O TIME DO CÉU
:::: por Paulo Cezar Caju ::::
Estou triste, mas não vou falar de tristeza. Chorei, mas quero rir. Capita, descanse em paz, afinal não tinha mais pontas para você marcar mesmo. O futebol é outro. Tá chatooo! Agora, lateral virou beirada de campo, lado de campo, sei lá, um sonífero. Capita, após o seu enterro ouvi um resenheiro, Sérgio Roberto de Souza, comentar com o outro que o time do céu estava reforçado.
Perguntei, de brincadeira, quem ele havia escalado. O gaiato respondeu que o time era de Deus, não dele. Não sabia que Deus também era “professor”, kkkk!!! Começou com Gilmar. Logo freei e perguntei pelo Félix. Alguém do lado gritou “Barbosa”. Sou mais o Félix!
Na latera, o Capita recebeu todos os votos, óbvio!!! Na zaga, ok para Domingos da Guia, mas interferi novamente na escalação celestial. Trocaria o Bellini pelo Mauro, outro capitão. Nilton Santos é irretocável e pelos bons serviços prestados deve ter virado santo. Zito, Didi e Zizinho, no meio, perfeito! Deus sabe das coisas!
Alguém gritou por Sócrates no lugar do Zito, mas um outro gozador lembrou que o Sócrates aprontou muito em vida e deve ter sido barrado no céu, kkkkk!!!! Deus os perdoe!!! Na ponta-direita, Garrincha! Dizem que o Mané é reverenciado até por Deus Todo Poderoso e que teria lançado a moda das pernas tortas entre os anjos, kkkk!
Vavá de centroavante? Vou de Ademir Menezes!!! Friaça, na ponta? Vou de Leônidas da Silva, o Diamante Negro, o homem que virou chocolate!
Feola de técnico? Imagino o Feola dormindo numa nuvem aconchegante, kkkk!!! Vou de Telê!!! Fechamos assim, Sérgio Roberto?
A grande verdade é que essa alegria e escracho dos torcedores é que sustentam o futebol. Só os torcedores conseguem manter viva essa molecagem que encantou o mundo.
Os geraldinos também morreram e animam esses craques, que divertem-se no antigo Maracanã, agora coberto por um gramado azulzinho. Lá é o seu lugar Capita, Garrincha, Nilton Santos & Cia!!!
“Professor” Deus, cuide bem da turma e pode deixar minha convocação para a Copa de 2.900.
FOOTBALL x FUTEBOL
por José Dias
Semana passada vi na televisão um filme que versava sobre a “batalha” travada entre um “afro descendente”, oriundo de um país africano, que imigrou para os EUA em busca do tão decantado “sonho americano”. Conseguiu se formar em medicina, na especialidade – patologia -, e prestava serviço num IML, da cidade de Detroit.
Quis o destino ter sido designado para fazer a autópsia de um consagrado astro, já inativo, do “football” americano, que cometeu suicídio em função de ter sido acometido por um problema neurológico, motivado pelas inúmeras pancadas sofridas na cabeça durante as partidas em que participou.
A Liga Nacional do Futebol Americano – NFL -, similar a nossa CBF, tinha conhecimento dos problemas causados pela prática violenta dessa modalidade, porém, encobria e não divulgava a estatística dos casos já ocorridos, pois envolvia muito dinheiro – business, business e mais business -, igualzinho em nosso país.
Acontece que o “sonhador” médico legista descobriu a verdadeira causa dos distúrbios e botou a “boca no trombone” – centenas e centenas de pancadas na cabeça geraram distúrbios neurológicos que fizeram com que o cérebro do ex-atleta sugerisse sintomas de várias doenças, inclusive o MAL DE ALZHEIMER.
Mais dois casos surgiram e os dirigentes da NFL trataram de neutralizar e não permitir a divulgação dos novos resultados, inclusive fazendo com que o médico fosse transferido para outra cidade.
E ainda tripudiavam – NEM AMERICANO ELE É!
A lei americana, segundo o filme, só se manifestaria quando mais de três casos fossem constatados, embora muitos outros já tivessem sido “arquivados”.
Um outro ex-atleta que fazia parte do corpo diretivo da NFL, pouco antes do terceiro suicídio, recusou ajudar o amigo que lhe procurou, passou a apresentar os mesmos sintomas e, para resumir a história, escreveu uma carta e também cometeu o suicídio. Era o quarto caso que faltava para que providências fossem tomadas oficialmente.
Foi quando o Sindicato dos Jogadores agiu e pressionou o governo para a criação de novas leis. Não sei como está a situação hoje.
Depois disso tudo, faço uma comparação com o que ocorre em nosso país, com o nosso FUTEBOL. As duas modalidades tem em comum serem a de maior apelo popular, tanto nos EUA, como no Brasil e o famoso jogo entre seus principais clubes, denominado SUPER BOWL, é comparado ao CLÁSSICO DOS MILHÕES, entre Vasco e Flamengo.
Brucutu
Aproveito a deixa para esclarecer:
Que football é esse que até a sua tradução é incorreta – não correspondendo a realidade -, “pé na bola”.
Uma modalidade que usa as mãos em 99% de seu tempo de jogo e, um mísero 1%, os pés;
Uma modalidade cujo artefato usado é oval, embora receba a denominação de bola;
Uma modalidade cuja baliza tem um tamanho incrível e em forma de H;
Uma modalidade que, antes do início da partida e depois de cada interrupção, os jogadores ficam naquela posição em que Napoleão perdeu a guerra;
Uma modalidade em que os jogadores usam um capacete e, com isso, deram origem a expressão das fãs, que são conhecidas como MARIA CAPACETE;
Uma modalidade em que “do pescoço para baixo” tudo é canela;
Uma modalidade em que a “porrada” é praticada à vontade e que os jogadores treinam para o seu aperfeiçoamento. Se no jogo, vale tudo, imaginem como agem suas torcidas organizadas.
Impressão que se tem de uma das organizadas indo em direção ao estádio para o SUPER BOWL
A verdade é que o colunista Fernando Calazans, do O Globo, se lá estivesse ia adorar – em vez de um Brucutu ou dois, teria a sua disposição um time inteiro para criticar.
Poderão e devem estar perguntando o que tem o FOOTBALL a ver com o FUTEBOL.
Quase nada, pois na prática são totalmente diferentes entre si. Ocorre que a igualdade reside na mentalidade dos dirigentes, dos torcedores, da mídia, e dos profissionais que os praticam.
Foi preciso que um “afro descendente” insistisse em sua tese para que uma solução fosse dada.
Os jogadores que não se envolviam, quando sentiram a veracidade dos fatos, se mobilizaram e providências foram tomadas, porém, dizem, não sei se é fato, que até hoje um número expressivo de jogadores acha “fascinante e estimulante” essa “porradaria”. E no Brasil?
Qual a reação dos torcedores, da mídia, e dos profissionais, principalmente os jogadores, quando agentes externos se intrometem na sua prática e, não falo do fato do jogo em si – 11 x11 -, quando entram em campo para a disputa de uma partida válida por qualquer competição constante do CALENDÁRIO de uma determinada temporada?
A resposta é simples e única – NADA!!! De prático ou eficiente.
Criaram até um BOM SENSO FC e, não sei a quantas anda. Ainda existe?
Não ouso comparar as consequências físicas sofridas pelas pancadas recebidas pelos atletas do FOOTBALL e sim da ação das pancadas subjetivas e morais aplicadas aos nossos atletas no dia a dia de cada um e que agem e exercem influência em seu comportamento e no de suas famílias – legislação tendenciosa; incerteza no que poderá acontecer ao final de uma competição ou temporada; falta de assistência médica e social desde o início de sua formação, durante e após o encerramento de sua carreira – que pode ser em função de qualquer “distúrbio” fortuito ou não -, declínio técnico, lesões mal curadas e mesmo psicológica, como exemplos.
Este CAPÍTULO para por aqui, pois muita coisa ainda poderia ser dita, porém, o mais importante é que as pessoas ditas do UNIVERSO DO FUTEBOL, os “boleiros”, esses sim deveriam tomar conhecimento daquilo que defendo e tentar, de alguma forma, ajudar.
Para encerrar, na próxima semana, se ainda houver disposição, entrego ao MUSEU DA PELADA o terceiro e último capítulo da novela “VOCÊS SABIAM”, quando tentarei dissecar o CALENDÁRIO DO FUTEBOL BRASILEIRO.
A ALEGRIA DO POVO
Hoje, 28 de outubro, é aniversário de Garrincha, o maior criador de “joões” da história do futebol! Mas o parceiro Josafá Almeida nos alertou que existe uma polêmica em relação ao dia exato. Para seu biógrafo Rui Castro (“Estrela Solitária”), ele teria nascido no próprio dia 28. Autor de diversos livros sobre futebol, o jornalista Roberto Assaf, no entanto, afirma que o dia correto é 18 de outubro. Parabéns, onde estiverem suas pernas tortas…
Em homenagem a um dos maiores craques do futebol mundial, resgatamos um texto muito bacana da coluna “A Pelada Como Ela É”, publicado em 26 de outubro de 2013.
CATA-CATA DE AFONSINHO
por Sergio Pugliese
Há dez dias, Afonsinho, cracaço botafoguense, estava na Itália quando recebeu a ligação do amigo Edson José de Barros, o Edinho, presidente do Esporte Clube Pau Grande, com uma missão para lá de especial: levar um time para enfrentar a seleção local, em comemoração aos 80 anos de Garrincha, maior ídolo da história do Botafogo, morto em 1983. Afonsinho, claro, topou, mesmo sabendo das dificuldades, pois chegaria ao Brasil dois dias antes da festa, em Magé. Mas jogar no campo onde Garrincha deu seus primeiros dribles é emoção até para vascaínos, tricolores e flamenguistas, imagine para os alvinegros!
A turma da coluna “A Pelada Como Ela É” chegou cedo e encontrou o presidente Edinho, indócil, na porta do centenário clube. Casa cheia, cervejas no freezer, churrasco no ponto, mesas arrumadas, grama aparada, time adversário completo e nada de Afonsinho, o criador da Lei do Passe Livre, o rebelde, o engajado, o politizado, o barbudo que sacolejou a cabeça e abriu os olhos de toda uma geração, na década de 70. Um cara desses não vai deixar furo, mesmo tendo desabado um temporal no dia anterior e o trajeto Paquetá-Magé não ser dos mais animadores. Apesar dos pesares, Guilherme Careca Meireles, fotógrafo de nossa equipe e botafoguense supersticioso, assinou embaixo:— Cheguei em Paquetá e iniciei o cata-cata — divertiu-se ele, sábado passado, na concorrida resenha pós-jogo.
— Com esse não tem erro, ele vem!
Pedimos uma gelada para relaxar e brindamos por Garrincha! Estávamos na terra do homem, era o mínimo! Na mesa, Guilherme me perguntou baixinho: “Será que o Afonsinho vem mesmo?”. Caímos na gargalhada, mas nos concentramos quando Edinho se aproximou com um senhorzinho em plena forma, segundo ele “o maior especialista em Garrincha”. No envelope pardo, fotos do amigo e parceiro de ataque do Palmeirinha, primeiro time do infernal camisa 7. Ali, naquele campo oficial, bem na nossa frente, Genarino Cozzolino, o Bacalhau, hoje com 82 anos, fez muitos gols com passes do maior ponta-direita do planeta. Do time, Valdair, Cico Militão, Gido Lobo, Cico Peixinho, Zé Mergulhão, Ivo, Zé Baleia, Ari Morte, Tião Morfeia, Diquinho, Bacalhau, Garrincha e Irineu, só ele continua na área e se derrubar é pênalti! —Deus vem me mantendo aqui, talvez para continuar contando essa história tão bacana! — brincou ele, capitão de mar e guerra.
Do fundo do bar, alguém gritou “Olha o Afonsinho, aí!” Edinho benzeu-se, Guilherme Careca também! Afonsinho realmente chegou, mas e o time? Ele foi logo se explicando. Muita gente viajando, outros tantos machucados, alguns com medo de chuva, dezenas trabalhando, centenas incomunicáveis, grande parte vetado pela mulher, mas deu para o gasto. Os adversários vibraram com a presença do ídolo e foram ao delírio com a chegada da arma secreta e outro gênio botafoguense, Nei Conceição, o Nei Chiclete, apelido por grudar a bola no pé. Cara de sono, explicou que fora convocado em cima da hora e só conseguiu uma chuteira emprestada, algumas horas antes, de madrugada, num samba na quadra da União da Ilha. Mais Nei Conceição, impossível! O escrete de Afonsinho também contou, entre outros, com o talento do inquestionável Betinho Cantor, Macaco, ídolo de Americano, Rio Branco e São Bento, Otávio, zagueiro estiloso, e, sim…. Guilherme Careca Meireles. Faltou um e sobrou para ele!
Guilherme Careca posa ao lado da imagem de Garrincha.
— Nei Conceição, Afonsinho e eu formaremos um trio insuperável — profetizou, orgulhoso. Em campo, um desastre! O Esporte Clube Pau Grande, bem treinado por Paulinho Fluminense, ganhou tranquilamente por 4×1. Nei saiu rouco de tanto reclamar. Afonsinho fazia a bola rolar fácil, mas, sempre que procurava alguém para tabelar, não aparecia uma alma. Numa das vezes, olhou para a ponta-direita, imaginou Garrincha e lançou com a maestria habitual, mas era Guilherme Careca Meireles. A bola chegou macia e Afonsinho ainda tentou incentivá-lo: “Parte para cima deles!”. Mas eram quilômetros de campo, mal dava para ver o gol adversário, e o lateral lhe roubou a bola facilmente. Nei, desgostoso, balançou a cabeça, Afonsinho, arrasado, colocou a mão na cintura e Guilherme, realizado, sentiu-se o Anjo das Pernas Tortas num dia ruim.
VOCÊS SABIAM??
por José Dias
Sede da CBF, no Rio de Janeiro.
Prezados Senhores,
Vocês sabiam?
1) Que a UEFA tem 54 Federações filiadas, número que corresponde aos países da Europa (?) que praticam o futebol (?), exceto para o Principado de Liechtenstein que não pratica o futebol profissional?
Taça da Champions League
2) Que, anualmente, promove uma competição anual entre suas filiadas denominada “Champions League” e que dela participam 78 equipes?
3) Que, também anualmente, promove uma outra competição denominada “Europe League” e que dela participam cerca de 200 equipes?
4) Que os clubes europeus, em seus respectivos países, disputam em caráter permanente, além dessas, os seus campeonatos denominados “Local leagues” e, em alguns, uma outra competição, como exemplo da Espanha – a “Copa del Rey”?
E, que nessa competição, seus principais clubes participam a partir de uma das fases seguintes ao da fase de classificação?
5) Que nas duas competições promovidas pela UEFA, o mesmo ocorre com relação aos principais clubes melhores ranqueados, no Ranking da UEFA, de acordo com o determinado pelos respectivos regulamentos?
6) Que o continente europeu é ligeiramente maior que o Brasil em sua extensão territorial?
Daí podermos considerar o Brasil como um verdadeiro continente.
A montagem abaixo, nos dá, de forma auto explicativa, a razão de nosso pleito.
7) Que o Brasil pode considerar cada um de seus 26 Estados e o Distrito Federal como cada país da Europa, para efeitos comparativos com o futebol praticado aqui e lá?
8) Que no Brasil os clubes participam das competições anualmente promovidas pelas Entidades a que estão sob “jugo”:
CBF – Confederação Brasileira de Futebol –
● Copa do Brasil;
● Campeonato Brasileiro, nas Séries A, B, C e D;
FEDERAÇÕES – Cada PAÍS (Estado) com sua respectiva –
● Campeonatos Estaduais;
● Competições Regionais – com a chancela da CBF;
CONMEBOL – Confederação Sul Americana de Futebol-
● Copa Libertadores e Copa Sul Americana.
E que, exceto na Copa do Brasil, quando os clubes participam da Copa Libertadores e ingressam a partir das chamadas Oitavas de Final, todos participam das competições a partir do início de cada uma, fazendo com que o número de partidas dos clubes brasileiros seja maior que o dos clubes europeus.
9) Que é válido, como é hábito no Brasil, que a grande maioria dos “boleiros” sugere copiar aquilo que é feito e praticado na Europa, no que diz respeito a prática do futebol?
10) Que pelo fato da UEFA não promover uma competição nos moldes do nosso Campeonato Brasileiro, procede, a nossa pretensão de excluí-lo do Calendário, tendo em vista os efeitos negativos que exerce para o Futebol Brasileiro, principalmente para os clubes?
11) Que podemos considerar o futebol praticado –
● em Andorra; Chipre; Eslovênia; Estônia; Finlândia; Ilhas Faroé; Gibraltar; Letônia; Lituânia; Luxemburgo; Malta; Moldávia e San Marino, infinitamente inferior ao praticado nos países do Brasil, Categoria I – Roraima; Amapá; Acre; Rondonia e Tocantins?
● em Albânia; Armênia; Áustria; Geórgia; Irlanda; Irlanda do Norte e Israel, infinitamente inferior ao praticado nos países do Brasil, Categoria II – Amazonas; Piauí; Paraíba; Alagoas; Sergipe; Espírito Santo; Mato Grosso; Mato Grosso do Sul e Distrito Federal?
● em Azerbaijão; Bielorússia; Bósnia; Bulgária; Casaquistão; Macedônia; Montenegro; e Noruega, infinitamente inferior ao praticado nos países do Brasil, Categoria III – Maranhão; Pará; Ceará e Rio Grande do Norte?
● em Bélgica; Croácia; Dinamarca; Escócia; Eslováquia; Grécia; Holanda; Hungria; País de Gales; Polônia; Portugal; República Checa; Romênia; Rússia; Sérvia; Suiça; Turquia e Ucrânia, infinitamente inferior ao praticadonos países do Brasil, Categoria IV – Pernambuco; Bahia; Goiás; Santa Catarina e Paraná?
● em Alemanha; Espanha; França; Inglaterra, SÓ SUPERIOR aos praticados nos países do Brasil, Categoria V – Minas Gerais; Rio de Janeiro; Rio Grande do Sul e São Paulo -, isso considerando os GALÁTICOS, porque sem eles, ficam iguais ou diluídos entre os das Categorias I, II, III e IV?
Tendo em vista o exposto e CONSIDERANDO todos os considerandos que se queiram considerar, RESOLVE:
a) Deixar tudo como está ou tomar vergonha na cara e atacar de frente o principal causador dos males que assola o futebol brasileiro no momento – o Calendário;
b) Manter o período da temporada, seguindo o calendário gregoriano – de janeiro até dezembro -, lembrando que as peculiaridades e características do clima europeu são diferentes das do brasileiro;
c) Lembrar que a diferença técnica do futebol entre o brasileiro e o europeu é inversamente proporcional à condição financeira entre os dois povos e que devemos nos adequar a essa realidade. O que é bom para um, pode não ser bom para o outro. Resumindo: vamos deixar o europeu para lá com seus problemas e tentar resolver, por aqui, com nossos próprios recursos, os nossos problemas.
Agora, o que nos dá a certeza de sugerir a supressão do Campeonato Brasileiro do nosso calendário é o fato de que, pelo menos isso, podemos copiar do europeu – bobos é que eles não são.
Sou testemunha Ocular e Auricular da História!
CAPITÃO SUL AMÉRICA
por José Roberto Padilha
Foi bom não conhecê-lo de perto. Para ser verdadeiro, um ídolo tem que permanecer apenas no nosso imaginário. Porque gente morre. Ídolos permanecem por toda a vida. Quando ele veio jogar no Fluminense, em 1976, cruzamos o portão da Rua Álvaro Chaves e tive vergonha de me apresentar. Estava indo defender o Flamengo e ele chegava as Laranjeiras para ser bicampeão carioca com a máquina que ajudamos a montar. Nunca conheci nenhum ídolo de perto. Não me apresentaram ao Tarzan. Mandrake e o Fantasma só acompanhei seus feitos pelos gibis e Ayrton Senna passava voando pelas pistas. Quanto ao Drácula, me escondia debaixo da coberta para não vê-lo de perto. Tinha medo do meu ídolo sinistro que saia à noite para morder o pescoço das mocinhas.
Carlos Alberto Torres defendera minhas duas paixões esportivas: o Santos e o Fluminense. E uma década antes de Claudio Coutinho lançar o overlaping, surgira pela ponta direita apoiando nas costas do Jairzinho, durante a Copa de 70, para marcar o quarto gol brasileiro contra a Itália. Até então o futebol mundial só presenciara um precedente: em 1958, Nilton Santos surgira à frente do goleiro da Áustria, aproveitando o recuo do Zagallo, abrindo o caminho do Brasil rumo ao nosso primeiro título mundial. Até então os laterais só marcavam o ponta esquerda, poucos reuniam recursos e habilidades para se apresentar após o meio campo.
Classe, categoria, cabeça em pé, nosso eterno capitão jamais correu com a bola, era ela que lhe escolhia para receber um carinho. Erguia a cabeça e não cruzava, fazia lançamentos. De suas atuações, foram inspiradas as primeiras lições da cartilha do futebol para se atuar nas laterais: primeiro, marcar, e ele o fazia sem violência. Segundo, cobrir o zagueiro central, e ele se posicionava com inteligência. Por ultimo, apoiar o ataque, e ele surgia por lá de surpresa, a decidir a jogada. Poucos fizeram as três funções com tamanha competência. E poucos mereceram erguer aquele caneco, em 1970, no México, para o orgulho de uma nação que reafirmava sua supremacia no futebol mundial. Para perpetuar sua imagem para todo e sempre na história do nosso futebol.
Domingo, após o clássico no Maracanã, as imagens da violência dos torcedores da Fiel nos fizeram permanecer assistindo à resenha do SporTV. E Carlos Alberto Torres estava presente. Não estava ali para se despedir, apenas foi avisar que a partir de agora vai assumir seu lugar de vez em nosso imaginário. Voará em nossos sonhos pela direita como Capitão Sul América, ressurgirá no Baú do Esporte pegando no sem pulo um passe do Rei Pelé a perpetuar a classe, a fidalguia e a nobreza como legado de um jogador de futebol único. Cidadão do bem. Um orgulho nacional. Descanse em paz, meu ídolo.