O PRESENTE
por Claudio Lovato
“Quase que não consigo!”, ele diz para si mesmo, esbaforido, num sussurro de alívio, de pé no metrô, a caminho de casa. “Caraca”.
Véspera de Natal, quatro e meia da tarde, e só agora ele conseguiu tomar o caminho de casa.
A saída apressada da seguradora em que trabalha como auxiliar administrativo. A ida de ônibus para o estádio, para a loja do clube – porque a compra tinha de ser feita lá, na loja do estádio.
Compra parcelada em seis vezes no cartão de crédito que ele vinha cuidando de manter rigorosamente em dia desde setembro.
Do estádio para o metrô, que chacoalha. Ele se preocupa com a sacola que tem o distintivo do clube em tamanho grande, quase gigante; cuida para que ninguém, na aglomeração do trem lotado, amasse ou rasgue ou suje aquela embalagem que, por si só, já significa muito, já é praticamente o presente.
O metrô chega à estação de todo o final de dia, e ele, saindo do vagão, olha para dentro da sacola, para checar se o conteúdo ainda está ali. (E se não estivesse? Não, ele não consegue nem por um segundo pensar nessa hipótese.)
Na praça, a duas quadras de casa, ele sente que conseguiu, sente uma inédita onda de euforia que faz com que tenha vontade de sorrir e apressar o passo, correr.
Agora ele está quase correndo mesmo, a sacola com o distintivo do clube bem segura na mão direita, e, quando vira a esquina e vê que o menino está na porta da casa, tenta se controlar, tenta aparentar o pai que é, ou o pai que imagina ser, e então reduz a velocidade e contém o sorriso e respira fundo, mas é tudo muito forte, um fluxo de emoção potente demais, de maneira que só o que ele consegue fazer quando chega diante do menino, a menos de um metro dele, é dizer “toma, é o teu presente”, e o menino abre a sacola e de dentro dela tira uma camisa oficial do clube, o clube que aprendeu a amar indo ao estádio e vendo jogos na TV com aquele homem que está ali à sua frente, seu pai. E é nesse exato momento que, lá dentro da casa, assistindo a tudo, uma mulher – esposa, mãe – sente uma onda de profundo amor que é maior do que tudo que já sentiu na vida.
SERGINHO, DO PAVIO CURTO AO ARTILHEIRO ALTRUÍSTA
por André Felipe de Lima
O repórter José Maria de Aquino sempre soube das coisas. Em dezembro de 1974, o grande mestre do jornalismo esportivo escreveu sobre quem disputaria a vaga de centroavante deixada por Mirandinha, que sofrera contusão gravíssima no mês anterior. Especulou quatro nomes: Picolé, Terto, Silva e a jovem promessa Serginho, o nome que mais agradava o técnico Poy, goleirão que fez história no Tricolor paulista campeão de 1957. Foi Poy quem lançou o rapaz no time de cima. Serginho não estranhou tanto. Embora atuando mais como ponta-esquerda no time juvenil, sentiu-se à vontade no meio do ataque. Humilde, Serginho reconhecia suas limitações, mas sempre se mostrou altivo — o que ao longo da carreira confundiam com arrogância. Mesmo assim, Serginho, convenhamos, sempre foi pavio curto. Aquino ouviu o rapaz:
“Sou mais lento, mas sei jogar perto da área, tenho bom domínio de bola, gosto de limpar o lance, chuto forte e prefiro só tentar o gol quando sinto a chance concreta de fazê-lo. Espero que passem bolas curtas e não na corrida. Bola no pé e não na frente, Façam isso e deixem o resto com o Serginho aqui. Só vou lamentar, como já estou, que minha chance tenha surgido dessa maneira, com o Mirandinha machucado. Mas vou aproveitá-la porque sei que ele vai estar torcendo por mim.”
O menino tornou-se homem e artilheiro. Um dos mais singulares do São Paulo em todos os tempos. Brilhou também no Santos e contou, nos dois clubes, com os melhores garçons que poderia ter para seus infindáveis gols. No Tricolor, creio que Renato (ídolo também do Guarani) tenha sido o melhor deles; no Santos teve dois excepcionais passadores de bola: Paulo Isidoro e depois Pita. Mas como esquecer-se do Serginho da seleção brasileira de 1982? Com Reinaldo e Careca fora do escrete de Telê Santana, que, por sua vez, não era muito fã de Roberto Dinamite, Serginho foi o titular na Copa do Mundo realizada na Espanha. Não brilhou naquele time que contava com gênios da estirpe de Junior, Leandro, Falcão, Sócrates e Zico. Inclusive perdeu gols incríveis e até se indispôs com Zico em um lance capital no jogo contra os italianos. Partida, aliás, em que marcou um de seus três gols naquele Mundial. Os outros foram contra Nova Zelândia e Argentina. Mas não há como negar que Serginho foi marcante no futebol brasileiro. “Não sou craque. Sou um goleador. Os gols que marco não são bonitos nem feios. Podem ser até importantes e decisivos. Para mim são apenas gols”, respondia aos críticos de plantão.
Foi grande goleador, mas também enfrentou a fama de rebelde e indisciplinado em várias ocasiões, como aquela em que chutou, sem dó, a canela de um bandeirinha. E tome “gancho”. Chulapa jamais receberia um prêmio Belfort Duarte. Mas há um Serginho que pouca gente conhece: o altruísta. Certa vez ele acolheu um jovem conhecido como Bimbão. Praticamente o adotou e fez dele seu secretário.
Serginho sempre deixou confusos jornalistas e torcedores com o seu estilo bateu-levou que se misturava ao do cara gente fina, de coração ilimitado e de alteridade fora da curva. Ajudava sempre os meninos pobres das divisões de base dos clubes que defendia. Separa uma parte do “bicho” que recebia após os jogos e a doava aos garotos. Uma vez, um menino o abordou em um restaurante e pediu uns trocados para comer. Serginho o convidou para que se sentasse à mesa com ele, mas o gerente vetou a entrada do pedinte no estabelecimento. Serginho teve apenas uma reação: levantou-se e, surpreendentemente, saiu do restaurante e ingressou em outro com o menino.
Esse é o Serginho, um paulistano do bairro Casa Verde. Hoje ele faz anos. Nasceu em 1953.
As notórias desavenças e brigas em campo representam, em números, pouco quando comparadas às vezes em que balançou as redes. Só no São Paulo, que defendeu de 1973 a 1983, foram 243, em 401 jogos, com 210 vitórias e 113 empates. Marca que o faz o maior goleador da história do Tricolor. Deixou o Tricolor apenas em 1973, quando foi emprestado por alguns meses ao Marília. Retornou e ajudou o São Paulo a ser campeão paulista em 1975, 80 e 81 e brasileiro em 1977. Ano, aliás, em que ficou suspenso por quatorze meses por chutar a canela do tal bandeirinha. O resultado da destemperança foi ficar fora da lista dos convocados para a Copa do Mundo de 1978, na Argentina.
Em 1983, Serginho chegou ao Santos sob críticas contundentes de cartolas da oposição que preferiam o jovem Careca a ele. Na Vila, o comportamento continuou o mesmo: polêmico e cheio de gols dentro de campo, generoso e doce fora dele. Logo no primeiro ano, Serginho fez 21 gols com a camisa do Peixe no Brasileiro, uma marca ainda não superada por nenhum jogador do time da Vila Belmiro. Qual santista hoje na faixa dos 50 anos não se recorda do gol de Serginho na final do Paulistão de 1984, que pôs fim ao sonho dos corintianos de serem tricampeões? “Tiramos o tricampeonato do Corinthians e, pelo sabor especial, assim que cheguei no vestiário tomei mais da metade de uma garrafa de uísque. Fiquei até mal de tanto que bebi.”
Gols, títulos e sopapos. Foi assim a trajetória de Serginho no Santos. A decisão do campeonato brasileiro de 1983 entre Flamengo e Santos, no Maracanã, é emblemática. Possesso, o centroavante partiu para cima de um fotógrafo. Chulapa foi condenado a três anos de prisão, mas cumpriu dois em liberdade. Dessa, ele não escapou e teve a imagem desgastada no Santos, que negociou o passe do jogador em 1985 com o Corinthians. Pelo clube da Vila Belmiro, é o maior artilheiro da era pós-Pelé, com 104 gols. Já pelo Timão, disputou 38 jogos, venceu 15, empatou 14 e marcou 14 gols. Ao deixar o Parque São Jorge para regressar ao querido Santos, disse ironicamente: “Estou de volta, depois de um ano de férias no Corinthians.”
E o craque realmente não era muito afeito ao Parque São Jorge. Desde a época em que defendeu o São Paulo. Aliás, no clássico entre os dois times, Serginho é o segundo maior goleador, com 15 gols. Só perde para Teleco, atacante do Timão, que marcou 25 entre os anos de 1930 e de 40. Mas contra o Santos, apesar da “paixão” pública pelo clube praiano, Serginho, nos tempos de Tricolor, balançou a rede 21 vezes, só perde para Pelé, que marcou 31 gols contra o time do Morumbi no clássico “SanSão”. Também contra o Santos, nos dois jogos — da final do campeonato paulista de 1980 — ambos terminaram 1 a 0 para o Tricolor —, Serginho fez dois gols. São Paulo, Santos, Corinthians e… Santos, novamente. A segunda incursão foi, contudo, breve. Seguiu para o Marítimo, de Portugal. O clube da Vila Belmiro o repatriou em 1988. Não demorou muito, reiniciou a peregrinação comum de jogadores em fim de carreira. Passou pelo Atlético de Sorocaba [1989], Santos, novamente [1990], Portuguesa Santista [1991] e São Caetano [até 1993], clube no qual encerrou a carreira.
Terminada a carreira de jogador, o irascível Serginho tentou a sorte como treinador. E mais confusão no currículo. Bastou uma pergunta de um repórter para tirá-lo do sério. Acertou uma cabeçada no rapaz e disse na época um “ponderado” Serginho: “Tenho momentos de explosão, mas quem não os tem? Fui profissional, trabalhador e nunca me preocupei com esse negócio de imagem”. Em outra ocasião, deixou o banco de reservas e partiu para cima de Zé Teodoro, que havia feito uma falta violenta em Sérgio Manoel. Um quiproquó monumental que lhe rendeu mais uma suspensão no seu currículo. 120 dias de gancho. Treinador no Guarani, Serginho se desentendeu com o cartola bugrino José Giardini e chutou-lhe a parte que todo o jogador protege quando está em uma barreira diante de um cobrador de faltas.
Mas a trajetória de Chulapa foi feita, sobretudo, de gols. E foram 482, como apontam dados da revista Placar. Além dos 243 pelo São Paulo e dos 104 pelo Santos, Serginho marcou 42 com a Portuguesa Santista; 20, com o Marília; 37, no São Caetano; 14, no Corinthians; nove pela seleção brasileira; nove pelo Marítimo; dois com o Atlético Sorocaba, em 1993 e dois pelo Jabaquara, em 1994.
Serginho entrou para a história do futebol brasileiro. Queiram ou não.
GRUPO CARIOCA LEONINO AMIGOS DO SPORTING
No ano de 2012, durante as boas atuações da equipe do Sporting Clube de Portugal na Liga Europa da temporada 2011/2012, os amigos Sergio Rodrigues de Frias, João Carlos Guimarães Beltrão e Rodrigo Moura Quintas, todos admiradores e fãs da história do Sporting Clube de Portugal, das cores e do emblema do Sporting, tiveram a ideia de criar uma confraria sportinguista na cidade do Rio de Janeiro. Foi assim que no dia 29 de março de 2012, após uma vitória da equipe de futebol do Sporting num jogo contra a equipe do Metalist pela Liga Europa, foi criado oficialmente o Grupo Carioca Leonino Amigos do Sporting.
A finalidade principal do Grupo Carioca Leonino Amigos do Sporting é a de ser uma confraria de amizade social, esportiva e cultural sportinguista, congregando todas as pessoas que gostem do Sporting Clube de Portugal e de sua história e que também gostem das cores, da camisa oficial e dos símbolos do Sporting Clube de Portugal, sejam elas sócias do Clube ou nem sejam sócias do Clube, sejam elas brasileiras, portuguesas ou de qualquer outra nacionalidade, com o propósito de promover encontros de confraternização, festas e almoços de confraternização no sentido de unir todos os participantes em prol da valorização da história e do sentimento de admiração por esse grande Clube português, e ao mesmo tempo, em prol do sentimento de amizade e respeito entre todos os membros participantes da nossa confraria sportinguista, sendo também a nossa confraria mais um elo representativo da cultura luso-brasileira tão presente e tão viva em nossos corações.
Com o passar do tempo novos confrades juntaram-se a nossa confraria, entre eles o publicitário Ilton Fernando Dias Peixoto (criador da logo oficial da nossa confraria e da nossa bandeira) e sua mãe Regina Peixoto e os nossos amigos Hélion Caldas Moura Filho, Rubão in memoriam, Luiz Carlos Cal Rocha Dias e seu filho Daniel Rocha, Sergio Henrique Freire Marinho, Adílio Jorge Marques, Flávio Eduardo Chagas, Heliton de Souza Oliveira (Juruna), Felipe Coutinho (Cabeça), Vinícius Moura Quintas, Fernando Soares Quintas in memoriam, Amândio Rodrigues de Frias, Rogério Rodrigues de Frias, Osório Lamartine Neto, Fernando Conceição, Júlio César Pires da Silva, Albino Sérgio Ramos Moreira e sua mãe Maria de Oliveira Ramos, Artur Jorge de Oliveira Costa e sua mulher Nete Costa, Leandro Gonçalves Gaignoux, Guilherme da Silva Ribeiro, Renata Peva Rego, Kátia Sofia de Souza Oliveira, Josete Rainha, Bruno Tiago Ramirez, Aritson Mateus Martins Rodrigues, João Morais, Márcio Garrett, Fabrício Garrett, Hugo Santos, Felipe Lee, Adauri Nascimento, Edi Wilson, Pedro Coelho, Antonio Bento Jacinto Abraços, Paulo Oliveira Figueiredo, Mario Alves de Moraes Neto, André Tiago Pinheiro de Melo Fernandes, Anísio Júlio Mateus Infante, Rogério Ferreira e sua mulher Maria Aparecida, Raphael Loureiro, William Jorge Júnior, José Ricardo da Silva Vaz, Luiz Mário e seu filho Luiz Mário Junior, Eduardo Vicente do Couto e muitos outros amigos e amigas fãs do Sporting.
Nós temos como ideologia e missão divulgarmos a história do Sporting Clube de Portugal e os seus grandes feitos esportivos em todas as modalidades esportivas do Clube e incentivamos as pessoas a serem sócias do Sporting e a apoiarem as boas ações do Clube.
Como adeptos sportinguistas que somos, sendo inclusive alguns dos nossos confrades associados do Sporting Clube de Portugal, nós apoiamos e incentivamos através da nossa página no Facebook o projeto que o Sporting criou há alguns anos chamado Missão Pavilhão, em prol da construção do novo Pavilhão das Modalidades de Quadra do Sporting Clube de Portugal, o Pavilhão João Rocha, que foi inaugurado em 2017. O nome do Grupo Carioca Leonino Amigos do Sporting e do Bloco Carnavalesco Amigos do Sporting estão gravados no Mural do Pavilhão João Rocha, o que para todos nós é motivo de orgulho.
Nosso trabalho é simples e feito com muita humildade, mas acreditamos que estamos conseguindo através da nossa página no Facebook e algumas ações e eventos que realizamos, fazer com que mais pessoas conheçam a história do Sporting e tornem-se fãs, sócios e adeptos do Clube. Convidamos a todos os que gostem do Sporting Clube de Portugal a curtirem a nossa página, a darem um “Gostei” nela e a divulgarem aos seus amigos:
Facebook: Grupo Carioca Leonino Amigos do Sporting – Brasil
ALGUMAS REVISTAS, UM AMOR E O TRICOLOR. VIVA O PAULINHO!
por André Felipe de Lima
Seu Paulo é um grande amigo. Sabe do amor que tenho pelo futebol. Mais até. Do amor que tenho pela história do futebol. O filho dele tinha essa mesma paixão. Tão intensa que o moldou um grande jornalista esportivo, um dos mais bravos de sua geração. Dia desses, seu Paulo apareceu em minha casa com algumas revistas antigas. Verdadeiras preciosidades. Edições raras do Fluminense, amor dele e do filho. No meio das publicações, um álbum de figurinhas do campeonato brasileiro de 1977, que, coincidentemente, também colecionei quando menino. Fiquei, obviamente, bastante emocionado, exatamente como estou neste momento, escrevendo esta mensagem. Ah, havia também algumas raras revistinhas em quadrinhos do Homem Aranha. O menino dele gostava muito também, e eu — confesso — idem. O menino do seu Paulo dividia-se entre as revistas do Tricolor, os times de botão e o super-herói idealizado. Seu Paulo foi, contudo (e acima de tudo), o verdadeiro super-herói do Paulinho, que hoje faria anos. Paulo Julio Clement, uma das mais brilhantes personagens da recente história do jornalismo esportivo. Obrigado, seu Paulo, por tornar-me herdeiro dos objetos do amor do seu filho, que o ajudaram a ser um respeitável e apaixonado profissional e, claro, um tricolor sem limites cósmicos ou transcendentais. Viva o Paulinho! Um beijo grande.
ATACAR OU DEFENDER: EIS A QUESTÃO
por Marcos Vinicius Cabral
O esperado aconteceu: o time de Jorge Jesus venceu o Al Hilal e o de Jürgen Klopp o Monterrey.
É Flamengo contra Liverpool ou Liverpool contra Flamengo, como queiram, vão 38 anos depois, se enfrentar.
Não tem como negar o favoritismo dos Reds da terra de Lennon, McCartney, Harrison e Starr.
Para quem encantou até aqui, jogando em cima dos adversários, agredindo o oponente, marcando no campo rival, o recuo agora para uma retranca não seria nenhum acovardamento.
Não seria nenhum tiro no pé.
Ou seria?
Pelo contrário, é uma boa estratégia de guerra (como deve ser encarado esses 90 minutos) que não pode ser descartada.
Dos países que guerrearam na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria e Itália) e a Tríplice Entente (França, Inglaterra e Rússia), mudaram suas estratégias e planos de ataque de acordo com o adversário.
Portanto, sem um bom plano para derrotar o poder bélico de Van Dijk, Salah, Mané e Firmino, suicídio será se o Flamengo se lançar à frente, como fez no Brasileiro e Libertadores.
E se o fizer, oferecerá o espaço que o time mexicano do Monterrey, por exemplo, não deu numa das semifinais.
Assim como uma goleada não será nenhuma surpresa e desta vez, eles nos colocariam na roda.
Não me deixando cair nessa armadilha – a retranca – acho que não será essa tática adotada por Jesus.
Não, mil vezes não!
Por mais absurda que seja, às vezes, uma mudança de atitude nos permitiria a chance real e imediata de levar a taça do mundo para o Centro do Rio de Janeiro na avenida Presidente Vargas e ser exibida em cima do carro do Corpo de Bombeiros, sendo acompanhado pela procissão rubronegriana.
Mas para isso, ao meu ver, Jesus se inspiraria à moda de seu conterrâneo estrategista José Mourinho, pararia seu ônibus escolar à frente ao colégio e com as portas trancadas, todo fechado, esperaria o avanço dos meninos do Liverpool para tentar entrar nesse bloqueio e ir embora para casa.
Aliás, se Bruno Henrique e Cia. fizerem o que seus reservas com um a menos fizeram contra o Grêmio, em Porto Alegre, no returno do Brasileiro, em que venceu por 1 a 0, já está de bom tamanho.
E mais. Para a reedição deste confronto histórico, não hesitaria em colocar o polivalente Arão respirando o ar de Mané e o habilidoso Gérson aparando a vasta cabeleira de Salah, sacando como isso a avenida Filipe Luís para entrada de Renê.
Vale o sacrifício para anular os camisas 10 e 11 deles, considerados dois foras de série.
Com Rodrigo Caio e Pablo Marí fechados lá atrás, usaria a força e habilidade de Bruno Henrique para matar o jogo em contra-ataques fulminantes, produzidos pelo craque uruguaio Arrascaeta.
O treinador do Flamengo disse ser esse o jogo mais importante de toda a sua carreira como técnico, mas esqueceu de frisar que travará um embate maior ainda no seu interior, com o seu EU.
O que sobressairá dentro de si deste Flamengo versão 2019?
A teimosia, em continuar persistindo com mesmo jeito de jogar ou reconhecer a superioridade dos Reds, recuando e se fechando?
Ademais, ganhando ou perdendo, sendo ou não bicampeão, chegar até aqui foi resultado de trabalho, preparação e muita, mas muita humildade deste elenco que abriu mão de muita coisa para obedecer taticamente um Jesus, que realizou 38 anos depois o milagre de pôr o Flamengo nesta final.