PARABÉNS, CANHOTA!
Hoje é aniversário do craque Gerson! O “Canhotinha de Ouro” completa 76 anos e continua com a língua afiada!! Fiquem ligados, a matéria com o rei dos lançamentos sai neste domingo!!
MURALHA TRICOLOR
Bicampeão mundial pelo São Paulo e reserva imediato de Taffarel na Copa de 94, Zetti completa hoje 52 anos! Além dos mundiais, a muralha conquistou o Campeonato Brasileiro, o bicampeonato paulista e, obviamente, o bicampeonato da Libertadores, que carimbou o passaporte para o Japão. Relembre uma sequência de defesas impressionante da muralha tricolor na Copa Libertadores de 93, contra a Universidad Católica.
O PODEROSO CHEFÃO
Sergio Pugliese
Celso Meira aplica o cartão vermelho para Léo do Peixe
Grandalhão, cara de mau e protegido de Alberto Ahmed, dono do campo, Celsão Meira normalmente sabe quem vai ganhar os jogos antes mesmo do pontapé inicial. Não é o novo Nostradamus, nem nasceu para feiticeiro, mas é o comandante do apito, um árbitro rancoroso. Recentemente, chegou ao Caldeirão do Albertão, tradicional arena do Grajaú, onde apita há 10 anos, e deu “bom dia!”. Todos responderam, menos Joãozinho Perdigão. Tadinho! E olha que não faltou educação ao pontinha arisco. Distraído, concentrava-se na aplicação de gelo na batata da perna. Mas Celsão não perdoa e pela atitude relapsa, Joãozinho transformou-se no eleito do domingo.
– Minhas diferenças resolvo no apito e antes mesmo das partidas costumo avisar quem vou perseguir em campo – revelou para a nossa equipe, sem constrangimentos.
[##imagem_001##]
Mas esse comportamento desgastou, pior, causou um racha no grupo e após mais uma arbitragem tendenciosa, para alguns criminosa, em favor de Alberto Ahmed, Celsão Meira atiçou a ira de alguns conselheiros poderosos, todos veteranos, bem relacionados e amigos dos craques irmãos, Rodrigo Surfistinha e Ricardinho, filhos de Alberto.
– Precisamos afastar esse ladrão daqui – chutou o balde Joãozinho Perdigão, um dos líderes do movimento “Apito Limpo”.
Joãozinho tinha razão para tanta revolta, afinal foram três pênaltis não marcados a seu favor e um gol legítimo anulado. Por outro lado, Alberto Ahmed estava feliz da vida com seu gol, o da vitória, de mão, no último minuto. Na resenha, grupo divididos. Joãozinho buscou apoio de Rodrigo e Ricardinho, dos formadores de opinião Tico Blá Blá Blá, Vagner do Transplante e do orador Betinho Carqueija. Para bancar os gastos da campanha, atraiu os tesoureiros Viquinho e Zé Carlos, e os gerentes Kadu do Empréstimo, Marcelo Carqueija e Sérgio Bradesco. Para atuar como Black Blocs convocou Maurição, Ericson, Franco e Bebezão, e para dar credibilidade ao movimento e conquistar de vez a simpatia da imprensa, um reforço de última hora: Júnior Negão, o “Joaquim Barbosa”.
– Vamos para às ruas e para o Superior Tribunal de Justiça, tudo para afastar esse cara – conclamou, Joãozinho.
Experiente, Celsão sentiu a situação complicar e mandou Vilson, o garçom-cabeleireiro, caprichar nas porções para Alberto Ahmed e até massagem nos ombros do “patrão” ele fez. Nosso atento fotógrafo, Guilherme Careca Meireles, por baixo da mesa, registrou troca de envelopes entre os dois. Na mesa de Joãozinho, o fundador da pelada, Aziz Ahmed, fazia cara de nojo para a cena.
– Há muitos anos esse Celso é um ladrão descarado – disparou.
Em pouco tempo, o grupo de Joãozinho triplicou as adesões, mas bastou uma ligação de Alberto Ahmed para chegarem três poderosos advogados, Dudu Domecq, Pires e Leão, acompanhados de Alemão, goleiro aposentado, sósia do ministro Ricardo Lewandowski. Contra o desejo do povo, a lei! Celsão explicou o caso aos advogados, mas eles o tranquilizaram, tinham uma carta na manga, os embargos infringentes. Celsão, ar vitorioso, mandou o barman Sandrinho descer mais cinco geladas! Alberto Ahmed, anfitrião de primeira, sugeriu juntar as mesas para debater as reivindicações. Joãozinho pediu o afastamento de Celsão e elencou os motivos: seis pênaltis marcados a favor de Alberto, desses três batidos para fora, mas anulados por “invasão de área”, oito expulsões, nenhuma de atletas de Alberto, 18 intimidações e 27 cascudos em crianças. Nem o acusado aguentou e caiu na gargalhada! Os dois brindaram! Alemão Lewandowski e Junior Joaquim Barbosa abraçaram-se, Alberto suspirou “isso aqui é bom demais!”, Nei Pereira, Betinho Cantor, Juarez Bombeiro e Marcelo Rodrigues, afinadíssimos, sacaram seus violões e puxaram “Que País é Esse?”, e a resenha, como sempre, terminou em churrasco.
A PELADA DE SÁBADO
Com o intuito de inspirar a rapaziada a jogar peladas semanais com os amigos, o parceiro Rodrigo Poppe, do Rio de Janeiro, fez um vídeo muito bacana sobre o seu racha, no Clube Federal, no Alto Leblon.
O curioso é que havia dois grupos que jogavam em horários diferentes no antigo Itanhangui, da Barra. Quando o Itanhangui deixou de existir, os dois grupos se juntaram e passaram a jogar no Santa Mônica, em 1999. Depois do Santa Mônica, a bola passou a ser rolada no Clube Riviera e, por muito pouco, a pelada não “morreu”.
O drama dos boleiros começou quando o presidente do Clube Riviera disse que não alugaria mais o campo. Foi aí que Rodrigo Poppe entrou em ação. O grupo buscou um horário em algum campo do Rio de Janeiro e só encontrou três anos depois, no Clube Federal.
– No retorno, fiz dois jogos de colete: “Amigos do Beto” e “Amigos do Prentice”. Pra minha surpresa, todos voltaram a jogar e hoje temos 35 boleiros entre 40 e 55 anos! – lembrou Rodrigo.
Embora tenham jogado em diversos campos do Rio de Janeiro, todos apontam uma pelada como a mais importante de todas. Em 2002, os craques tiveram a oportunidade única de jogar no Maracanã. Em poucas palavras, Rodrigo definiu aquele dia:
– Foi a cereja inesquecível do bolo!
Tão importante quanto a bola rolando são as tradicionais resenhas que acontecem depois da pelada, sempre regadas à muita carne e cerveja. Além dos churrascos semanais, no fim do ano os amigos organizam uma linda festa!!
Em breve a equipe do Museu da Pelada vai conferir essa brincadeira de perto! Fiquem ligados!
OS PELICANOS
por Sergio Pugliese
A rapaziada buscava uma luz no fim do túnel, uma benção divina. Conheceram-se no grupo jovem da Igreja do Santo Cristo dos Milagres, no Fonseca, em Niterói, e aprofundaram os laços de amizade num retiro em Maricá. Ali, durante uma caminhada, entre “pais nossos” e “ave marias”, tiveram uma visão celestial: um campinho de futebol!!! Dividiram-se irmamente, seis para cada lado, e lavaram a alma!!! O único problema — Deus perdoe esses cordeiros!!! — foi a secura por uma “estupidamente gelada” após a pelada.
— Beber num retiro não dava, né. Seria pagar pecado pelo resto da vida — brincou Bruno, um dos fundadores do time, em divertido encontro, no Itajubar, na Tijuca.
Depois dessa peladinha, a galera resolveu carregar Jesus no coração, sem a obrigatoriedade de frequentar as missas dominicais. Pelo nome do time, batizado no retiro de “Danados”, percebia-se que os anjinhos ainda necessitariam de um intensivão religioso. Mas eles só queriam compromisso com a bola. Para não ficar tão mal na fita com o Altíssimo, resolveram rebatizar o time. Na resenha, surgiu de tudo até que Moacir, mais “pra lá do que pra cá”, levantou-se, exibiu os cambitinhos, fez a posição do quatro e disparou: “Já sei!!!! Pelicanos!!!!”.
A cabeça da turma deu um nó. Pelicano tem pernas compridas e finas, matutou Gabriel Figueiredo, famoso pela lentidão no pensamento e, principalmente, nos campos. No jogo de mímica, chutariam garça, flamingo, nunca pelicano. Mas ficou Pelicanos. Pelicanos Azuis! O azul era para homenagear o inglês Chelsea e intimidar os adversários.
— O Pelicanos caiu bem porque éramos todos magrinhos, na época, em dezembro de 2004 — explicou Diogo Jambo, o Sandro Silva, alguns quilinhos a mais.
Hoje, corpinho pelicano, só Dedé, o torcedor que virou jogador numa emergência e nunca mais saiu do time. Não é fácil manter a medida certa com as resenhas fartas de churrasco e geladas em sequência. E as rodadas etílicas aumentaram consideravelmente, em 2006, quando iniciaram-se os amistosos e as inscrições para os torneios de Fut 7. A galera come a bola, mas tem uma atração especial pelos botecos. Perdendo ou ganhando, os “irmãos” passam horas e horas num deles jogando conversa fora e cantando os sambas incendiários de Jorginho Cara de Cavalo, o zagueiro que bate e depois canta.
— Queremos estar juntos, o resto é o resto — resumiu Renatinho Família Dez e Faixa.
Entenderam o apelido acima? Nem desenhando entendi, mas deve fazer algum sentido. Também não captei porque o Luquinha foi afastado por falta de massa muscular. Deixa pra lá! Mas integram o grupo Oirthon, Márcio Beckerman, que só chuta de trivela, Robinho, Thiago Zamorano, Tiago Guimarães, Matheus Careca, o goleiro peso-pesado Daniel Dogão, Thiago Falcão, Bruno, Moacir, João Canário “do A Praça é Nossa”, Gabriel “Burocrático” Figueiredo, Dedé, Anderson, Matheus Geléia, Michel Mezinho, Paulinho e João Gun, que imita todas as trapalhadas do zagueiro tricolor. Também tem o maior incentivador do time, Marcio Soares Figueiredo, pai de Gabriel e lenda nos campos de Santa Teresa.
— Ele nos incentiva a tomar mais uma — esculhambou Dentinho.
E tomam uma, duas três, dezenas!!! Figurinhas carimbadas do Candongueiro, reduto de samba niteroiense, celebram a vida e amizade a cada encontro. O clima é família, e as amadas também prestigiam as rodinhas. Dedé leva Daiane e Dentinho, Marcela. Bruno não desgruda de Juliana e Gun é um amor só com Carla. Renatinho Família Dez e Faixa, olha ele aí de novo!!!, derrete-se por Bruna Gatinha e Gabriel “Burocrático” Figueiredo festeja suas lentas atuações com a doce Gláucia. Oirthon preferiu omitir o nome da deusa que povoa os seus sonhos.
— Meu coração está em paz — declamou.
Os Pelicanos trocaram a missa dominical pela bola, é verdade, mas o espírito de paz vivido no retiro permanece embalando as resenhas. Os craques, hoje, só se benzem quando entram em campo, mas a cada vitória agradecem aos céus. Deus continua pertinho. Na verdade, eles não abandonaram a igreja, foram liberados pelo Senhor, receberam alta, afinal essa galera já nasceu abençoada.
Texto originalmente publicado no Jornal O Globo em 9 de julho de 2015.