A SAF E OS TORCEDORES

A adoção do modelo da SAF (Sociedade Anônima no Futebol) por alguns times brasileiros têm provocado inúmeras discussões acerca da viabilidade da iniciativa. Ainda que o modelo pareça ser a salvação para os clubes endividados e sem perspectivas de reversão do quadro, há inúmeras falhas em sua redação, porém, não nos debruçaremos aqui sobre elas por envolver análises jurídicas e tributárias, o que não é a proposta do blog.
Cabe, no entanto, abordar o papel da torcida diante do modelo.
Inicialmente precisamos definir para efeito de nossa reflexão a diferença entre cliente e consumidor.
Enquanto o primeiro paga diretamente por algo, o segundo apenas faz uso do produto/serviço sem dispender recursos de forma direta. Guardadas as devidas peculiaridades, seria como diferenciar o torcedor que assiste aos jogos no estádio ou pagando o pay-per-view daquele que acompanha as partidas através da tv aberta.

E como deve ser o comportamento deles diante de uma insatisfação? Antes de respondermos essa pergunta, é necessário indagar o que será reclamado.
As queixas que uma empresa recebe costumam ser a respeito de alguma insatisfação em relação a expectativas sobre os produtos ou serviços consumidos.
Derivando esse racional, podemos afirmar que a expectativa do torcedor é que seu time ganhe todas as competições! Ok, mas é isso que a SAF promete entregar?
Imaginem um cliente – não me refiro a acionista – da Coca-Cola, revoltado pelo fato de o refrigerante ter perdido participação de mercado no canal de auto serviços com até nove check-outs na Grande São Paulo? Ou mesmo que o preço das ações tenha caído?
Ao contrário de uma empresa que atua no mercado, cujo objetivo é lucratividade e onde uma gestão eficaz é capaz de permitir que corporações mesmo sem grande capacidade de investimentos alcancem seus objetivos, no esporte a boa gestão operacional não é garantia de satisfação das expectativas, afinal os concorrentes podem também ser bem geridos, mas apenas um será campeão.

Ajustadas essas perspectivas, voltamos para as reclamações dos torcedores, chamando a atenção que muitos dos insatisfeitos pouco ou nada contribuem para as receitas dos clubes.
Superada essa reflexão, valem alguns questionamentos: com quem o torcedor irá reclamar? Assim como acontece nas empresas haverá um “fale conosco” ou algum tipo de canal para esse tipo de interação? Essa forma de contato será suficiente para amenizar suas insatisfações ou pleitearão um contato físico tal qual é feito atualmente junto a treinadores e jogadores? E se isso acontecer, como reagirão os acionistas dos clubes diante de atos violentos e desproporcionais?
Aí reside o problema, pode ser que parte dos torcedores não entenda o funcionamento de gestões profissionalizadas – aliás já não entendem como é no clube -, fato que pode vir a afastar aqueles que estejam dispostos a investir no futebol.
MENINO NEY
por Rubens Lemos

Neymar ameaçado no PSG, Neymar excluído por incompetência e caráter, Neymar indesejável por convívio e postura, Neymar jogado na vala comum dos bonzinhos. A queda do habilidoso e chato menino mimado pelo galvãobuenismo midiático era uma decisão desenhada há anos.
O melhor jogador do mundo é Messi até quando suas pernas em miniatura seguirem exibindo o ilusionismo dos gênios, daqueles que são feitos por Deus e têm a forma jogada fora. Nunca serão imitados ou haverá cópia porque não há a industrialização do beletrismo em campo.
No PSG, manda o francês Mbappé, um fabuloso atacante, de técnica e capacidade ofensiva explosiva, sujeito que, na corrida, consegue driblar curto e derrubar sem confronto físico, qualquer adversário.
Mbappé cansou das frescurites de Neymar e agiu, até com certa perversidade, para fulminar o brasileiro do time onde jogou pouco e rebolou muito.
Neymar começou brigando no PSG com Cavani, excepcional uruguaio dono da artilharia e das cobranças de pênalti. Naquele sorriso campeão mundial (único título universal de Neymar) em que o cínico se alia ao prepotente, Neymar levou um coice de Cavani ao pedir para bater, quando sempre soube, ele, o garoto chato, que no futebol europeu há regras de conduta e de rotina, chutar pênalti, apenas uma delas.
Nunca se entenderá porque Neymar foi brindado com homenagem na Torre Eiffel, símbolo mundial da França. Antes dele, craques do clube foram campeões mundiais e não tiveram direito a centésimos de tamanha bajulação.
Neymar não deveria ter concordado. Boleiro sábio é malandro e, ao chegar, procura se unir, compor, dividir quarto, farra, se colocar à disposição para, depois, buscar o topo da idolatria.
Neymar não é o primeiro caso. O melhor meia-armador do mundo em todos os tempos, o Príncipe Etíope Didi, perdeu-se no Real Madrid ao rivalizar com Di Stéfano, o argentino brilhante que mandava no time e passou a boicotar o brasileiro Míster Futebol. Didi chegou querendo o posto de Di Stéfano que, quando questionado sobre boicote ao rival, desmontava com um argumento irrefutável:
– Didi era manobrado pela mulher (a linda e ciumenta Guiomar) e não se adaptou. Se tivéssemos preconceito, por que Canário brilhou o tempo inteiro?
Canário era um ponta-direita contratado ao América(RJ), modesto, sem história na seleção brasileira, mas obediente ao manual da convivência em que cada um sabe seu lugar e sobrevive respeitando as regras da monarquia de vestiário.
Neymar nunca jogará 0,05% de Didi, que disputou três Copas do Mundo e venceu duas, sendo em 1958 o melhor jogador do campeonato e atuando com Pelé e Garrincha. Neymar tornou-se um nome e um homem gasto, perecível, perdendo a validade.
Nas duas Copas do Mundo em que jogou – 2014 e 2018 -, Neymar teve desempenho de Valdomiro, o limitado ponta-direita do internacional titular (por falta de opções), do limitado time de Zagallo, quarto-lugar em 1974. Valdomiro, na Alemanha, conquistou o idêntico quarto lugar de Neymar (sem jogar), na Copa disputada no Brasil dos 7×1 impostos pela Alemanha.
Neymar deixa claro que é o cara chato da turma, o intolerante, o brincalhão sem humor, o ciumentinho, o que cisma e causa alvoroço no ônibus até o estádio por exigir a cadeira 10 e nenhuma mais, forçando quem nela sentou a sair irritado e humilhado pois todos os caprichos do supercraque de fanfarra devem ser atendidos.
Neymar quis ser Messi. Dançou. Neymar quis ser Cristiano Ronaldo. Ruiu. Neymar quis ser Mbappé, demorou, mas caiu, Neymar ciscou, tentou o drible, desabou. Neymar é colocado impunemente em seleções brasileiras eternas, barrando até Garrincha, o que é um crime de lesa-memória.
Neymar vai terminar querendo ser Ganso, antigo parceiro e um preguiçoso debochado e clássico que, hoje, seria muito mais útil na Copa do Qatar do que o bebê escanteado em algum café parisiense. Insuportável epitáfio: Menino Ney.
A DESPEDIDA SEM DESPEDIDA DE WILLIAN ARÃO
por Marcos Eduardo Neves

João Saldanha reclamava de jogadores cabeludos. Dizia que a bola “amortecia” no momento em que cabeceava. Ah, ‘Sem Medo’, que pena você não ter conhecido Willian Arão…
O jogador que largou o Flamengo recentemente para voltar a atuar sob o comando do milagreiro português Jorge Jesus no Fenerbahçe, da Turquia, sai do clube como um dos 100 maiores artilheiros da Gávea. Isso, sendo volante. Ou até mesmo zagueiro, como inventou Rogério Ceni, para que Diego atuasse como volante titular.
Willian Arão foi destaque numa das gerações mais vitoriosas da nossa época. Faltou apenas a final do Mundial. Nessa, ele bateu na trave. Mas fez golaços incríveis. Principalmente, em número e relevância de títulos conquistados.
Ao chegar ao Flamengo, em 2015, após polêmica com o Botafogo, pergunte se por acaso ele sente falta da estrela solitária. Se no alvinegro ganhou uma Guanabara e o duvidoso título da segunda divisão, no arquirrival encheu o currículo de conquistas como a da Libertadores e da Recopa sul-americana, além de se tornar bicampeão do Brasileirão e também da Supercopa do Brasil. Ainda abocanhou quatro Cariocas.
Defendeu o manto sagrado por mais de 350 jogos. Marca forte, em especial nos dias de hoje. Houve jogos em que salvou assinalando dois gols. Noutros, salvou das nossas redes gols tidos como certos. Doou-se tanto, deu sangue, alma, coração. Tudo o que poderia dar.
O mal do futebol é que ele é cíclico. Assim como outros ícones de 2019, seu futebol começou a ser questionado. A certa hora é preciso renovar. Senão acontece o que está havendo: alguns dos heróis três anos atrás estão se tornando vilões.
Contudo, nosso ‘Sansão’ merecia um jogo derradeiro, de despedida. Talvez ontem, diante do Corinthians. Imagina se, como Andreas no primeiro jogo contra o Tolima, empatasse a partida ou mesmo abrisse o placar, mudando a história da partida. Seria épico. Que nem sua passagem pelo Mengão.
Por essas e outras, as portas estão abertas para sua volta, Arão. Você pode até ajudar do banco, dando moral aos mais jovens. Tipo Leonardo em 2002 ou Sávio em 2006. Mas volte, para dar um adeus definitivo à sua torcida. Será linda a festa. Como as tantas que juntos celebramos.
GAROTINHO HOMENAGEADO NOS 100 ANOS DO RÁDIO
por Elso Venâncio

Um documentário acaba de ser lançado para homenagear o Rádio, que está completando 100 anos de idade, e em especial, claro, o Radialismo Esportivo.
Cinco personalidades, em cinco episódios. Os dois primeiros, sobre Milton Neves e José Silvério, já podem ser vistos no Star Plus, canal de streaming da Disney. No fim do mês, toda a série estará disponível na ESPN.
Milton Neves, José Silvério, o gaúcho Pedro Ernesto Denardin, Osmar Santos e, fechando a programação, como grande atração, contando toda a sua história, o ‘Garotinho’, ou seja, José Carlos Araujo, fenômeno do Rádio e da Comunicação.
Recebi o repórter Marcelo Gomes e o produtor Rafael Valente para relembrar passagens marcantes relativas aos 19 anos em que estive ao lado do Garotinho. Foi ele quem me transferiu da Rádio Nacional, de Volta Redonda, para a Nacional, do Rio de Janeiro. Um ano depois, eu e Washington Rodrigues já estávamos ao lado dele, na Rádio Globo.
No final dos anos 70 Garotinho deixou a Rádio Globo para liderar a equipe da Nacional. Levou consigo nomes como Washington Rodrigues, Deni Menezes e Luiz Mendes. Incomodou a concorrente até se tornar líder de audiência. A poderosa Globo se rendeu, oferecendo um contrato irrecusável, e assim ele retornou à Rua do Russel ao final de 1984.
Profissional ao extremo, único locutor que se concentra, dormindo cedo na véspera dos jogos, Garotinho sempre chegava aos estádios, pelo menos, três horas antes de a bola rolar. Líder e profundo conhecedor do Rádio, sabe escalar o time, coloca cada profissional no lugar em que mais pode render.
Em cada canto do Brasil tem um ‘Garotinho’ a imitá-lo. E que, por ser assim, acaba sendo chamado também de ‘Garotinho’. A começar por São Paulo, com Osmar Santos, passando até por políticos, como o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, que registrou o apelido, inclusive, incorporando-o ao próprio nome.
Em Campos dos Goytacazes, minha terra natal, Anthony Garotinho narrava futebol e corridas de cavalo. Usava alguns bordões famosos, como ‘Sou eu!’, ‘Voltei!’, ‘Vai mais, vai mais, Garotinho!’, ‘Brasileiro não vive sem rádio’, ‘Seu melhor companheiro’, ‘Você, do volante, obrigado pela carona que me dá’…
Nos anos 90 fui fazer um jogo do Flamengo em Cuiabá. A Rádio Globo colocava os repórteres nos mesmos voos e hotéis da delegação rubro-negra. Naquele domingo iriam Luiz Carlos Silva, como locutor, além do comentarista Afonso Soares. Por problemas técnicos, o avião não decolou. Os jogos não passavam pela tevê e precisei procurar um narrador. Queria saber quem era o melhor da cidade. Fui até à casa dele, me apresentei e fui recebido com um delicado sorriso:
– Eu sou o Garotinho!
– Mas, como?
– Sou o Garotinho daqui e também sou o mais ouvido da região! – respondeu, flexionando a voz e lembrando o verdadeiro ‘Garotinho’, José Carlos Araújo.
Para o documentário que alertei acima, no Rio foram ouvidos Washington Rodrigues, Eraldo Leite, Deni Menezes, Cícero Mello, Luiz Penido e Édson Mauro, dentre outros, além de mim. Em São Paulo chamaram Wanderlei Nogueira, Mauro Beting, Paulo Vinicius Coelho, Paulo Soares, Marília Ruiz e Oscar Ulisses. Em Porto Alegre, João Carlos Belmonte, José Aldo Pinheiro, José Alberto Andrade e o grupo de rock Nenhum de Nós, que fez bastante sucesso nos anos 80.
Ídolos do esporte também colaboraram, como Lance e Nenê. Nomes marcantes no Corinthians e no Santos, falaram sobre Milton Neves. Marcelinho Carioca, Marcos e Jamelli são fãs de José Silvério. Paulo Roberto Falcão e Baideck acompanharam de perto Pedro Ernesto. Casagrande e Raí recordaram passagens com Osmar Santos. Já Garotinho, por sua vez, foi saudado por Junior, o ‘Maestro’, e Donizete, o ‘Pantera’.
Cada programa terá uma hora de duração. O especial, contudo, ainda será ainda exibido pela ESPN. Digo aqui os dias e horários:
– ‘Milton Neves e Suas Paixões’. Dia 26 de julho, 1 da manhã
– ‘José Silvério, o Menino Chato’. Dia 25 de julho, às 23h55
– ‘O Vovô Locutor’, com Pedro Ernesto Denardin. Dia 27 de julho, às 22h30
– ‘Osmar Santos e os Irmãos do Rádio’. Dia 28 de julho (aniversário de Osmar), às 23h55
– ‘Coisas de Garotinho’, com José Carlos Araújo. Dia 29 de julho, às 23h45
É isso! Absolutamente imperdível! Ainda mais depois que fomos surpreendidos pela notícia de que Garotinho, aos 82 anos, passou por um cateterismo com o doutor César Medeiros. Então, boa recuperação ao maior nome do Rádio Esportivo Brasileiro! Que, se Deus quiser, em breve estará de volta aos microfones da Rádio Tupi e da Nova Brasil FM!
Abraço em todos!
SOPRO DE ESPERANÇA
:::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::

Não sei se minha coluna está tendo alcance internacional, mas fiquei feliz que minhas preces começaram a ser atendidas lá nos Estados Unidos! Ainda estamos engatinhando, mas vi que aplicaram uma regra que o jogador que pedir atendimento médico precisará ficar fora de campo por, no mínimo, três minutos. É um começo? Claro que é, mas vale ressaltar que o mal tem que ser cortado nas divisões de base!
Não acho que isso será o suficiente e já deve ter até dirigente tramando nos bastidores uma forma de fazer um rodízio para que os jogadores simulem no momento oportuno. Nada mais me surpreende!
A punição deveria ser severa, incluindo expulsão, multas milionárias e até exclusão do campeonato! Dessa forma, acho que consigo ver uma luz no fim do túnel!
Na rodada do fim de semana, como de costume, teve jogador rolando, técnico expulso, árbitro xingado e por aí vai! Sabe qual é o pior? Acompanhei alguns jogos da categoria de base e a falta de educação é a mesma! Os pais, irmãos e amigos dos garotos soltam palavrões a todo momento e às vezes até saem na mão com os familiares do outro time!
Em relação ao desempenho dos jogadores, vimos mais um show de horror! Sem querer crucificar o lateral do Flamengo, mas aquele lance que ocasionou o gol contra é o reflexo da situação atual do nosso futebol! Uma bola fácil, sem ninguém pressionando e ele colocou para o fundo da rede. O domínio é um fundamento básico que, na minha época, treinávamos exaustivamente.
Sabem o que é isso, né? Hoje em dia a prioridade é correr 200km por jogo, dar trombadas e carrinhos por aí! Precisamos urgentemente olhar para os detalhes que compõem o nosso futebol!
Pérolas da semana:
“Ligação direta durante o jogo em direção aos três zagueiros, com o apoio do alas, para zerar a bola viajando por dentro e na faixa central. Dessa forma, cria-se um espaçamento confortável do time jogando por uma bola (como se tivesse outras no campo)”.
“O lateral do Flamengo não teve o fundamento e, ao rebater, a bola pegou na goiaba do pé”.
“Nas trocas do 4-4-2 por um modelo clássico de linha de 5 e 4 na frente, tendo amplitude e encorpando os volantes para o lado do campo e criando a opção do movimento corporal do 9”.