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A PELADA DE SÁBADO

Com o intuito de inspirar a rapaziada a jogar peladas semanais com os amigos, o parceiro Rodrigo Poppe, do Rio de Janeiro, fez um vídeo muito bacana sobre o seu racha, no Clube Federal, no Alto Leblon.

O curioso é que havia dois grupos que jogavam em horários diferentes no antigo Itanhangui, da Barra. Quando o Itanhangui deixou de existir, os dois grupos se juntaram e passaram a jogar no Santa Mônica, em 1999. Depois do Santa Mônica, a bola passou a ser rolada no Clube Riviera e, por muito pouco, a pelada não “morreu”.

O drama dos boleiros começou quando o presidente do Clube Riviera disse que não alugaria mais o campo. Foi aí que Rodrigo Poppe entrou em ação. O grupo buscou um horário em algum campo do Rio de Janeiro e só encontrou três anos depois, no Clube Federal.

– No retorno, fiz dois jogos de colete: “Amigos do Beto” e “Amigos do Prentice”. Pra minha surpresa, todos voltaram a jogar e hoje temos 35 boleiros entre 40 e 55 anos! – lembrou Rodrigo.

Embora tenham jogado em diversos campos do Rio de Janeiro, todos apontam uma pelada como a mais importante de todas. Em 2002, os craques tiveram a oportunidade única de jogar no Maracanã. Em poucas palavras, Rodrigo definiu aquele dia:

– Foi a cereja inesquecível do bolo!

Tão importante quanto a bola rolando são as tradicionais resenhas que acontecem depois da pelada, sempre regadas à muita carne e cerveja. Além dos churrascos semanais, no fim do ano os amigos organizam uma linda festa!!

Em breve a equipe do Museu da Pelada vai conferir essa brincadeira de perto! Fiquem ligados!

OS PELICANOS

por Sergio Pugliese

A rapaziada buscava uma luz no fim do túnel, uma benção divina. Conheceram-se no grupo jovem da Igreja do Santo Cristo dos Milagres, no Fonseca, em Niterói, e aprofundaram os laços de amizade num retiro em Maricá. Ali, durante uma caminhada, entre “pais nossos” e “ave marias”, tiveram uma visão celestial: um campinho de futebol!!! Dividiram-se irmamente, seis para cada lado, e lavaram a alma!!! O único problema — Deus perdoe esses cordeiros!!! — foi a secura por uma “estupidamente gelada” após a pelada.

— Beber num retiro não dava, né. Seria pagar pecado pelo resto da vida — brincou Bruno, um dos fundadores do time, em divertido encontro, no Itajubar, na Tijuca.

Depois dessa peladinha, a galera resolveu carregar Jesus no coração, sem a obrigatoriedade de frequentar as missas dominicais. Pelo nome do time, batizado no retiro de “Danados”, percebia-se que os anjinhos ainda necessitariam de um intensivão religioso. Mas eles só queriam compromisso com a bola. Para não ficar tão mal na fita com o Altíssimo, resolveram rebatizar o time. Na resenha, surgiu de tudo até que Moacir, mais “pra lá do que pra cá”, levantou-se, exibiu os cambitinhos, fez a posição do quatro e disparou: “Já sei!!!! Pelicanos!!!!”.


A cabeça da turma deu um nó. Pelicano tem pernas compridas e finas, matutou Gabriel Figueiredo, famoso pela lentidão no pensamento e, principalmente, nos campos. No jogo de mímica, chutariam garça, flamingo, nunca pelicano. Mas ficou Pelicanos. Pelicanos Azuis! O azul era para homenagear o inglês Chelsea e intimidar os adversários.

— O Pelicanos caiu bem porque éramos todos magrinhos, na época, em dezembro de 2004 — explicou Diogo Jambo, o Sandro Silva, alguns quilinhos a mais.

Hoje, corpinho pelicano, só Dedé, o torcedor que virou jogador numa emergência e nunca mais saiu do time. Não é fácil manter a medida certa com as resenhas fartas de churrasco e geladas em sequência. E as rodadas etílicas aumentaram consideravelmente, em 2006, quando iniciaram-se os amistosos e as inscrições para os torneios de Fut 7. A galera come a bola, mas tem uma atração especial pelos botecos. Perdendo ou ganhando, os “irmãos” passam horas e horas num deles jogando conversa fora e cantando os sambas incendiários de Jorginho Cara de Cavalo, o zagueiro que bate e depois canta.

— Queremos estar juntos, o resto é o resto — resumiu Renatinho Família Dez e Faixa.

Entenderam o apelido acima? Nem desenhando entendi, mas deve fazer algum sentido. Também não captei porque o Luquinha foi afastado por falta de massa muscular. Deixa pra lá! Mas integram o grupo Oirthon, Márcio Beckerman, que só chuta de trivela, Robinho, Thiago Zamorano, Tiago Guimarães, Matheus Careca, o goleiro peso-pesado Daniel Dogão, Thiago Falcão, Bruno, Moacir, João Canário “do A Praça é Nossa”, Gabriel “Burocrático” Figueiredo, Dedé, Anderson, Matheus Geléia, Michel Mezinho, Paulinho e João Gun, que imita todas as trapalhadas do zagueiro tricolor. Também tem o maior incentivador do time, Marcio Soares Figueiredo, pai de Gabriel e lenda nos campos de Santa Teresa.

— Ele nos incentiva a tomar mais uma — esculhambou Dentinho.


E tomam uma, duas três, dezenas!!! Figurinhas carimbadas do Candongueiro, reduto de samba niteroiense, celebram a vida e amizade a cada encontro. O clima é família, e as amadas também prestigiam as rodinhas. Dedé leva Daiane e Dentinho, Marcela. Bruno não desgruda de Juliana e Gun é um amor só com Carla. Renatinho Família Dez e Faixa, olha ele aí de novo!!!, derrete-se por Bruna Gatinha e Gabriel “Burocrático” Figueiredo festeja suas lentas atuações com a doce Gláucia. Oirthon preferiu omitir o nome da deusa que povoa os seus sonhos.

— Meu coração está em paz — declamou.

Os Pelicanos trocaram a missa dominical pela bola, é verdade, mas o espírito de paz vivido no retiro permanece embalando as resenhas. Os craques, hoje, só se benzem quando entram em campo, mas a cada vitória agradecem aos céus. Deus continua pertinho. Na verdade, eles não abandonaram a igreja, foram liberados pelo Senhor, receberam alta, afinal essa galera já nasceu abençoada.


Texto originalmente publicado no Jornal O Globo em 9 de julho de 2015.

PARTIDA PERFEITA

por Zé Roberto Padilha


O Estádio Rei Pelé, em Maceió, é um daqueles templos sagrados do futebol brasileiro que foram construídos durante o milagre econômico, na década de 70. Quando você está lá dentro jogando, a laje fecha sobre você e te engole, como no Mineirão, canalizando o eco da torcida para perto de onde você vai bater o corner ou o lateral. Como no Serra Dourada, no Olímpico e no Maracanã.

De lá, bem longe, entre a Bahia e o Pernambuco, numa quarta-feira à noite durante o Campeonato Brasileiro de 1978, em uma partida entre o meu Santa Cruz e o CRB, guardo uma das mais gratas lembranças e lições de toda a minha vida como atleta profissional. Em 17 anos de carreira foi por ali que exibi talvez a única atuação perfeita com a bola nos pés. Qual desportista, ator, médico ou engenheiro não se lembra do dia em que acertou tudo durante a prática do seu ofício? Naquela noite iluminada, em que Júpiter devia estar alinhado com Netuno, o Biorritmo, badalado na ocasião, estava favorável e as cartas e os búzios conspiravam a meu favor. Dos 70 passes em média que realizo por partida dera-me ao luxo de perder, no máximo, uns quatro. Jogadas de linha de fundo? Em quatro das cinco tentativas deixei o lateral para trás e ao tentar os cruzamentos sobre a grande área adversária acabei acertando quatro passes, dois na cabeça do Nunes, um para o voleio certeiro do Betinho e o ultimo para um peixinho de Luis Fumanchú que decretou a nossa vitória por 4×1.
 


Durante esta abençoada partida, eu não corria. Voava. Roubava as bolas do meio campo do CRB com quem tirava pirulitos de bebês e iniciava os contra ataques com uma rapidez e eficiência impressionantes. E enquanto jogava, pensava: mas por que justo aqui, longe da grande mídia, apenas diante das ondas médias da Rádio Clube de Pernambuco e da Gazeta de Alagoas, que transmitiram a partida, e sem qualquer canal de televisão, teria que ser o local do meu melhor momento? Por que não joguei tudo isso no Maracanã, dois anos antes, quando defendi o Flamengo e disputei a concorrida final da Taça Guanabara contra o Vasco frente a 174 mil pessoas, o quarto maior público da história do Maracanã? Por que tal inspiração não aconteceu há três anos, quando disputei as semifinais do Campeonato Brasileiro pelo Fluminense, contra o Internacional, e fui incapaz de impedir que Falcão, Caçapava, Paulo Cesar Carpeggiani, Flávio e Lula nos eliminassem da competição?

Se tivesse tal inspiração naquelas ocasiões, jogando na Cidade Maravilhosa e defendendo camisas mais poderosas, certamente seria convocado para a Seleção Brasileira. Mas aprendi a não discutir com o destino. É ele que nos conduz, e se ele quis que fosse ali o meu dia de Rivelino…então que tal um chute de fora da área? Confiante, quando clareou na intermediária não virei o jogo para os laterais, como normalmente fazia. Resolvi arriscar e juro que ela passou raspando a trave a torcida coral gritou úúúúúúú…….Dribles, então, que eu pouco tentava por jogar a base de dois toques, acabei dando uns quatro de tão abusado que estava. É impressionante o que pode fazer a mente, eu jogava e pensava nisto, uma vez desobstruída das limitações cotidianas que me condicionavam a executar um bom, eficiente e previsível futebol.

Terminado o jogo parti para o vestiário como Cesar Cielo se dirigiu ao pódio olímpico na China: pisando nas nuvens. Afinal, eu era um dedicado atleta profissional, disputava a pole na corridas das Paineiras e Vista Chinesa, me entregava nas partidas à exaustão e merecia, nem que fosse por uma noite, num palco pouco iluminado ou reconhecido, jogar como sempre sonhei. Exibir o futebol que sempre busquei. Passei pelo meu treinador, Evaristo Macedo, que disse o de sempre após nossas vitórias: “Valeu, garoto!”. Mas como valeu se eu nunca havia jogado daquele jeito com nenhum dos 16 treinadores anteriores? E fui encontrando pelo caminho repórter alagoano, narrador baiano, torcedor invasor local protestando contra a arbitragem, passando por adversários e ninguém deu a mínima para o que havia realizado.

Será que eles pensavam que eu jogava sempre assim? E se assim fosse, o que estaria fazendo ali, no Santa Cruz, em Recife, turismo em Boa Viagem? Pagando promessas? Ou visitando a Feirinha de Olinda e o Porto de Galinhas? Quando alcancei o vestiário já era 50% alegria e 50% frustração. Eu que havia sacrificado noitadas, evitado as cervejas, jamais tocado em um cigarro para tentar com meu futebol atingir a perfeição, quando a atinjo ninguém foi capaz de reconhecer. Não havia medalha, um Motorádio, nem um abraço mais apertado. Já nos vestiários de banho tomado, notei meus companheiros felizes com a vitória que nos faria avançar na classificação do Brasileirão, e pela goleada alcançada fora de casa. Igualmente, nenhum deles reconheceu minha iluminada partida. Nem um tapinha nas costas recebi.

Decepcionado, me dirigi à balança na qual seu Amauri, um simpático funcionário do clube, tinha a missão de nos pesar antes e depois das partidas. Quando subi e ele conferiu o que tinha perdido, confidenciou baixinho: 

– Que bela atuação esta noite, hein, Zé Roberto? Parabéns, você foi brilhante!

E que alívio senti naquele instante! Não fiquei prosa ou mascarado, apenas feliz. Afinal, de que valeria uma busca pela perfeição, em qualquer profissão, se quando a alcançamos, nem que seja por apenas 90 minutos, o tempo dos holofotes da nossa carreira, ninguém for capaz de reconhecer o seu esforço e obstinação?

De lá para cá, até 1985, quando encerrei minha carreira jogando no Bonsucesso FC, não me recordo de nenhuma atuação parecida, de desequilibrar uma partida, embora continuasse treinando passes, aperfeiçoando chutes, cabeçadas e domínio de bola. Continuei a ser o Zé Roberto de sempre, mas nunca mais um Zico, um Rivelino, um Gerson como naquela partida perfeita. E foi com seu Amauri que aprendi a maior lição de todo este episódio: sempre que assisto de perto, seja como treinador ou espectador, uma atuação acima da média, em qualquer modalidade esportiva, faço questão de esperar o final da partida e dar uma força e incentivo ao autor da proeza. Se for longe, pela TV, escrevo um artigo ou procuro lhe enviar um e-mail. Só eu sei o que foi preciso para conseguir um dia ser perfeito no que fazia, e jamais me esqueci como a indiferença e o descaso são capazes de encobrir o reconhecimento que você tanto lutou por merecer.

AS APOSTAS

:::: por Paulo Cezar Caju ::::

A rapaziada adora me provocar, mas aprendi a lidar com essas situações e, hoje, me divirto. Há alguns dias, pouco antes de Pintinho voltar para a Espanha, estava no Bar da Pelada, em Copacabana, com ele, Búfalo Gil, Carlos Roberto, Moreira e Edevaldo Cavalo, quando alguém na mesa ao lado perguntou ironicamente: “e aí, PC, quais as apostas para o ano que vem?”.


Antigamente responderia que não era nem Nostradamus, nem Mãe Dinah. Mas não é preciso ser um dos dois videntes para cravar que nada melhorará no futebol e no mundo, simplesmente porque nada está sendo feito para isso.

Certamente outros times grandes cairão porque repetirão os erros do Inter de trocar treinador como se troca de roupa. Jogadores seguirão atuando até os 40 por falta de novos talentos e algum time regular, como foi o caso do Palmeiras, ganhará o Brasileirão. Os donos da CBF continuarão livres, leves, soltos e com os bolsos cheios. Renan Calheiros continuará em cena e a Baía de Guanabara, poluída.

Ah, não duvidem se Messi e Cristiano Ronaldo voltarem a se enfrentar pelo título de melhor do mundo. Os volantes continuarão a ser as grandes estrelas e Philippe Coutinho, hoje titular, certamente amargará a reserva para algum botinudo após o Brasil perder duas seguidas.

O pessoal da mesa ao lado, assustado com as previsões do Pai Caju, pediu a conta e se mandou. Só faltou fazer o sinal da cruz, como se eu fosse o Conde Drácula, mas ainda ouviram Búfalo Gil dizer “não mexe com quem está quieto”.

– texto publicado originalmente no jornal O Globo, em 04 de janeiro de 2017.

A SABEDORIA DO GUILHOTINA

por Claudio Lovato

O Márcio Ribeiro, mais conhecido no mundo das peladas do jornal como Marcinho Guilhotina Cega, não era, digamos assim, dotado de muitos recursos técnicos; fazia o feijão com arroz – isto quando estava inspirado.

Fim de ano, dia da mais tradicional pelada do jornal. Carne queimando na churrasqueira do bar do Cuiabá, quadra do campo de futebol soçaite cercada pelo povo da redação, do administrativo e de todos os outros setores, tudo como mandava o figurino. E Aninha Paula, razão de viver do Marcinho (depois do futebol, registre-se), estava lá.

Bola rolando, Marcinho no banco, procurando Aninha com os olhos e já pensando na cervejinha do pós-jogo.  Ele estava de colete, calção novo, meia erguida até os joelhos, chuteira lustrada, na estica boleira, mas tinha em mente que, para fazer boa impressão de verdade, era melhor não entrar em quadra. “É preciso ser realista” era seu lema, para futebol e para a vida.

Mas eis que, lá pelas tantas, os que estavam em campo resolveram dar chance para os que estavam no banco, com a generosidade extra de fim de ano, aquela coisa. E então Marcinho foi chamado para campo.

Ele olhou para os lados onde estava Aninha e entrou.

– Vai, seu Marcinho! Decapita eles! – gritou Mariano, o boy, presidente e único integrante do fã-clube do Marcinho, sem se esquecer do “seu” antes do nome, porque, afinal de contas, respeito é bom e todo mundo gosta.

E lá se foi o Marcinho.

Corre pra cá, corre pra lá, levanta o braço pedindo a bola, a bola não vem, aquele negócio de sempre, quando, de repente, a redonda é lançada pra ele com o carinho e a precisão de um tiro de fogo amigo.


Foto: Cézar Alves

Até hoje ele não sabe se foi por puro instinto ou decorrência do mais frio raciocínio calculista. O fato é que ele matou a bola com a parte interna do pé direito (como nunca antes), deixou a bola beijar a grama, deu um corte no marcador que chegava pelas suas costas (num movimento que ficou conhecido como “o migué do surfista”), e, percebendo o goleiro adversário adiantado, mandou a bola por elevação, lá do meio do campo. Um golaço sensacional, muito festejado pelos companheiros de time. Recebeu abraços e tapinhas nas costas, coisa rara para ele (raríssima; na verdade, nunca acontecia).

– Aí, seu Marcinho, andou se preparando, hein?! – gritou o Mariano lá do alambrado, no que foi seguido por aplausos e assovios da assistência, e Aninha nitidamente era uma das mais entusiasmadas, isso ninguém podia negar.

O jogo recomeçou e, de repente, Marcinho colocou a mão atrás da coxa esquerda. Começou a fazer careta e mancar e, por fim, fez o clássico sinal de substituição para o banco. No total, ficou em campo seis minutos. Em seu lugar entrou o Gabriel, da Economia.

De volta ao banco, Marcinho, que nunca estivera com a musculatura da coxa em melhor estado, pensou: “É preciso saber a hora de sair de cena”.

Lá do alambrado, perto de um dos gols, Aninha sorriu para ele e mostrou o copo de cerveja cheinho até a boca, num gesto que simulava um brinde.

Discretamente, caprichando no passo manco, ele se levantou e saiu da quadra.

No caminho até onde estava a bela Aninha, foi cumprimentado pelos colegas de jornal, e um deles, o Marcelão, subeditor de Política, chegou a dizer:

– Tava escondendo o jogo, esse safado!

Mariano, o boy, ao ouvir isso, balançou a cabeça de um lado para o outro e riu como se não fosse haver amanhã.

Mas haveria. E seria dos melhores para o Márcio Ribeiro, que, depois daquele episódio, passou a ser conhecido apenas como Guilhotina (sem o complemento), e que, com frequência cada vez maior, dizia-se impossibilitado de jogar em razão de problemas musculares.

“É preciso fazer o momento de glória durar”, ele pensava, enquanto Aninha, de short e camiseta regata, pintava as unhas dos pés no sofá ao lado dele.