2006 que os uniformes de todos os participantes do Mundial tiveram a logo do fornecedor incorporada às peças.
Independentemente das razões, é fato que algumas seleções costumam ter uma maior rotatividade de fornecedores do que outras. Apesar dessa maior “infidelidade” ser mais comum nas federações com menos tradição na modalidade, o que pode indicar que nessas organizações a relação “tempo de contrato/valores” é mais desfavorável, há casos de equipes campeãs do mundo entre as que mais trocam de fornecedores.
O estudo também avalia o posicionamento das marcas baseado em quatro variáveis:
• o nível de exposição, o que se obtém através da observação do número de seleções vestidas;
• a penetração no mercado, visto que é possível presumir que o suprimento à seleção propicia uma melhor distribuição e consequentemente maiores vendas naquele país;
• a distribuição global, pois o patrocínio a seleções reconhecidas mundialmente por praticarem um bom futebol faz com que a disponibilidade das camisas não fique restrita aos países dessas seleções;
• a associação a valores que remetam a sucesso e bom desempenho, afinal de contas, estar na camisa da equipe campeã permite não apenas uma maior exposição e desejo de consumo, como também fortalece os atributos ligados à performance e qualidade.
Diante do exposto, podemos concluir que as seleções mais tradicionais – aquelas em que as vendas de suas camisas não ficam restritas ao próprio país e que não são muito sensíveis aos resultados esportivos – são as mais cobiçadas pelas marcas esportivas, o que faz subir os valores dos contratos deixando assim o mercado mais seletivo.
Tais conclusões podem ser atestadas através da infinidade de números disponibilizados no estudo, os quais mostram que a Adidas, através de seu pioneirismo aliado a sua sólida estrutura, aparece em uma ótima posição nesse mercado, sendo em dez das doze edições de Copa do Mundo analisadas a marca com mais equipes no torneio. Desde 1974, a marca alemã supriu cento e trinta e uma seleções (40,9%), mais do que o dobro da Nike, que apenas a partir de 1998 passou a fornecer para as seleções que disputam o torneio em referência. Como 3ª força aparece a Puma sem ameaçar o protagonismo das líderes, mas que busca com foco no patrocínio individual a jogadores ter um lugar de destaque nesse concorrido mercado.
Para os que quiserem mais informações sobre o tema, o estudo está disponível no link: https://www.slideshare.net/jambosb/as-selees-e-suas-marcas-esportivas-1970-a-2018
1979/80; O PALMEIRAS E A PRIMEIRA DOR AO SOM DE KATE BUSH
por Marcelo Mendez
Era o ano da graça de 1979.
A vida seguia sendo algo bucólico no Parque Novo Oratório.
Nas calçadas ainda havia árvores, o começo da minha rua tinha uns 30 metros de terra, o gás era vendido em caminhões, na quinta-feira a caminhonete de Seo Dermival vendia tubaína para pagar no fim do mês. Na TV, minha mãe assistia a novela Pai Herói e no rádio, uma música dessa novela tocava o tempo todo…
Wuthering Heights era um sucesso de uma moça muito bonita, de voz aguda, chamada Kate Bush e minha prima Marlene, mesmo com o parco inglês que falava na época, tentava cantar junto. Bem, ele não conseguia, mas cantava mesmo assim…
Eu, menino de 9 anos, observava isso tudo, agora, com alguns outros interesses.
O Palmeiras estava voando naquele ano! Havia metido 5×1 no Santos, 4×1 no Flamengo, varreu com todo mundo no interior e tudo indicava que eu ia ver o Palmeiras ser campeão. Mas…
A Descoberta do Tapetão
Eis que ali, aos 9 anos de idade, descobri que o futebol tinha coisas para além do campo. E essas coisas quase sempre vinham para causar grandes problemas. Foi a primeira vez que ouvi a palavra “Tapetão” na vida…
O Palmeiras era só espetáculo!
O timaço de Telê Santana, passava por cima de todo mundo, com espetáculos de bola de Jorge Mendonça, Baroninho e Jorginho. Tudo ia muito bem, até a hora que o Presidente da federação teve la uma ideia para a fase final.
Na reta de chegada da peleja, Nabi Abi Chedid, marcou uma rodada dupla no Morumbi com direito a venda de direitos de transmissão para a TV.
Corinthians e Ponte Preta fariam a preliminar de Palmeiras e Guarani, no dia 11 de novembro.
Alegando que seu time não poderia fazer o jogo preliminar e que a sua torcida era maior que as outras três juntas, o presidente corintiano Vicente Matheus não aceitou a proposta da rodada dupla. O Corinthians não participou do evento e entrou na justiça, paralisando o campeonato.
A pendenga se arrastou e os jogadores entraram de férias obrigatórias. O campeonato só seria decidido no ano seguinte e, em janeiro. E 1980, não me parecia começar muito bem…
A Canelada de Biro Biro doeu em mim
Na semifinal contra o Corinthians, o primeiro jogo já havia terminado em 1×1 e isso jamais aconteceria se o campeonato não tivesse sido paralisado. O Palmeiras tinha muito mais time, muito mais brilho. Mas em janeiro, já não tinha mais as mesmas pernas…
No segundo jogo, após perder dois caminhões de gols, o Palmeiras vê uma cobrança de escanteio perambular na sua área. Após um bate-rebate, a bola Drible branca, encontra a canela de Biro Biro e chutada por esta, vai calmamente morrer no fundo da meta de Gilmar.
Atônito, estarrecido, em choque, vi aquilo acontecer. Como era possível?! Um time como o nosso, com a campanha que fez, ser eliminado com um gol de canela? E do Corinthians!!!!
Foi demais.
Naquele dia, não quis jantar. Também não fui até a sala ver a novela Pai Herói como a família, nem ouvir a música da moça bonita de voz aguda.
Fui pra meu quarto e o mundo dos adultos, no caso, representado por minha mãe, respeitou minha dor.
No escuro do meu quarto, procurei não sofrer, pensando que logo mais haveria outros campeonatos para o Palmeiras jogar, que dor latente logo mais passaria. Mas não consegui.
Naquele dia, senti que algo não estava bem. Que um tormento estava acontecendo.
Mal sabia que fosse ser o que viria pela frente…
Rondinelli + Dinamite
a grandeza do futebol
entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça | foto: Marcelo Tabach | vídeo: Daniel Planel |
Não é por acaso que o Carioca foi eleito o campeonato mais charmoso do Brasil. Maracanã abarrotado de torcedores apaixonados, os lendários personagens da geral e os craques que desfilavam nos gramados, inclusive nos time considerados pequenos, eram apenas alguns dos atrativos da competição em um passado glorioso.
O ano era 1978 e o Carioca reunia todos esses ingredientes citados acima. Na decisão, mais de 120 mil torcedores se espremeram nas arquibancadas de cimento para acompanhar a final entre Flamengo x Vasco. Comandado por Roberto Dinamite, o Gigante da Colina lutava pelo bicampeonato consecutivo, mas não contava com uma cabeçada fulminante de Rondinelli, o Deus da Raça, que estufou as redes do goleiro Leão e garantiu o caneco para a Gávea.
Prestes a completar 40 anos, o lance nos motivos a proporcionar mais um encontro daqueles: Rondinelli e Roberto Dinamite. Sem saber que havíamos preparado todo o terreno para o “rival” chegar de surpresa no Pizza Park da Cobal do Humaitá, o ídolo rubro-negro relembrava os bastidores daquele dia, enquanto os parceiros Marcinho Nunes e Márcio Figueiredo ouviam atentos.
– Em 76, Zico e Geraldo perderam os pênaltis (pela Taça Guanabara). No ano seguinte, Mazarópi pegou o de Tita. A gente estava na berlinda em 78, tinha que ganhar. Não tinha conversa! – revelou o xerifão.
O curioso é que pouco antes de explodir o Maraca, Rondinelli perdeu uma disputa de bola com Dinamite, que colocou Paulinho na cara do gol. Por sorte dos flamenguistas, o vascaíno não aproveitou a chance.
– Eu ia ficar de vilão!
Rondinelli ganhou o apelido de Deus da Raça após arrastar o rosto no chão para salvar uma bola.
Nesse momento, Dinamite surgiu já com a camisa cruzmaltina e deu um longo abraço no Deus da Raça. Daí em diante a dupla deu uma verdadeira aula de resenha, revelando os bastidores e relembrando os duelos travados dentro de campo. Humilde, Rondinelli lembrou logo de um jogo em que cometeu um pênalti no craque, que não perdoou:
– A gente se embolou no lance anterior. Na bola seguinte, entrei na área, ele quis revidar, me joguei e o árbitro deu pênalti! Se ferrou! – disparou Roberto, para a gargalhada da rapaziada.
Vale ressaltar que naquela época os craques costumavam se enfrentar desde a categoria de base e com a dupla não foi diferente. Além de tudo que envolve um Flamengo x Vasco, os jogadores tinham uma identidade com o clube formador.
– Se eu morresse dentro de campo, eu morreria feliz! – disse Rondinelli.
É claro que a histórica decisão de 78 não ficaria de fora da resenha. Enquanto o zagueiro rubro-negro jura que Dinamite ficou parado no ataque ao invés de acompanhá-lo no lance decisivo, o artilheiro garante que estava na área ajudando na marcação.
As imagens não mentem e assistindo ao vídeo vocês poderão tirar suas próprias conclusões. Mas fato é que aquele lance ajudou a quebrar um tabu e, inclusive, muitos dizem que marcou o ínicio de uma época de ouro do Flamengo.
O mais importante, no entanto, é o carinho e o respeito que os dois têm um pelo outro, mesmo tendo atuado por equipes rivais desde sempre:
– Era um duelo com muito respeito e é por isso que hoje estamos aqui. Você é um símbolo, Rondi! Nós fomos grandes adversários, às vezes a gente ficava puto dentro de campo, mas aprendemos a nós respeitar. E é isso que fica! – finalizou Dinamite!
Com uma felicidade que beirava o sentimento dos flamenguistas após aquela decisão no Maracanã, saímos do encontro de alma lavada!