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DESPEDIDA

por Leandro Ginane


A bola estava prestes a rolar e, com os olhos fixos no campo, o menino sentia a pulsação do seu coração subindo pela garganta. Estava ansioso para entrar no campo de terra batida, em São Gonçalo.

O juiz apitou, a bola rolou e aquele menino de sorriso largo jogou como se fosse a última vez. Depois daquele jogo, sua vida mudaria. Assinou contrato com apenas dez anos com o clube de coração. Saiu de São Gonçalo. Foi para a Gávea. Saiu da arquibancada e foi para o campo. Estava no lugar que sempre sonhou.

Sua ascensão foi meteórica. Conquistou as crianças e os velhos. Vestiu a amarelinha, ganhou tudo que disputou e seis anos depois assinou contrato com um grande clube na Europa. Viveu cada segundo intensamente, jogando por amor. Se despediu como ídolo no maior palco do mundo, diante da Maior Torcida do Mundo que o acolheu desde a chegada e gritava seu nome.


O sorriso largo deu lugar às lágrimas e com ele desabou a Nação. Sua vontade era ficar. Com apenas dezessete anos vai desbravar o mundo, sem a dança do passinho e o rubro-negro que o consagrou.

Boa sorte, Vinícius! A Nação estará aqui torcendo e esperando sua volta.

Bochini

o ídolo de deus

 texto: Diego Esteves | tradução: Guillermo Planel | edição: Daniel Planel

Será que Deus tem ídolo? O lá de cima não sei dizer, mas o cá de baixo, o deus argentino, tem: “Eu aprendi com o senhor a sentá-los de bunda. Eu tocando na bola, o senhor somente com o movimento do corpo. Vou dizer no mundo inteiro que o meu ídolo chama-se Ricardo Bochini. O senhor me ensinou a querer a bola sem importar o time nem a camiseta, me ensinou a pedir a bola e isso, para nós que estamos num nível superior, nós entendemos“. O autor da mensagem? Diego Armando Maradona. O destinatário? Seu ídolo, Ricardo Bochini, ex camisa 10 do Independiente, clube onde atuou em seus 19 anos de carreira, entre 1975 e 1991.

Hoje em dia seria impossível que um jogador da classe do “Bocha” (“Careca”) não fosse contratado por um clube da Europa. Mas foi justamente isso, o fato de ter entregado a sua vida esportiva completa a um só clube, o que o tornou um ídolo para a torcida própria mas também para as rivais. Por seu time, marcou 107 gols em 740 jogos oficiais. Não era um artilheiro propriamente dito, mas tinha a categoria e a personalidade que o fazia aparecer na hora certa. Como na conquista da Taça Intercontinental de 1973 sobre a Juventus da Itália, quando fechou a vitória por 1 a 0 para o clube do subúrbio fabril de Avellaneda. No ano seguinte, marcou um na decisão da Taça Libertadores contra o São Paulo. Mas o predileto dele e dos torcedores do “Rojo” foi na final fora de casa contra Talleres de Córdoba, a quatro minutos do fim da partida e com oito jogadores em campo.

Embora tenha disputado 28 jogos pela seleção argentina, não marcou nenhum gol pela “celeste y blanca”. Façanhas como o “quase gol” desde o meio de campo contra a Alemanha na estréia do Franz Beckenbauer como técnico não foram suficientes para leva-lo à Copa do Mundo em sua melhor performance. Na Copa de 1974 ainda era jovem; na de 1978, na Argentina, o técnico César Luis Menotti dispensou Bochini por pressão dos militares e já em 1982, na Espanha, surgiu Diego Maradona, dono indiscutível da camisa 10 por mais de uma década. Mas como sempre acontece no futebol, “El Bocha” teria revanche.   

O destino quis ou, melhor dito, “deus” quis que aluno e professor se reunissem na Copa do México, em 1986. “Quero o Bochini no Mundial“, pediu o próprio Maradona para o técnico argentino, Carlos Salvador Bilardo. E pedido de Deus não se nega. Foi assim que na semifinal da Argentina campeã contra a Bélgica, “El Diez” cumpriu o seu sonho de criança: jogar com o ídolo. A seleção “albiceleste” vencia por 2 a 0 e faltando seis minutos para o fim do jogo, Bilardo chamou ao “Maestro”, que ficou à beira do gramado para entrar no lugar de Jorge Burruchaga. “Quando vi que entraria o Bochini, me pareceu que tocava o céu com as mãos, por isso o primeiro que fiz foi fazer uma tabela com ele. Nesse momento senti que estava fazendo ‘um-dois’ com Deus“, relembrou Maradona. Foram 156 segundos com a bola rodando, sempre no chão como faz quem entende.

O Museu da Pelada entrevistou o ídolo do Maradona no campo de treinamento do Independiente, em Villa Dominico, a uns 20 minutos do centro da cidade. Bochini compara Pelé, Maradona e Messi, dá uma dica para o Neymar ser o melhor do mundo e surpreende ao incluir dois brasileiros no seu “time dos sonhos”.

 

 

Canto do Urubu

CANTO DO URUBU

entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça | vídeo: Daniel Planel | foto: Gilvan de Souza

Futebol e música sempre andaram lado a lado e, por isso, não foram poucas as vezes que um músico declarou sua paixão pela bola – ou por um time específico – com alguma composição. Se o Flamengo é um dos clubes mais homenageados pelos músicos, com quase mil canções, os compositores Altay Veloso e Paulo César Feital trataram de abrilhantar ainda mais essa lista, com o lançamento do CD “Canto do Urubu”, no espaço Blue Note, no Lagoon.

Tudo começou quando Altay Veloso apresentou suas canções inéditas ao nosso capitão Sergio Pugliese, que, apesar de ser vascaíno, se encantou com o que tinha escutado e ligou imediatamente para Sandro Rilho, um dos líderes da Fla Nação e grande responsável pelos grandes eventos do clube recentemente.

– A gente faz um trabalho de resgate das tradições do Flamengo e eu fiquei extasiado com aquele material! – disse Sandro.

Para eternizar as belas canções do “Canto do Urubu”, os intérpretes foram escolhidos a dedo e emocionaram os presentes: Alcione, Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Leny Andrade, Neguinho da Beija-Flor, Sandra de Sá, Dudu Nobre, Anderson do Molejo, Bebeto, Jorge Vercillo, Xande de Pilares e Zezé Motta.

O evento também contou com a presença de grandes ídolos da Gávea, como Adílio, Júlio César Uri Geller e Nélio, torcedores ilustres e até Eduardo Bandeira de Mello. O atual presidente, aliás, fez questão de enaltecer o projeto:

– Um trabalho magnífico! Fiquei fascinado com as 11 músicas e tenho certeza que isso vai ser um presente para a Nação!

Antes do evento começar, ainda conseguimos reunir os donos da festa, que não escondiam a felicidade e fizeram questão de agradecer o apoio do Museu da Pelada:

– Fiquei muito feliz com o resultado e sou muito grato a você (Sergio), que foi o primeiro a acreditar nesse projeto. O Museu da Pelada foi fantástico quando chegou e me deu um abraço, afetuoso e gênero! – disse Altay.

– Compor é uma alegria para a gente. Nossa alma é fraterna e irmã. O Altay é mais irmão do que um irmão meu! – completou Feital.

Só nos resta parabenizar essa dupla por entrar na galeria de lendas que emocionaram a nação!

 

 

ANÁLISE DA FRANÇA

por Mateus Ribeiro


A expectativa é grande. Bons nomes não faltam para a França. Alguns são revelações, outros já são realidade. Porém, em 2016, muito se esperava na Eurocopa, e todos se lembram do que aconteceu na final: derrota na prorrogação, dentro de casa, para Portugal, que jogou praticamente a partida toda sem Cristiano Ronaldo. E que me desculpem os jogadores portugueses, mas se a França foi capaz de perder para a Seleção lusitana sem Cristiano Ronaldo, pode se esperar tudo dos Azuis. Inclusive um papelão.

O grupo não é lá dos mais difíceis, o que pode ajudar bastante. É bem verdade que o time tem bons valores, mas a impressão que se tem é que com um pouco mais de “sangue no olho”, a França poderá ir longe.

CAMPANHA NAS ELIMINATÓRIAS


O grupo era difícil, e contava com Holanda e Suécia, lutando por uma vaga direta, e outra na repescagem. A França passou em primeiro lugar, mas para provar que é um time inconstante, goleou a Holanda , mas conseguiu empatar com Belarus e Luxemburgo (com o último, dentro de casa). Foram sete vitorias, dois empates e uma derrota. Boa campanha.

TIME

O time tem boas peças em todos os setores. Lloris é um bom goleiro, e invariavelmente, pratica alguns milagres. A defesa conta com jogadores que são titulares no Real Madrid e no Barcelona. O meio tem o incansável Kanté, que dentre outras coisas, tem a missão de correr por Pogba. Pogba, aliás, que é um dos jogadores mais supervalorizados do planeta, mas que tem seus bons momentos. A questão é saber se ele vai querer jogar bola pro time, ou se vai querer entrar em campo pra desfilar seu novo corte de cabelo.


Os principais jogadores estão no ataque. Griezmann e Mbappé são dois dos melhores atacantes do mundo nos últimos anos. Além de muita velocidade e raciocínio rápido, possuem um arremate de muita qualidade. Giroud, apesar de bastante contestado, faz lá seus gols. Quem sabe em algum momento importante, a bola não bate na sua canela e decide uma partida, né?

Pelo fato do time ter muita qualidade técnica, podemos esperar um jogo de muito toque de bola, e muita velocidade, já que os citados atacantes estão com todo o gás.

Segue a lista dos convocados:

Goleiros: Aréola (Paris Saint-Germain), Lloris (Tottenham) e Mandanda (Olympique de Marselha)

Defensores: Lucas Hernández (Atlético de Madrid), Kimpembe (Paris Saint-Germain), Mendy (Manchester City), Pavard (Stuttgart), Rami (Olympique de Marselha), Sidibé (Monaco), Umtiti (Barcelona) e Varane (Real Madrid)

Meio-campistas: Kanté (Chelsea), Matuidi (Juventus), N’Zonzi (Sevilla), Pogba (Manchester United) e Tolisso (Bayern de Munique).

Atacantes: Dembélé (Barcelona), Fekir (Lyon), Giroud (Chelsea), Griezmann (Atlético de Madrid), Lemar (Monaco), Mbappé (Paris Saint-Germain) e Thauvin (Olympique de Marselha).

Como a sina da França é ter treinadores polêmicos, algumas ausências na convocação fizeram chover críticas em cima de Deschamps. O nome mais comentado foi o do meio campista Rabiot, do PSG. Além dele, Benzema também não vai. Mas o caso do atacante vai além das questões técnicas, e parece longe de ter um final feliz.

De qualquer forma, a França corre por fora, e pode sonhar com algo além das quartas de final (onde parou na última Copa). Resta saber se o time vai negar fogo na hora H, como fez na Eurocopa 2016.

BIOGRAFIA DAS COPAS


Os fanáticos por futebol sabem que a vida é feita de ciclos que duram quatro anos. Eles são capazes de fazer referências a períodos de suas vidas, apenas com base em Copas do Mundo. O espetáculo esportivo faz parte da memória afetiva de todo brasileiro, até daquele que não acompanha futebol. Todos temos alguma lembrança de Copa, e não somente das cinco vencidas pelo Brasil (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002)

Em “Biografia das Copas”, da Editora Onze Cultural, o jornalista Thiago Uberreich, apresentador do Jornal da Manhã da Rádio Jovem Pan, promete resgatar passagens históricas, oferecendo ao leitor um cenário de cada mundial, de 1930 a 2014.

– A intenção é que o leitor faça uma viagem no tempo. Normalmente, lemos biografias de pessoas. Mas é perfeitamente possível biografar eventos que mexem conosco, como a Copa do Mundo, o torneio esportivo mais assistido do planeta – a final da última Copa foi vista por 1 bilhão de pessoas.

Especializada em títulos de futebol, a Onze Cultural traz um material diferenciado.

– O livro está recheado de fotos e exibe tabelas com os resultados das Copas. Visualmente, está maravilhoso. É um prato cheio para quem ama futebol e para quem quer relembrar passagens dos mundiais: os títulos do Brasil, os principais jogadores e as seleções que marcaram época! –  afirma o autor.


Destinada a todos os públicos, a biografia tem 20 capítulos, um por Copa, divididos de 1930 até 2014. Além da história de cada mundial, seu contexto político e histórico, expõe fichas dos jogos do Brasil, um resumo das partidas das demais seleções e, a partir de 1970, o início da transmissão ao vivo pela TV.

– Realizei uma ampla pesquisa sobre relatos das partidas feitos pelos jornais e as transmissões dos mundiais pelo rádio e pela TV, sobre como funcionou o pool das transmissões em 1970, além de colocar a grade da televisão antes de cada jogo do Brasil. Assim, quem viveu e quem tem curiosidade poderá se recordar de quais emissoras transmitiram os jogos, os horários… A história da Copa do Mundo está intimamente atrelada à evolução das comunicações. – explica o jornalista, que acumula, no rádio, mais de 20 anos de experiência.

Aficionado por Copas

– Na época da Copa de 1990, ainda com 13 anos, comecei a colecionar material relativo aos mundiais. Ganhei dos meus pais o primeiro livro que li sobre o assunto. Era uma obra pequena, escrita pela jornalista Solange Bibas:

– ‘As Copas que ninguém viu’ contava os bastidores dos mundiais de 1930 a 1978. Apesar de defasado, ainda era vendido em livrarias, às vésperas da Copa de 1990. A partir daí, nunca mais parei de colecionar material sobre futebol. – conta Uberreich.

O jornalista é, ainda, um inveterado colecionador de imagens de futebol:

– Tenho guardados todos os jogos na íntegra de 1966 (Inglaterra) até hoje. Antes daquele mundial, eram raras imagens de jogos completos, mas os poucos que existem tenho em meu acervo. O material foi fundamental para escrever “Biografia das Copas”.

Prefácio de Mauro Beting

“Biografia das Copas” tem prefácio do amigo e colega de Rádio Jovem Pan Mauro Beting:

“Thiago é um Cafu que faz tudo e muito bem. Parece estar em todos os lugares. Ou sabe onde procurar. Traz não só uma sinopse bem observada e condensada de cada partida como a cobertura da mídia brasileira em cada torneio. Resgata manchetes e consegue nos projetar naqueles meses que ficam por toda a vida com a gente”.


Livro: “Biografia das Copas”

Autor: Thiago Uberreich

Editora: Onze Cultural

Lançamento: 12 de junho de 2018

Horário: 18h

Local: Livraria Cultura do Conjunto Nacional

Endereço: Avenida Paulista, 2.073

Contato do autor: thiago.uberreich@jovempan.com.br