O TRICOLOR TRICAMPEÃO
por Luis Filipe Chateaubriand
Em 1983, o tradicional Fluminense encontrava-se com pouco dinheiro, mas, mesmo assim, queria montar um time de futebol competitivo.
A diretoria, encabeçada pelo presidente Manoel Schwartz, conseguiu o seu intento.
Manteve ótimos jogadores “prata da casa”, como o excelente goleiro Paulo Vítor, o ótimo zagueiro Ricardo Gomes, o cerebral meia Delei e o ágil ponta esquerda Paulinho.
Entre 1982 e 1983, contratou jovens promessas a preços de ocasião, como o lateral direito Aldo, o jovem promissor lateral esquerdo Branco, o volante Jandir, o meia Leomir e o ponta esquerda Tato.
Enfim, foram contratados jogadores de algum sucesso, mas que não jogavam no privilegiado circuito São Paulo / Rio de Janeiro / Minas Gerais / Rio Grande do Sul, sendo mais baratos do que se jogassem nesses grandes centros, caso do “Casal 20”, Assis e Washington.
A estes se juntou o experiente Duílio, que já estava no clube.
Paulo Vítor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei e Assis; Leomir, Washington e Tato. O ponta esquerda Paulinho era uma espécie de décimo segundo titular.
Time bom, bonito e barato, renderia ótimos frutos e seria aprovado pela torcida tricolor, conquistando o Campeonato Carioca de 1983.
Em 1984, as chegadas de jogadores como o craque paraguaio Romerito e o meia gaúcho Renê levaram o time a um patamar ainda mais elevado e, aproveitando-se de um Flamengo sem Zico (que estava na Itália) e de um Vasco da Gama que desfez o ótimo time de 1984, o tricolor carioca “deitou e rolou”: campeão brasileiro de 1984 e, principalmente, tri campeão carioca de 1983, 1984 e 1985.
Era a época que se dizia que no Rio de Janeiro, se falou em futebol, falou Fluminense.
Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há mais 40 anos e é estudioso do calendário do futebol brasileiro e do futebol europeu. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.
OS INCRÍVEIS POMPEIA E VERMELHO, OS “ACROBATAS” DO FUTEBOL
por Victor Kingma
Nos início dos anos 60, o Bangu e o América tinham grandes times e vários craques desfilaram pelos gramados defendendo suas gloriosas camisas, como Djalma Dias, Leônidas e Amaro, pelo América e Zózimo, Roberto Pinto e Paulo Borges, pelo Bangu.
Entretanto, os saudosistas, como eu, devem se lembrar de dois jogadores, que, embora não fossem os astros das suas equipes, faziam a alegria das torcidas pelas acrobacias que faziam em campo: o goleiro americano Pompeia e o ponteiro banguense Vermelho.
Pompeia, que havia trabalhado em circo e sonhava um dia ser trapezista, era um espetáculo à parte com seus voos espetaculares, o, que, aliás, lhe rendeu o apelido de “Constellation”, aeronave famosa da época. Já o arisco ponteiro banguense tinha uma característica peculiar: cruzar as bolas e até bater escanteios, de letra. A torcida ia à loucura com as peripécias dos dois jogadores.
Certa vez, num jogo América e Botafogo, Pompeia foi fintado pelo endiabrado Mané Garrincha que partiu sozinho na direção ao gol para entrar com bola e tudo.
A torcida botafoguense se levantou para comemorar o gol, em mais uma diabrura do seu ponteiro, quando, inesperadamente, o elástico arqueiro do América deu um salto acrobático para trás e pegou a bola nos pés de Garrincha, em cima da linha.
Enquanto as torcidas dos dois times aplaudiam o lance, os dois artistas da bola se abraçavam, e, às gargalhadas, se divertiam pela jogada inusitada que acabavam de protagonizar.
Em outra oportunidade, acontecia no Rio o tradicional torneio início, evento com vários jogos de 20 minutos, que marcava o começo dos campeonatos regionais. Os times que venciam as partidas iam prosseguindo na competição.
Em um jogo do Bangu, toda vez que havia um escanteio em favor do time, a torcida em coro pedia para Vermelho efetuar a cobrança. Era uma festa no Maracanã.
De repente aconteceu um pênalti para a equipe banguense. O cobrador, Ocimar, se preparava para bater quando, assim que o juiz apitou, Vermelho tomou a frente e executou a cobrança, de letra, convertendo a penalidade, para delírio do público presente.
Nesse mesmo torneio, que não tinha tanto compromisso, pois servia para apresentar as novidades dos times para a temporada, Bangu e América se enfrentavam.
Quase no final do jogo acontece um corner a favor do Bangu. Vermelho bate de letra e executa mais uma vez a sua inusitada jogada. A bola vai no ângulo. O ponteiro parecia tentar um gol olímpico.
Pompéia, então, salta e faz mais um de seus voos acrobáticos para efetuar a defesa. Um detalhe: em vez de segurar a bola, como tinha feito em chutes de outros atacante, a espalma novamente para a linha de fundo, cedendo novo escanteio.
Talvez, lembrando dos tempos do circo, tenha pensado naquela hora que todos que estavam ali no “picadeiro” mereciam o replay daquela cena e das acrobacias que ele e o amigo Vermelho acabavam de executar. Valia a pena repetir.
Que saudade daqueles românticos tempos do futebol e de seus “palhaços” e “acrobatas” da bola!
PRO DIA NASCER FELIZ
:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::
Por mais que tente é muito difícil não comparar os dias atuais com os de minha época. Por exemplo, tenho assistido a algumas partidas da Copinha e tem uma garotada boa de bola, mas com uma soberba fora do comum. Fazem gol e correm para a câmera dizendo “eu sou fo…” e gostam de tirar onda quando pegam um time bem mais fraco. O caráter também se constrói dentro de campo e é uma das funções do treinador.
Estava gostando do Fluminense, mas foi desclassificado justamente por achar que venceria a partida quando bem entendesse. Fui conferir o nome do técnico e não conhecia. Lembrei de Pinheiro, que faria aniversário segunda-feira passada e foi uma grande referência para a meninada tricolor. Para vocês terem uma ideia, Pinheiro foi auxiliar de Didi e subiu para o time profissional nomes como Pintinho, Edinho, Zé Roberto, Erivelto, Cléber, Edevaldo e o saudoso Gílson Gênio, que mais tarde também faria um belo trabalho na base.
Também não sei quem são os treinadores de Vasco, São Paulo e Palmeiras. O do Corinthians é o Coelho, ex-jogador. Insisto que a base deva ser treinada por quem entende de bola e não por especialistas em preparação física e estatísticas, mas não vou mais uma vez bater nessa tecla. Apenas me lembrei de Pinheiro, profissional raro, talentosíssimo e querido por todos, apenas boas lembranças, podem ficar tranquilos.
Escrevo emocionado com algumas mensagens carinhosas recebidas no Face, uma delas de Anizio Machado. Ele contou que, em 1976, foi jogar no Pinheiro, de Curitiba, e ganhou o apelido de Caju justamente por imitar o meu estilo. Servir de inspiração é sempre muito bom e adorei saber mesmo anos depois.
Em seguida, me contam que Hélio Costa, botafoguense fanático que me pediu para autografar uma camisa do Glorioso, havia morrido, mas levara com ele, como parte do corpo e lembrança eterna, o manto sagrado do Fogão. A paixão dos torcedores acaricia nossa alma e acalenta nosso coração. Me deixem chorar, por favor!
Outro gesto bacana foi do cantor Frejat, que me convidou para o seu show. Garanti presença, mas não fui. À noite, em casa, me ligaram para dizer que Frejat havia falado de mim, mais do que isso, havia pedido para que me reverenciassem quando me encontrassem na rua. Agradeci e chorei, mas era felicidade. Frejat, para quem não sabe, é bom de bola, lateral direito de qualidade, e um de seus grandes parceiros musicais é Mauro Santa Cecília, botafoguense roxo. Me arrependi de não ter ido, mas sozinho, no apartamento, cantarolei “Pro dia nascer feliz” em sua homenagem, obra-prima dele e Cazuza, poeta que não se encontra mais nessa empobrecida e devastada MPB.
“Todo dia a insônia me convence que o céu faz tudo ficar infinito e que a solidão é pretensão de quem fica”. Lindo demais! E a canção finaliza com uma espécie de mantra que carrego comigo e faz muita gente me considerar ranzinza e arrogante… ”nadando contra a corrente só para exercitar”. Viva Frejat! Viva a boa música! Viva o futebol-arte! E se isso é nostalgia que viva a nostalgia!
PATROCÍNIO SE NEGA?
por Idel Halfen
O anúncio do patrocínio da rede varejista Havan ao Vasco da Gama provocou nas redes sociais uma discussão que julgo bastante emblemática, principalmente a título de reflexão sobre as relações das empresas com o esporte.
A ala que se posiciona contra alega que o dono da empresa tem posições extremadas em defesa da direita, fato que guarda certa incoerência com as tradições populares do clube patrocinado.
Ora, inicialmente é preciso ficar claro que a pessoa jurídica não pode ser confundida com a pessoa física, ou seja, mesmo sendo a empresa de um dono a marca é outra, e como tal deve ter vida própria.
Claro que há o risco da contaminação, contudo essa avaliação requer análises menos rasas do que as que estão sendo feitas pelos ditos especialistas.
Um bom parâmetro que contribuiria nessa decisão pode vir do próprio resultado das lojas, isto é, se a participação de mercado da mesma está sofrendo com o jeito “extravagante” do seu dono, isso sem falar nas pesquisas de mercado para avaliação de eventual rejeição.
Já a discussão que coloca o clube como um bastião das tradições populares não me parece razoável pois o futebol é um esporte popular, não sendo o atributo popularidade um monopólio deste ou daquele clube, portanto, a eventual busca por se posicionar desta maneira contraria o princípio básico do posicionamento: ser diferente na mente dos públicos-alvos.
Confrontando os opositores do patrocínio estão os que defendem a iniciativa com a alegação de que o clube precisa de dinheiro e, dessa forma, não pode recusar nenhum tipo de verba. Argumento que, no meu mode ver, reforça a imoral frase de que os fins justificam os meios e sobre a qual discordo veementemente.
Por mais que se necessite de dinheiro, é preciso pensar no longo prazo, ou seja, de nada adianta receber uma verba significativa hoje se houver um risco considerável de a base de torcedores não aumentar de forma sustentável.
Ressalto que falo em tese e não em relação ao caso da Havan.
Feitas as devidas argumentações, teria tudo para terminar o artigo sem uma posição definitiva sobre o tema, visto faltarem pesquisas e informações sobre o patrocínio, inclusive em relação aos valores. Entretanto, a declaração do dono da empresa ao anunciar a parceria: “Quero dizer para todos os vascaínos que em 2020 vai ter um patrocínio da Havan aqui. Está confirmado. É um presente de ano novo para todos os vascaínos. Obrigado”, me faz tender a ser contra a iniciativa, na medida em que o empresário interpreta o patrocínio como um presente, ou seja, está fazendo um favor para os torcedores e não pensando no retorno que as partes poderão auferir, demonstrando claramente que não enxerga o esporte como uma ferramenta de marketing.
MIXTO 83 ANOS: RELEMBRE A EMOCIONANTE HISTÓRIA DO TIGRE
por Fabio Ramirez
No coração do Centro-Oeste nasce uma paixão em Preto e Branco
Em plena Cuiabá da década de 30, no centro geodésico da América Latina, nascia o clube que tempos depois se tornaria o Mais Querido de Mato Grosso, símbolo esportivo e cultural da “Cuiabania”.
A história do Mixto Esporte Clube se confunde com a história de Cuiabá no século passado, sendo parte das tradicionais marchas carnavalescas e festas populares. O Mixto se tornou o orgulho dos cuiabanos, levando o nome da cidade por vários cantos do Brasil até os dias de hoje. Fortificando-se como o clube das massas, do sotaque, da culinária, das crenças e do modo de vida do cuiabano.
Uma História Emocionante
Dia 20 de maio de 1934, na Rua Sete de Setembro no centro de Cuiabá, quase em frente a Igreja Senhor dos Passos, mais especificamente na antiga Livraria Pepe (um casarão construído em estilo colonial e tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) é fundado o ‘Mixto Sport Club’ (Assim era a grafia original do nome do clube).
Reunidos neste casarão, Ranulfo Paes de Barros, Maria Malhado, Gastão de Matos, Naly Hugueney de Siqueira, Avelino Hugueney de Siqueira (maninho) e Zulmira Dandrade Canavarros decidiram fundar um clube esportivo, mas estavam determinados que ele fosse diferente: um clube que reunisse homens e mulheres para o entretenimento cultural e esportivo, algo incomum para a época, na qual os clubes esportivos eram majoritariamente para homens.
As Raízes do clube Dois outros clubes influenciaram na criação do Mixto E.C., o Clube Esportivo Feminino (dedicado a discussões e saraus sobre a literatura mato-grossense, brasileira e europeia) e o Clube Esporte Pelote (liderado por Nali Hugueney e também por Zulmira Canavarros).
O Pelote era um time de vôlei feminino que funcionava numa quadra de esportes no bairro da Boa Morte, próximo à antiga sede do Mixto, entre as ruas Cândido Mariano e Campo Grande. Ao final dos jogos de vôlei, eram realizados no mesmo local bailes tradicionais, que continuaram como tradição na vida do clube alvinegro.
Já o Clube Esportivo Feminino foi fundado em 1928 pela professora Zulmira Canavarros, que liderando um grupo de moças cuiabanas criou um clube para recreação, esporte e cultura. Após a fundação do Mixto ambos se separaram em suas trajetórias, tornando assim o Mixto um clube centrado no lazer esportivo e o Clube feminino no lazer cultural. O Clube Feminino possui sua sede na Rua Barão de Melgaço, esquina com a rua Campo Grande, próximo à antiga sede do Mixto, num casarão tombado pelo Patrimônio Histórico de MT.
Nas origens do Mixto uma mescla de cultura, tradições regionais e esportes praticados por homens e mulheres. Assim começa o legado do Mais Querido.
A origem do nome e as cores
Decididos pela criação do novo clube, Zulmira, Ranulfo de Barros e companhia, debruçaram-se a escolher um nome e as cores para o clube. Várias opções de nomes surgiram mas o consenso era o nome MIXTO. Essa palavra tem o significado de mistura de coisas diferentes ou opostas. O nome representava perfeitamente a ideologia do novo clube, formado sem preconceitos, por mulheres e homens.
Segundo a grafia atual da língua portuguesa, o vocábulo “misto” deve ser escrito com “S”, no entanto, o uso da letra “X” no lugar do “S” se deve ao fato de que na época da criação do clube a palavra era grafada dessa forma. Os tempos mudaram, houve reformas ortográficas na língua portuguesa alterando a grafia de diversas palavras, inclusive dessa, mas preservou-se a grafia original do nome do time, alterando com o tempo o restante do nome: de ‘Sporte Club’, para ‘Esporte Clube’.
As cores do Mixto não podia ser outra senão o preto e branco. Duas cores opostas mais ao mesmo tempo essenciais. Branco e preto, homens e mulheres, assim nasce as cores do alvinegro mais querido do Centro-Oeste.
A Construção da Sede Mixtense
O Patrimônio Mixtense era a prioridade dos fundadores e de seus recém-associados, que crescia rapidamente e, assim, levantaram recursos que foram investidos na construção de uma sede física e de espaços recreativos e esportivos.
O trecho abaixo foi retirado do livro Egéria Cuiabana, de Benedito Pedro Dorileo (1976), e narra este fato:
“A Sede própria passa a ser logo a primeira preocupação e no mesmo ano é adquirido de João Batista de Oliveira, Batinga, o imóvel da Rua Cândido Mariano, com recursos provindos dos primeiros associados. Uma área, com pequeno alojamento, cercada por um muro, tinha ingresso por um portão, que ostentava ao lado o emblema criado por Zulmira; seria o símbolo bordado nas jaquetas e na bandeira do Clube. A identificação geográfica estava definida (…). O entusiasmo já era intenso com poucos dias de existência do Clube, que nascia forte. A 18 de setembro do mesmo ano (1934) inaugurava solenemente a quadra de esporte, com palavras da 1ª Oradora Maria Alderett”.
Discurso de inauguração da Sede Mixtense
“Meus Senhores,
Escolhida, embora imerecidamente para o honroso cargo de oradora do Mixto Sport Club, eis-me escalada para esta delicada missão de dizer-vos algumas palavras no momento em que a bandeira alvi-negra se desfralda galhardamente.
Inaugura o nosso Club o seu campo desportivo, marco decisivo de sua vida brilhante e auspiciosa, que ora se abre à frente de nosso grêmio.
O prestígio de que goza o Mixto Sport Club no nosso meio está significativamente testificado pela presença a esta festa dos elementos dos mais representativos da sociedade cuiabana.
O desenvolvimento da cultura physica é um índice de progresso e de aperfeiçoamento das raças e dos povos e é com satisfação que assignalamos em nosso meio êste phenômeno promissor.
Em nome do Mixto Esporte Clube eu vos agradeço a honra da Vossa presença a êste acto e encerro esta ligeira oração com os votos a Deus para que propicie à nossa agremiação longa vida, cheia de prosperidade e de graças, para o bem de nossa terra natal e progresso cada vez maior do Brasil”.
Discurso de Maria Alderett (primeira oradora do Mixto), publicado no Livro Egéria Cuiabana – de Benedito Pedro Dorileo – Ed. 1976
O Mixto ‘Sporte Club’ agora se apresenta com um dos mais belos hinos do Brasil
Com o auxílio do piano, Zulmira Canavarros compôs o hino oficial do Mixto, com assistência do Acadêmico Ulisses Cuiabano:
*** O Mixto Sporte ClubAgora se apresenta. E pelo branco e negro, As cores que ostenta No seu pavilhão.
Seremos sempre unidos E sempre destemidos. Havemos de lutar E também trabalhar De todo coração.
Hurra! Hurra!
O Mixto Sporte Club Será o lema Desta nossa sociedade. A união e também a lealdade.
Debaixo do nosso céu de anil, Tremula altaneira Nossa gentil bandeira. E pelo sport, em nossa Cuyabá, Teremos por fanal, Luctar, luctar, luctar Por nosso ideal.
Quem foi Zulmira Canavarros
Era exímia musicista e também escrevia peças de teatro. Projetou-se numa época em que a mulher não tinha muitas chance de mostrar o seu valor.
Zulmira está entre as mulheres mais marcantes da história da cultura cuiabana, umas das fundadoras do Mixto Esporte Clube, e criadora da obra de arte que é o hino do clube alvinegro, ela dirigiu 18 peças entre elas “Branca de Neve” em Cuiabá e “Cala a boca Etelvina” (os arquivos estão localizados no Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso).
“A considero como um esteio das manifestações culturais do século 20”, relata Adriana Nascimento, que estudou sobre Zulmira. Um dos trabalhos de Zulmira que mais chama a atenção é a peça “A noiva e a égua”, em que a artista mostra em sua visão como eram “noivas”, criadas para serem submissas e as mulheres “égua”, que eram as rebeldes na época. Personalidades que, segundo Viviane, Canavarros sabia dosar muito bem. Todo o trabalho pode ser conferido na Biblioteca Central da UFMT.
Zulmira Canavarros é uma personagem que realmente merece a redescoberta de sua obra. Como musicista nos tempos do cinema mudo, ela atuava como pianista do Cine Parisiense. Compunha músicas e hinos para solenidades numa época em que a mulher tinha pouco destaque no cenário artístico nacional. Marcou a história de Mato Grosso onde, juntamente com Dunga Rodrigues, começou a desenvolver o rasqueado no piano solo. Zulmira ainda foi a fundadora do primeiro clube feminino (1928), depois o Mixto Esporte Clube e a rádio A Voz do Oeste.Fonte: Fábio Ramirez/Mixtonet, com informações de Benedito Pedro Dorileo e Adriana Nascimento/Diário de Cuiabá