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O VERDADEIRO CAMPEÃO AINDA NÃO NASCEU

por Iran Damasceno


Em tempos de transformações sociais, devemos entender que o ato de pensar sobre o bem comum deveria ser uma tarefa coletiva de gestação, onde cada um e cada segmento teriam que fazer a sua parte, porém e infelizmente não temos esta veia coletiva de construção, principalmente quanto ao que podemos, ainda, considerar “tabu”. O futebol é um segmento que sofre com a falta de profissionalismo e comprometimento, pois ele é bastante parecido com a política. Me refiro à administração dos clubes brasileiros e, especificamente falando, ao grande Flamengo.

Temos visto a Europa avançar vertiginosamente nos campos da tecnologia, o que pra nós não é novidade e estamos em níveis de comparação dentro do futebol, entretanto o que joga tudo isso por terra é a falta de profissionalismo e capacidade administrativa, passando pela gestão de pessoas, de nós brasileiros. Explicando: Como funciona um organograma funcional num clube de futebol? Ele apenas identifica as funções? Até onde vai a liberdade de atuação dos seus dirigentes, quanto à manutenção de uma comissão técnica, por exemplo?

Estamos pegando como exemplo a demissão do Carpegiani, acompanhada das saídas de Mozer, Jayme, Rodrigo Caetano e cia. Onde o Flamengo está se especializando em gafes e derrocadas administrativas na gestão do Bandeira de Melo, que em princípio estaria “sanando as dívidas” do clube, valendo ressaltar que na gestão Dilma, aliada ao Congresso Nacional, preparando-se para a “Copa da corrupção”, abonaram aos clubes de futebol, perante as suas dividas, assim e amparados a parcerias invisíveis (?), quase nenhum de nós, simples mortais, sabemos como e de que forma ele conseguiu esta “mágica”.


Vale lembrar que o Flamengo vive de tradições, o que é salutar e meritório, mas, atentemos ao fato de o clube ser sempre submisso (?) a sua torcida quanto as ações administrativas, ao ponto de colocar no comando do seu futebol, um torcedor. Está errado? Para muitos sim, pois um clube de massa que quer atingir patamares superiores reais, pois “vive” de um título mundial de 1981, deveria pensar em gestão profissional e, finalmente, aprender a usar em seu favor, algo que NUNCA soube: Comunicação e Marketing.  É isso mesmo, o Flamengo sofre com a arcaica maneira de se comunicar com seu torcedor, assim, achando que deve “dar satisfação” sobre tudo que faz, aceita imposições e se ressente sempre que perde um jogo e é recebido nos aeroportos da vida com gritos, agressões e quebradeiras dos ônibus.

Está na hora disso acabar, pois um clube que quer e precisa se modernizar, não pode ser refém da sua própria inconsistência administrativa e, principalmente, submissão.


Nos parece, aos mais atentos, se tratar de uma simbiose aceita e consciente para que todos fiquem “felizes” e possam bradar que o Maracanã é a nossa casa, quando na verdade é preciso se pensar bem mais a frente e com uma visão, realmente, profissional.

Agora, vem a pergunta: Como romper este cordão umbilical, de um parto que já deveria ter sido feito?

COM SELEÇÃO NÃO SE BRINCA

por Rubens Lemos


Eram três amistosos logo após o Campeonato Brasileiro conquistado pelo Fluminense em 1984, campeão em 1×0 e 0x0 contra o Vasco na decisão. 

O Flu pragmático e obstinado, venceu o primeiro jogo, gol de Romerito e o segundo foi um bombardeio dos doIs lados, com o goleiro vascaíno Roberto Costa obtendo a segunda bola de ouro da Revista Placar de melhor jogador do campeonato. 

O campeonato de 1984 foi ótimo e sobraram poucos dos astros da sinfônica de 1982: Leandro, Oscar e Júnior. Sócrates havia sido vendido para a Fiorentina. Júnior iria logo depois, ao Torino. 

Depois da derrota para a Itália, buscava-se a reconciliação com o toque de bola perdido na primeira e desastrosa passagem de Carlos Alberto Parreira pela CBF em 1983 quando ganhamos na moedinha o direito de decidir e perder para o Uruguai. 


Leandro (fora da foto); Roberto Costa, Pires, Mozer, Ricardo Gomes e Júnior; Renato Gaúcho, Zenon, Roberto Dinamite, Assis e Tato.

O futebol vistoso do Vasco, de toques reluzentes e meio-campo habilidoso, deu vez a Edu Antunes de Coimbra, o irmão de Zico, que deslumbrava o país no balé cruzmaltino. 

A bola é peça irônica e – apesar de golear – Edu não definia um time titular e sobravam craques. Aos 20 anos, o maior armador brasileiro estava no Vasco – Geovani Silva – que começou entrosado com Pires e Arthurzinho enfiando goleadas de 9×0, 6×0 e 5×1 e ganhando todos os grandes. 

Edu insistia num revezamento inútil entre o titularíssimo ponta Mauricinho e o seu limitado reserva Jussiê. Geovani e Mário. Acácio e Roberto Costa brigavam. O time não tinha tranquilidade enquanto Parreira definiu seus onze e com eles rumou até o título: Paulo Victor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei e Assis; Romerito, Washington e Tato. 


Para os três jogos – contra Inglaterra (0x2), Argentina (0x0) e Uruguai (1×0), Edu contrariou vaidades. No Vasco, o lateral Edevaldo, os meias Geovani e Mário e Mauricinho foram descartados. Os que ele considerava melhores, levou, assim como no Fluminense, no Grêmio, no Flamengo e do Corinthians. 

Genial jogador, Edu não usou sua técnica para dominar a seleção. 

Marcante, a despedida do magnífico Roberto Dinamite da amarelinha aos 30 anos e a certeza de que o ambiente no Vasco naufragou.

 

O PATROCÍNIO MASTER

por Idel Halfen


Quando se fala sobre as receitas dos clubes de futebol, as relativas ao patrocinador máster são habitualmente as mais lembradas, fato que pode ser explicado em função da maior exposição, a qual propicia uma suposta maior tangibilidade a essa propriedade. No entanto, vale esclarecer que no Brasil o montante desses recursos tem pouca significância quando comparado com o obtido através da comercialização dos direitos de transmissão ou mesmo com as folhas salariais. Já em outros países, essa fonte costuma muitas vezes ser a mais importante.

Além da diferença entre a participação das receitas de patrocínio sobre o total do faturamento recorrente, é também possível perceber outras particularidades nesse tipo de relação, algumas dessas influenciadas pelos órgãos de regulamentação locais.

Entre as distinções mais percebidas estão: a concentração de ramos de atividades, a concentração de patrocinadores e as suas respectivas nacionalidades.

Serviu como base para a análise aqui relatada, uma amostra constituída pelos  campeonatos nacionais de nove países: Brasil, EUA (MLS), México, Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália, França e Portugal na última temporada – 2017 para os campeonatos que se iniciam e terminam no mesmo ano e 2017–18 para os que têm a competição iniciando no meio do ano.
 

Na Inglaterra, na Alemanha e na França encontramos um patrocinador para cada time. Essa situação quase se repetiu na MLS, não fosse o Bank of Montreal ter patrocinado  o Toronto FC e o Montreal Impact, e na Itália em função da Roma estar sem patrocínio máster. 


Na contra mão dessa pulverização vimos o Brasil com o maior índice de concentração, visto que um mesmo banco patrocinou 70% das equipes.

Quando voltamos nossa análise para os ramos de atividades dos patrocinadores, constatamos que o setor financeiro é o mais presente, estando em 23% das equipes que compuseram a amostra. No Brasil esse percentual atingiu 85%, valendo salientar que nenhuma equipe francesa ou italiana possui empresa desse segmento como patrocinadora. Outra concentração digna de destaque se dá na Premier League, pois nove das vinte equipes envergam como máster algum site de apostas.

No que tange à nacionalidade das patrocinadoras, vemos que o Brasil é o único país em que 100% delas têm sua matriz localizada na própria nação. O país que mais se aproxima desse índice é o México com 86,7% e o mais distante é a Inglaterra com 35%, o que se explica pelo fato de os sites de apostas geralmente se localizarem em paraísos fiscais.

Excetuando a Caixa, presente apenas no Brasil, a empresa que mais aparece como patrocinadora máster é a companhia aérea Emirates que está no Real Madrid, Paris St. Germain, Milan, Arsenal, Benfica e Hamburgo.


Focando especificamente o Brasil, nos deparamos com um cenário completamente diferente do que se vê nas principais ligas do mundo, tanto pelos pontos observados acima como também por não ter entre as marcas patrocinadoras nenhuma empresa dos ramos de aviação, telecomunicações ou montadora de automóveis, setores que movimentam elevadas cifras. 

As causas para essa situação estão provavelmente ligadas à baixa maturidade da indústria esportiva nacional, o que abrange tanto o lado dos clubes e confederações como o dos potencias patrocinadores 

Não podemos ainda deixar de considerar como influenciadores desse panorama a conjuntura econômica e os aspectos ligados à educação da população.

TITE, RINUS MICHELS E LUAN

por Claudio Lovato


A se confirmar a informação de que Tite não levará Luan para a Copa da Rússia sob o argumento de que o jogador do Grêmio não tem posição definida em campo, e que por isso seria difícil encaixá-lo no time, estaremos diante de um descalabro.

Fico imaginando – vício de ficcionista, me perdoe – um papo entre o Tite e o Rinus Michels, com o brasileiro tentando explicar ao técnico da grande Holanda de 1974 (cuja morte está completando 13 anos neste mês de março) o porquê de não levar Luan para a Copa de 2018:

– Rinus, não dá para saber onde ele joga! Ele joga pelo meio? Pela esquerda? Pela direita? É armador? É atacante? Pô, não dá!

– Mas isso não é bom, Tite? Isso não dificulta a marcação para o adversário? Os caras não ficam desesperados procurando por ele em campo e quando se dão conta ele está colocando um companheiro em condições de finalizar? Foi o que eu ouvi.


– É, pode ser, mas isso pode confundir os companheiros também!

– Bom, e me perdoe pelo que vou dizer agora, mas aí é que entra a mão do treinador. Eu tive sob meu comando uns caras que também não guardavam posição e, olhe, acho que dá para dizer que provocamos algumas dores de cabeça em nossos oponentes.

– Mas temos que encaixar as peças direitinho, Rinus! Organização é tudo! Você sabe disso!

– Eu sei. Organizei o time de pelada mais bacana de todos os tempos.

– Então?!

– Mas não seja tão certinho, amigo!

– Cada jogador tem que saber onde jogar e cumprir à risca o combinado. Senão, a engrenagem não funciona. Até o Neymar sabe que tem que ficar no quadrado dele!

– Engrenagem. Por isso é que eu ficava contrariado, para não dizer outra coisa, quando nos chamavam de Laranja Mecânica”.

– O coletivo acima do individual, Rinus!

– Você está dizendo isso para mim?

– Me desculpe, não quero parecer presunçoso.


– Tite, me diz uma coisa, com sinceridade e humildade: você ainda não conseguiu entender o futebol do garoto, é ou não é?

– Claro que entendi! Só não vejo como colocar ele no time!

– Não, amigo, então você não entendeu.

– A ideia de time! A inexorabilidade da supremacia do conceito de coletividade!

– O que faz o todo é a soma das partes. E quanto melhores as partes que você tiver em mãos, melhor. Organize-as e depois dê o máximo de liberdade para que rendam tudo o que podem.

– O futebol de hoje não permite essas coisas, Rinus! Por favor!

– Pelo contrário! O futebol de hoje exige exatamente isso, talvez como nunca antes! Disciplina tática com liberdade para os jogadores! Ocupação de todo o campo, troca de posição, posse de bola, e então passe, passe e passe. Pelo que sei, esse rapaz do Grêmio se dá muito bem num esquema assim.

– É assim que já jogamos na Seleção!

– Mas pode ficar muito melhor. Pode ficar mais complicado para o adversário!

– Não sei se é necessário.

– Você é quem decide. Mas se eu posso pedir alguma coisa, é isto: considere levar o garoto pelo menos entre os 23.

– OK, vou considerar, Rinus.


– Sucesso para o Brasil lá na Rússia. Você tem ótimos jogadores. Mas talvez precise de alguém para bagunçar o coreto de vez em quando.

– Vou pensar, Rinus, vou pensar…

– Boa sorte. Abraço.

– Outro. Ah, sim, antes que eu me esqueça: o que o Cruyff acha disso?

– Melhor eu nem lhe dizer, Tite.

UM PRÓLOGO PARA OS VERSOS DE SANGUE; 1982 EM MIM…

por Marcelo Mendez


O mundo mudava a partir do começo dos anos 80.

Tinha uma tal abertura política que meu pai gostou muito, teve as grandes greves do ABC, teve meu Pai engajado nisso tudo, começaram a chegar uns filmes e uns discos no Brasil que minhas primas gostavam, na escola comecei a sacar as coisas e o futebol passava a fazer parte da minha vida de vez.

Em 1980, aos 10 anos de idade, chego para jogar no mirim do Esporte Clube Nacional do Parque Novo Oratório, quando conheci meus primeiros amigos. Aprendi que quando se junta onze caras em campo com a mesma camisa, não tem diferença nenhuma, rola uma amizade, um grupo, uma irmandade.

Além disso, também descobri que o futebol é duro, afinal sou palmeirense…

Em 1980 isso não era muito fácil, nem muito prazeroso, mas outra hora falamos disso.

O que está em questão é a Copa do Mundo, ou o período que marca a preparação para ela.

Diferente de 1978, agora eu já podia acompanhar todo processo, ver como era a expectativa de quem curtia essa coisa toda e o principal, assistir de perto a formação do time que jogaria a próxima Copa, em 1982…

Seriam os quatro anos mais intensos da minha vida. Da minha imberbe, vida. Em se tratando de futebol, claro que pensei várias vezes que viveria muito mais do que vivi naqueles anos.

Todavia, as coisas de 1982 ainda ressonam fortemente em mim. Sempre ressonarão…