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IDADE AVANÇADA?

por Zé Roberto Padilha


Zé Roberto Padilha

A expectativa de vida da população brasileira acompanhou a média mundial: subiu 41,7 anos em menos de meio século. Hoje, é de 75,5 anos de acordo com o IBGE. O avanço da medicina, a prática regular de atividades esportivas e a diminuição do cigarro foram fatores determinantes neste aumento, embora o consumo de álcool e a fartura de drogas estejam resistindo perigosamente do outro lado. Sendo assim, seria normal que aumentasse em igual proporção a permanência em campo dos jogadores de futebol.

No lugar de se aposentar com 35 anos, como fez a minha geração, e virar comentarista com 36 anos, esticariam suas carreiras até os 40, desde que se cuidassem e os seus meniscos, os divisores de águas da saúde da bola, não tivessem sidos atingidos ou torcidos ao pisar num buraco. O maior exemplo de que isto é possível foi dado por Léo Moura, na primeira rodada do Campeonato Brasileiro.


Um lançamento primoroso de um meio campista gaúcho, algo parecido com os de Didi, Gérson e Rivellino, cruzou todo o campo do Botafogo e encontrou Léo Moura disparando em velocidade pela direita. Carregado de informações do Google, o lateral esquerdo alvinegro subestimou sua descida, tinha informações suficientes da sua recém trajetória ladeira abaixo, e fez pouco caso da trajetória da bola lançada sua cabeça acima. Segundo seu tablet, consultado antes da partida, Léo Moura havia feito seu jogo de despedida no Maracanã, pelo Flamengo, depois foi jogar em um clube americano para fechar a aposentadoria e, na volta, deu uma parada em Recife para disputar seu fraco estadual pelo Santa Cruz e…..já havia completado 38 anos de idade. Não teria mesmo como alcançá-la, imaginou.

Para sua surpresa, e certamente seguida de um puxão de orelhas no intervalo pelo Jair Ventura, Léo Moura não apenas alcançou a bola no ponto futuro como a dominou com extrema categoria, calculando sua descida e colando-a a seus pés. Pode parecer fácil, mas só foi simples para Nilton Santos e Carlos Alberto Torres. Próximo à linha de fundo, levantou a cabeça, deu um passe na cabeça do seu centroavante e, no bate e rebate, o Grêmio abriu o placar.

Para os amantes da arte que perderam Juninho Pernambucano, Caio Ribeiro, Denílson e Roger Flores cedo demais para os microfones, a primeira rodada do Brasileiro foi uma esperança de manter em cena por mais tempo nossos maiores craques. Fora o Seedorf que no seu auge virou treinador.

A única preocupação que temos, às vésperas da votação da reforma da previdência pelo Senado, é se a jogada de Léo Moura será exibida no telão durante a plenária. Pode ter um porta voz da temeridade a usá-las para justificar 49 anos de contribuições ininterruptas para o trabalhador brasileiro ter o direito de se aposentar com o teto. Neste caso, aquele tiro do lateral gremista pela beirada, destaque da primeira rodada, sairia pela culatra.

FUZARCA

por Gustavo Cascon

“Fuzarca” é um curta-metragem que conta uma das histórias mais bonitas do Clube de Regatas Vasco da Gama: a luta contra os preconceitos.

Desde criança, quando íamos ao Maracanã domingo ver o Vasco jogar, meu pai me conta uma história: a de que o Vasco foi o primeiro time de futebol a aceitar negros. Pensando em transformar esta história em filme, comecei a pesquisar (uma das fontes preciosas foi o livro O Negro no Futebol Brasileiro, de Mário Filho) e descobri que o Vasco não só foi o primeiro time a reconhecer e aceitar os negros como atletas, mas também foi o primeiro a ganhar um campeonato estadual da primeira divisão com um time integralmente formado por negros e brancos pobres, alguns operários, alguns funcionários subalternos.


Passei a conhecer melhor também o futebol carioca do início do século. Trazido ao Rio por um filho de ingleses chamado Oscar Cox (o nome do personagem do filme foi inspirado neste pioneiro, um dos fundadores do Fluminense Football Club), o desporto bretão era um esporte sofisticado, no início praticado apenas por uma elite, depois se popularizando, mas ficando ainda restrito a brancos de “boas” famílias, estudantes de direito ou medicina orientados por mestres vindos diretamente da Inglaterra, a mãe do futebol. Apesar dos negros e mulatos já demonstrarem enorme habilidade, eles só conseguiam lugar nos time da zona norte, como o Andaraí, o Vila Isabel, o Bangu. E estes times não chegavam a ameaçar os grandes Fluminense, Flamengo, Botafogo ou América. Mais aí chega o Vasco. Em 1923, com um time formado por negros e brancos pobres, selecionado pelos portugueses (português nunca teve problema com mistura) em outros times de subúrbio, o Vasco ganha o campeonato estadual vencendo quase todos os jogos (só teve uma derrota, para o Flamengo, mas houve suspeitas de que o juiz tenha favorecido os rubro-negros). Este fato provocou uma revolução no futebol da época. Após uma resistência inicial, com os clubes considerados grandes inventando uma série de impedimentos para afastar os negros e pobres do campeonato, poucos anos depois estes clubes tiveram que se render à realidade e abandonar o racismo e os preconceitos. Graças ao Vasco.

 

Sinopse

No Rio de Janeiro de 1900, nascem dois meninos: Sílvio é negro e pobre e Oscar é branco e rico. Os dois amam o futebol e se tornam jogadores. Sílvio se forma nas peladas de rua, Oscar no Fluminense Football Club. O filme acompanha a trajetória dos dois, em paralelo com a história dos primeiros anos do futebol carioca, quando havia preconceito racial e social no futebol, no início um esporte sofisticado e praticado apenas por uma elite, depois ganhando cada vez mais popularidade. Passando por Carlos Alberto, jogador mulato do Fluminense que passava pó-de-arroz no rosto para ficar mais branco, por Monteiro, craque mulato do Andaraí que morreu tuberculoso em campo, por Marcos Carneiro de Mendonça, goleiro branco do Fluminense, símbolo da “Belle Époque” tricolor com seu estilo elegante que inspirava poetisas, a ação vai até 1923, ano que o Clube de Regatas Vasco da Gama é campeão estadual com um time de negros e brancos humildes, do qual faz parte Sílvio. Ele e Oscar finalmente se encontram, no Vasco X Fluminense de 1923…

Orçamento

“Fuzarca”já tem uma boa parte filmada, faltando algumas cenas que representam mais ou menos 30% do filme. Para isso, serão necessários mais dois dias de filmagem, com o seguinte custo:

elenco e figuração: R$ 8.800,00 

equipe técnica: R$ 6.450,00 

alimentação: 5.270,00

equipamento: 2.500,00

total transporte: 1.200,00 

estúdio de finalização: R$ 8.090,00 

recompensas: R$ 401,25

total: R$32.711,25

 

+13% Catarse: R$ 4.252,47

TOTAL GERAL: R$ 36.963,72

https://www.catarse.me/fuzarca1923?ref=project_link

A BOLA VAI ROLAR

por Gabriel Sarmento


Cansados da maneira como o futsal do Rio de Janeiro está sendo tratado, amantes do esporte se reuniram para criar uma nova filosofia de trabalho dentro do jogo da “bola pesada” e assim surgiu a Liga Carioca de Futsal. O torneio terá sua primeira edição neste ano e já atrai a atenção de muitos times da capital e também da região Centro-Sul Fluminense e de Niterói.

Além do comprometimento com a inovação e a credibilidade, os organizadores têm, como objetivo principal, criar torneios mais atrativos e sérios para os amantes do esporte.

Um dos organizadores, Thomaz Spinelli falou sobre o que motivou ele e os sócios a tomarem a atitude de colocar o projeto para funcionar.


– Eu e meus sócios fomos organizadores de um time durante sete anos e sempre tivemos dificuldades com relação a torneios de futsal. Alguns exemplos de falta de organização, falta de premiação em dinheiro e outros problemas que fomos absorvendo durante esses anos. Nosso objetivo agora é criar o melhor ambiente possível para que os atletas e comissões possam ter prazer em sair de casa para jogar.

A Liga Carioca de Futsal vai ser disputada no CSSE, no bairro Riachuelo, zona norte do Rio, na quadra onde Phillipe Coutinho, da seleção brasileira e do Liverpool, deu seus primeiros chutes. O torneio conta com uma boa premiação em dinheiro para campeão, vice e terceiro lugar, além de um valor pago para artilheiro, destaque do campeonato e melhor goleiro. Vale lembrar que o campeão e o vice ainda levam para casa um jogo de uniformes.

O torneio está apadrinhado pelo atual melhor goleiro de futsal do mundo, Léo Higuita, que defende o Kairat do Cazaquistão e foi naturalizado pela seleção local e também pelo goleiro nascido e criado no Riachuelo, André Deko, que já defendeu as cores da seleção e defende as cores da Assoeva na Liga Nacional de Futsal.

Para mais informações sobre a Liga Carioca de Futsal acessem: www.facebook.com/ligacariocafutsal

SÉRIE ‘TIME DOS SONHOS’: ‘UMA VEZ FLAMENGO, FLAMENGO ATÉ MORRER…’

por André Felipe de Lima


Escalar o time dos sonhos do clube do coração é algo mais comum do que imaginamos. Quem gosta de futebol e de um bom papo, sobretudo regado a uma cervejinha em um bar entupido de boleiros afoitos por recordar os craques de outrora, sabe do que falamos aqui. Para incrementar a onda saudosista, o projeto “Ídolos-Dicionário dos craques do Futebol brasileiro” inicia a série “Time dos sonhos”, com escalações preliminares desenvolvidas pelo autor da obra, com base nas investigações jornalísticas que empreendeu ao longo dos últimos quinze anos para escrever os 18 volumes da enciclopédia dos maiores craques da nossa história, dos quais, alguns, tornaram-se míticos de norte a sul do país.


García

O primeiro time do nosso saudável debate é o Flamengo. No gol, escalamos o paraguaio Garcia, que brilhou no “tri” estadual do Flamengo, de 1953 a 55. Foi, segundo muitos relatos, arrojado e extremamente técnico embaixo das traves. Chegou ao Flamengo após um desempenho espetacular no Maracanã defendendo a seleção do Paraguai. Poderíamos escalar outras feras como o amazonense Amado, que tinha como fã número um o cronista Mario Filho. Foi ídolo rubro-negro na década de 1920. Até o começo dos anos de 1970, muitos o achavam o maior arqueiro do Flamengo em todos os tempos. Mas há também Raul, o guardião da meta do timaço campeão de tudo e de todos no começo da década de 1981, ou mesmo o Júlio César, que tão bem se manteve na Gávea na virada do milênio.

Vamos para a lateral-direita. Nela o rei é Leandro, um dos maiores craques já produzidos pelas divisões de base do Flamengo. Integrou o time do Flamengo campeão do mundo em 1981. Até o seu surgimento, o maior era Biguá, o primeiro “Deus da raça” da história do clube, que fez da lateral posto intocável entre o começo dos anos de 1940 e meados da década seguinte. Outro bom lateral-direito do Flamengo foi Toninho, que deixaria o posto para o próprio Leandro, em 1981.

Na zaga central não houve beque mais extraordinário que Domingos da Guia. Para muitos o maior zagueiro da história do futebol brasileiro. Um jogador que conseguiu um feito memorável nos anos de 1930 ao ser campeão de três campeonatos, em sequência, e em três países diferentes, defendendo o Nacional de Montevidéu, o Boca Juniors e o Vasco. Ícone do seu tempo, Domingos destacou-se na Copa do Mundo de 1938, na França. Outros excelentes centrais na história do Flamengo foram Pavão, do “tri” de 1953 a 55, e Marinho, do esquadrão de 1981.


Para compor a zaga do Mengão dos sonhos escalamos Mozer, companheiro de Marinho em 1981. Clássico, Mozer foi, após Domingos, o zagueiro mais sensacional que brotou na Gávea. Mas lá também fizeram história Hélcio, na década de 1920, Tomires, que jogou ao lado de Pavão, o paraguaio Reyes, no começo dos anos de 1970, e o segundo “Deus da raça” do clube, o aguerrido Rondinelli, autor do gol do título estadual de 1978, uma espécie de “pedra fundamental” do time que conquistaria todos os troféus que veria pela frente até meados da década de 1980.

Na lateral-esquerda é Júnior e ponto final. O “Capacete”, como o chamavam na concentração, era tão sensacional que, para muitos, inclusive torcedores de outros times, foi um lateral-esquerdo superior ao Nilton Santos, o maior da posição em todos os tempos. Heresia ou não, o torcedor do Flamengo não está nem aí. Para ele, Júnior é o melhor lateral canhoto que já viram jogar. Mas o Flamengo teve outros craques na posição. Jayme de Almeida (década de 1940), Jordan (anos de 1950) e Paulo Henrique (anos de 1960) também brilharam.

Vamos para a meia cancha, recorrendo ao velho estilo 4-3-3. Como centromédio ou volante, como queiram, Dequinha senão o melhor foi inegavelmente o maior da posição. Dequinha disputou todos (disse ‘todos’!) os jogos das campanhas de 1953, 54 e 55 que garantiram o segundo “tri” estadual ao Flamengo. Baixinho, era magistral no desarme e, fundamentalmente, nos lançamentos, onde, invariavelmente, encontrava o pessoal da frente pronto para marcar mais um tento para o Flamengo. Além dele, Carpegiani e Andrade foram os outros grandes volantes que envergaram o manto rubro-negro. Os dois jogaram entre os anos de 1970 e 80, sempre disputando a posição ferrenhamente. Quando Carpegiani pendurou as chuteiras em 1981 para assumir o comando técnico do time, Andrade tomou conta da posição.


                            Zizinho

Entre os meias-armadores nenhum outro superou Zizinho. Ídolo do Pelé, “Mestre” Ziza foi um dos melhores jogadores que o futebol mundial já teve. Cerebral, com dribles magistrais, ágil e goleador, Zizinho marcou época na década de 1940, mas deixou o clube de forma turbulenta pouco antes da Copa do Mundo de 1950 para defender o Bangu, onde também é ídolo intocável. Na posição, também cultuado foi o grande Adílio, escudeiro de Zico na meia cancha do campeoníssimo Flamengo dos anos de 1980.


E quem vestiria a camisa 10 neste time dos sonhos? Ora, alguma dúvida? O nome só pode ser um: Zico. Embora o Flamengo ostente em sua história grandes jogadores como pontas-de-lança, jamais haverá um como o Galinho de Quintino, o maior artilheiro da história do clube, com mais de 500 gols, e um ícone do futebol mundial na década de 1980. Mas o torcedor do Flamengo pode se gabar de ter vislumbrado grandes craques na posição. Pirillo, até hoje o maior artilheiro de uma edição do Campeonato Carioca, destacou-se no time entre 1941 e 47 e marcou cerca de 200 gols pelo time. Na década seguinte, havia Rubens, ou “Dr.Rúbis”, como o radialista Ary Barroso gostava de chamá-lo. Nos anos de 1960, pintou ao lado de Almir Pernambuquinho o corpulento Silva “Batuta” com “dez” nas costas. Após a Era Zico, surgiu o magrelo, porém genial Bebeto, craque na conquista da Copa União, de 1987, título nacional que a Justiça, digamos, sequestrou da história do clube. Outro camisa 10 icônico despontaria somente na virada do milênio. Um gringo sérvio capaz de colocar a bola em qualquer parte do gramado. Como se esquecer daquela cobrança de falta do Petkovic na final do Campeonato Carioca de 2001?


Moderato

Nesta nossa escalação, que segue o modelo 4-3-3, há espaço para ponteiros. Na direita, ousamos escalar um ponta-esquerda de raiz. Para isso, fomos buscar na década de 1920 o grande ídolo Moderato, craque canhoto dos times do Flamengo nas conquistas do Campeonato Carioca de 1925 e de 27, neste último, Moderato — que formou um ataque poderoso com o ponta-direita de origem Vadinho, os meias Candiota e Junqueira e o centroavante Nonô — fez o gol do título (2 a 1) sobre o América. Um gol épico, talvez mais memorável que o do Rondinelli, em 1978, ou o do Petkovic, em 2001, pelo simples fato de Moderato ter jogado a partida com uma cinta protetora. Sim, uma cinta que impediria o rompimento dos pontos de uma recente cirurgia de apêndice a qual foi submetido. Na ponta-direita também brilharam Joel, na década de 1950, também campeão do mundo na Copa de 1958, e Tita, que às vezes, ocupava a “10” do Zico, quando este se contundia.


Leônidas

Centroavante o Flamengo teve aos montes, mas nenhum igual ao Leônidas da Silva, o “Diamante Negro”. A famosa marca de chocolate foi criada em homenagem ao craque do Flamengo, o artilheiro da Copa do Mundo de 1938. Antes de Leônidas, quem fez muito gol pelo Mengão foi o “vara-pau” Nonô, um camarada alto pra burro, que se notabilizou por muitos gols de cabeça e o indefectível gorrinho que vestia. Outra fera, que jogava no comando do ataque ou na ponta-de-lança, foi Evaristo de Macedo. Após deixar o Flamengo, em 1957, tornou-se um dos maiores ídolos em todos os tempos dos rivais Barcelona e Real Madrid. Façanha rara de se ver. Lá, na Espanha, Evaristo é reverenciado até hoje. Mas no Mengão, é também inesquecível. Nos anos de 1960 vieram o briguento Almir Pernambuquinho, que quebrou o pau na final do Campeonato Carioca de 1966, contra o Bangu, o argentino Doval, que vestiu Flamengo entre 1969 e 75, o clássico e estiloso Cláudio Adão, Nunes, o artilheiro das decisões dos “Brasileiros” de 1980 e 1982 e do Mundial de Clubes de 1981, e, por fim, o baixinho Romário, que ficou por pouco tempo, porém o suficiente para marcar o seu nome no Olimpo de craques da Gávea.


Dida

Na ponta-esquerda abrimos uma exceção escalamos um jogador que, talvez, jamais atuasse naquela faixa do campo. Escalamos Dida, o ídolo dos sonhos do menino Arthurzico, que mais tarde entraria para a história como apenas Zico. Dida foi o primeiro craque do futebol brasileiro a tornar a camisa 10 singular e popular, antes mesmo do aparecimento de Pelé, no Santos. Dida foi o nome principal do Flamengo na década de 1950, um genuíno herdeiro de Zizinho, que passou o a coroa de maior artilheiro da história do Flamengo para o seu fã eterno, o menino Zico. Mas o Flamengo teve grandes pontas canhotos de ofício. Vevé (anos de 1940) foi o primeiro deles. Também aprontaram ali Esquerdinha (anos de 1950), Zagallo (idem, em 50), o entortador de laterais Júlio César “Uri Geller” (anos de 1970) e, por fim, o eficiente Lico, que foi muito importante taticamente para o Flamengo campeão mundial de 1981.

Pois é, amigos. Está aí o Flamengo dos sonhos, que a televisão jamais poderá mostrar, mas que a literatura e, sobretudo, os memoráveis cronistas do passado, incumbiram-se de trazer para nós. Somente as narrativas de outrora permitem um vigoroso resgate de memória cultural. Somente a literatura nos oferece a oportunidade de — sem determinismos, claro — sonharmos com o time que desejaríamos ver no quadro do nosso quarto, devidamente desenhado e escalado. Pensando nisso, o cartunista Anli, que, por coincidência, é também o autor da enciclopédia “Ídolos-Dicionário dos craques”, colocou no pincel o maior Flamengo de todos os tempos, como poderão conferir na charge abaixo.


Agora, a bola está com você, torcedor do Flamengo ou com quem, acima de tudo, curte de montão a história do futebol brasileiro. Querem arriscar uma escalação do escrete do Mengão dos sonhos?

Nas próximas semanas teremos o Corinthians de todos os tempos. Mas aguardem torcidas dos outros clubes cariocas. Seus times dos sonhos também estarão por aqui, bem como os de outros grandes clubes paulistas, gaúchos, mineiros, baianos, paranaenses e pernambucanos. Até lá.

ANIVERSÁRIO DO CAMISA 9 PALMEIRENSE

por Marcelo Mendez


Eram cabelos compridos, de um semblante revolto, que usava camisa 9, que usava chutes precisos como versos e com uma fúria que contradizia a academia que era o time do Palmeiras…

Nos saudosos anos 70, ataque alviverde tinha um puma, rápido, mordaz, incisivo, infalível, para finalizar suas jogadas. O futebol o levou à seleção, lhe conduziu até a Copa do Mundo de 1974. O jeito livre e a personalidade forte de ser lhe renderam a alcunha que lhe perdurou por toda vida:

César Maluco

Acontece que César Lemos foi muito mais que tão somente um maluco…

Chegou no Palmeiras em 1967 e por aqui, em 325 jogos, marcou 182 gols, os tantos necessários para fazer dele o segundo maior artilheiro da história do Verde de Parque Antártica e isso é muita coisa.

Ganhou tudo, jogou tudo, amou muito, detestou outros tantos. Intenso como a poesia, verdadeiro como um Blues, César sempre foi muito César pelo tempo que ficou conosco no Palmeiras. Fez de tudo…

Meteu gol de tudo que foi jeito, correu atrás de cartola do São Paulo na final de um Campeonato Paulista, peitou zagueiro, diretor ruim, tudo!

No dia do seu aniversário, tive que aparecer aqui para lhe dar um feliz aniversário e, muito mais do que parabenizar, lhe agradecer:

Obrigado, César!