JÁ VI ESTE FILME
por Wesley Machado

Uma sensação déjà vu este Botafogo X Palmeiras.
Déjà vu de “já visto” em francês.
Que é nome de filme e de música também.
No Brasileirão de 2023, ao contrário do que muitos podem, traídos pela memória, pensar, o Botafogo tinha apenas 6 pontos de diferença para o Palmeiras quando o enfrentou no fatídico 1º de novembro pela 31ª rodada.
Naquela época, o Botafogo vinha em uma decrescente depois de abrir 14 pontos de vantagem.
A virada do Palmeiras foi o começo do fim do campeonato para o Botafogo.
Em 2024, apesar do déjà vu, o cenário é outro.
São três vitórias seguidas do Botafogo e apenas uma derrota nos últimos 11 jogos do Brasileirão.
O Palmeiras também vem bem, com apenas uma derrota nos últimos 10 jogos do Brasileirão.
Portanto, a expectativa é de um jogão nesta quarta-feira.
Decisão?
Ainda não.
Porém o resultado pode, talvez, apontar uma certa direção de quem poderá ser o campeão.
Ou não.
Fogão ou Verdão?
Qual a sua opinião?
TITLE SPONSOR NO FUTEBOL
por Idel Halfen

Os que acompanham o futebol e, por que não dizer, o esporte de uma forma geral, certamente notaram um expressivo aumento na quantidade de competições que passaram a ter patrocinadores dando o nome ao evento. É o que chamamos de title sponsor.
Diante desse cenário, um estudo produzido pela Jambo Sport Business se propôs a analisar o comportamento das marcas que investem nesse tipo de patrocínio.
O detalhamento da amostra que contempla cem campeonatos/ligas da primeira divisão, além de outras informações adicionais, podem ser acessados pelo link: https://www.linkedin.com/posts/halfen_title-sponsor-nas-principais-ligas-de-futebol-activity-7216356884214128640-cCbH?utm_source=share&utm_medium=member_desktop

No estudo é possível ver que o setor de apostas é o mais presente, são 26 campeonatos que têm alguma empresa do segmento nominando a competição. Na segunda posição aparece o setor financeiro com 13,5%, seguido pelo de telecomunicações com 12,5%. A razão para se ter números fracionados é devido ao fato de o campeonato paraguaio ter duas marcas dividindo a propriedade, daí o trabalho ter considerado cada uma dessas como meia.
Ao analisarmos o histórico desse tipo de investimento, notamos que há realmente uma espécie de “onda” no que tange a setores. Se nos primórdios poucos campeonatos adotavam essa iniciativa, hoje apenas 24% não a utilizam, sendo que alguns por razões legislativas e outros, como é o caso do inglês, por entender que a receita auferida não compensa as eventuais perdas dos clubes.
Ao longo do tempo já tivemos o domínio das empresas de telecomunicações, vimos o crescimento das instituições financeiras e agora chegou a vez das empresas do ramo de apostas.
Se o title sponsor atende aos intentos das marcas que o adotam é difícil responder, até porque não sabemos quais são eles, tampouco sabemos se os gestores têm essa intenção contemplada no planejamento estratégico que definiu a adoção desse patrocínio como parte de algum objetivo de marketing.
Mais grave, a própria mensuração é complexa, fruto da dificuldade de expurgar a influência das demais ações da mesma marca, da reação da concorrência e da escolha dos indicadores de avaliação. Quais seriam eles? Recall? Receita? Quem sabe market share? Lucratividade? As opções são vastas, além do que, a resposta pode não ser única, tampouco generalista, já que as características de cada país são diferentes sob os mais diversos focos, seja no que tange ao perfil socioeconômico da população, à competitividade de dado mercado e até à maturidade do mercado.

Sobre essa última, vale citar que entre os 50 campeonatos que geram mais receitas, apenas 14% deles não têm title sponsors e quando vamos reduzindo a amostra até chegar aos TOP 10, esse percentual aumenta para 40%, conforme pode ser visto no gráfico ao lado. Tais índices dão legitimidade à hipótese de que, quanto mais madura a liga, menor a necessidade de comercializar a propriedade que estamos analisando.
No caso das marcas de empresas de apostas – atuais líderes nessa propriedade de marketing – a resposta sobre a eficácia do investimento se torna ainda mais difícil, pois, se nas empresas de telecom, bancos ou até de cervejas, é possível identificar diferenças de atributos ou mesmo de posicionamento, nas bets a confusão é grande, o que faz com que a aquisição dos direitos aos nomes de eventos prescinda mandatoriamente de fortes ativações, encarecendo assim a operação.
O trabalho, fornece ainda uma análise sobre a evolução dessa propriedade no Brasil, cita as parcerias mais longevas no mundo, comenta o case da Premier League que extinguiu a comercialização do title sponsor, além de comentar sobre segmentos inusitados que já fizeram o uso desse tipo de patrocínio.
OS MOTIVOS DE CADA UM
por Cláudio Lovato Filho

Foi uma tabelinha muito rápida. O passe rasteiro e forte, mas no lugar certo, a bola um passo à frente dele, no ponto exato para pegar bem no meio dela, e ele encheu o pé. A rede estufada. A torcida enlouquecida. E agora ele, eufórico, sem conseguir acreditar no que havia acabado de fazer, recebe o abraço dos companheiros; alguns se jogam sobre ele, rindo e gritando, e a cabeça parece um redominho, um catavento na tempestade, uma hélice descontrolada, pensamentos na velocidade da luz, lembranças que se amontoam, se enroscam, disputam espaço umas com as outras. São frações de segundos que encerram uma eternidade: a fratura, a cirurgia, o tempo parado em casa, o apoio da família e dos amigos, a recuperação, a ansiedade pela volta, a volta, a superação. Sente, neste momento, uma profunda alegria por estar de volta, por estar bem, estar vivo para desfrutar de tudo isto, sem nenhuma amargura em relação ao passado, sem medo do futuro.
Então ele chora.
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Assim foi, que aos 72 anos, o treinador resolveu parar. Estava honrando um acordo com a família. O coração não estava aguentando mais (literal e metaforicamente). Tinha dado a sorte de encerrar a carreira no clube do coração, o clube que o lançou para o futebol como jogador e que o lançou para o futebol como técnico, e na cidade que tanto amava. Agora estava ali, se despedindo depois do último jogo. Caminhava na pista atlética, abanando para a torcida nas arquibancadas, sendo ovacionado. Caminhava com seu passo firme, as pernas arqueadas, uma de suas marcas registradas; caminhava e acenava, achando que estava no controle dos nervos, mas quando passou em frente à organizada que ficava atrás do gol do setor Sul, a maior organizada do clube, abriu-se uma bandeira, um bandeirão, um negócio gigantesco e muito bem feito, com o rosto dele pintado e embaixo uma frase que dizia: “Sempre contigo”.
Então, isto era inevitável, ele chorou.
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O menino está na garagem do prédio chutando a bola contra o muro. Ainda sente no rosto a dor da agressão sofrida por ter desafiado a autoridade paterna. Na verdade, apenas fez uma pergunta, mas isso foi o bastante. Agora está ali, tentando afastar o peso da mágoa com o uso da perna direita. Não foi a primeira vez que apanhou, mas desta vez sentiu algo diferente na ação da qual foi vítima. Não percebeu irritação, brabeza, impaciência, esse tipo de coisa. Percebeu raiva. Outro chute na bola, a bola contra o muro, a bola voltando rápida, o corpo desviando, a bola batendo na lixeira ao lado do elevador de serviço. E o tempo todo as lágrimas correndo pelo rosto, que ainda tem um lado mais vermelho que o outro.
É o choro que chega aos olhos depois de percorrer um canal conectado diretamente ao coração – coração que neste momento parece caber numa caixa de fósforos.
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Onze de dezembro de 1983. Estávamos reunidos ali desde o fim da tarde, embora o jogo só fosse começar à meia-noite. A “arquibancada” era a ampla sala da casa desocupada da família de um dos parceiros. (Os pais estavam no exterior, preparando a volta em definitivo para o Brasil, depois de muito tempo fora.) Éramos uns 20, no total, talvez mais, todos na faixa dos 18 anos, todos muito amigos. Alguns, em franca minoria, eram torcedores do meu arquirrival vermelho (incluindo o dono da casa), mas fazer o quê? Bom, para estes valia estar com os irmãos, valia a festa, com toda a sede e todo o gosto pela farra dos 18 anos. Havia um surdo, um tarol, um repinique, um tamborim e outros instrumentos. Um tarol quem tocava era este que vos escreve. Assim avançamos pela noite: cantando, batucando, bebendo, rindo, confraternizando. Até que chegou a hora de parar tudo, porque o jogo ia começar. E o time deste que vos escreve sagrou-se Campeão do Mundo no Japão, dois a um em cima dos alemães, na prorrogação, dois gols de um cara só um pouco mais velho que todos nós que ali estávamos, o nosso ponteiro direito, o nosso camisa 7, Renato Portaluppi.
Então, pouco tempo após o juiz inglês apitar o fim do jogo, escorado num carro estacionado em frente à casa, diante de um irmão que me entregava o velho tarol, chorei tudo o que tinha para chorar. Depois, lágrimas enxugadas nas mangas do sagrado manto azul, preto e branco, ataquei com as baquetas em plena madrugada da rua Monteiro Lobato, bairro Partenon, em Porto Alegre.
O TREPIDANTE
por Elso Venâncio, o repórter Elso

Denis Pessoa de Menezes, Deni Menezes ou simplesmente Deni foi, durante anos, o mais conhecido, influente e criativo repórter do rádio esportivo brasileiro. Nascido em Manaus/AM, chegou ao Rio em 1957, sendo logo contratado pela Rádio Nacional. Torcedor do Fluminense, o “Trepidante” tinha Pinheiro como ídolo e aceitou o convite do Waldir Amaral, assinando com
a Rádio Globo em 1964. Nela, se tornou o principal repórter do Sistema Globo de Rádio.
A partir da Copa do Mundo de 1970, no México, onde o Brasil conquistou o tricampeonato, Deni trabalhou em oito Copas seguidas. Aos poucos, foi se consagrando como o “Trepidante Internacional”, já que, na época de ouro do rádio, acompanhou a Seleção Brasileira mundo afora, em Copas, torneios e amistosos. Também apresentou programas que entraram para a história, sempre ao vivo, como no “Toque de Primeira”, das 6h50 às 7h da manhã. Assim
parabenizava os aniversariantes do dia:
— Bom dia, amigos do “Toque de Primeira”. Hoje o dia será pequeno para “Fulano de Tal” receber tantos abraços por mais um aniversário”.
Na década de 1970, Deni Menezes e Washington Rodrigues formaram a dupla de
“trepidantes” (repórteres de campo) mais conhecida e imitada no país. Waldir Amaral e Jorge Curi, os locutores titulares, se orgulhavam e repetiam o slogan da Rádio Globo: “Um Brasil de audiência”.
José Carlos Araújo, o Garotinho, se destacou pela forma jovem e dinâmica de transmitir futebol, que lhe valeu uma proposta da Rádio Nacional em 1977. Luís Mendes, Deni Menezes, Washington Rodrigues e Eraldo Leite acompanharam o Garotinho na nova emissora. Outro reforço seria João Saldanha, que acabou vetado pelos generais da ditadura.
O jornalista Paulo Marinho gravou no Canecão com o Rei: “Alô, Garotinho, quem fala é Roberto Carlos. Eu também mudei e gostei”. Incomodadas, as Organizações Globo ameaçaram ir à Justiça, para tirar da concorrente a mensagem do seu artista exclusivo.
O parceiro comercial do Deni Menezes, que o apoiou na sua transferência para a Nacional, foi o empresário Potiguar Francisco Xavier, dono de uma imobiliária na Penha que só anunciava no futebol.
Sete anos depois da saída, Garotinho estava de volta à Rádio Globo, levando os profissionais que, ao seu lado, revolucionaram o rádio esportivo.
Fiz as Copas de 1990, na Itália, e 1994, nos Estados Unidos, no título do tetracampeonato, cobrindo a Seleção Brasileira ao lado do Deni, pela Rádio Globo. Aprendi muito com ele! Em 1998, na França, Deni estava na Tupi. Meu conterrâneo Eraldo Leite tinha voltado à Rádio Globo, e fizemos juntos a cobertura da Seleção, no Chateau de Grande Romaine, em Lesigny, onde Ronaldo Fenômeno passou mal no dia da decisão, abalando os companheiros.
Sobre Deni Menezes, não é favor dizer que se trata de uma lenda viva do rádio! Merece todas as homenagens da classe. Ele está com 84 anos e mora no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro.
LEMBRANÇAS E TRAUMAS DA SELEÇÃO
por Wesley Machado

Conheço quem não torce para a seleção desde 1982.
Realmente o trauma do Sarriazzo perdura para esta geração até a contemporaneidade.
Meu trauma – por mais que ilusório segundo a psicanálise – é da Copa de 1986.
Em 1990 mais uma eliminação e contra a arquirrival Argentina no fatídico gol de Caniggia, que permanece na memória tantos anos depois.
Veio nos pênaltis em 1994 o “Tetra” – o grande Péris Ribeiro afirma que só deveria se denominar se fosse consecutivo.
Com dois jogadores do meu Botafogo em 1998, o baque foi grande.
2002 comemorei muito o “Penta” quando morava em Niterói.
De 2006 lembro do Roberto Carlos ajeitando a meia.
De 2010 lembro das falhas do Felipe Melo e do goleiro Júlio César.
Em 2014 pressenti o pior, mas nem tanto.
Desde então é raro torcer para a seleção.