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PRODUTIVA IDADE

por Idel Halfen

Ainda sobre a conquista da Libertadores da América pelo Fluminense, há um fato que muito contribui para reflexões, inclusive sob o âmbito da gestão: a utilização de jogadores, cujas idades, se fossem avaliadas simplesmente sob a ótica dos números, implicariam em aposentadorias, certamente precoces.

Começamos com o goleiro Fábio, 43 anos, que fez na decisão contra o Boca Juniors sua 100º partida na Libertadores e, pela primeira vez, se sagrou campeão do citado torneio. Diante da conquista, podemos concluir que hoje ele é um goleiro melhor do que antes? Pergunta difícil! Claro que algumas valências físicas pioraram em função da idade, porém, a experiência e treinamentos específicos permitiram compensar as perdas com técnica e maior conhecimento da função.

Continuamos com o hoje zagueiro Felipe Melo que, com 40 anos, mudou de posição e teve atuações muito boas durante o ano. Quem acompanha sua carreira, percebe que não tem a mesma velocidade do passado, que ficou mais vulnerável a contusões e que nem sempre aguenta jogar os 90 minutos.

Melhorou, no entanto, seu posicionamento, o que permite, através do conhecimento dos “atalhos” dedicar menos energia para realizar boas jogadas.  Há espaço aqui para a pergunta se o Felipe Mello de hoje é melhor do que o do passado. Respondo que não, por outro lado, acrescento que, mesmo não sendo tão bom quanto outrora, é melhor do que a grande maioria dos zagueiros em atividade no Brasil, tanto que foi titular de um elenco campeão da Libertadores e bicampeão carioca.

Saindo do futebol, temos a ciclista norte-americana Kirsten Armostrong que, aos 43 anos, conquistou a medalha de ouro na prova contra relógio nos Jogos Olímpicos de 2016. Nessa mesma edição tivemos o velocista Anthony Ervin com 35 anos conquistando a medalha de ouro na prova mais rápida da natação mundial, os 50m livre.

Exemplos no esporte não faltam, mas passemos para o mercado corporativo, onde a idade virou equivocadamente um atestado de capacidade. Inúmeros são os filtros de seleção de currículo que eliminam candidatos pela idade, extirpando qualquer possibilidade de avaliação pela ótica de aptidão à posição.

Até admito uma eventual preocupação com a vitalidade do candidato, aliás, para qualquer idade. Mas vale citar, a título de ilustração, que um sujeito de 70 anos já foi capaz de correr uma maratona em menos de três horas. Quantas pessoas de 30/40 anos conseguem esse feito?

Desta feita, superado os aspectos relacionados à vitalidade, é preciso reconhecer que a idade, além de ser importante para a diversidade no que tange ao conhecimento dos hábitos e anseios de uma significativa gama da população, costuma conceder habilidades que contribuem para a melhoria do clima organizacional e se busque de forma mais pragmática os resultados objetivados. Isso ocorre tanto pelo fato de o profissional ter passado por muitas situações de alguma forma similares, como também pela capacidade adquirida na utilização da devida carga de energia  a cada etapa dos processos, o que implica na racionalização de recursos. A propósito, a valorização à elaboração de processos, a visão abrangente e um maior feeling na avaliação de pessoas e propostas são habilidades geralmente desenvolvidas com o tempo.

Faz-se imperioso ressaltar que não se quer nesse texto promover nenhum tipo de polarização entre os mais experientes e os mais jovens. Ambos são fundamentais. A intenção do artigo é puramente chamar a atenção de que produtividade não tem nada a ver com a idade, a não ser, a utilização das cinco últimas letras.

O DRAMA DO BOTAFOGO

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Tiquinho está abalado devido à grave doença do pai

O Campeonato Brasileiro, mesmo sem o mata-mata que tanto empolgava na reta final, tem emoção, grandes jogos, estádios lotados, briga pelo título e por quem foge do rebaixamento.

Perguntei um dia ao mestre Luiz Mendes se foi ele quem criou a expressão “Há coisas que só acontecem com o Botafogo”:

“Eu só popularizei”, respondeu ‘O Comentarista da Palavra Fácil’, completando:

“O jornalista botafoguense Geraldo Romualdo da Silva, do Jornal dos Sports, foi o autor.”

A distância para o segundo colocado, quando era o líder, chegou a 13 pontos! Noventa por cento de chances de título, portanto. Onze vitórias consecutivas no tapetinho. Um retrospecto impecável. Até na derrota para o Flamengo, 2 a 1, o alvinegro não jogou mal. Perdeu um clássico para um adversário que investe forte.

De repente, o empresário John Textor mostrou desequilíbrio ao incorporar o espírito do Eurico Miranda e criticar Deus e o mundo. Detalhe: o americano foi lerdo para afastar o técnico português Bruno Lage, repetindo a ‘paciência de Jó’ do presidente Rodolfo Landim, fã declarado do argentino Jorge Sampaoli.

Contra o Atlético-PR, há indícios de que, antes da partida, o constante apaga-acende dos refletores para a visualização de drones influiu nas quedas de energia que levaram o jogo a ser interrompido e ter seu final adiado para o dia seguinte.

Contudo, na história do Botafogo não há sofrimento maior do que o presenciado contra o Palmeiras. Primeiro tempo de campeão! Torcedores que não se conheciam se abraçavam chorando de alegria. Um casal com a camisa do clube se beijava, sussurrando:

“Seremos campeões!”

Três a zero no intervalo. Poderia ser quatro ou cinco! A bola volta a rolar e Endrick marca. O técnico Lúcio Flávio não se mexe…

Na decisão da Libertadores, contra o Boca Juniors, Fernando Diniz levou o gol e alterou na hora. Tirou os medalhões Marcelo e Ganso. Colocou o jovem John Kennedy.

Tiquinho perde um pênalti, aos 36 minutos, quando o placar iria para 4 a 1. Verdade seja dita, o artilheiro está abalado emocionalmente devido à grave doença do pai. A ponto de sentir lesões e ter forçado um terceiro amarelo para poder esfriar a cabeça.

No jejum de 21 anos sem títulos, o sofrimento dos botafoguenses foi longo, mas não causaram dois infartos como os registrados pelo departamento médico após a inacreditável virada que o Palmeiras impôs em pleno Rio de Janeiro. Nem a decepção com o empate sem gols diante do Juventude, na decisão da Copa do Brasil – última vez que o Maracanã teve mais de 100 mil pagantes – deixou cicatriz tão forte.

Na saída, a multidão caminhava num silêncio nunca visto e que jamais será esquecido pelos presentes. O momento foi tão marcante, com direito a sintomas do Maracanazzo, um dos maiores vexames do futebol brasileiro.

AS FINAIS DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1979

por Luis Filipe Chateaubriand

Eis que, em 1979, o Campeonato Brasileiro chegava ao seu final com Internacional e Vasco da Gama disputando o título.

O fortíssimo Internacional, de Paulo Roberto Falcão, Jair, Mauro Galvão, Mario Sérgio e Batista, chegava às finais depois de superar o Palmeiras, de Jorge Mendonça, nas semifinais.

O Vasco da Gama, do ídolo solitário Roberto Dinamite, havia superado o Coritiba nas semifinais.

O primeiro jogo das finais foi no Maracanã, com mando de campo para o Vasco da Gama.

O Internacional foi soberano em campo, e venceu por 2 x 0 – dois gols de Chico Spina, que o gênio tático Ênio Andrade escalou no lugar do ausente Valdomiro.

O segundo jogo das finais foi no gigante da Beira Rio, com mando de campo para o Internacional.

No primeiro tempo, Jair fez 1 x 0 para os colorados.
No segundo tempo, Paulo Roberto Falcão ampliou para 2 x 0.

Já no final do jogo, Wilsinho descontou para o Vasco da Gama, e o placar final ficou 2 x 1 para o Internacional.
Com isso, o clube de Porto Alegre conquistou o seu terceiro título de campeão brasileiro!

ROMÁRIO É SANGUE

por Motta Balboa

É parceiro, Romário Presidente. Muito me honra em ter como presidente do meu clube um cara tão vitorioso no futebol e na vida por simples vontade própria de realizar mais um sonho de seu pai, mesmo não estando já aqui. Na situação atual o America não significaria nenhum êxito ao Romário, mas sim o Romário que agregaria valor ao America, isso mostra a sua paixão sincera pelo clube tijucano.

Me orgulho muito de ter ajudado com uma sementinha a plantar Romário no America, desde gerente em 2009/10 a agora no cargo máximo. Em 2006, com o America fazendo excelente jornada no Campeonato Carioca nas mãos do técnico Jorginho Tetra, com Romário e seu amado pai Edevair indo a jogos, notei realmente que o baixinho era Sangue. No fim de 2006, para aproveitar toda a motivação gerada pela bela campanha e com apoio da diretoria, idealizei o Natal na Baixada Americana, com um jogo de futebol entre artistas e jornalistas com a chegada do Papai Noel. A ex-esposa do Romário, minha amiga Mônica Santoro, frequentava a mesma academia que eu. Então pensei que, na época, Romário buscava marcar o milésimo gol, assim seu filho Romarinho poderia tentar marcar o gol UM no jogo de Natal, já que nunca havia jogado em campos oficiais. Mônica confirmou que seria o primeiro gol do filho, caso acontecesse, e liberou o pequeno craque, de apenas 13 anos para jogar com os adultos convidados. Era Romarinho buscando seu gol UM enquanto o pai nos campeonatos tentava chegar ao gol MIL.

Chegou o dia da partida, e não é que toda família Romário foi de surpresa a Edson Passos. Seu Edavair, D. Lita, e o próprio Romário, numa das raras vezes que acordou mais cedo, segundo ele próprio, para prestigiar o filhão. Mesmo com a incerteza da presença do Baixinho, emissoras nacionais e internacionais de tv, com uniformes da patrocinadora oficial do America personalizados, registraram tudo e o jogo foi um sucesso.

Aí comprovei o quão Romário é um astro e desperta interesse em todos, um carisma raro. Esse evento creio ter motivado a Romário a realizar mais conversas com o então presidente americano Reginaldo Mathias, desde o jogo festivo do centenário rubro em 2004 quando jogou um tempo pelo tricolor carioca e outro pelo America.

Com isso, de volta ao Natal de 2006, dei mais um empurrão, fora da área é claro, para que o Baixinho ficasse mais perto do America. A propósito, jogaram Alex Escobar, Smigol, Detonautas, Paulo Cintura, entre outros. Romarinho fez o seu gol UM, modéstia à parte com minha assistência. E o goleiro desse gol histórico, tal qual o saudoso Andrada, foi o nosso amigo escritor Marcos Eduardo Neves.

Uma historinha bacana, de outras tantas que unem America e Romário, que mostra o quanto o Baixinho gosta do America sem interesses obscuros como aconteceu em muito na vida rubra. E com Romário a história é testemunha, se entrou nessa é porque vai vencer, uma missão que ninguém lhe propôs, ele quem escolheu. Se o próprio Romário escolheu, alguém duvida de êxito? Presidente Vencedor sempre, parceiro!!!

O MAIOR DOS PRESENTES DE NATAL

por Zé Roberto Padilha

Faltam poucas rodadas. E o maior presente de Natal dos torcedores brasileiros, o cobiçado troféu de campeão brasileiro de futebol, vai ser definido nas últimas rodadas.

Não há no mundo um campeonato com tanto equilíbrio assim. Com tantos craques assim. Para se ter ideia da sua qualidade, o campeão da Copa do Brasil está na décima colocação. E o campeão das Américas em oitavo (até a produção desse texto).

O torcedor do Botafogo sabia que Papai Noel não chegava antes de Dezembro. Mesmo desconfiado, supersticioso, foi recebendo presentes antes da hora. Deu no que deu: o Mercado Livre pediu desculpas e, antes do Black Friday, os presentes foram devolvidos ao bom e justo velhinho.

Ainda bem que ele instalou waze em seu trenó. Agora, são vários endereços a cobiçar o maior dos presentes

Nossa mãe sempre dizia: não faz arte, não briga com seus irmãos, faz o dever de casa e lava suas mãos quando chegar em casa. Muito menos, ceda seu Engenhão para shows de Roger Waters e Red Hot Chili Pepers quando você mais precisar dos seus torcedores.

Caso contrário, Papai Noel não vai passar para entregar a taça porque o show de bola, não de rock, ainda não acabou.