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LIBERTADORES BANALIZADA

:::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::::

Sou um apaixonado por futebol, mas confesso que no último fim de semana, por questões pessoais, não consegui acompanhar nada, nem a final da Libertadores! De qualquer forma, consegui ver os comentários da galera nos grupos do Zap e, pelo que falaram, as minhas previsões se confirmaram.

Assim como nas últimas três decisões (Flamengo 2×1 River, Palmeiras 1×0 Santos, Palmeiras 2×1 Flamengo), o duelo de rubro-negros no último sábado foi mais um jogo chato, com baixíssimo nível técnico. O que se percebe é que os times se preocupam apenas com o resultado e nada mais. “Mas PC, o título não é importante?”. Claro que é, mas é possível aliar um bom futebol ao resultado e o que me deixa indignado é que os treinadores não fazem esforço algum para isso.

A verdade é que o futebol sul-americano está nivelado por baixo! Antigamente, por exemplo, o Boca Juniors era o terror dos brasileiros, com Riquelme comandando o time! Lembram? Hoje em dia, não é nem sombra do que foram e o Vélez, o time argentino que chegou mais longe na competição, tomou de 5 do Flamengo na semi, dentro do seu estádio. Último argentino a chegar em uma final, o River Plate ficou em terceiro no campeonato nacional e, após oito anos, não terá mais Marcello Gallardo no comando. Grande perda!

A minha impressão é que banalizaram a Libertadores e a grande prova disso é o número de vagas disponíveis no Brasileirão! A consequência é um campeonato fraco, repleto de brasileiros!

Podem falar que eu sou chato, ranzinza, mas ninguém vai conseguir me convencer que essas finais com jogo único e em um país aleatório são uma boa opção! Vi vários flamenguistas que não conseguiram embarcar e, mesmo com a Conmebol distribuindo ingressos, muitos assentos ficaram vazios. Até quando essa loucura?

Mudando de assunto, no próximo de fim de semana o Vasco da Gama enfrenta o Ituano em um dos jogos mais importantes da sua história. Acompanhei a dolorosa derrota para o Sampaio Corrêa no último lance e sofri junto com a torcida, que merece demais estar na elite do futebol brasileiro! Vou torcer até o fim!

Pérolas da semana:

Separei aqui os termos mais recorrentes utilizados pelos analistas de computadores, que nunca chutaram uma bola e ficam querendo inventar:

Linha alta/baixa
Ala esquerda/direita
Por dentro
Na diagonal/vertical
Falso nove
Jogador agudo
Pelos lados
Linha de 5/Linha de quatro
Ligação direta
Bochecha da rede
Cara da bola
Bola viva
Orelha da bola
Espaçar o campo
Leitura de jogo
Espetar o adversário
Jogador de beirinha
X1

UMA MÃO À PALMATÓRIA

por Zé Roberto Padilha

Em uma decisão, Felipão sabe mais do que todos nós, qualquer erro é fatal. Emocional lá em cima, quem sai na frente joga sobre seu adversário o dobro da pressão.

Logo que perdeu um zagueiro expulso, Felipão chamou seu reserva imediato para reconstruir seu sistema defensivo. O manual diz que é melhor tirar um atacante e pedir a cada um que permaneceu em campo “um dente a mais”.

Com o zagueiro aguardando sua entrada em campo, a velha raposa olhou para o relógio. Faltava pouco para acabar o primeiro tempo. E Felipão resolveu esperar, ter 15 minutos para pensar na substituição, dar ao time o tempo que ele não tinha.

E o destino colocou, justo neste segundo, Éverton Ribeiro para tabelar com Rodinei e a bola cruzar toda a extensão da pequena área à procura de uma conclusão ou de uma rebatida da defesa.

E onde deveria estar o zagueiro, estava o vazio. E Gabigol surgiu por ali e marcou o gol do título.

Mais que todos os outros esportes, o futebol é decidido nos detalhes. E Felipão, ao dar esse presente para o Flamengo, deu também sua mão à palmatória.

Acontece com as mais peludas das raposas felpudas que que ainda circulam pelos nossos gramados.

ALMIR, O CAPITÃO DO COXA EM 85

por Eduardo Lamas

Quando eu e o cinegrafista Fernando Gustav fomos em outubro de 2019 a Governador Celso Ramos, cidade da região metropolitana de Florianópolis, para entrevistar o ex-centroavante do Palmeiras Toninho, ele nos sugeriu convidarmos Almir, volante do São Paulo e do Coritiba, que eu tinha visto jogar muitas vezes pela televisão e algumas no velho Maracanã. Só que Toninho tinha perdido os contatos do amigo que mora na mesma cidade. O tempo, outras entrevistas e a pandemia passaram até que finalmente consegui falar com Almir. Para minha sorte, antes do feriado de 7 de setembro, ele viria a Florianópolis e assim pudemos agendar a gravação deste ótimo papo que você agora pode assistir.

Quando entrei em contato com Almir, ele chegou a propor que fizéssemos a entrevista na Praça Renato Ramos da Silva, na divisa dos bairros do Estreito e Balneário, onde ele disse que “tudo começou”. Foi naquele local que ele e os irmãos deram seus primeiros passes, chutes, nos tempos do campo do Beira Vala (qualquer menção ao Beira Rio não é mera coincidência). Como o tempo não estava firme (e por aqui muitas vezes temos as 4 estações no mesmo dia), achei melhor buscar um lugar fechado e Rael Braga, do Clube do Bola Sports Bar, em Coqueiros, nos abriu as portas para fazermos a gravação.

A conversa fluiu naturalmente, com Almir contando sua história com alegria e emoção. Ele falou sobre sua relação com a bola e seus irmãos Tonho, ex-Inter e Grêmio, e Sérgio Gil, falecido precocemente, aos 18 anos de idade, quando já tinha um início promissor no Corinthians; o timaço do São Paulo que conquistou o bicampeonato paulista em 80 e 81; o surpreendente Coritiba campeão brasileiro de 85 e outros episódios de sua vitoriosa carreira.Curiosa e coincidentemente, alguns dias depois deste papo tive de ir a um cartório e, após ter batido no endereço errado e receber uma gentil explicação de como ir ao lugar certo por um funcionário do prédio aonde fui, acabei parando justamente na Praça Renato Ramos da Silva. Como descobri que era aquele o local onde Almir e seus irmãos começaram a jogar bola ainda na infância? Porque a rua do cartório que fica bem ao lado da praça se chama Sérgio Gil.

ISSO AQUI NÃO É VASCO

por Marcos Eduardo Neves

No clássico entre Vasco x Sampaio Correa, deu a lógica. O Vasco não tem, hoje, equilíbrio emocional para disputar decisões. Ainda assim, o Vasco vai subir. Clube que lidera o ranking dos grandes que mais caíram, o Vasco vai voltar.

Foram – até agora, claro – quatro rebaixamentos, o que o faz superar Botafogo, Grêmio e Fluminense (este último, com direito a asteriscos). Todos, porém, vice-colocados no bizarro recorde, por terem sido rebaixados três vezes.

Mas o que importa é que o Vasco vai voltar. Para alegria dos vascaínos. E dos flamenguistas, palmeirenses, tricolores, corintianos, santistas. Acho até que de quem é Fortaleza. Se bobear, alegria até mesmo de cruzeirenses e gremistas.

Mas a volta do Vasco abalará muitos clubes. Como Botafogo, América-MG, Goiás, Bragantino, Coritiba, Ceará, Atlético Goianiense, Cuiabá. Acredito que somente Juventude e Avaí estejam mais aliviados. Por não o terem como adversário no ano que vem.

O Vasco voltará, talvez amanhã ou na próxima rodada, deixando saudades. Nos torcedores da Tombense, do Brusque, Novorizontino, Operário, CSA, Ituano, Londrina, Vila Nova e por aí vai. O próprio Sampaio Corrêa sofrerá: sua torcida amava encarar o Vasco em casa; imagina ganhando deles fora, com o país inteiro vendo. São muitas famílias felizes.

Cada vez mais, a SAF é a salvação bíblica, a âncora a que a Cruz de Malta precisa se agarrar em fé. Se o Botafogo briga pela Libertadores em seu primeiro ano após subir, por que não o Vasco em 2023?

Porquê que também questiono. Não sei a resposta. Sei que árduo será o caminho de preparação para que o Vasco volte a ser do nível de Flamengo, Palmeiras, Fluminense, Corinthians, Atlético Mineiro ou o Paranaense. Clubes que não estão nem um pouco preocupados com esse mais novo retorno do clube grande ioiô.

Preocupado quem tem que ficar, desculpe ser sincero, é quem é Vasco.

VASCO DA GAMA NÃO NAVEGA NA CALMARIA

por Celso Raeder

O primeiro gol do Vasco foi o prenúncio de que algo muito estranho estava prestes a acontecer. Como virar uma partida em que o time já começa ganhando? E o que fazer diante de uma torcida que não está acostumada a explodir de alegria tão cedo, logo após o minuto de silêncio? Se Caetano Veloso tivesse assistido ao jogo contra o Sampaio Correia, diria: “Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial”.

Qualquer vascaíno que passou o ano inteiro gritando, se emocionando, empurrando o time, sabe que aquele gol do Anderson Conceição era pra ter sido marcado aos 43 do segundo tempo, incendiando o estádio até o desfecho apoteótico com o gol do Andrey, já nos acréscimos. Tem sido assim ao longo de praticamente todo o campeonato, com o Vasco reafirmando sua vocação de Time da Virada, quando o juiz já está com o apito na boca apontando para o meio de campo.

Quem mandou o Figueiredo fazer aquele cruzamento magistral na cabeça do Anderson Conceição aos quatro minutos do primeiro tempo? Só para fazer o time esquecer que o Sampaio Correia já tinha metido três gols no Tiago Rodrigues no primeiro turno? Quando veio o empate, aos 15, a torcida, o técnico Jorginho e os jogadores estavam seguros de que recuperariam a vantagem no placar no momento que quisessem. Sobrava tempo para isso.

Foi aí que o barraco desabou. Por que o Vasco só arranca vitórias nos momentos em que está sob intensa pressão psicológica. Sua força nasce da adversidade. E jogando em casa, com arquibancada lotada, com um retrospecto invejável de bons resultados em São Januário, não passava na cabeça de ninguém que algo fosse dar errado. Mas deu.

Não sei o que vai acontecer logo mais, com a combinação de resultados entre os jogos dos times que também disputam uma vaga na elite do futebol brasileiro. Talvez o Vasco se classifique por antecipação, tornando o jogo contra o Ituano mera formalidade. Mas, sinceramente, torço para que isso não aconteça.

Gabriel Pec, o menino criado no Vasco, não enxugará as lágrimas na tabela. Ele quer o suor do rosto consagrando seu trabalho. Nenê, que não precisa mostrar mais nada a ninguém, também não se acovardará diante da missão. Yuri Lara entra com uma perna só, se for necessário. Alex Teixeira, Eguinaldo, Tubarão, titulares e reservas prontos para entrar em ação. Vitória do Vascão, vitória de virada em Itu, como deve ser.

E a torcida do Vasco, ah, essa galera diferenciada que mata de inveja os outros clubes…pra que chorar? Não empurramos esse time para cima da tabela com alegria e paixão? Por que seria diferente justamente na última e decisiva partida? Da minha parte, só tenho um único pedido: Figueiredo, mete um golaço consagrador para compensar essa mudança de roteiro que você, involuntariamente, provocou com o gol do Anderson Conceição. Jogar na zona de conforto é uma calmaria que o Almirante da Colina, acostumado a tormentas, não sabe navegar.