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Flamengo

VALEU, ANDRADE!


Sessenta anos. Esta é a idade de Jorge Luís Andrade da Silva, o Andrade, que também faz anos nesta sexta-feira, 21. Foi ele um dos melhores volantes que vi jogar. Clássico, com extraordinária e ampla visão do gramado. Saía com a bola da área do Flamengo para deixá-la, impecavelmente redonda, nos pés ora do Adílio, ora do Zico. Invariavelmente tudo terminava em gols e, claro, em títulos. Muitos títulos. Vários campeonatos cariocas, brasileiros, uma Libertadores e um Mundial Interclubes..

Disputou pouco mais de 570 jogos pelo clube da Gávea, marca que o deixa entre os cinco jogadores que mais vezes entraram em campo pelo Flamengo.

Parabéns ao Andrade, ídolo incontestável dos rubro-negros.


Ao lado de Zico, Leandro e Júnior, Andrade comemora o título mundial

A DEFESA INESQUECÍVEL

por Victor Kingma


O dia, me lembro bem: 15 de dezembro de 1963. Era o segundo jogo que eu assistia pela televisão. O primeiro, exatamente um ano antes, havia sido um desastre: o meu Flamengo, dos ídolos Henrique e Dida, levou uma surra histórica do Botafogo, perdendo por 3 x 0! Sem choro e nem vela, expressão muito usada na época. Também não tinha como: na ponta direita do alvinegro estava o maior ponta direita de todos os tempos, que  naquele dia estava endiabrado como nunca, fazendo jus ao apelido “O Demônio das Pernas Tortas”. Numa das maiores exibições de sua carreira, Garrincha fez dois gols e iniciou a jogada em que o zagueiro Vanderlei marcou contra. Engraçado é que mesmo frustrados pela derrota, até nós, rubro-negros, tivemos que nos render à magia dos dribles de Mané. Assistindo ao vivo, pudemos constatar que era mesmo verdade o que os vibrantes radialistas, como Waldir Amaral, Jorge Curi e Fiori Gigliotti, alardeavam nas transmissões esportivas. 

Bem, mas aquela tragédia já era passado. Agora, exatamente um ano depois, as atenções se voltavam para mais uma decisão do Campeonato Carioca. A imagem da transmissão pela TV Rio, Canal 13, nunca esteve tão boa. Afinal, a antena tinha sido colocada bem no alto do morro e ainda levantada por um imenso bambu para melhorar o sinal. A sala da fazenda do meu saudoso avô, o velho holândes Jan Kingma, o único a ter essa novidade por aquelas bandas da Mantiqueira, estava mais uma vez superlotada.

Naquele dia, nos áureos tempos das decisões regionais, 194.603 torcedores, o terceiro maior público da história do futebol, e o maior entre jogos de clubes, estavam no Maracanã.  

Dessa vez as nossas esperanças eram depositadas nas arrancadas pela direita do veloz ponteiro Espanhol e nos gols do centroavante Airton, da renovada equipe rubro-negra. Aliás, do time do ano anterior, apenas o ponteiro e os meio campistas Carlinhos e Nelsinho estavam de novo em campo. Gerson, a grande revelação, havia sido vendido ao Botafogo após desentendimentos com o treinador Flavio Costa que, contra a sua vontade, o tinha escalado na ponta esquerda na decisão de 1962, para ajudar o lateral Jordan na inglória missão de marcar Garrincha. Já demonstrando sua personalidade forte o “Canhotinha de Ouro”, embora em início de carreira, não se conformou de ter sido colocado fora de posição e naquela fria. E acabou saindo precocemente do clube.


O Flamengo jogava pelo empate, mas, depois de um primeiro tempo equilibrado, na volta do intervalo parecia que a história ia se repetir: o Fluminense, comandado pelo lendário técnico paraguaio Fleitas Solich, conhecido como “El Brujo”, partiu todo para o ataque. O gol que daria o título aos tricolores, tudo indicava, era questão de tempo. Mas aí um personagem passou a brilhar diante daquelas quase 200.000 pessoas: o goleiro Marcial. Com apenas 22 anos e recém chegado do Atletico Mineiro, o jovem arqueiro passou a realizar uma sequência de defesas espetaculares, demonstrando uma calma impressionate, como se tivesse encarnado naquela decisão toda a experiência de Castilho, o consagrado goleiro rival. 

Numa dessas defesas, quase no final da partida, o ponteiro esquerdo Escurinho, que já havia chutado uma bola no travessão, chegou frente a frente com o arqueiro…  Todos os torcedores que se amontoavam na sala da fazenda naquele dia se levantaram: os tricolores e a turma do contra pra gritar gol e os rubro-negros na esperança de mais uma defesa milagrosa do nosso goleiro. Eu, com 10 anos, e em meio a todo aquele tumulto, abaixei a cabeça para não presenciar a nova tragédia.

De repente a explosão dos rubro-negros: – defendeu Maciel!!! Gritou um dos mais eufóricos, até errando o nome do nosso goleiro. O jovem Marcial, que por sinal futuramente ia se tornar médico, havia “literalmente“ operado mais um milagre.

Pouco tempo depois o jogo acabou. E por justiça do destino com a bola nas mãos do herói daquela decisão, após ter interceptado um cruzamento do ataque do Fluminense. Talvez o árbitro do jogo, Claudio Magalhães, que presenciou de perto aquela exibição de gala, quisesse lhe prestar essa homenagem. Assim todos os flashs dos fotógrafos estariam voltados em sua direção. 

Apesar de toda a euforia por ter assistido pela primeira vez o meu time de coração ser campeão, ficou uma pequena decepção por não ter visto a espetacular defesa, tão alardeada pelos meus amigos flamenguistas.

Somente muitos anos depois, já morando na cidade e assistindo a um documentário sobre o Canal 100, eu pude, finalmente, assistir àquela defesa impressionante, daquela memorável decisão de 1963.

BIGUÁ, O PRIMEIRO ‘DEUS DA RAÇA’ RUBRO-NEGRO

por André Felipe de Lima


Torcedores rubro-negros na faixa dos 40 anos cresceram vendo o zagueiro Rondinelli, o que marcou, de cabeça, o gol do título estadual de 1978 sobre o Vasco, como o “Deus da raça” do Flamengo. Mas, na década de 1940, outro defensor rubro-negro, o ex-lateral-direito Biguá, merece a primazia sobre o apelido. Até o surgimento de Leandro, foi ele o mais emblemático lateral-direito que passou pelas hostes da Gávea. Hoje, dia 22, Biguá faria 96 anos.

Mario Filho foi um dos que reconheceram a disposição do guerreiro Biguá: “Era tido como um índio. Se não fosse o cabelo de boneca japonesa seria tomado por preto. Era baixo, atarracado, de pernas grossas, de poltrona. Mas, tocando no chão, subia feito uma bola de tênis. Quando se enfurecia parecia um daqueles indígenas dos poemas de Gonçalves Dias. Ou melhor, um apache ou sioux de fita americana, de machado em punho para escalpelar um pale face [pele branca – referência a luta dos indígenas nos Estados Unidos].”

Moacir Cordeiro — assim se chamava o ídolo — nasceu em Irati, interior do Paraná, em 1921. Tinha personalidade. Foi marcador implacável, mas não era técnico. Ao lado de Modesto Bria e Jayme de Almeida formou uma eficiente linha média do Flamengo dos anos de 1940. Para o extraordinário ponteiro-esquerdo Félix Lostau, da “La máquina” do River Plate, nos anos de 1940, Biguá foi o seu melhor marcador.

Biguá teve um grande amigo dentro e fora dos gramados, o ponta-esquerda Chico, do Vasco. E, no próximo sábado, 25, haverá clássico entre Vasco e Flamengo. Os dois craques do passado são símbolos históricos de que o futebol permite paz entre rivais.


O grande Biguá foi titular absoluto nas equipes do Flamengo que conquistaram o primeiro tri-campeonato carioca para o clube em 1942, 43 e 44. Quem o admirava era o zagueiro Domingos da Guia, que já em final de carreira no Corinthians convidou Biguá para trocar a Gávea pelo Parque São Jorge. Biguá quase aceitou. Prevaleceu, contudo, a paixão pelo Flamengo. “E no dia em que o Corinthians jogasse contra o Flamengo, como é que eu ficaria?”. Amava tanto o Flamengo que, do banco de reservas, chorou ao ver os mais jovens conquistarem o campeonato estadual de 1953, que abriria o caminho para o segundo “tri” do Rubro-negro.


O jogo de despedida de Biguá, contra o Botafogo, no dia 3 de novembro de 1953, foi uma das passagens mais bonitas da história do Flamengo. Pegou uma bola e chutou para torcida guardá-la como emblema daquele dia inesquecível. A torcida o aplaudiu efusivamente.

Após uma volta olímpica no gramado do Maracanã, o craque entregou suas chuteiras ao novato meia Carlinhos, o futuro “Violino”, como seria chamado ao longo da década de 1960. Após Biguá “passar” a chuteira para Carlinhos, o craque tentou chutar uma bola para a arquibancada, mas foi tão sem força que a pelota caiu na geral.

De tão emocionado, Biguá correu em direção ao primeiro túnel que viu. Era o do Botafogo. Carlito Rocha, o folclórico cartola alvinegro, apertou-o contra o peito e disse: “Pena que no futebol haja poucos iguais a você”.

LEANDRO ETERNO

Uma das filosofias do Museu da Pelada é dar um passo de cada vez. Após reunir um timaço de colaboradores e abastecê-lo nesse primeiro ano com conteúdo de qualidade chegou o momento do segundo passo. E ele vem carregado de ousadia. A ideia é salvar os acervos pessoais de nossos craques e profissionais ligados ao futebol, como técnicos, árbitros, supervisores e torcedores. O lateral Leandro, do Flamengo, foi o primeiro a ter suas matérias, fotos e recortes digitalizados, restaurados e salvos num cd, além de guardados numa belíssima caixa confeccionada pela encadernadora Chris Lee, da Manufatura. O objetivo é salvar o maior número de acervos, desprezados por clubes e museus físicos, e apresentaremos esse projeto a empresas com perfil para nos ajudar nessa empreitada. Mas, com ou sem patrocínio, seguiremos em frente.


Postamos esse vídeo hoje, justamente no aniversário de 58 anos de Leandro

Vale destacar que a ideia do presente surgiu meses antes – e por acaso -, no dia em que fomos a Cabo Frio entrevistá-lo. Quando o craque apresentou o seu acervo, com fotos, notícias, textos e recortes de jornais de cair o queixo, também chamou a atenção o estado daquelas eternidades, rasgadas, manchadas e desorganizadas.

Como um dos objetivos do Museu é preservar a memória do futebol-arte, propomos revitalizar aquela preciosidade, afinal de contas, um craque da importância do Leandro merecia, ao menos, um acervo digno. Sem pensar duas vezes, o lateral confiou na nossa equipe e nos entregou as bolsas e caixas rasgadas que guardavam todas as suas lembranças do futebol.

O trabalho durou quatro meses, pois foram mais de 1 mil matérias digitalizadas, mas, com certeza, um dos mais prazerosos nesse curto período de existência do Museu da Pelada. O documentarista Guillermo Planel foi o responsável por coordenar essa etapa.

– Não foi fácil, mas ficamos muito orgulhosos de organizar o acervo do Leandro, principalmente por ele ser idolatrado pelas torcidas e ser um ídolo mundial – resumiu Planel.


A segunda etapa, a da restauração, foi assumida pelas mãos mágicas de Chris Lee. Ela removeu as marcas de fita duréx das fotos e reduziu o amarelado das páginas dos jornais usando borracha ralada. Limpou foto por foto, colou todas as páginas rasgadas e guardou tudo em pastas divididas em ordem cronológica.

– No estado em que recebi o acervo não duraria mais de 30 anos – revelou.

Sabemos, no entanto, que essa é a realidade de muitos craques, dirigentes, árbitros, torcedores e personagens ligados ao futebol, que têm o acervo como a única lembrança do passado. Ciente da importância dessas eternidades, que nada mais são do que o resgate da poesia perdida do futebol, a equipe do Museu da Pelada encara esse desafio como uma missão de vida!


Orgulhoso, Leandro posa com o acervo restaurado

Ao receber o acervo restaurado, Leandro espantou-se com o resultado do trabalho.

– Agora sim, minha história eternizada e meus filhos e netos conseguirão levá-la adiante – agradeceu, emocionado.

Mal sabe ele que a restauração foi uma forma de agradecê-lo por tratar a bola com tanto carinho ao longo da sua brilhante carreira, uma façanha que merece ser eternizada!

VIDA LONGA AO “PEIXE FRITO”

por Marcos Vinicius Cabral


Leandro e Marcos Vinicius

O mês de março passou a ter um sentido especial na vida dos flamenguistas. Além de Zico e Júlio César Uri Geller, que aniversariaram no último dia 3, hoje é a vez de Leandro soprar velinhas.
 
Além da energia do terceiro mês do ano, vale lembrar que os anos 50 e 80 marcaram e muito os 40 milhões de torcedores da nossa Nação.
 
Os anos 50, porque foi a década que alguns desses heróis, ídolos do Flamengo, deram seu primeiro choro em vida, com exceções do goleiro Raul, nascido em 1949 e do zagueiro Mozer, nascido em 1960.  
 
Nessa epopeia, até chegar a década de 80 – o ápice na história do clube de 121 anos – aqueles atletas passaram por algumas experiências que os tornaram vencedores. Cada um dono de uma história de obstinação e de um profissionalismo irretocável, legado para as próximas gerações.
 
Graças ao meu avô José, que faleceu em 83, me tornei flamenguista ainda quando morava em Nova Friburgo. Era criança ao presenciar a maratona que ele fazia, mesmo doente, pra ouvir os jogos com seu companheiro: o radinho de pilha.
 
Meu saudoso avô, era apaixonado pelo Zico! Era uma obrigação minha retribuir e agradecer àquele jogador, que foi o maior camisa 10 que tive o privilégio de ver jogando.
 
No ano de 92, enquanto o ‘vovô’ Júnior pulava e saía comemorando feito criança seu gol, eu pulava também e comemorava aquele pentacampeonato. Meu Deus, como o Júnior jogou bola naquele ano!
 
Mas daquele belo time de 81, que colocou os ingleses do Liverpool na roda naquele 13 de dezembro, um, em especial, marcou de forma mais intensa e deixou marcas profundas em minha vida: José Leandro de Souza Ferreira, ou, simplesmente, Leandro!
 
Em 76, de férias no Rio, foi levado a contragosto por seu primo Nonato, que lhe arrumou chuteiras maiores que seus pés e um par de meiões enlarguecidos e, mesmo assim, aquele garoto de 17 anos encantou a todos e deixou uma boa impressão nos testes. 
 
Jogou na lateral esquerda na ocasião e treinou como se estivesse em Cabo Frio, no Tamoyo ou no Santos, clubes de sua cidade natal, onde deu seus primeiros chutes numa bola. Aprovado no Flamengo, virou sensação nos juvenis e alguns jogadores da equipe profissional faziam questão de chegar mais cedo à Gávea para vê-lo treinar.
 
– Era sobrenatural o que ele fazia naqueles treinos com a bola” – me contou, certa vez, Júnior, quando eu e Gustavo Roman o entrevistamos para a biografia do “Peixe Frito”.


Fotos: Marcelo Tabach

Por sua causa e por ser fonte de inspiração, comecei a jogar peladas no Barreto, em Niterói, com o número 2 mal costurado às costas. Lembro perfeitamente, com 9 ou 10 anos: ouvia no radinho os jogos do Flamengo para saber como ele havia jogado.
 
Nas vezes que atuou nas laterais – fosse direita ou esquerda – Leandro inovou na posição. Fez coisas sobrenaturais por ali, era mais uma opção ofensiva do que (mesmo sendo exímio marcador), um simples defensor. Foi a primeira vez que vi, com certa incredulidade, os pontas voltarem para marcá-lo.
 
Eu, que seguia à risca seus passos, me desdobrava naquela lateral de terra batida ou no cimento com imensas rachaduras na Praça do Barreto. Ali, naquela arena noturna, enfrentar Flavinho, Willian, Wellington, Boulevard e cia era uma missão impossível para qualquer garoto da minha idade.


Em cada domínio de bola, subia uma poeira que escondia nossos pés e, em cada chute, algumas pedras iam ferindo nossos dedos. Não foram poucas as vezes que sofri para marcar o Guina (apelido de Marcelo, garoto de extrema habilidade que era carinhosamente chamado assim pela família vascaína).
 
– Graças a Deus eu não marquei o Uri Geller – revelou, certa vez, ao Museu da Pelada, por não ter enfrentado o endiabrado ponteiro.
 
Eu não poderia dizer o mesmo, pois o Guina era a personificação do camisa 11 rubro-negro, fazendo diabruras com seus marcadores e para pará-lo, só dando com a mão. Foi a época que mais sofri nas peladas, mas quem mandou se espelhar no Leandro e querer jogar nas posições que o gênio das pernas arqueadas jogava?
 
Bem feito para mim!
 
Quando deslocado à cabeça de área, havia nele, a regularidade do Andrade, um monstro da posição; a habilidade do Falcão, simplesmente o Rei de Roma; e a eficiência do Cerezo, um dos maiores meio campistas do futebol brasileiro, que foi injustamente crucificado em 82, na Copa da Espanha.
 
Até hoje, não sabemos quem mais sofreu com a culpabilidade do fracasso em uma Copa do Mundo: Barbosa, em 50, ou Cerezo, em 82… Acredito que nem os deuses do futebol ousariam responder.
 
Mas, enquanto o Leandro era cabeça de área, eu tentando mostrar aptidão para o negócio, buscava (em vão), ter metade de sua desenvoltura, quando era obrigado a marcar Patinho (nome de batismo de Márcio), um moleque tão habilidoso quanto o Guina, porém, mais decisivo.
 
É, querer ser Leandro não é mole…

Já no meio campo, o lateral que, em 80, fora reprovado nos exames médicos pelo Inter/RS (graças a Deus), se saía tão bem distribuindo o jogo, lançando os companheiros, pensando nas jogadas, assim como arquitetando as táticas, que pela técnica contida em seu DNA, aquilo que para muitos era difícil, ele tornava fácil. Ali, me sentia melhor o imitando, com exceção de ter que marcar, o que nunca foi meu forte.
 
Apesar de ter sido referência em sua posição, Leandro foi compelido a se deslocar e ficar, em definitivo, com a camisa 3 (em homenagem ao zagueiro rubro-negro Figueiredo, falecido em um acidente aéreo em Nova Friburgo), na metade da década de 80.


Foto: Marcelo Tabach

Por conta dos problemas em seus joelhos, algumas características foram perdidas como o arranque, a velocidade, a polivalência… mas soube, como poucos, preencher os espaços vazios com uma colocação inigualável.
 
Na verdade, com suas limitações, formou com Edinho, uma zaga impenetrável e sagrou-se campeão brasileiro de 87. Em 90, só não disputou sua segunda Copa do Mundo, porque Sebastião Lazaroni não teve ‘culhões’ para levá-lo.
 
Seria sua segunda Copa, pois em 86, refutou ir ao México por achar que seus joelhos não suportariam jogar na lateral e, também, por solidariedade a Renato Gaúcho. Sorte a dele, que numa das piores Copas da história, teria que ficar à frente daquele sistema defensivo falido. Seria um desserviço ao grande jogador que foi. Graças a Deus, que o “Lazarônes” levou Ricardo Gomes, Mozer e Mauro Galvão, que com todo respeito, não tinham bola para botar o “Peixe Frito” no banco.
 
Conseguiu a proeza de, mesmo jogando apenas no Flamengo, em 415 jogos como profissional, ter sido expulso uma única vez, contra o Bangu, em 90, seu último ano de uma carreira vitoriosa.
 
Hoje, mesmo longe dos gramados há 27 anos, continua sendo para mim, referência até hoje nas minhas peladas, aqui em São Gonçalo. Portanto, nenhuma homenagem ao gênio das pernas tortas, seria suficiente para dizer o meu muito obrigado!
 
Que nesse 17 de março você desfrute seu aniversário na companhia de sua família, de seus pais, de seus amigos e possa sempre saber: de todos, você foi para mim e continuará sendo o maior!