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BIOGRAFIA DAS COPAS


Os fanáticos por futebol sabem que a vida é feita de ciclos que duram quatro anos. Eles são capazes de fazer referências a períodos de suas vidas, apenas com base em Copas do Mundo. O espetáculo esportivo faz parte da memória afetiva de todo brasileiro, até daquele que não acompanha futebol. Todos temos alguma lembrança de Copa, e não somente das cinco vencidas pelo Brasil (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002)

Em “Biografia das Copas”, da Editora Onze Cultural, o jornalista Thiago Uberreich, apresentador do Jornal da Manhã da Rádio Jovem Pan, promete resgatar passagens históricas, oferecendo ao leitor um cenário de cada mundial, de 1930 a 2014.

– A intenção é que o leitor faça uma viagem no tempo. Normalmente, lemos biografias de pessoas. Mas é perfeitamente possível biografar eventos que mexem conosco, como a Copa do Mundo, o torneio esportivo mais assistido do planeta – a final da última Copa foi vista por 1 bilhão de pessoas.

Especializada em títulos de futebol, a Onze Cultural traz um material diferenciado.

– O livro está recheado de fotos e exibe tabelas com os resultados das Copas. Visualmente, está maravilhoso. É um prato cheio para quem ama futebol e para quem quer relembrar passagens dos mundiais: os títulos do Brasil, os principais jogadores e as seleções que marcaram época! –  afirma o autor.


Destinada a todos os públicos, a biografia tem 20 capítulos, um por Copa, divididos de 1930 até 2014. Além da história de cada mundial, seu contexto político e histórico, expõe fichas dos jogos do Brasil, um resumo das partidas das demais seleções e, a partir de 1970, o início da transmissão ao vivo pela TV.

– Realizei uma ampla pesquisa sobre relatos das partidas feitos pelos jornais e as transmissões dos mundiais pelo rádio e pela TV, sobre como funcionou o pool das transmissões em 1970, além de colocar a grade da televisão antes de cada jogo do Brasil. Assim, quem viveu e quem tem curiosidade poderá se recordar de quais emissoras transmitiram os jogos, os horários… A história da Copa do Mundo está intimamente atrelada à evolução das comunicações. – explica o jornalista, que acumula, no rádio, mais de 20 anos de experiência.

Aficionado por Copas

– Na época da Copa de 1990, ainda com 13 anos, comecei a colecionar material relativo aos mundiais. Ganhei dos meus pais o primeiro livro que li sobre o assunto. Era uma obra pequena, escrita pela jornalista Solange Bibas:

– ‘As Copas que ninguém viu’ contava os bastidores dos mundiais de 1930 a 1978. Apesar de defasado, ainda era vendido em livrarias, às vésperas da Copa de 1990. A partir daí, nunca mais parei de colecionar material sobre futebol. – conta Uberreich.

O jornalista é, ainda, um inveterado colecionador de imagens de futebol:

– Tenho guardados todos os jogos na íntegra de 1966 (Inglaterra) até hoje. Antes daquele mundial, eram raras imagens de jogos completos, mas os poucos que existem tenho em meu acervo. O material foi fundamental para escrever “Biografia das Copas”.

Prefácio de Mauro Beting

“Biografia das Copas” tem prefácio do amigo e colega de Rádio Jovem Pan Mauro Beting:

“Thiago é um Cafu que faz tudo e muito bem. Parece estar em todos os lugares. Ou sabe onde procurar. Traz não só uma sinopse bem observada e condensada de cada partida como a cobertura da mídia brasileira em cada torneio. Resgata manchetes e consegue nos projetar naqueles meses que ficam por toda a vida com a gente”.


Livro: “Biografia das Copas”

Autor: Thiago Uberreich

Editora: Onze Cultural

Lançamento: 12 de junho de 2018

Horário: 18h

Local: Livraria Cultura do Conjunto Nacional

Endereço: Avenida Paulista, 2.073

Contato do autor: thiago.uberreich@jovempan.com.br

A COPA VIRTUAL DE TODOS OS TEMPOS

por Émerson Gáspari


Eu sempre sonhei com isso! E hoje, após anos alimentando meu computador com dados de jogadores, seleções e partidas ao longo da história (meticulosamente analisados), estou prestes a concretizar o plano de conceber a maior Copa que poderia existir: a Copa do Mundo “virtual” de todos os tempos.

Meu programa especial instalado não só cruza todos os dados, como vai além: aproxima fisicamente os jogadores do passado com os do presente, nivela a marcação, cria condições idênticas de regras, campo e material esportivo, adequa esquemas táticos, escala os melhores de cada posição, analisa retrospectos, extingue “arbitragem eletrônica” e adiciona o coeficiente “sorte” (pois o futebol é um pouco isso também, daí ser imprevisível e apaixonante). Algumas seleções e jogadores que me agradam ficam de fora (como a Croácia de Suker), mas quem manda é o programa e não cabe a mim, discutir com uma máquina.

Tudo pronto, eu me sento diante da tela do computador para assistir à “mãe” de todas as Copas, em imagens coloridas, de alta-definição. Aperto o “ENTER”, dando assim, o “pontapé inicial” ao torneio. Caberá aos ingleses – inventores do futebol – a primazia de sediarem o Mundial, que reúne as 32 seleções escolhidas por critérios técnicos, históricos e até geográficos, fato que extinguiu a necessidade de Eliminatórias.


A curiosidade fica por conta da presença da seleção da Coréia (aqui unificada), na disputa. Fato que emociona a todos, pela força que o esporte tem em promover a paz.

Rolam os jogos da primeira fase e após as três rodadas iniciais, surgem as 16 primeiras seleções eliminadas. Algumas delas, já esperadas: a Arábia Saudita de Abdullah, a Austrália de Harry Kewell, o Japão de Nakata e a própria Coréia de Park Ji-sung.

As demais são: a Escócia de Baxter, a Áustria de Sindelar, a Romênia de Haggi, o Chile de Figueroa, a Dinamarca de Laudrup, os EUA de Lalas, o Peru de Cubillas, a Colômbia de Valderrama e Higuita, a Suécia de Liedholm, a Bélgica de Preud’ homme, a Bulgária de Stoichkov e o Paraguai de Romerito, Gamarra e Chilavert, que de falta, marca o primeiro gol de um goleiro em Copas do Mundo.


Todos estes craques e selecionados retornam para seus países de origem. O torneio, reduzido agora à metade de seus participantes, entra naquela etapa mais decisiva: as “oitavas-de-final”.

Com ela, começam a cair esquadrões mais tradicionais do futebol mundial, como a República Tcheca de Planicka e Masopust, a Rússia de Yashin, Camarões de N’Kono e Roger Milla, México de Carbajal e Hugo Sanchez, Polônia de Lato e Boniek, Portugal de Eusébio e Cristiano Ronaldo e – para tristeza dos românticos que preferem o futebol bem jogado, como eu – a Hungria de Czibor, Kocsis e Puskas, além da Holanda de Cruyff, Neeskens, Van Basten, Gullit e Robin, todos jogadores maravilhosos, que se despedem da maior de todas as Copas.

Copa essa, que agora reúne – coincidentemente – as oito seleções que já tiveram a glória maior de levantar a Taça do Mundo: Argentina, Brasil, Uruguai, Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália. E vem as “quartas-de-final”…


Numa partida medonha, travada, repleta de faltas e catimba, os portenhos despacham os uruguaios pela contagem mínima, em incrível arrancada de Messi. É o fim da linha para “Manco” Castro, Andrade, Nasazzi, Obdúlio Varela, Pedro Rocha e Diego Forlan. Mesmo placar registrado no clássico europeu, no qual a retrancada Itália, em contragolpe de Roberto Baggio, vence a “Fúria” espanhola de Zamora, Xavi e Iniesta.

Para a tristeza da rainha e com um gol duvidoso no final (quando a bola acertou o travessão, bateu em cima da linha e não entrou, mas o juiz considerou como um tento) a Alemanha elimina a Inglaterra por 3×2. Triste fim para Banks, Stanley Mathews, Bobby Moore, Bobby Charlton, David Beckham e até mesmo… vejam só: George Best! (aqui, “naturalizado” inglês, por uma manobra do programa do computador). 

No jogo menos faltoso e mais bonito de toda a competição, repleto de futebol-arte em campo, o Brasil ganha por 2×1 da França, gols de Zico (cobrando pênalti) e Ronaldo Fenômeno. Mas Matller, Just Fontaine (que marcou o gol francês), Michel Platini, Tigana, Giresse, Rocheteau, Barthez e Henry, saem de cabeça erguida, ovacionados. Até mesmo Zinedine Zidane (expulso no último minuto por uma cabeçada em Luís Pereira quando a França buscava o empate) é aplaudido de pé, ao deixar o gramado.


Restam agora, no Mundial, as quatro seleções que possuem mais títulos em Copas. As semifinais apresentam dois duelos tradicionalíssimos: Argentina x Alemanha e Itália x Brasil. Muita emoção pela frente!

Apesar de toda a rigidez na marcação e aplicação tática extrema, os germânicos não conseguem segurar o ímpeto argentino, sucumbindo por 2×0, gols de Di Stéfano e Mário Kempes. Torcedores brasileiros lamentam não enfrentarem os alemães nessa Copa, com um selecionado que verdadeiramente os representem. Mas…

Uma verdadeira “batalha” é travada na outra semifinal.


A Itália sai na frente, com Meazza. O Brasil empata: gol de Zizinho! A “Azurra” novamente na frente, através de Bruno Conti. Outra vez os “canarinhos” empatam, agora com Pelé, de cabeça. E viram o jogo, num lindo chute de Falcão. A dois minutos do fim, Gylmar defende uma cabeçada mortal de Paolo Rossi em cima da linha e classifica o Brasil. Telê Santana vai às lagrimas e abraça forte o auxiliar-técnico Zagallo. O primeiro, comovido ao ver todos os demônios de “Sarriá” finalmente exorcizados. O segundo, gritando a plenos pulmões para quem quisesse ouvir: “- Tiveram que nos engolir!”.

Na véspera da finalíssima, Itália e Alemanha decidem o terceiro lugar. Arnaldo Cézar Coelho é o árbitro. Uma partida que se transforma em “batalha épica”: ninguém quer perder! Noventa minutos de muito equilíbrio. Matthews, de pênalti, abre a contagem, mas a Itália empata, com Schilati. A igualdade no marcador leva o jogo para a prorrogação. A Itália se atira ao ataque e abre 3×1, com gols de Baggio (de pênalti!) e Paolo Rossi. Pressão total alemã: o zagueiro Cannavaro e o goleiro Zoff se transformam nos melhores da partida, pelo lado italiano. Apesar disso, os alemães, liderados por Kross e Franz Beckenbaur (machucado e jogando com a clavícula enfaixada) empreendem reação formidável e nos quinze minutos finais viram o duelo para 4×3, com gols de Fritz Walter, Gerd Muller e Klose (em brilhante jogada de Rummenigge).

Espetacular!

Chega enfim, o grande dia, Brasil e Argentina – maior rivalidade do planeta – reunidos numa final até então inédita, no coração do Velho Continente. Estádio de Wembley tingido de verde-amarelo. Todos os ingleses torcendo pelos brasileiros (ou contra os argentinos?). Mas a seleção tem problemas: Djalma Santos, que atuou em todos os jogos está contundido e dá lugar na final, a Carlos Alberto Torres. O goleiro reserva, Leão e o técnico Telê se estranham e Taffarel o substitui, no banco. Não é só: a escalação brasileira anunciada no estádio, não inclui Ronaldo: em seu lugar, na última hora, misteriosamente, aparece o nome de Romário. A imprensa fica em polvorosa!

Os times entram em campo com as seguintes formações: a Argentina;Carrizo, Zanetti, Perfumo, Passarella e Marzolini; Sastre, Moreno e Maradona; Messi, Di Stéfano e Mário Kempes. Para o banco da “Albiceleste”, o treinador César Luiz Menotti relaciona Fillol, Ruggeri, Nestor Rossi, Labruna, Sívori, Batistuta e Pedernera.

Já o Brasil do técnico Telê Santana está escalado com Gylmar, Carlos Alberto, Luís Pereira, Domingos da Guia e Nilton Santos; Falcão, Pelé e Rivellino; Garrincha, Romário e Neymar. Na suplência ficam Taffarel, Zito, Didi, Zizinho, Zico, Ronaldinho Gaúcho e Leônidas da Silva. A arbitragem fica por conta do italiano PierluigiCollina.

Na hora do chá inglês, pontualmente às cinco da tarde, ele trila seu apito e a batalha final se inicia. Sete títulos mundiais em campo. A torcida vai à loucura.


No gramado, a temperatura sobe logo aos três minutos: Zanetti toma uma “lambreta” de Neymar e “levanta” o menino, mas Rivellino dá sequência ao lance antes que o juiz apite a falta, aplica um “elástico” em Sastre e atira um torpedo de fora da área. A bola explode na trave! Um minuto depois, é a vez platina: Di Stéfano tabela com Maradona, que lança Messi. Ele invade a área e tenta “dar uma cavadinha” pra cima de Gylmar, mas o goleiro manda pra escanteio. A partida “pega fogo”.

Jogadas maravilhosas se sucedem: numa delas, Garrincha entorta Marzolini e cruza para Pelé, que cabeceia com força para baixo, obrigando Carrizo a saltar ao chão, espalmar e ficar rezando, enquanto a bola caprichosamente encobre o travessão.


Só que a os portenhos saem na frente: José Manuel Moreno inverte uma bola da direita pra esquerda; Kempes recebe e centra na área, onde Gylmar divide pelo alto com Maradona. É quando “El Pibe de Oro” soca a bola para as redes, sem que Collina se aperceba: 1×0 para os “hermanos”, cuja pequena torcida vibra muito. 

Na discussão, no meio do bolo de jogadores, Neymar infelizmente é agredido com uma joelhada nas costas e deixa o gramado para não voltar. Em seu lugar, surge Didi. Telê pede para que Riva ocupe a ponta esquerda. Já passa da metade do primeiro tempo quando o Brasil sai em contra-ataque e Nilton Santos faz um passe rasteiro na diagonal, para o “Rei”. Carrizo deixa a área para interceptar e é fintado num drible de corpo desconcertante de Pelé, que corre pelo outro lado e quase caindo, bate cruzado. Perfumo ainda se joga pra tentar salvar, mas a bola passa quicando em câmera lenta, da direita pra esquerda, toca no pé da trave e entra: tudo igual, 1×1.

Só que a Argentina é um time enjoado, que nos conhece muito bem e se aproveita do fato da equipe se desconcentrar na comemoração do gol, para desempatar: A “Flecha Loira” Di Stéfano recebe de Maradona e bate firme, apesar da marcação de Domingos da Guia: 2×1 para eles, que passam então a “fazer cera”. O Brasil tenta de novo, numa linda escapada de Garrincha pela direita, “deitando” dois “Joões” pelo caminho e cruzando rasteiro pra Romário, que se estica todo e toca de biquinho, para fora.


Só que o “Baixinho” põe a mão na virilha e sai para o intervalo mancando, deixando uma interrogação na cabeça da torcida e do treinador.

Quinze minutos depois, é Leônidas da Silva quem sobe do túnel, com a equipe, para o segundo tempo. Pela Argentina também há substituições: sai Moreno, para a entrada de Nestor Rossi, numa clara tentativa de se fechar o meio-campo para segurar o placar. O duelo recomeça.

Agora o Brasil martela insistentemente. Primeiro Leônidas é bloqueado ao tentar um chute à queima-roupa. Depois, Falcão lança para Pelé que gira em cima de Nestor e fuzila para o gol. A bola passa por Carrizo e Passarella salva em cima da linha. Mas o “bombardeio” não cessa. Nem quando o time desce todo ao ataque e é surpreendido porMessi, que apanha um lançamento longo de Maradona, entra na área e bate cruzado na saída de Gylmar, fazendo Argentina 3×1. Vem o desespero no coração do torcedor brasileiro.

Mas quem tem Didi, não tem medo: ele vai até o gol, apanha a bola e caminha com toda a tranquilidade do mundo, falando com os companheiros, até colocá-la no meio-campo.


A seleção não esmorece, persiste no ataque. Em jogada de Falcão, Garrincha acaba sendo derrubado sem piedade, ainda na meia-direita. A bola é ajeitada por Didi, pouco mais de trinta metros distante do gol. Os argentinos se espremem numa barreira de seis gringos. O chute sai seco, firme: passa ao lado da cabeça do primeiro homem, parece que vai em direção à Carrizo, porém, subitamente muda sua trajetória e decai, entrando rente à trave oposta. É a “Folha-Seca” de Didi, diminuindo o prejuízo: 2×3.

Menotti altera o esquema tático: Kempes e Maradona recuam para ajudar a fechar a meia cancha, ao lado de Nestor Rossi e Sastre. Na frente, ficam apenas Messi e Di Stéfano, num 4-4-2, aceitando a pressão brasileira.

E Carrizo vai mostrando que não foi eleito por acaso, o melhor goleiro sul-americano do século XX. O tempo vai passando, mas o Brasil não se desespera: confia que o gol sairá, ainda mais depois de uma descida de Carlos Alberto, que ludibriou a zaga e obrigou o arqueiro a novo milagre. É daí que o “Enciclopédia” Nilton Santos resolve abandonar a marcação e descer para o ataque também, cruzando o meio-campo e tabelando com Pelé. Ele grita pedindo a bola de volta e a recebe. Já próximo do bico esquerdo da área, centra alto, por sobre a cabeça de Passarella, surpreendendo-o. Do outro lado, Leônidas, o “Diamante Negro” alcança a bola numa bicicleta extraordinária e manda na gaveta, empatando em 3×3 a seis minutos do fim.


O gol alivia o time brasileiro, enquanto a Argentina pouco se arrisca e o jogo vai para uma dramática prorrogação. A qual não tem mudanças no marcador. Na maior chance nossa; Rivellino bate uma falta de três dedos e a bomba passa perto demais. Quanto aos argentinos, a redonda é alçada na área por Maradona e Di Stéfano divide com Gylmar, pelo alto. Na queda, o goleiro leva a pior e acaba dando lugar a Taffarel, já na “última volta dos ponteiros”. Um minuto depois, Collina apita o fim de jogo. Vamos ao velho teste para cardíacos: os malditos pênaltis. Quanta angústia, meu Deus!

Kempes bate primeiro e acerta o travessão. Só que Rivellino (que nunca gostou de cobrar penais) dá uma paulada no meio do gol e Carrizo rebate, no susto. Agora é Messi quem cobra e abre a contagem. Didi deixa tudo igual: 1×1.  Di Stéfano confere bonito, de letra: 2×1 pra eles. Ficamos com os nervos à flor da pele, quando Garrincha, calção caindo, alheio à atmosfera decisiva, cobra com certa displicência e empata de novo. O capitão Passarella, ao contrário, bate com muita seriedade e põe os portenhos na frente, outra vez. Mas Leônidas iguala, com um chute preciso, no ângulo: 3×3 e falta uma cobrança para cada lado.


Diego Armando Maradona passa a mão na bola e olha para o banco, onde Menotti nervosamente mastiga seu centésimo cigarro. Corre, dá uma meia-trava, colocando de canhota no cantinho e… Taffareeelll! Vai que é sua, Taffarel!! O estádio se inflama.

Édson Arantes do Nascimento, com todo o peso da responsabilidade do universo em seus ombros, põe na cal e olha para o banco. Telê masca seu chiclete, enquanto Zagallo berra de lá: “- Negão, foram 12 gols até agora… esse é o de número 13”.

O “Rei” decide então, cobrar igual ao seu milésimo gol: parte para a pelota, dá uma paradinha e toca de direita, sutil, no canto. Carrizo se estica todo, resvalando os dedos na bola e… goool do Brasil, campeão de todos os tempos!!!

O estádio parece explodir; tamanha a vibração: os ingleses, feito os mexicanos em 70, deixam a frieza habitual de lado e liderados pelos torcedores brasileiros, invadem o gramado. Maradona reclama da “paradinha” de Pelé, mas o árbitro dá de ombros, afirmando que utilizou o mesmo critério que usou na cobrança dele.

Agora, os jogadores brasileiros são cercados por centenas de torcedores. Telê é carregado em triunfo. Zagallo, às lágrimas, corre para abraçar Pelé, que aos poucos vai ficando quase sem roupa, perdendo camisa, chuteiras, meias… só não perde a realeza.


Depois que se recompõe, sobe às tribunas de honra com a seleção brasileira, onde a rainha Elizabeth II entrega a taça “Copa Eterna FIFA” ao “capita” Carlos Alberto Torres, que a beija e depois a levanta, sob uma chuva de fogos de artifícios ensurdecedora, que ilumina magnificamente os céus de Londres. Ninguém nota a discreta saída dos argentinos. “O papa pode ser argentino, mas Deus é brasileiro”, gozam os torcedores verde-amarelos.

Uma semana mais tarde – muitos carnavais e comemorações pelo Brasil afora – a FIFA organiza um amistoso internacional para celebrar a realização da Copa de todos os tempos, entre seleção brasileira e seleção mundial, num Maracanã abarrotado de torcedores. E um providencial empate de 2×2, deixa a festa ainda mais bonita.

A ficha do jogo? Seleção do Mundo: Yashin, Bobby Moore, Baresi e Beckenbauer; Obdúlio Varela, Zidane, Cruyff e Maradona; Messi, Eusébio e Puskas. Téc.: RinusMichels.  Seleção do Brasil: Gylmar, Carlos Alberto, Luís Pereira, Domingos da Guia e Nilton Santos; Falcão, Didi e Pelé; Garrincha, Romário e Rivellino. Téc.: Telê Santana.

Um “fecho-de-ouro” para uma Copa de outra galáxia, uma conquista inquestionável, inigualável, eterna.

 

 

FUTEBOL ARTÍSTICO E FUTEBOL DE TERROR

por Rubens Lemos


Enquanto traço o queijo de coalho bem nordestino, o amigo 12 anos mais novo, faz observações sobre minha ortodoxia pelo futebol antigo. Ele, Pacheco de Copa do Mundo. E vocifera, no entusiasmo dos juvenis em HD:

– Você gosta de um futebol do passado, gosta de um futebol bonito, mas os tempos mudaram, hoje é marcação e velocidade.

O tempo e a impaciência são primos próximos, irmãos da razão. Deixo o queijo (uma delícia), descer devagar, tomo um gole de Coca-Cola e aciono o gatilho de minha metralhadora indignada:

– Gosto de tudo o que é bonito. De mulher bonita, de livro bom, de filme bonito, de música bonita, de um queijo delicioso e de uma carne de sol suculenta. Prefiro tudo isso à uma canelada de Fred ou uma arrancada inútil de Taison, seus ídolos.


Ele ponderou que tudo tem sua época e eu respondi que meu tempo é o tesouro precioso guardado no baú de minha alma. No futebol, prefiro rever o futebol brasileiro esquecido às palhaçadas de uma geração rica, mimada e mais preocupada com o contracheque do que o
gol.

Passei da metralhadora ao fuzil M-16 verbal. O amigo é vascaíno igual a mim, porém necessita de medicamentos, pois considera razoável o horroroso time atual.

Solto o questionário, admito, mais interrogatório do que entrevista:

– Você é fã de Juninho Pernambucano é? Pois saiba que ele não jogava um milímetro de Geovani…

– Juninho batia falta bem e lançava muito… – retrucou

– Geovani driblava, lançava, batia pênalti, falta, escanteio, dava lençol e caneta em adversário craque, era um maestro. Se quisesse, faria chover numa chapada na bola.

Meu amigo estranhou. Afinal, conhece a Chapada Diamantina e a dos Guimarães.

– É, mas eram outros tempos..

Prossegui enquanto uma picanha descia ao prato:


– Se você acha que Willian sabe jogar, veja um vídeo de Paulo Cézar Caju, um gênio malabarista, se você acha que Renato Augusto merece a camisa 8 do Brasil, vá ao YouTube e digite Didi 1958 ou Gerson 1970. Se Roberto Firmino te encanta, crave Romário e procure uns golzinhos dos tantos que ele fez. Entre Paulinho e Zico, respeito sua opinião, mas Zico jogou mais o equivalente à distância entre a Terra e o infinito, o interminável.

Mudamos de assunto. Passou uma loira de ganhar Hexas e Heptas, bronzeadíssima e plenamente consciente e mascarada dos seus predicados volumosos. Uma gostosa institucional.

Saí do restaurante mais puto da vida com quem idolatra uma seleção sem exceções que não Neymar e Phillipe Coutinho. Saí certo de que minha geração não engole esse tipo de futebol agradável feito dor de dente em fim de semana: feio, fechado, esquemático e cheio de jogador com nome de praça e desempenho de lixo.

No estacionamento, ainda provoquei:


– Você que gosta de marcação e correria, escreve para a Fifa e pede logo para retirar as traves do gramado. Joga tudo pro 0x0, que é o escore da mediocridade, dos notebooks e dos scouts, que Garrincha desmoralizaria num drible de gafieira.

Respeito aos mais velhos, meninada.

Somos pelo futebol artístico, vocês pelo de terror.

HÁ UMA SEMANA DA COPA, A EMPOLGAÇÃO É BROCHANTE

por Lucas Rafael Chianello, do Blog Chianéllico


Dois fatores contribuem para um fato público, notório, incontroverso e consumado: a baixíssima expectativa da Copa do Mundo de 2018 pelos brasileiros.

O primeiro é a “europeização”: como atletas ficam cada vez menos tempo nos clubes brasileiros, há uma perda de identidade.

O segundo é a “direitização” do futebol brasileiro: mesmo por setores que não sejam os de esquerda acirrada, assídua ou declarada, a camiseta da CBF está intimamente ligada à corrupção no futebol e toda a desgraça causada pelos patos amarelos, que as utilizaram como uma espécie de abadá do golpe.

Além disso, o futebol está cada vez mais caro: ingressos para as partidas são caros, camisetas do clube de coração são caras, bola, chuteira e meião para crianças aprenderem a jogar futebol são caros.


Não se tem mais futebol de rua, de campo de terra batida e pés descalços.

Hoje tudo começa numa quadra society, onde você tem de jogar com o tênis apropriado para o cercadinho que cobra o aluguel por hora.

As transmissões televisivas estão cada vez mais sumárias, pasteurizadas e sisudas.

Até tempo atrás, além de nos identificarmos com os craques dos nossos clubes de coração, também nos identificávamos com narradores e comentaristas.

Não tem mais um Silvio Luiz para dizer que o melhor gramado do mundo é o de Moscou porque é tratado com esterco de galinha d´Angola.

Não tem mais um Januário de Oliveira para dizer que o corpo do Super Ézio está estendido no chão.

Não tem mais um Fernando Sasso para dizer que ela está no filó.


Não tem mais o maior deles, João Saldanha, para dizer que é só chutar de longe que o Mazarópi aceita e o outro time ganha jogo, para dizer que a seleção está dominando a zona do agrião e que o lateral tem de passar mais em profundidade porque como o campo não é loteamento, ninguém tem posição fixa.

Por isso que a Fox Sports deve repetir a dose de 2014 e escalar o Fabio Bonfá para narrações bem humoradas, assim como narrações desse tipo deveriam ter mais espaço na TV aberta e no rádio.

Como não tem nada disso, o brasileiro perde cada vez mais a identificação com o futebol, que sempre funcionou numa estrutura social, econômica e jurídica totalmente autoritária e mercantilista.

Ainda sim, durante um bom tempo a discussão era quem torcia para o melhor time.

Hoje, é de quem torce para o clube que tem estádio e dinheiro para contratar.

Mesmo que o capitão do Tite levante a taça, a identificação do brasileiro com o futebol já foi derrotada faz tempo.

 

Texto publicado originalmente no Blog Chianéllico

NILTON SANTOS SABIA DAS COISAS: ‘PÕE O BELLINI, QUE É SÉRIO E SERÁ RESPEITADO POR TODOS’

Bellini sequer imaginaria ser um ídolo do futebol. Era menino, cursava o primário, mas já tinha como fãs especiais os professores. O grande capitão da Seleção Brasileira na Copa de 1958 faria anos neste dia 7 de junho. A seguir, os primeiros momentos dele no futebol. Boa leitura.

por André Felipe de Lima


Filho de Hermínio Bellini e Carolina Levatti, Hilderaldo Luiz Bellini nasceu em Itapira, interior paulista, no dia 7 de junho de 1930, mas só foi registrado em cartório no dia 21 do mesmo mês. Deveria se chamar Ederaldo, em homenagem ao médico Ederaldo Prado Queiroz Telles, de Mogi-Mirim, onde Maria, irmã mais velha do menino Hilderaldo e também sua madrinha, morava com o marido e a filha Ivone. Durante a cerimônia de batismo, como narra Giselda Bellini, que se tornaria esposa do futuro craque e sua principal biógrafa (Bellini: O primeiro capitão campeão, Ed.Prata, 2015), o padre exigiu um nome de santo católico. Dona Carolina imediatamente sugeriu “Luiz” como o segundo nome. O primeiro seria mesmo Ederaldo. “Seria” é o tempo verbal correto, porque o tabelião escorregou feio no momento de datilografar o registro do garoto. Sabe-se lá por qual motivo ele fez o mais difícil, e escreveu “Hilderaldo”. E assim ficou lavrado.

O pai do menino Bellini, um imigrante italiano tradicionalíssimo, trabalhava como carroceiro para sustentar a numerosa prole composta por 12 filhos, seis deles sequer atingiram a idade de dois anos. A maioria morreu vítima da pneumonia. Hilderaldo, que era o penúltimo da prole, não os conheceu. A vida seguia para o arrojado casal Bellini. Detinham, afinal, um vigor transformador passado aos filhos. O garoto Hilderaldo foi, talvez, o principal herdeiro de Hermínio e Carolina nesse quesito. Acordava às 5h para ajudar o pai. Religiosamente todos os dias.

A seriedade de Bellini, que todos que amam o futebol aprenderíamos admirar, também foi marcante nele desde os primeiros anos. Há duas histórias que provam isso. A primeira, embora não conste da biografia de Bellini escrita por Giselda, foi contada pelo repórter Carlos Maranhão na revista Placar; a segunda foi descrita pela própria Giselda. Bellini, segundo Maranhão, batia de porta em porta para convocar os colegas gazeteiros para irem à escola, onde o pai do ator Tony Ramos, além de ministrar aulas para Bellini, era o camarada mais querido da molecada do colégio porque garantia a autorização para que jogassem bola no único campo de Itapira. Havia, porém, uma condição: que todos não matassem mais aulas. Algo parecido narrou Giselda, porém a boa alma para os meninos foi uma professora do Grupo Escolar Júlio Mesquita, dona Suzana Pereira da Silva, que prometeu ao Bellini e aos coleguinhas dele que daria a todos uma bola de couro, mas sob uma condição: que as gazetas acabassem, e com todos em sala de aula. Dois incorrigíveis gazeteiros não compareceram à aula. Bellini foi ao encalço deles: “Um estava com quase quarenta graus de febre! O outro estava longe, mas Bellini foi atrás e levou os dois para a classe”, escreveu Giselda. Foi a primeira pelada da vida de Bellini com uma bola couro. Até então ele só jogava com bola de meia.


Durante as peladas no campinho municipal surgiu o gosto definitivo pelo futebol. A carreira começou para valer em 1948, no Itapirense. No ano seguinte, foi pescado pelo olheiro Mauro Xavier da Silva para atuar na Sociedade Esportiva Sanjoanense, de São João da Boa Vista, ao lado de ninguém menos que Mauro Ramos de Oliveira. Foi um custo para que Xavier da Silva convencesse o presidente do Sãojoanense, Francisco de Bernardes, de que Bellini estava sendo assediado por outros clubes. Bernardes havia ignorado a indicação de Xavier da Silva, que foi importuná-lo sobre Bellini durante a madrugada.

Mas o inusitado viria a seguir. O futuro capitão de 1958 tinha postura intermitente em relação a testes com bola. Era a condição para tê-lo. Sem testes, ou não haveria novo zagueiro. Tanto o dirigente quanto o olheiro aceitaram a condição do zagueiro. Ao primeiro treino de Bellini, entenderam o porquê da recusa do zagueiro em realizar os testes antes da contratação. Ficou por lá até 1951. Chegou a ser oferecido ao Palmeiras, mas os olheiros do Parque Antarctica o dispensaram.

A redenção veio em 1952, quando os dirigentes do Vasco da Gama, dono do melhor time do Brasil na época, o levaram para São Januário. Mas a diretoria que o contratou deixaria o clube logo em seguida. No lugar dela, assumiu o comando da nau vascaína o gaúcho Cyro Aranha (1901–1985), talvez o cartola mais popular da história do clube. Especulava-se, porém, que Aranha implicara com Bellini pelo simples fato de o rapaz, que dormia na concentração do clube, ter sido contratado pela diretoria anterior. “Quando o senhor resolver escalar este rapaz, por favor me avise para que não vá ao campo” – teria dito Aranha ao então técnico Flávio Costa, que emendou à queima roupa: “Então é melhor o senhor ficar em casa no domingo”.

Flávio Costa e o também treinador Oto Glória deixaram Bellini amadurecer no time de aspirantes até ser aprovado e integrado ao primeiro escalão do “Expresso da Vitória”. “Jogar bem, você não sabe. Trate de despachar a bola e deixe que seus companheiros façam as jogadas”, aconselhou Flávio Costa, que pedia calma ao jovem Bellini, sobretudo quando se deparava com críticas azedas iguais às que ouvia de Cyro Aranha. “Não ligue para as pressões e continue rebatendo, porque o último zagueiro que sabia jogar foi o Domingos da Guia”.


O titular absoluto da posição de Bellini era Haroldo (Rodrigues Magalhães de Castro – 1931–2010), que também havia chegado há pouco tempo no clube. Foi reserva no time campeão estadual de 1952. Mas as coisas iriam melhorar para Bellini com a chegada de Gentil Cardoso ao Vasco da Gama. Foi o treinador o responsável por encontrar a verdadeira posição de Bellini em campo: zagueiro-central e não quarto-zagueiro, onde Haroldo predominava. No entanto, Bellini, como assinalam Aldir Blanc e José Reinaldo Marques (autores de “A Cruz do Bacalhau”, da coleção Camisa 13, Ediouro, 2009), tinha mágoa de Gentil: “Fui campeão em 1952, porque joguei dois jogos. Gentil fez de tudo para o Vasco da Gama me mandar embora. Não sei os motivos”.

Mas a verdade é que com a nova posição em campo, o jovem paulista foi conquistando a confiança de técnicos e dirigentes. Ganhou a braçadeira de capitão e foi decisivo para o Campeonato Estadual de 1956. No ano seguinte, a estreia com a “Amarelinha” no empate de 1 a 1 com o Peru, no dia 13 de abril, em Lima, pelas eliminatórias da Copa da Suécia.


Em 1957, na crônica “O Javali do Vasco”, Nélson Rodrigues resumiu a importância de Bellini para a cruz-de-malta: “…um Vasco da Gama sem Bellini já seria menos Vasco da Gama – seria um Vasco da Gama descaracterizado, um Vasco da Gama mutilado na sua flama e no seu tremendo apetite de vitória”.

Mas 1958 foi o ano especial. O zagueiro conquistou o supersuperCampeonato Estadual. No time do Vasco da Gama, só feras: Miguel, no gol; Paulinho de Almeida, Orlando Peçanha (com quem Bellini formou a melhor dupla de zaga da história vascaína), Coronel, Sabará, Pinga, Roberto Pinto, Vavá, Écio… timaço!

O supersuper poderia ser, no entanto, um campeonato comum. O Vasco da Gama poderia ter conquistado o título a duas rodadas do final do campeonato. Bastaria um empate com o Botafogo ou o Flamengo, também seus adversários nas finais extras. Mas o Vasco da Gama perdeu para os dois rivais e provocou o turno extra, que terminou empatado entre os três e culminou em uma nova rodada. Aí, deu Vasco da Gama campeão.

Mas os cartolas vascaínos e parte da imprensa não entendiam a queda vertiginosa do Vasco da Gama na reta final da competição. Muitos atribuíam o baixo rendimento do time às estrelas que moravam em Copacabana: Almir, Orlando, Écio e, claro, Bellini. Acusavam os craques de se esbaldarem na agitada noite do bairro.

Bellini defendeu o Vasco da Gama em 385 jogos, marcando apenas um gol a favor e quatro contra, sendo expulso quatro vezes. É um dos que mais vestiram o manto da cruz-de-malta. Sobre a fama de capitão que ostentou, ele contava: “Sempre joguei sério, sem brincadeiras, tentando vencer de qualquer maneira. Esse meu jeito de ser fez com que o Flávio Costa me colocasse de ‘capitão’ do Vasco da Gama. Na Seleção, o Feola reuniu os jogadores que eram capitães em seus clubes, ainda na concentração de Poços de Caldas, para definir quem exerceria a função durante o Mundial (de 1958, na Suécia). Nilton Santos tomou a palavra e falou: ‘Põe o Bellini, que gosta disso, é sério e será respeitado por todos’. E todo mundo foi a favor”.


Mas, como escrevíamos anteriormente, o ano de 1958 foi mesmo especialíssimo para Bellini. E de forma incondicional. Inapelável. Vicente Feola o convocou para a Copa do Mundo na Suécia.

O restante da história, bem, pode ser recordada com mais exatidão – e em cores vivas na memória – pelas palavras narradas pelo inesquecível locutor Oduvaldo Cozzi (1915–1978) durante um dos gols de Pelé naquele mundial: “Garrincha passa para Didi. Este lança a Vavá, que passa para Pelé… e é gol, senhores! Gooool do Brasil! Brasil, campeão mundial!”. Impossível esquecer aquela irradiação de Cozzi. Impossível esquecer o grande Bellini erguendo a Jules Rimet.