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PODE ISSO, ARNALDO?

por Ricardo F Dias


Há pouco tempo tive contato com o Arnaldo Cesar Coelho. Estou proibido, por ele, de contar, mas o cara tomou uma atitude sensacional. Teve um gesto absolutamente maravilhoso, e não posso contar… Mas ao menos conto que houve algo, e que ele é um cara fantástico. Virei fã, além de ter sido talvez o único juiz que jamais xinguei.

Mas, falando de juízes… Meu pai foi gerente de banco. Um cliente seu era o árbitro Aloisio Felisberto – estamos nos anos 70. Sempre que ia à agência, meu pai dizia impropérios sobre juízes, e ele sempre aceitou com bonomia.

Numa segunda-feira, no jogo da véspera, Cafuringa, ponta direita do Fluminense, havia apanhado muito. Meu pai havia ido ao jogo, e ao ver Aloisio começou a xingar todos os juízes. O árbitro riu, conversaram um pouco e este pediu para dar um telefonema. Deu, e comentou sobre o jogo do Flu. Passou o telefone para meu pai, dizendo:

– Acho que esse meu amigo também concorda com você.

Papai pegou o telefone e começou a comentar sobre o fato. Xingou o juiz da véspera, lançou dúvidas sobre sua masculinidade, insinuou comportamento moralmente indevido por parte da mãe do juiz, Supôs subornos, falou o diabo. Seu interlocutor ouvia, até que perguntou:

– Mas quem foi o juiz de ontem?

– Luis Carlos Felix.

– Prazer, sou eu.

Meu imprevidente ancestral, ao xingar tanto o pobre árbitro, talvez tenha esquecido de uma passagem em sua própria biografia. Ele jogava vôlei nos anos 50. Época de total amadorismo, um dia haveria um jogo entre Mackenzie e Flamengo. Ele não poderia jogar, estava machucado, então foi escalado como árbitro.

Meu pai tem pelo Flamengo sentimentos poderosos, nenhum deles positivo. E roubou o mais que pôde. Bola deles dentro era fora, bola fora do adversário era dentro, fez o diabo, e teve que sair fugido do ginásio. Já naquela época a torcida rubro-negra era apaixonada. Fugiu, e com a inocência dos justos parou num bar do bairro vizinho para um caldo de cana com pastel. Não contava com o bonde, que passava em frente, lotado com torcedores que estiveram no ginásio.

-É ele!!!!!!!!!!

Era jovem , corria muito, sobreviveu!

SÓCRATES, O PENSADOR DA BOLA

por Luis Filipe Chateaubriand 


Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o Sócrates da Fiel, não parece ter recebido nome de filósofo à toa. Jogador que exercia seu oficio mais com a cabeça do que com os pés, pensava o jogo, antes de jogá-lo. 

Sua máxima de que “quem tem que correr não são os caras, mas sim a bola” já mostrava que o raciocínio deveria não só ser incorporado à peleja, mas que seria fundamental para decidi-la. 

O esguio Magrão, que tinha um andar parecido com a mítica Pantera Cor de Rosa, concebia os passes de forma inteligente, e os executava com maestria. 

Ao fazer uso frequente do calcanhar, se habilitava para jogar tanto de frente como de costas, frequentemente ludibriando os adversários. 

Não fazia gols com frequência, mas os fazia com extrema classe, pois tinha uma frieza glacial ao concluir em gol. 

Politizado ao extremo, também era craque fora de campo, onde fazia da luta pela cidadania uma diretriz preciosa. 

No jogo da vida, perdeu para o álcool. Mas o exemplo de sua classe e da inteligência engajada fazendo a diferença serão eternos.

CORINTHIANS 1998/1999

por Marcelo Mendez


São vários os aspectos que formam um bom time de futebol.

Grana, sorte, uma geração privilegiada, uma boa gestão, planejamento ou absolutamente nada disso. O time de hoje, por exemplo, vem formado por uma das grandes magias do Futebol Brasileiro e assim se fez.

O Brasil queria um time como esse que falaremos aqui.

ESQUADRÕES DO FUTEBOL BRASILEIRO chama todo mundo para falar do Corinthians de 1998/99

O COMEÇO

Na metade dos anos 90 as coisas mudaram para o Corinthians.

O time de Parque São Jorge que vinha tropeçando pra tudo que era canto, foi pra uma decisão de Campeonato Paulista em cima do Palmeiras. Se perdesse seria o terceiro vice pro arquirrival e de todo jeito tinha que mudar a coisa. Conseguiu…

Um gol de Helivelton em Ribeirão Preto fez a torcida do Palmeiras silenciar e a Fiel fazer a primeira festa de 1995. A segunda seria a Copa do Brasil em cima do Grêmio e tudo rumava para o futuro brilhante.

Veio em partes.

O mesmo Grêmio tirou o Timão da Libertadores em 1996, as campanhas de Paulista e Brasileiro também não foram boas e em 1997, Alberto Dualib dá o primeiro sacode na gestão administrativa do clube.

O BANCO DO TIMÃO


Eis que no dia do torcedor surge um tal Banco Excel despejando um tanto de grana em cima do Corinthians. No começo deu ruim, o time com Tulio Maravilha e Donizete Pantera venceu um Paulista e depois foi ladeira abaixo no Brasileirão. Foi mal. Mas serviu para algo muito bom.

Em 1998 o Banco liberou as contratações de Edílson, Rincón, Ricardinho, Gamarra e afins. Também trouxe Vanderlei Luxemburgo e pronto:

Daí pra frente a história seria outra…

A MÁQUINA

As contratações, somadas a Vampeta, Mirandinha, Silvinho e outros que lá estavam, criaram uma base sólida, forte, parruda. O Corinthians passou a ser visto de uma outra maneira e seus jogos, verdadeiros espetáculos. Força, aliada a muita tecnica, Marcelinho Carioca voando, goleada pra todo lado e o título inevitável.

Em três partidas contra o Cruzeiro, um título vencido com excelência.

Em 1999, mais títulos

Paulista, Bi Brasileiro, bailes de bola. O Corinthians que teve como base Dida, Indio, Gamarra, Batata, Kleber, Rincón, Vampeta, Ricardinho, Marcelinho, Luizão e Edilson fez história e merece estar aqui.

Corinthians 1998/99 um baita time em ESQUADRÕES DO FUTEBOL BRASILEIRO.

SE PORÉM FOSSE PORTANTO

por Eliezer Cunha


Polêmicas à parte vamos aos fatos. Foi ou não pênalti nos últimos minutos na decisão do estadual em 1985 a favor do Bangu contra o Fluminense? Teria ou não Maurício empurrado o lateral Leonardo na decisão do Estadual entre Botafogo e Flamengo em 1989, encerrando um jejum de 21 anos do time Alvinegro? Na decisão do estadual de 1971 teria mesmo o lateral Marco Antônio deslocado o goleiro Ubirajara dentro da área?

Fatos recheados de controvérsias e questionamentos que alimentam como matéria prima até hoje os programas de tv, debates entre torcedores nos bares da vida e, ainda, conteúdos para discussões nesta e outras páginas ligadas ao esporte.

Vivemos em um momento de tecnologia avançada e disso poucos seres e atividades não podem se esquivar. Mas… A arte, o artista e público, digo no futebol, estão hoje reféns desta tecnologia designada como VAR. Nenhum espetáculo ao vivo é passível de edição, seja uma peça de teatro ou um show de música. É como que a história fosse sempre reredicionada para um óbvio. Assistimos passíveis decisões serem alteradas por conta de opiniões “extra campo”. Se a adoção do Árbitro de Vídeo fosse um consenso no esporte já tinha se estendido a outras modalidades. Como disse Caetano “Alguma coisa acontece em meu coração quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João”. E é essa emoção que nos foi sucumbida.


E ainda pergunto: A reputação do esporte, sua mágica, e as histórias dos clubes foram atingidas sem a prática do VAR?Não.

Imaginemos o Árbitro de vídeo decidindo um Campeonato Brasileiro aos 45 minutos do segundo tempo. Seria hilário, não é mesmo? Para torcedores, jogadores, imprensa e juízes.

Os árbitros de vídeo se tornaram deuses e simplesmente comandam as decisões. Raramente o árbitro da partida vai de encontro com uma solicitação do VAR. Os artistas deixaram de ser a peça principal do espetáculo e se tornaram coadjuvantes. 

Será que tecnicamente e tecnologicamente os questionamentos do VAR possuem consistências? Isso já foi meramente comprovado? Será que não existe o chamado erro de paralaxe nas decisões, entre outros possíveis erros?

Agora temos que alterar aquela famosa frase de uma música: Domingo tem Maracanã e o árbitro de vídeo.

 

 

A ESCOLINHA DO PROFESSOR DINIZ

por Zé Roberto Padilha


Thiago Silva, Marcelo, Carlos Alberto, Diego Souza, Roger, Pedro, João Pedro, entre tantos, dá até para montar uma seleção, foram revelados na Escola de Formação de Xerém. Quando não são vendidos aos 17 anos, chegam ao topo, isto é, à equipe profissional, graduados em todos os fundamentos. Dominam bem a bola, sabem chutar e cabecear, são disciplinados e experientes pois já rodaram o mundo disputando torneios desde os sub-15. Porém, só não trazem no currículo o aprendizado de uma inovação tática que foge aos padrões comuns.

Vão precisar de uma pós-graduação com o professor Fernando Diniz, mas esta não pode ser realizada no Estádio da Fonte Nova, sob pena de um atacante rodado, como o Gilberto, tomar a bola de um aluno que não sabe bem a lição, mas que foi orientado a sair jogando com os pés. Muito menos no caldeirão do Atlético Paranaense, onde um Aírton, cheio de cacoetes do ensino fundamental, dá seu carrinho tradicional e joga toda a concepção moderna de uma ocupação inteligente de espaços para os últimos lugares da tabela.

Nosso receio é que os seguidos maus resultados tirem Fernando Diniz, um professor tão promissor, das Laranjeiras. Vocês conhecem, como eu, como são nossos cartolas. Nunca jogaram bola, surgem do quadro social, se destacam na piscina, no salão nobre, nas quadras de saibro e convencem um grupo de amigos da sauna a elegerem o presidente. E saem distribuindo desconhecimento vestiários afora.

Basta que pichem os muros da Rua Álvaro Chaves que eles retiram sua incompetência da reta. E a transferem para o treinador que sai do clube carregando toda a culpa de uma má gestão. É mais fácil, prático, é só contratar um outro e pintar o muro de novo.


Melhor deixar, neste momento, sob risco de não viver a lutar outra vez para não cair, no comando dos profissionais tricolores o Abel. Já rodado e respeitado, tem sido o melhor mediador entre os garotos que chegam e os Bruno Silva que os empresários vivem a empurrar goela abaixo nas diretorias. E levar o Fernando Diniz, e sua revolucionária planilha, para o ensino fundamental do Colégio de Xerém.

Daqui a dois anos, ele retornará ao Maracanã com a geração que irá formar na ponta da chuteira. Aquela que além de ter a posse de bola, realizada desde o goleiro que irá treinar desde os juvenis, dos Aírtons que passarão a jogar com a cabeça em pé, terá também a posse da taça. E do respeito ao clube de volta.

Em Xerém, do nosso vizinho Zeca Pagodinho, existe uma máxima: deixa a vida te levar. Por lá, Fernando Diniz não tentará levar a vida do jeito que seu modo de jogar quer. Deixará a tradição tricolor, de vitórias e conquista, lhe conduzir ao pódio que sempre o tricolor viveu a ocupar.