Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Geral

O CRAQUE DO BRASIL EM 1985

por Luis Filipe Chateaubriand


O ano de 1985 se mostrou de difícil prognóstico, no que diz respeito à escolha do melhor jogador do Brasil do ano.

Isto porque dois grandes jogadores estavam no páreo para “abocanhar” a honra.

Um deles era Marinho, ponta direita do Bangu.

Ágil, serelepe, intenso, era um jogador que fazia a diferença para o clube da Zona Oeste carioca, tendo sido o principal artífice da presença do alvi rubro nas decisões de Campeonato Brasileiro e Campeonato Carioca do ano.

O outro deles era Careca, centroavante do São Paulo.

Visão de jogo privilegiada, noção de onde o gol estava bastante acurada, drible de alta capacidade, jogo vertical, domínio de bola virtuoso, era o homem gol que todos aplaudiam em terras tupiniquins, tendo conquistado o Paulistão do ano.

Sendo ambos jogadores bastante capacitados, Careca foi artilheiro e campeão, Marinho não.

Assim, o melhor jogador do Brasil em 1985 foi Careca, com louvor!

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

OS 3×1 DE 21 E OS 2×0 DE 89

por Leymir Moraes


A supremacia técnica ante o embate de Camisas centenárias só é observada se houver humildade do time momentaneamente superior, regra 00 do futebol entre grandes Clubes e digna de menção em manuais sobre o jogo.

Exemplos temos muitos, mas hoje focaremos em duas Camisas que rivalizam em terra e mar e se harmonizam em suas grandezas, a do Flamengo de José Agostinho Pereira da Cunha, Nestor de Barros, Mário Spínola e Augusto Lopes da Silveira e a do Vasco de Gaspar de Castro, Virgílio Carvalho do Amaral e Henrique Ferreira.

A do Vasco, que antes do primeiro título mundial da seleção já vestia orgulhosa de si mesma:

Barbosa, Barcheta, Augusto, Wilson, Rafagnelli, Ely, Danilo, Jorge, Moacir, Djalma, Nestor, Maneca, Ademir, Dimas, Lelé, Friaça, Ismael e Chico.

A do Flamengo, que cobria  o time do primeiro tri carioca com um esquadrão de rivalizar com o Reich:

Jurandir, Nilton Canegal e Domingos da Guia; Biguá, Volante e Jaime de Almeida; Valido, Zizinho, Perácio, Pirilo e Vevé.

As Camisas dos grandes Clubes estão campos astrais acima da frivolidade e possessividade de nossas paixões, elas falam através de gestos técnicos apurados como de Leônidas e Ipojucan e correntes de amor desenfreado dos bons e milhões de anônimos que as trajam como sua segunda pele. 

 A camisa do Flamengo reconhece os excelentes Ademir e Danilo, e não deixa de se comover com o amor de Alfredo Segundo pelas vestes vascaínas. A camisa do Vasco da Gama reconhece os grandes Zizinho e Perillo, e não deixa de se comover com a entrega e devoção de Biguá com o manto rubro-negro. 

A Camisa do Vasco não é menor quando admira Dida, a Camisa do Flamengo não se apequena quando se encanta com Roberto.

As Camisas são cientes que ciclos vitoriosos vêm e vão e que suas belezas e eternidades transcendem a isso, elas são lindas por si mesmas e por seus sonhos, pelo que representam e pelo que deixam em terra e mar, pela maneira que decididamente colorem nossas vidas. 

Em 1989 o Flamengo vivia um ano de luto, o maior entre todos os defensores de seu manto anunciava o fim do seu reinado, seu possível sucessor se transferia para o maior rival aonde seria ainda neste ano campeão brasileiro.

66 anos se passaram e restava ao Flamengo o mesmo que sobrou em 1923, tentar equiparar forças ao Vasco ainda que para o campeonato nada significasse. 

O Vasco de 89 era um verdadeiro esquadrão e contava em sua linha com Tita, Andrade e Bebeto, que haviam conquistado Carioca, Brasileiro, Libertadores e Mundial pelo clube da Gávea, além de Mazinho, Acácio, Bismarck , Winck, Wiliam e Sorato.

O Flamengo tinha um Zico que já se despedia, o retorno de Junior, e as perdas do primeiro semestre de Jorginho, Aldair e sobretudo Bebeto. 

O clima na cidade e também em São Januário era de uma vitória Vascaína, as disparidades técnica e anímica eram flagrantes e o resultado do Brasileiro de 1989 confirmaria a previsão. Os torcedores do Flamengo se sentiam diminuídos perante o poderio cruzmaltino e depositavam em Junior e principalmente Zico, um pingo de alegria naquele ano cinza.

Invariavelmente as preces rubro-negras terminavam com “e se perder, que não seja com gol de Bebeto, amém!” 

Era necessário mais uma vez que a camisa resolvesse, na preleção só Zico que é a mais perfeita semelhança da camisa do Flamengo falou, só Arthur Antunes Coimbra e mais ninguém.

Dentro de campo o jogo não foi decidido pela genialidade de Zico ou Junior, a Camisa queria ser explícita e escolheu como seu cavalo o menino Bujica que marcou os dois gols de sua vida naquela tarde de domingo.

Para todo o rubro-negro vivo em 89, o sentimento foi: “que eles se contentem com o Brasileiro, a vitória é nossa” exatamente como fora em 1923.


Em 2021, acabamos de testemunhar o mesmo, em demonstração soberba o Flamengo anuncia que faria um teste contra o Vasco em um Campeonato Carioca que busca mais um tri, o Flamengo de uma só vez diminuía o rival, como também um campeonato que entregou o seu exato tamanho e sua justa alcunha de mais querido! 

Os dirigentes do Flamengo ainda não entenderam que diminuir o rival é diminuir a si mesmo, e diminuir o Carioca é sangrar e apequenar suas maiores glorias.

Afinal os grandes Filipe Luis, Gabigol, Arrascaeta e Bruno Henrique seriam maiores que Junior, Dida, Zico e Zizinho e que se orgulham por demais de seus respectivos tris carioca?

Alguém tinha dúvida que a camisa Vascaína se levantaria? O Vasco que tem um time em 21 ainda mais fraco que o Flamengo do segundo semestre de 89, o Flamengo de 21 que tem ainda um time mais forte que o Vasco de 89. O Flamengo cai incontestavelmente, mas não aos pés de Leo Matos, Cano e Morato e sim tomba face a sua arrogância frente a camisa Vascaína que manteve a maior invencibilidade do clássico conquistado pelo Expresso da Vitória.

Não fora o Vasco rebaixado e maltratado que enfrentou o Flamengo em 21, não fora o Flamengo de 89 enlutado que enfrentou o Vasco campeão brasileiro, havia muito mais dentro de campo e só aqueles que nada sentem podem a isso ignorar. 

Em campo Cano foi Ademir, Morato foi Ipojucan e Leo Matos foi Danilo, todos encantados pelo manto vascaíno.

Se em 1989 pouco importava ao Flamengo o título brasileiro vascaíno, em 2021 pouco importará ao Vasco o que Flamengo já conquistou e conquistará.

Que as Camisas sempre se imponham quando necessário, e após a partida partam juntas para seus lares após as doces resenhas que já se sucedem há mais de século.

Salve o Clube de Regatas do Flamengo, Salve o Clube de Regatas Vasco da Gama!

MARROM DA COR

por Idel Halfen


Não lembro de nenhum time que traga o marrom na camisa. Pode ser falta de memória ou de conhecimento, mas ainda assim vale observar que essa cor se faz muito presente na imprensa. Aqui peço licença para sair da esfera esportiva, mas não totalmente.

Nos últimos dias, li uma nota questionando o Jockey Club Brasileiro por ter quebrado uma tradição ao admitir para o seu quadro de sócios um jogador de futebol.

A nota não disfarça o seu preconceito, mas como o clube tem em seu quadro social atletas que se destacaram em diversas modalidades esportivas, como voleibol, natação, triathlon e tênis, fica explícito que o ataque é direcionado, única e exclusivamente, ao futebol.

Seria simplório concluir que o futebol sofre preconceito. Na verdade, o futebol em função de seu aspecto democrático é capaz de atrair praticantes de diversas camadas sociais, credos e cores e isso, infelizmente, ainda incomoda muita gente.

O fato de o Jockey ter aprovado a associação de pessoas baseado no caráter e não na profissão é, sem dúvida, um fato a ser valorizado e divulgado de forma elogiosa, pois denota que para sua diretoria e maioria esmagadora dos associados, todos são iguais independentemente de segmentações que a sociedade venha impor

O QUE NELSON RODRIGUES DIRIA DESSE BOTAFOGO?

por Rodrigo Ancillotti


“Não, senhores!! Não foi Gilvan que marcou o gol de empate e deu sobrevida de alguns instantes ao Botafogo na Copa do Brasil. Se dependesse dele e de sua falta de categoria, ou da ruindade dos seus companheiros com a bola nos pés, aquela bola passaria incólume pela área e morreria tristemente pela lateral do campo. Quem empatou o jogo foi a Estrela Solitária!! Sim, foi Ela que subiu, praticamente carregando o zagueiro alvinegro contra sua vontade e obrigando-o a cabecear a pelota para as redes!! Ela, e somente Ela, honra a camisa alvinegra e não perde nunca sua magia!! Infelizmente, a Gloriosa Estrela Solitária não é capaz de milagres, pois só um milagre daqueles dignos de almanaque seria capaz de salvar o Botafogo da desclassificação na Copa do Brasil. A ruindade do time, do presidente ao porteiro do clube, impede que o Clube mais tradicional do nosso país almeje algo além da permanência na Série B para o ano que vem. Isso, por si só, já será motivo de alívio para a sua torcida.”

Peço licença aos amigos do Museu da Pelada para essa pequena homenagem ao maior cronista/escritor de nosso jornalismo esportivo: o grande Nelson Rodrigues!! Claro que ele escreveria com muitíssimo mais brilho e competência, mas imaginaria um texto semelhante para falar de mais uma eliminação vergonhosa do outrora Glorioso Botafogo na Copa do Brasil. Mais uma humilhação que expõe fortemente que, ao Botafogo, só resta lembrar de seu passado, pois o presente é vergonhoso e o futuro… Que futuro??

Até quando, Botafogo?? :’(

O PASTOR PITBULL E O FAIR PLAY

por Victor Kingma


Neco Pitbull era um truculento técnico do interior mineiro. Ex-zagueiro dos times de várzea locais, era daqueles que mordiam até na própria sombra, o que, aliás, lhe rendeu o apelido.

Depois que virou treinador, seguiu a mesma linha e exigia dos seus jogadores jogo pegado, com marcação forte e entradas duras.

Seu slogan era: “a bola e o adversário juntos não podem passar! Um dos dois tem que ficar!”. 

Só que, após entrar para a igreja e se tornar o Pastor Manoel, mudou completamente de postura. 

Agora, em suas preleções, misturava instruções táticas com orações e preces e  exaltava a necessidade do fair play e o respeito aos “irmãos” de profissão. 

Foi assim que seu time chegou à decisão. E o título parecia barbada. Além de jogar em casa, a equipe do pastor tinha uma grande vantagem: podia perder até por dois gols de diferença que ainda assim seria a campeã. 

Tranqüilo à beira do gramado, suas instruções pareciam refletir o novo comportamento: num contra ataque adversário, ao ver que seu zagueirão de 1,90m partia com cara de poucos amigos contra o atacante, grita:

– Na bola, só na bola, sem falta! 

Pronto! O avante se livra do limitado beque e estufa as redes: 1×0. Reduzida a diferença.

Já no segundo tempo, em nova investida do ataque rival, o ponta direita fica no mano a mano com o seu lateral. O técnico pastor, pregando literalmente o fair play, mais uma vez orienta em tom paternal:

– Sem falta, rouba a bola meu filho, jogo limpo e na paz! 

O ponta, então, passa com facilidade pelo marcador e faz 2×0. 

A torcida entra em desespero. Mais um gol dos visitantes seria o desastre. 

O final fica dramático para o time do Pastor. 

E o pior estava por vir: no último lance do jogo, quando o juiz já se preparava para encerrar a partida, o arisco pontinha adversário mais uma vez avança velozmente pela direita, finta o lateral e parte em direção ao gol. Tragédia à vista. 

O atabalhoado beque central sai na cobertura.  Aí o técnico “Pastor”, destemperado e prevendo a catástrofe, incorpora o Pitbull dos velhos tempos, esquece o fair play e, endemoniado, esbraveja:

– Chega junto! Pega! Mata a jogada! 

Desce o sarrafo, pelo AMOR DE DEUS! Senão a gente perde a desgraça desse título!!!