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Badeco

TOQUE REFINADO

entrevista: Sergio Pugliese e Paulo Escobar | texto: Paulo Escobar | fotos e vídeo: Daniel Planel 

Prestes a completar 100 anos, a gloriosa Portuguesa-SP vive dias difíceis e essa semana, inclusive, espalharam boatos de que a querida Lusa havia decretado falência. Mas estamos aqui para resgatar a história desse timaço que tantos craques revelou para o futebol brasileiro e Badeco, sem dúvidas, é um deles!

No futebol de hoje se pedem volantes que saiam tocando a bola, que saibam tratar bem o balão e não somente quebrar ou dar o famoso chutão. Pois é, naquele dia frio, saímos ao encontro, atrás do campo do Canindé, de um exemplar do toque refinado.


Badeco, que passou em grandes clubes como Corinthians, América do Rio e Portuguesa, era sem dúvida um volante de qualidade. Que poderia ter jogado na seleção brasileira sem deixar a desejar a ninguém da época.

Numa época de talentos e dribladores, além de ter a difícil missão de marcar, sabia desarmar e sair com qualidade. Quantos volantes de hoje você consegue lembrar com estas características no futebol brasileiro?

No campo do Serra Morena, conversamos, sorrimos e lembramos de histórias incríveis, tivemos uma aula de futebol e ouvimos que Badeco ainda hoje joga bola ali no Serra mesmo. Quando perguntamos a posição que ele joga, Badeco responde:

– Jogo de lateral, ali a bola chega e a marcação demora pra chegar. Então dá tempo de fazer uma graça!

Sem mais, deixamos vocês com Badeco, campeão pela Portuguesa em 1973 na época em que a Lusa jogava de igual pra igual com quem fosse e que contava, além do nosso volante, com Enéas, Basílio e tantos outros bons de bola.

Fiquem com o grande Badeco.

Doação Dia das Crianças

DOAÇÃO DIA DAS CRIANÇAS

Além de não deixar os craques do passado esquecidos, uma outra missão do Museu da Pelada é abastecer as escolinhas carentes de futebol com materiais esportivos (bolas, coletes, cones e redes)! Recebemos diversos pedidos dos professores e, como não temos nenhum patrocinador fixo, só conseguimos ajudá-los graças à venda das nossas camisas e, sobretudo, a ajuda dos amigos.

Dessa vez, aproveitamos o Dia das Crianças e atendemos um pedido do parceiro Anderson Costa, de Vila Aliança, em Bangu. Nada disso seria possível, no entanto, se não fosse a generosa contribuição de Adriano Vaz, que já havia nos ajudado anteriormente, em uma doação na Cruzada São Sebastião.

Transportada pelo Pelada Móvel, nossa equipe chegou até o campo de terra batida da comunidade e foi muito bem recepcionada pela coordenadora Elaine Pereira, pelo técnico Vladimir de Souza e, claro, pela criançada.

– A escolinha tem apenas três meses, mas já estamos inscritos na Taça das Favelas do ano que vem! – comemorou Elaine.

O projeto hoje reúne aproximadamente 25 jovens entre 14 e 17 anos, mas a expectativa é que cresça exponencialmente. Enquanto a categoria sub-8 estava sendo inaugurada na última sexta, a categoria feminina é um sonho cada vez mais próximo!

Após uma breve resenha no campo, fomos até o carro buscar o material para entregar à molecada! Minutos depois, nosso Instagram já estava infestado de agradecimentos dos futuros craques que haviam acabado de receber os presentes!

– Somente agradecer pelos presente que o Museu da Pelada nos deu! O time é muito grato e esperamos que venham nos visitar outras vezes! – escreveu Robert Crystian.

Feliz Dia das Crianças e que venham muitas doações!
 

 

OS SEIS MINUTOS QUE FIZERAM A DIFERENÇA

por Luis Filipe Chateaubriand


Em 1982, Flamengo e Grêmio decidiam o Campeonato Brasileiro. Primeiro jogo da final no Maracanã, o Grêmio, através de Tonho, faz 1 x 0 aos 38 minutos do segundo tempo.

É nas horas difíceis que os gênios fazem a diferença…

Zico chamou a responsabilidade para si, pois o Flamengo não poderia perder aquele jogo. Uma derrota dificilmente poderia ser revertida no segundo jogo, no Estádio Olímpico em Porto Alegre, e o terceiro título brasileiro escaparia pelas mãos do rubro-negro.

O Galo começou a comandar o time, de forma soberba. Como patrão da bola, todas as ações do time carioca passavam pelos seus pés.

Aos 40 minutos, cabeceou do limite esquerdo da pequena área para dentro desta, gerando um quiproquó na área gremista. Aos 42 minutos, fez lançamento primoroso que deixou o ponta direita reserva Chiquinho na cara do gol, mas este chutou para fora. Aos 44 minutos, em cruzamento de Júnior pela esquerda, se antecipou ao zagueiro gremista e concluiu de pé direito e de trivela em gol, vencendo o goleiraço Leão e empatando o jogo.

O craque resolveu a parada em exatos seis minutos, fazendo jus ao comentário televisivo de Márcio Guedes: “Quem tem Zico, tem tudo!”.

Com o recital de Zico ao final do jogo carioca, o Flamengo se sagrou campeão brasileiro daquele ano. Não teria acontecido se o moço de Quintino não tomasse a decisão de desequilibrar aquele cotejo.

Há gente por aí que diz que ele não jogou isso tudo… Ora francamente!

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com

OS SONHOS, AGORA, SÃO DO MARCÃO

por Zé Roberto Padilha


Quem jogou bola sabe que, quando vira treinador, os sonhos passam a ser compartilhados. Não é mais ir lá trocar de roupa, ir a campo e defender o seu. Ou o grupo se abriga debaixo do mesmo cobertor, ou cairão juntos da cama, embora apenas o treinador acorde na rua.

Em 1994, foi a minha vez. Sonhei que iria dirigir uma clube de futebol da segunda divisão, no caso o da minha cidade, o Entrerriense FC, e o levaria para disputar o mais cobiçado estadual carioca de todos os tempos. O de 1995. Ano do centenário do Flamengo, que formaria seu ataque dos sonhos com Edmundo, Romário e Sávio, e o Botafogo seria tão forte com o Túlio que levantaria o título brasileiro. Recordes de renda seriam batidos e todos nós, jogadores e comissão técnica desconhecidos do interior, acordaríamos no paraíso.

O sonho parecia mesmo sonhado. Subimos junto ao Friburguense e nos classificamos para o octogonal decisivo. Cheios de moral e responsabilidade após tanto tempo sonhando juntos, abolimos a concentração e nos demos ao luxo de visitar nosso adversário do dia seguinte, o Vasco, em Paraíba do Sul, no Hotel Salutaris. Meu amigo Abel Braga, que dirigia o clube, nos apresentou Carlos Germano, goleiro da seleção brasileira, quando este se recolhia aos seus aposentos. E nem eram dez da noite.

Na apresentação do nosso elenco, às 10h da manhã para a preleção antes do almoço, seu Carlos, porteiro do clube, nos despertou da complicada experiência de sonhar compartilhado: nosso goleiro chegara à concentração, onde morava, às 5h da manhã. Foi expor sua breve fama na Exposição Agro Pecuária e Industrial de Três Rios. E comprometer, com sua vigília alcoolizada, os sonhos de todo um grupo.

Nesta partida decisiva às nossas pretensões, transmitida para todo o país pela Rádio Globo, nem o Gérson, que virara comentarista, sabia que o melhor goleiro do Brasil fora dormir cedo. E seu adversário desconhecido de luvas pouco dormiu. Sem saber se estava dormindo ou acordado, assisti do banco Gian desferir um petardo de fora da área, aos 21 minutos do primeiro tempo, e nosso goleiro cair com bola e tudo dentro da meta. Placar Final: Vasco 3 x 0 Entrerriense.

Quando despertei, perfurado pela agulha de um soro, estava deitado em uma maca no Pronto Socorro do Hospital da minha cidade. Não havia repórteres ou torcedores, apenas a minha família. O campeonato havia terminado com um gol de barriga do Renato, e a depressão anestesiado nosso sonho de ser um treinador tão respeitado como fui como jogador de futebol.

Moral da história: ou todos no Fluminense esquecem os seus e vão sonhar abraçados aos sonhos justos do Marcão, ou uma outra exposição, seja ela do ego do Ganso, dos clubes europeus e suas ofertas em volta do travesseiro do Allan, vão nos fazer acordar, outra vez, na segunda divisão.

AS MARCAS ESPORTIVAS NO FUTEBOL EM 2019-20

por Idel Halfen


A 6ª edição do estudo elaborado pela Jambo Sport Business acerca das marcas esportivas que vestem os principais clubes de futebol do mundo, além de nos brindar com o panorama deste mercado, põe luz sobre dois fatos bastante interessantes.

O primeiro diz respeito à aparente postura mais criteriosa das principais marcas globais (Adidas, Puma e Nike) no tocante aos investimentos em clubes futebol. Os números apresentados nos levam a crer que tais marcas perceberam que o retorno deste tipo de patrocínio tem ficado aquém do planejado em grande parte dos clubes que estão presentes.

Isso ocorre não apenas em função das vendas dos produtos por eles licenciados não atingirem a um patamar que remunere o investimento, como também por entenderem que o retorno menos tangível – aquele que se consegue através da exposição, ativação e associação da marca – não está a contento. Nesse contexto dão mostras efetivas de estarem priorizando a qualidade das equipes – onde se incluem aspectos técnicos, torcida e popularidade – do que a quantidade.


Auxilia essa conclusão um quadro onde se vê claramente que na temporada analisada, nove das vinte ligas viram a concentração das três citadas marcas descer ao pior percentual desde que o trabalho vem sendo realizado.

O segundo ponto a se destacar é o aparecimento das marcas próprias, pois, ainda que praticamente restrita ao Brasil, onde está presente em quatro dos clubes contemplados no estudo, e na Itália suprindo o Lecce, essa forma de suprimentos começa a apresentar alguma significância. Exemplificando, caso agrupássemos as quatro marcas que vestem clubes no campeonato brasileiro em apenas uma, essa seria a 2ª mais presente.

Tal fato está provavelmente ligado à observação anterior, ou seja, ao desinteresse das marcas globais, o que faz com que as propostas de fornecimento por parte destas fiquem abaixo das expectativas dos clubes ou nem sequer existam.

É cedo para afirmar se tal movimento irá perdurar, devendo ser ressaltado que, ao contrário do segmento varejista que controla e domina o ponto de venda – tendo assim ingerência para ofertar, expor e armazenar seus produtos -, os clubes de futebol serão sempre dependentes de investimentos comerciais.

Todavia, independente da fragilidade do setor sob esse prisma, é provável que haja a curto e médio prazo uma perspectiva de manutenção ou até crescimento da presença das marcas próprias, cenário que ganha ainda mais força se o desinteresse no fornecimento aos clubes se estender às demais marcas. Outra dúvida diz respeito à internacionalização de tal movimento, o que, dependerá da situação econômica de cada país, de forma que a demanda pelos produtos licenciados possibilite o retorno dos investimentos das marcas.

Cumpre relatar que o presente estudo identificou a presença de 53 marcas como fornecedoras, sete a menos do que na temporada 2018-19.


São inúmeras as análises disponibilizadas no citado trabalho, dentre as quais podemos destacar as que trazem a Nike na liderança geral, a Adidas sendo a marca mais presente entre os cinco clubes mais ricos do mundo e a Puma aumentando sua participação em número de campeonatos.
Caso desejem acessar o estudo façam pelo link https://www.slideshare.net/jambosb/as-marcas-esportivas-nas-20-principais-ligas-20192020 .