VILA BELMIRO: 100 ANOS DE PAIXÃO
Depois de quase dois anos de trabalho, o documentário “Vila Belmiro: 100 anos de paixão” será lançado hoje, às 11h30, no Museu Pelé. Iniciado como um simples projeto acadêmico de quatro alunos de Jornalismo da faculdade Cásper Líbero, o filme ganhou projeção e relata toda a história centenária do Estádio Urbano Caldeira, berço de craques e um dos mais importantes palcos do futebol mundial.
O primeiro jogo oficial da Vila
Diante da necessidade de produzir um trabalho de conclusão de curso, no último ano da faculdade, os jovens Beatriz Recco, Giovana Pinheiro, Nicolaos Garófalo e Victor Onofre formaram um grupo e perceberam que a paixão pelo esporte era unânime. Sendo assim, passaram a pesquisar datas comemorativas para se aprofundarem e descobriram o centenário da Vila Belmiro. A partir daí, o pré-projeto foi aceito pela faculdade e os alunos tiveram que colocar a mão na massa.
– Foi um ano muito corrido. Trabalhávamos, estudávamos e tocávamos o projeto. Acho que a maior dificuldade sempre foi a questão de conciliar agendas e fazer as viagens – lembrou Victor.
Léo recebeu homenagem no dia do centenário do estádio
De acordo com o estudante, o documentário é uma viagem histórica e apaixonante pela segunda casa dos mais de cinco milhões de torcedores que fazem do Santos Futebol Clube suas vidas. Além de personalidades da mídia esportiva, como Milton Neves, Helvidio Matos, Odir Cunha e William Tavares e torcedores ilustres, o documentário conta ainda com depoimentos de jogadores como Pepe, Elano, Robert e Léo. O último, aliás, foi homenageado com um jogo de despedida no dia do centenário da Vila Belmiro, em 12 de outubro de 2016, contra o Benfica.
Vale destacar que a partida comemorativa marcou também o último dia de filmagem do grupo, que foi coroado com um lindo foguetório para os torcedores presentes na Vila. Se já respeitava o estádio antes mesmo de iniciar o trabalho, Victor Onofre não poupou elogios após a aprofundada pesquisa:
– A Vila é diferenciada. O futebol respira e a torcida realmente faz diferença para os atletas em campo. Isso a gente podia sentir o tempo inteiro. Em todos os depoimentos que recolhemos isso era muito ressaltado.
Torcedora ilustre do Santos, dona Edilza foi personagem do documentário
O esforço dos jovens foi reconhecido não só pelo orientador e jornalista Celso Unzete, mas também pela diretoria do Santos, que decidiu apresentar o documentário justamente na semana em que o clube completa 105 anos.
– A ficha ainda está caindo. Estamos muito felizes, ansiosos e com frio na barriga. É muito maior do que imaginávamos nos melhores sonhos! – concluiu Victor.
O filme ficará em cartaz de terça a domingo (11 a 16), com uma sessão às 11h30 e outra às 15h. Depois disso, o vídeo deve ser disponibilizado no YouTube, mas ainda sem data definida.
O Museu Pelé fica no Largo Marquês de Monte Alegre, s/n, no Bairro Valongo, em Santos. O preço é R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia); Crianças de até 10 anos não pagam entrada.
Acompanhe toda a trajetória do grupo, trailers e a lista de entrevistados na página https://www.facebook.com/vilabelmiro100anosdepaixao/
O BUROCRATA
por Zé Roberto Padilha
Zé Roberto Padilha
Segundo nosso ancestral do Google, burocracia “é um sistema em que há excessiva formalidade ou rotina de trâmites”. Mais do que toda a banca de comentaristas do Linha de Passe, Aurélio Buarque de Holanda acabou definindo como ninguém a atuação do mais novo burocrata do futebol brasileiro: Marquinhos, do Fluminense.
Sei do quanto é complicado para quem trilhou o mesmo caminho, jogou na mesma posição e vestiu a número 11 tricolor analisar um companheiro de profissão. Mas também fiz jornalismo e, ao seu final, o juramento de “não seja Hipócrates” para não omitir qualquer opinião. Ontem, após Botafogo 3 x 1 Fluminense, ouso afirmar: não há um jogador mais burocrata que ele. Superou Márcio Araújo, que pelo menos marca, e sepultou, de vez, a passagem de Guiñazú por aqui. Que era brabo. E argentino.
Revi a partida mais tarde para não cometer injustiça, e pude constatar todas as qualidades que o credenciam para, após encerrar sua carreira, ingressar em uma repartição pública. Foram 18 passes para o lado, dez para trás e nenhuma jogada pela linha de fundo. Nenhum chute a gol. E não abriu mão da maior de todas as funções burocráticas de quem assume o carimbo da sua instituição: levantar a bola sobre a área em cobrança de faltas. “Deixa que é minha, levanta os braços e afasta os meninos!” No máximo, bater um escanteio correndo o risco de encontrar a cabeça do Richarlison. E ainda ser abraçado e sair de campo aplaudido.
Sornoza, Nenê, William Arão, Camilo, Conca, Mancuello, até o Pimpão, realizam a mesma função que ele mas aparecem dentro da área como jogador surpresa. Daí marcam gols e realizam assistências. Marquinhos tem puxado o freio de mão ao se aproximar da área porque gol é para os que se afastam do balcão e se arriscam a perdê-lo. Melhor ficar na sobra, pode ter contra-ataque, quem vai cobrir a subida dos laterais e a ausência do patrão?
Seu Lineu da Grande Família. Gente boa, bom de grupo, aplicado, jamais traiu a Nenê e detém a confiança de quem lhe confiou até a braçadeira para cuidar em campo dos meninos. Porém, se como seu antecessor tive cuidados, como jornalista nem tanto, deixei por último o meu lado torcedor tricolor: “Poxa, Abel! Se gosta tanto dele, ou liberte-o do balcão de atendimentos com hora marcada, aproxime-o da grande área, ou coloque-o na comissão técnica ao lado do Leomir!”. Vai ser bom para todo mundo, principalmente para esta sagrada instituição chamada Fluminense FC que tem carimbado seus títulos mais pela ousadia e improvisos do que pela falta de ambição dos seus jogadores.
SARACUTACO
texto: Sergio Pugliese | fotos: Guillermo Planel
Os meninos da escolinha do Saracutaco: time mantém projeto no Complexo da Penha
O maior sonho do saudoso José Alves de Oliveira, o Seu Zezinho, era montar um time bom de bola, de mesa e de ideais. Um dia, numa reunião, compartilhou seus desejos com a família, amigos e alguns craques do Complexo da Penha, região onde morou desde os 20 anos, vindo do Norte, até seus últimos dias, aos 83. Os filhos José, João, Manuel e Carlos, o Playboy, aderiram e iniciaram a caça aos boleiros do bairro. O goleiro Luiz Augusto seria o mestre-cuca das resenhas, afinal ninguém faz um sarapatel como o dele. E Pedro Sebastião Rodrigues, o Pedrão, cuidaria da escolinha. Fechado!!!!
— Mas faltava o nome do time — recordou o roupeiro Adenir da Silva.
E veio por acaso. Num bar, claro! Na tentativa de afugentar um resfriado, Carlos Rosa, o Playboy, pediu um saracutaco, nome inventado na hora para uma bebida que misturasse de tudo um pouco, mel, limão, gengibre, 51, quase uma poção mágica. A galera em volta ouviu o nome e o time estava batizado! Saracutaco!!! Esporte Clube Unidos do Saracutaco, que o dicionário cita como requebro, remelexo. Conseguiram um campo, na Pedreira, e viraram o rolo-compressor da Penha. Além dos irmãos José, João, Manuel e Playboy, tinha Luiz Augusto, Denilson, Nando, Nininho, Demetrio, Padio, Silverio, Eraldo, Creu, Jalmir Talismã e Gersinho. Timaço!
— Ganhamos vários campeonatos, ficamos famosos na redondeza e todos queriam jogar no time — comentou, orgulhoso, o zagueiro Moacir Silva, o Mundico.
As partidas com os rivais Dona Tereza, Apolo e Aimoré pegavam fogo, mas o confronto mais esperado era com o Luzes da Cidade, de Gilberto, Zezé e do técnico Lindomar. Casa cheia e o bicho pegava!!! No final, os dois times confraternizavam na birosca da Rua 29 ou na própria sede do Saracutaco, onde saboreavam as delícias do “chef” Luiz Augusto. Ali mesmo, nasceu a escolinha, que hoje conta com aproximadamente com 150 crianças.
— Realizamos o sonho de meu pai e do saudoso Samarone, outro fundador — vibrou Carlos Rosa, o Playboy.
Os jogadores do time de máster e veteranos
Nossa equipe foi convidada por Flávio Augusto Siciliano para conhecer de perto a história do Saracutaco. Flávio é o faz tudo da turma e uma espécie de anjo da guarda, que surgiu na vida da rapaziada para transformar o time numa instituição sem fins lucrativos, legalizada, principal desejo de Seu Zezinho. Marcamos um ponto de encontro, cedinho, num domingo. Os ressacados Guillermo Planel, André Fernandes e Guilherme Careca Meireles me acompanharam na missão. Antes de partirmos, Flávio Siciliano, constrangido, pediu atenção para algumas cenas ao longo do caminho. Imaginamos fuzis, traficantes mascarados, mas a violência era outra: a condição subumana vivida por alguns moradores. Pobreza extrema na área conhecida por Pedreira, Vacaria ou Sem Teto.
— A escolinha é uma luz no fim do túnel — afirmou Flávio.
Na sede, encontramos Pedrão dando palestra para a garotada. O tema variava. Tinha dicas de posicionamento para o goleiro Açúcar, elogios para Davidson, o meia Leonardo e William, o Mineirinho, e conselhos sobre a importância de estudar e respeitar o próximo. E no final ele pediu a palavra a Matheus, ex-aluno, hoje fuzileiro naval, que venceu a pobreza e abraçou o lado bom da vida graças ao carinho recebido na escolinha.
— Aprendemos a não esperar pela ajuda de ninguém. A iniciativa é nossa e sabemos nos virar — ensinou Pedrão, ao lado de Alberto Braga, rei das planilhas.
Foi o que vimos. O uniforme e o lanche são bancados pelos R$ 5 que cada “saracutaense” do máster e dos veteranos contribuem pelo uso do campo. Mas aos poucos a ajuda vem chegando. Flavio colocou na roda André Nogueira, da OCA, ong que está buscando parceiros para os serviços serem ampliados e a voz, amplificada. Aurélio, do Guanabara, também vai ajudar!!! Nos emocionamos com o esforço do grupo e pedimos uma gelada para curar a ressaca, no Bar da Néia. E ainda teve o batismo da cuia, um goladão de cachacinha mineira, prenda de Luiz Augusto. Que dia!!!!
As crianças encantavam-se com as filmadoras e o sarapatel sumiu num piscar de olhos, culpa de nossa esfomeada equipe. Felicidade e samba, com Gersinho e Jalmir Talismã, do Razão Brasileira, no comando. Ali, o descaso de políticos é atropelado pela união dos amigos. O Saracutaco é um foco de resistência, uma aula de determinação, um tapa na cara dos que reclamam de barriga cheia. O campinho de terra batida é o espaço aglutinador, onde a rede de solidariedade cresce a cada entrada de um novo sócio. Cinco reais a mais!!!! É pouco? Mexa-se, vá conhecer o Saracutaco e entenderá que não.
Texto publicado originalmente no site do Jornal O Globo em 16 de julho de 2015.
Valdo
SAMBA EM PARIS
entrevista: Emiliah | direção de vídeo: Luciano Vidigal e Jeremy Ouisse participação especial (tantan): Paulo Lajão | texto: André Mendonça | edição de vídeo: Daniel Planel
Quase em tom de provocação o parceiro e cineasta Luciano Vidigal enviou uma foto de Valdo posando com os pais de sua mulher, a cantora Emiliah, na França.
– Olha o Valdo, aí!!!!
Qual a graça de o Valdo, craque em duas Copas do Mundo, do lado de lá e nossa equipe do lado de cá?
– Peraí, vamos negociar!!!! A Emiliah não faria uma repórter por um dia para o Museu? Enviamos as perguntas – sugeri.
– Taí, gostei! Posso dirigir!
Caraca, ter um vídeo do Museu da Pelada dirigido pelo estrelado Luciano Vidigal seria um sonho!!!! E o sonho só foi evoluindo com a participação do diretor francês Jeremy Ouisse, o sinal verde para a entrevista ser no belíssimo Parc des Princes, estádio do Paris Saint-Germain, e a participação do consagrado baterista Paulo Lajão, no tantan. É, a turma transformou o papo numa resenha musical!!! Amigos, o que seria da vida sem eles!!! Luciano Vidigal dirigiu 5xPacificação, 5xFavela, Copa Vidigal e Cidade de Deus – 10 anos depois, atuou em Tropa de Elite, é roteirista e joga nas onze! Nunca o vimos jogando peladas, mas tem pinta de craque! E Emiliah está há 10 anos na estrada se apresentando no Brasil e em Paris.
Foi lindo!!!
(Foto: Reprodução)
Ao sair do túnel que dá acesso ao gramado, o ex-jogador caminhou sozinho até a linha lateral e, admirando as arquibancadas, parecia estar em outra dimensão. E não poderia ser diferente. Aposentado desde 2004, quando encerrou a carreira no Botafogo, Valdo vestiu a camisa do PSG por cinco anos e viveu grandes momentos naquele estádio, tendo, inclusive, conquistado a Copa da França em 95.
Após o momento nostálgico, sentou nas cadeiras da arquibancada e, logo de cara, foi obrigado a lembrar de um dos momentos mais marcantes da carreira. Em alusão ao fatídico episódio da água batizada no duelo contra os argentinos na Copa de 90, a cantora Emiliah arrancou uma gargalhada de Valdo ao perguntar se ele aceitaria um copo d’água do Maradona.
– Hoje em dia eu aceitaria! Ele queria que eu bebesse, mas eu não tinha o hábito de beber muita água durante as partidas. Quem bebeu, como o lateral Branco, passou mal, teve tontura… – lembrou.
(Foto: Reprodução)
Vale destacar que essa já era a segunda Copa do Mundo de Valdo. Com apenas 22 anos, foi convocado por Telê Santana em 86, para disputar o torneio no México. O elenco, no entanto, era repleto de craques remanescentes da Copa de 82, como Falcão, Zico e Sócrates, e o garoto, na época, apenas assistiu à competição do banco de reservas.
A experiência fez o talentoso meia amadurecer. No ano seguinte, Valdo assumiu a faixa de capitão da seleção no torneio pré olímpico na Bolívia e levantou o caneco diante da torcida adversária, após um belo gol de fora da área, na final contra os donos da casa.
– Acho até que o goleiro quis me dar uma moral e deixou a bola entrar. Ganhamos de 1 a 0 e eu levantei a taça. É um momento único. Foi o jogo que marcou a minha vida.
Durante a resenha com Emiliah, Valdo relembrou toda sua trajetória no futebol e se esquivou para escalar o melhor time em que atuou. Descoberto pelo Grêmio com 16 anos, nas divisões de base do Figueirense, o craque precisou de pouco tempo para se firmar na equipe titular do tricolor e fazer história ao lado de Renato Gaúcho.
– Ter o nome gritado pela torcida era o que eu sempre sonhava. Ser considerado ídolo pela torcida do Grêmio era maravilhoso.
Após cinco anos no Sul, atuou por Benfica, o já citado PSG, e pelo futebol japonês, antes de retornar ao Brasil. Apesar de ter sido repatriado com uma idade considerada avançada, impressionava pelo vigor físico, aliado à inteligência na parte tática. Foi peça fundamental no acesso do Botafogo à Série A, em 2003, aos 39 anos, antes de pendurar as chuteiras.
Mais brasileira do que nunca, a resenha no Parc des Princes só poderia acabar em samba. Ao ser perguntado sobre qual era a sua relação com o estilo musical, o craque não titubeou:
– Gosto muito de um batuque! Quando rolava festa lá em casa, todo mundo cantava o samba! Cada um no seu ritmo, meio desafinado, mas ia embora!
Foi aí, então, que, mesmo diante de um frio arrasador, Emiliah buscou os instrumentos e, ao lado do pai, Paulo Lajão e do ex-jogador, fez uma roda de samba bacana em pleno estádio francês.
– (…) SÓ RESTOU MINHA VIOLA, MEU CAVACO, MEU PANDEIRO E O TAMBORIM… QUE TEMPO BOM, QUE TEMPO BOM, QUE NÃO VOLTA NUNCA MAIS.. – cantava Valdo.
ROMÁRIO & BEBETO
por Serginho5Bocas
(Foto: Agência Getty Images)
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“Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo”
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Não, hoje eu não vou falar de música, vou falar de dois monstros sagrados que entraram para a história do futebol brasileiro quando formaram uma dupla pra lá de infernal, mas sempre respeitando suas individualidades, e quanto talento quando somavam suas forças.
(Foto: Reprodução)
Bebeto, garoto mirrado esquelético da Bahia, que vi pela primeira vez na seleção de juniores na conquista de nossa primeira Copa do Mundo da categoria em 1983.
Ele era reserva do desconhecido Marinho Rã, mas sempre que entrava melhorava a qualidade do futebol da seleção. Tanto fez que durante a competição, ganhou a vaga de titular.
Saiu do Vitoria da Bahia e desembarcou no Flamengo, com a fama de craque do futuro. Em pouco tempo mostrou seu futebol e teve seu melhor momento com a camisa rubro-negra na Copa União de 1987, quando marcou gols nos quatro últimos jogos que garantiram a conquista da competição.
Seu divisor de águas na carreira foi a Copa América de 1989 quando sagrou-se campeão e artilheiro, mostrando todo seu valor, seu amadurecimento e que era um predestinado, o tempo confirmaria, ali aconteceu o primeiro encontro de monstros.
(Foto: Reprodução)
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“Avião sem asa
Fogueira sem brasa
Sou eu assim, sem você
Futebol sem bola
Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim, sem você”
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Passou momentos difíceis com a amarelinha, sendo barrado na Copa de 1990 por Lazaroni e depois pelo treinador Falcão, mas deu a volta por cima e retornou a seleção de Parreira a tempo de ser campeão do mundo.
(Foto: Reprodução)
Romário foi diferente, já o conheci arrumando encrenca, pois após ter sido artilheiro do Sul-Americano de juniores de 1985, foi cortado do mundial do mesmo ano por Gilson Nunes, por supostamente ter urinado da janela do hotel nos pedestres que passavam na calçada e perdeu o bonde do bi mundial.
Depois fez “chover” no Rio e foi vendido para o PSV da Holanda. Antes disso, no entanto, ainda ganhou a Copa América de 1989 com o parceiro Bebeto.
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Amor sem beijinho
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço
Namoro sem abraço
Sou eu assim sem você
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Na Copa de 1990 teve que conviver com a reserva, muito por estar se recuperando de uma lesão gravíssima e assistiu ao fracasso dos companheiros na companhia de Bebeto no banco de reservas de luxo, bota luxo nisso.
Romário fez chover no Barcelona na mesma época que Bebeto arrasava no La Coruña. Nesta época, dividiram as atenções e tiveram uma luta digna e limpa pelo título espanhol até a última rodada, quando Romário sagrou-se campeão e Bebeto teve uma grande decepção com a perda do título.
(Foto: Reprodução)
No ano seguinte os dois arrebentariam na Copa do Mundo dos Estados Unidos e entrariam para a história como uma das mais completas (se não a mais) duplas de atacantes que o futebol brasileiro e mundial já produziu.
Fizeram oito dos 11 gols da equipe na Copa e deram show de entrosamento em várias partidas. A dupla salvou aquela seleção do fracasso e da mediocridade, pois foi sem sombra de dúvida, uma Copa do Mundo das mais feias e cautelosas de todas as Copas que o Brasil já participou e ganhou.
Romário foi o craque da Copa e Bebeto, injustamente, não foi relacionado na seleção da competição, recebendo apenas uma menção honrosa da FIFA, que deixou o baianinho muito insatisfeito.
Nunca mais puderam mostrar o seu valor juntos na seleção em Copas do Mundo.
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Neném sem chupeta
Romeu sem Julieta
Sou eu assim, sem você
Carro sem estrada
Queijo sem goiabada
Sou eu assim, sem você
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Estiveram poucas vezes juntos, mas quando o fizeram, foi com uma perfeição dos deuses. Juntos, tudo o que faltava em um tinha no outro, eram complementares e exemplares na eficiência do conjunto.
Um futebol rápido, inteligente, bonito e ótimo de assistir. Tenho na minha lembrança a ótima atuação dos dois no jogo das eliminatórias da Copa de 1994 contra o Uruguai, foi um primor, uma aula de futebol.
Dá muita saudade, não vê-los mais em campo em sua plenitude e juntos.
Bebeto era o passe de primeira, a jogada simples e aparentemente econômica, mas bem executada, o taco de sinuca, sem mais nem menos. Romário era a execução sem piedade, com rapidez, frieza e simplificação, sem abrir mão da qualidade e do talento raro e único da finalização perfeita, o matador.
“Feijão com arroz
carne seca com abobora
queijo com goiabada
Romeu e Julieta…”
Romário e Bebeto as paralelas que se encontraram antes do infinito.