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HULK CANTA DE GALO, MAS ATLÉTICO DORME DE BICO FECHADO

por Marcos Eduardo Neves

Hulk cantou de Galo ontem no Mineirão. Mas o Atlético recolheu as asinhas e dormiu de bico fechado no seu próprio galinheiro. Tudo aberto para o jogão da volta, no Maracanã.

Foi um autêntico duelo de titãs no principal palco mineiro. Apesar de os dois times oscilarem na temporada, a partida foi, disparada, a melhor da rodada da Copa do Brasil – uma rodada, por sinal, repleta de clássicos.

Para variar, o Flamengo entrou sonâmbulo em campo. Com sete minutos já corria atrás do placar. Incrível, Hulk deu um toque genial por sobre Diego Alves, após jogada que começou com o goleiro atleticano e culminou em um lançamento milimétrico do lateral Mariano, ex-Fluminense.

Na etapa final, Hulk, demonstrando as habituais força e habilidade, iniciou a arrancada que culminou no segundo gol. O terceiro parecia questão de tempo. Contudo, o Flamengo não se entregou. Em um cruzamento de Rodinei, Lázaro ressuscitou o time para decidir em seu próprio lar uma das vagas que habilitará apenas um dos clubes às quartas de final.

Aliás, oitavas tão forte como essa me fez recordar do Brasil x Argentina na Copa de 1990. Maradona foi tão decisivo quanto Hulk e Caniggia eliminou a seleção canarinho do Mundial da Itália ao driblar o gigante Taffarel e empurrar a redonda para as redes. Aquela bola, por sinal, repousa inerte na prateleira da minha casa. Já as recordações voam soltas.

Aquele foi um único jogo, e apesar da superioridade brasileira, nossa equipe não foi capaz de transformar posse de bola e pressão exaustiva em gols. No fim, deu no que deu.

A situação agora é diferente. Vitória simples levará Flamengo x Atlético à disputa por penalidades. Ao Galo cabe empatar, mas o escrete mineiro conhece, historicamente, a capacidade de reação rubro-negra. Em 1980, havia vencido a primeira partida da final do Brasileiro, mas sucumbiu no então Maior do Mundo com dois gols do meu biografado Nunes – livro que lancei em 2018. Em 1987, apesar de invicto, perdeu, com gol de Bebeto, uma longa invencibilidade no Rio de Janeiro, diante de 118 mil vozes esperançosas. E no jogo da volta tornou a derrapar, em casa, numa das maiores pelejas de toda a História do Mais Querido.

A massa flamenguista lotará o Mário Filho em 13 de julho. As apostas estão abertas. Se Hulk foi decisivo ontem, quem sabe outro super-herói, Gabigol, pode desequilibrar diante da sua galera apaixonada.

O clima será belíssimo e contagiante, não há dúvidas. Mas, vale lembrar, estádio lotado não é sinônimo de vitória. Em 1950 nossa seleção perdeu a Copa para o Uruguai. E, em 2004, diante de um desacreditado Santo André, a poeira levantada pela torcida flamenga antes da bola rolar virou lama e o silêncio imperou ao longo dos 90 minutos da finalíssima da Copa do Brasil.

Ou seja, tudo pode acontecer. E essa é a encantadora magia do futebol.