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Diego Alves

O TEMPO DA BOLA E DESTINO

por Zé Roberto Padilha


A diferença que separa os homens dos meninos no futebol, em meio a bagagem que precisam ostentar ao dirigir um clube do porte do Flamengo, saltou aos olhos quando a arrogância e a falta de humildade de um goleiro, Diego Alves, colocou em cheque a unidade do grupo rubro-negro no Campeonato Brasileiro.

Caso Barbieri, interino e ainda menino, estivesse no comando do time talvez seu currículo, tão propagado, fosse imposto diante do bom momento do seu substituto. Mas Dorival Júnior, cascudo e rodado, seguiu a cartilha que norteia o futebol e privilegiou quem encontrou jogando e ganhando. Por que tiraria de César o que passou a ser sob seu comando, por direito e defesas, de Cesár?

Não há cláusulas contratuais previstas que garanta a um atleta, que saia do time lesionado, o direito a retomar de pronto sua posição. Ele deve ter a humildade do Diego, que possui um currículo ainda maior, que entendeu que a chegada do novo treinador, e sua contusão, deu a William Arão a oportunidade de mostrar o futebol que jogava no Botafogo. Sua entrada tornou o Flamengo mais objetivo, porque se apresenta na área como fator surpresa, e seguro, porque ajuda o Cuellar na marcação. Ao voltar e reconhecer o bom momento de quem o substituiu, Diego, ao contrário do seu xará Alves, tem pensado mais no grupo do que em si mesmo. Aos poucos vai entrando, recuperando o ritmo e aguardando a mesma brecha que concedeu lhes ser retribuída.

O futebol, todos sabem, é um esporte coletivo. Quando um atleta não entende isto, que acha que uma posição é sua e não tem concorrência, melhor trocar os shorts pela sunga, as chuteiras pelo tênis, e procurar uma piscina ou uma pista. Tanto na natação, quanto no atletismo, é o tempo, o senhor da razão e escalação, quem define quem vai disputar a próxima Olimpíada. Já o tempo da bola é o seu quique e destino.

Saber entender quando ela nos eleva acima, ou nos domina por baixo, é a grande jogada que separa os Diegos do entendimento de serem atletas homens. Ou jogadores de futebol birrentos e meninos.

POUPAR O GOLEIRO?

por Zé Roberto Padilha


Aprendi, no futebol que, goleiro, mais do que todos os jogadores “de linha”, precisa jogar para aprimorar, além da forma física, os reflexos. Que são muitos. É o único em campo a ser permitido usar, além dos pés, as mãos. Ter o tempo de bola afiado nas duzentas e vinte alçadas sobre a área em faltas próximas e escanteios. Talvez por isto, Rogério Ceni, no seu auge e do seu time, o São Paulo, jamais deu brecha no gol, estabelecendo todos os recordes de jogos disputados. Alberto Valentim foi o último a tentar um revezamento entre Jefferson e Gatito Fernandéz. Os dois não conseguiam manter o ritmo. E o tempo da bola. E desistiu da ideia.

O Flamengo perdeu para a Chapecoense porque poupou seu goleiro titular, Diego Alves, quando este começava a incomodar a relação do Tite. Vai pegar muito mal levar tantos atletas de fora e apenas o Fágner, talvez outro meia, como o Diego, ou o Luan, que jogam perto e estão disputando o Campeonato Brasileiro.


Diego Alves está no auge e já merecia ser convocado. E foi, ontem, inexplicavelmente poupado dando lugar a César, sem ritmo, que tentou evitar o gol da vitória com uma saída não de goleiro do Flamengo, mas “a lá Aterro do Flamengo”.

Fica a lição para Barbieri, este jovem e corajoso treinador, que teve a ousadia de realizar substituições audaciosas jogando fora de casa, quando muitos administrariam o empate, mas que acabou entregando a chave do cofre nas mãos inseguras de um goleiro interino. E interino, ele sabe, o mundo do futebol está cansado de saber, dura só até quando as derrotas se tornarem efetivas.