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CLAUDIOMIRO, QUANDO O FUTEBOL NOS BRINDA COM UM SORRISO

25 / agosto / 2018

por André Felipe de Lima


Claudiomiro chegou a ser apontado pelo escritor Luis Fernando Verissimo como craque superior a Zico. O voto do magistral escritor e cronista em uma enquete impediu que ídolo rubro-negro ingressasse na lista da hipotética seleção dos sonhos. “Até hoje tem flamenguista que quer me matar”. Mas o atacante baixinho e atarracado ficou famoso mesmo pela célebre declaração sobre Jesus Cristo que rende, até hoje, comentários hilariantes. Não foi nenhum agradecimento por vitória alcançada, foi uma entrevista quando chegava à Belém do Pará, para o duelo entre o seu Internacional e o Paysandu, em jogo válido pelo campeonato brasileiro de 1972. “Tenho o maior orgulho de jogar na terra onde Cristo nasceu”, disse Claudiomiro a um repórter. Mas merece que falemos do futebol que tinha: era centroavante polivalente do Inter entre o fim dos anos de 1960 e a década de 1970. Batia na bola com as duas pernas e era muito veloz. Ganhou o apelido de Bigorna, pois, baixinho e atarracado, apanhava muitos adversários e saía ileso. Só perdeu três dos 34 clássicos que disputou contra o Grêmio.

Claudiomiro Estrais [ou Streis, como muitos alegam ser a grafia correta] Ferreira nasceu em Porto Alegre, em 3 de abril de 1950. Dona Adelaide, mãe de Claudiomiro, foi criada por um casal de alemães. Por isso o sobrenome germânico do craque. O pai, Elpídio Ferreira, tinha muitas dificuldades para sustentar a família. Além de Claudiomiro, havia mais três filhos, Flávio e Ivan. Todos ajudavam no parco orçamento da família, fazendo carretos em Canoas, com uma carrocinha. 


Foi Dona Adelaide quem o levou para um teste no Inter quando ainda tinha apenas 13 anos. Na primeira tentativa, o menino foi dispensado. Ambos retornaram muito decepcionados à Canoas, onde moravam, mas sem perder a esperança. Um dia surgiu um convite do Grêmio. O menino recusou-o. Afinal, toda a família era colorada. E o Inter foi mesmo o seu primeiro clube, onde chegou aos 14 anos de idade para submeter-se aos teste de Daltro Menezes, no time infantil . Uma oportunidade que surgiu graças ao comerciante José Ghilosso, amigo do pai de Claudiomiro e conselheiro do Inter . Todo o dinheiro que ganhava nos juvenis do Inter, enviava para a os pais, em Canoas.

Foi artilheiro do campeonato brasileiro de Juvenis, em 1967, e, tempos depois, subiu para os profissionais, quando contava 18 anos, por intermédio do técnico Sérgio Moacir Torres, ex-goleiro do Grêmio. Seria o começo da glória de Claudiomiro no Inter, que disputaria seu primeiro campeonato nacional, o Torneio Roberto Gomes de Pedrosa, competição em que o Inter, no dia 28 de maio, derrotaria o Corinthians dentro do Pacaembu. Foi a primeira vitória de um time gaúcho contra um paulista dentro de São Paulo. Um feito histórico, que mobilizou a torcida em Porto Alegre.

O atacante conquistou seis campeonatos gaúchos seguidos, de 1969 a 74. Na final de 72, fez o gol único sobre o Grêmio. 

Aos 22 anos, defendeu a seleção brasileira na Argentina, na disputa pela Copa Rocca. Estava no elenco nos dois jogos de despedida de Pelé da seleção, o do Morumbi e o do Maracanã. Claudiomiro vestiu apenas cinco vezes a blusa canarinho e marcou um gol. Dentre os feitos mais significativos em toda a carreira, o de ter marcado o primeiro gol no estádio Beira-Rio, na vitória por 2 a 1 sobre o Benfica, de Portugal, em 6 de abril de 1969 .


Enfrentando problemas de peso e no joelho, Claudiomiro só deixou o clube em 1975, para defender o Botafogo. Em 1976 e 77, jogou por Flamengo e, em 78, pelo gaúcho Caxias. Visivelmente fora de forma e “brigando” com a balança, o centroavante ainda encontrou forças para jogar pelo Novo Hamburgo, em 1979. Mas não por muito tempo porque o Inter resgatou-o. E, após várias infiltrações no joelho direito, concluiu que tinha de pendurar as chuteiras, com apenas 29 anos.

Em Canoas, interior gaúcho, Claudiomiro candidatou-se a vereador, mas não se saiu bem nas urnas. Repetiu a tentativa para deputado estadual e federal. Micou novamente. Como funcionário da área de comunicação social do clube, divulgou a marca “Internacional” pelo interior dos estados do Sul para conquistar novos torcedores do Colorado. E o “garoto propaganda” convencia. Afinal, foram 205 gols em 424 jogos com a camisa vermelha.

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