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Nilson Dias

0 9 RAIZ DO GLORIOSO

entrevista: Sergio Pugliese | texto: Leandro Costa | fotos e vídeo: Daniel Planel e Guillermo Planel

A elegância com que Nilson Dias recebeu os amigos e familiares é a mesma que desfilava em campo durante toda sua carreira pelos gramados do Brasil e do exterior. Criado no bairro do Engenho de Dentro, não haveria lugar mais propício para a nossa resenha do que o Bar do seu irmão Caco, na Rua Henrique Sheid, próximo ao local onde Nilson, seus irmãos e amigos jogavam peladas na infância, no campinho de terra batida, onde hoje existe um condomínio residencial e a pouquíssimos metros do estádio Nilton Santos, casa do seu amado Botafogo.

E por falar em Botafogo, a trajetória de Nilson no futebol está intimamente ligada ao alvinegro. Na nossa resenha lembramos momentos marcantes do atacante no Glorioso e também suas passagens por outros gigantes do futebol como Internacional e Santos, por exemplo.

Nilson lembrou também do título do pré-olímpico que classificou a Seleção Brasileira para disputa das Olimpíadas de Munique em 1972. Para se ter uma noção do talento de Nilson, ele simplesmente usava a 10 canarinho e seu reserva imediato era ninguém mais ninguém menos que o Galinho de Quintino, Zico.

Nilson jogou no Botafogo durante o jejum de títulos do alvinegro, não teve a felicidade de ser campeão pelo seu time de coração, porém o carinho que recebe dos torcedores do Glorioso até os dias de hoje mostra que ídolos se tornam ídolos pela sua entrega, sua dedicação e seu amor à camisa.

Nilson conquistou o maior título que um jogador do alvinegro pode conquistar: ser eternamente reconhecido como Nilson Dias do BOTAFOGO. Não há título maior.
 

 

O LUXO E O LIXO DA BOLA

Um dos objetivos do Museu da Pelada é montar, no futuro, uma grande exposição fotográfica para reunir todos esses acervos maravilhosos que estamos juntando ao longo desses primeiros anos de existência. E se tem um artista que não pode ficar de fora dessa, esse se chama Alex Ribeiro!

Com um olhar apurado e um talento fora da curva, o fotógrafo nos enviou recentemente verdadeiras obras de arte registradas por sua máquina. Por isso, fizemos questão de marcar uma resenha e saber mais sobre a fera!

– Eu comecei a fotografar muito novo, na marra mesmo! Já fiz muita besteira por não conhecer as máquinas! – revelou.

Se os primeiros passos não saíram como o esperado, os capítulos seguintes foram dignos de aplausos. Referência na área e nosso parceiro de longa data, Guillermo Planel não poupou os elogios ao fotógrafo:

– Ele é de uma nova geração, dessa geração que está na rua, sempre ligada! Atualmente é um dos maiores expoentes do mercado.

Discípulo do renomado Severino Silva, Alex vem construindo uma bela trajetória no mundo da fotografia, sobretudo no quesito peladas. Volta e meia o fotógrafo visita as comunidades em busca da verdadeira essência do futebol brasileiro e o resultado são cliques de cinema.

– O futebol rola em qualquer lugar do Brasil! Nas vielas, nas favelas, no sertão… sempre tem um moleque com a bola no p!é

Confira o vídeo acima e saiba mais sobre a trajetória desse Craque das Lentes!

O “EL GATO” CAMPISTA

por Walter Duarte

Jorge Luís Sousa Barros Azevedo ou simplesmente “Cebolinha” para os amigos e torcedores. Começou na base do Goytacaz em 1971 até 1978, onde aos 17 anos ascendeu aos quadros  profissionais, estreando contra o Mixto de MT no Brasileirão. Foi um goleiro ágil e aguerrido que compensava muito bem a relativa baixa estatura, a exemplo do Argentino “EL GATO” Andrada e o Paulo Sérgio do Botafogo.

Ídolo da exigente torcida do Azulão por vários anos, atuou também no rival Americano-RJ, Vitória-BA e encerrou a carreira de jogador no Estrela do Norte do ES. No seu currículo, existem atuações memoráveis no Carioca e Brasileiro, como nas vitórias em Campos contra o Palmeiras em 78, que tinha o Benitez como goleiro, Flamengo em 83 e o inesquecível jogo do “troco”, o sonoro 4×0 em 1986, contra o Flu de Assis, Washington e Romerito. Jogo este que fui testemunha ocular e amenizou um pouco a “ressaca” dos 9×0 contra de 76, com atuação impecável do Goyta e defesas milagrosas do nosso goleirão. 

Jorge Luís confessou que nunca foi tarefa fácil defender a cidadela contra grandes jogadores do passado, como Zico, Mendonça, Roberto Dinamite, Cláudio Adão, Nilson Dias, Luizinho “tombo” e tantos outros craques “impiedosos”. Após o iminente encerramento de carreira de jogador que ocorreu 1991, precisava pensar seu futuro e a manutenção da família, situação comum a grande maioria dos jogadores do Brasil. O destino ainda reservava novas experiências para o Cebolinha. 


A opção de conduzir a carreira como treinador de goleiros era natural e também necessária para defender o “pão de cada dia”. E de fato acabou ocorrendo com o convite do treinador Eron Ricardo nos clubes Al Alain (Emirados Árabes), Bragantino, União São João e Ituano-SP. Essa participação ativa nos clubes chamou atenção do atual técnico da seleção Tite, em 2000, iniciando uma grande amizade e confiança, sendo Campeão Gaúcho de 2000 no Caxias do Sul. 

A partir daí sua carreira deslanchou fazendo parte da comissão técnica do Internacional RS, sendo Campeão em 2009, Palmeiras, Corinthians e Atlético Mineiro. Antecipou o encerramento da carreira em 2017 no sub 20 do Corinthians, devido a graves problemas na coluna. 

Há algum tempo tínhamos planejado uma bate papo com ele através do amigo e artista plástico João Oliveira, mas faltava uma oportunidade. Recentemente a lembrança de seus feitos como goleiro foi de certa forma revivida em uma foto junto com o lendário repórter Deni Menezes, publicada no Museu da Pelada dias atrás. Esse registro inusitado o flagrava sendo gravado em áudio para a rádio, na formação de barreira no Maracanã em 1980 em um jogo contra o Fluminense, que acabou empatado em 1×1, com gols de Índio para o Goyta e Cláudio Adão para o Flu, de pênalti.

Através da entrevista rápida e improvisada, revelamos a identidade do Jorge Luís para os amigos do MP, com o sentimento que ele ainda tem muita coisa bacana para contar. Entre essas histórias, tem o seu primeiro título nas categorias de base, um Torneio na FUNABEM no bairro de Quintino, organizado pelo Narrador da TV TUPI Carlos Lima, nos idos de 1975. 

Aquela foto com o Deni poderia ser com qualquer um dos incontáveis goleiros anônimos do futebol brasileiro, que passaram horrores na carreira e uma vida de peregrinação, longe de familiares e “grana” curta. Muitas lembranças e momentos bons e ruins foram compartilhados naquela resenha com o Cebolinha, incluindo a perda recente de seu maior Fã, seu irmão Luís Marcelo.  

Fica aqui então a minha singela homenagem a dois grandes personagens do futebol que gosto muito. Quem sabe em mais uma dessas coincidências da vida ocorrerá um reencontro do Deni e o Jorge Luís, 39 anos depois. Aquela foto em preto em branco ficou marcada no tempo e ainda sugere uma nostalgia do futebol que precisamos cultivar.

VALEU, Jorge Luís!

PELÉ ALVIVERDE

por André Felipe de Lima


Pelé começou a chamar a atenção da imprensa esportiva no começo de 1957. Tinha somente 16 anos. A grafia do apelido do craque era sempre confundida pelos jornais e revistas esportivas. No começo escreviam “Pelê”, com o famoso “chapéu do vovô”, o bom e velho acento circunflexocarimbado na segunda letra “e”. O garoto estava jogando uma barbaridade, mas ninguém acertava o nome dele. No Torneio Rio-São Paulo — conquistado pelo Fluminense no primeiro semestre de 57 —, ele desabrochara de vez. 

O menino prodígio do Santos mostrava-se um jogador de futuro. Só que nem ele e tampouco os mais sabichões sobre futebol imaginavam que o “futuro” seria coroado com o ouro mais maciço e raro do mundo. Algo que somente aqueles que reluzem algo divino podem ostentar. Pois bem,não erraram mais o nome dele e Pelé acabou convocado para a Copa Rocca, tradicional disputacontra os argentinos, que valia um lindo e pesado troféu. 

No dia do primeiro jogo contra nossos vizinhos, no dia 7 de julho, o treinador Sylvio Pirillo, que também era técnico do Fluminense campeão do “Rio-São Paulo”, estava diante de um jogo amarrado, com os argentinos a ponto de meterem a primeira nas redes do goleiro Castilho, e foi o que aconteceu aos 29 minutos do primeiro tempo, pelos pés do já veterano Labruna. Pirillo olhou para o banco e chamou o garoto, que imediatamente levantou-se, ouviu as recomendações do técnico e, certamente, deve ter dito o proverbial “Deixa comigo, seu Pirillo”. 

Saiu Del Vecchio, que não estava jogando lhufas, entrou Pelé, que pela primeira vez vestia a camisa da seleção brasileira. Logo aos 32 minutosmostrara quem era ao marcar o primeiro de muitos outros gols que fariam do nosso escrete o mais respeitado do planeta. 

O Brasil perderia aquele jogo para os argentinos (2 a 1), mas ganharia o seguinte e a posse da Copa Rocca. Mas o reino mágico do futebol também teria — após aqueles dois jogos contra os nossos maiores rivais — o seu príncipe, que dois anos depois seria devidamente coroado o rei do futebol.Único, insubstituível e eterno. Mas não é essa a pauta principal deste artigo. Deixei propositadamente para o final o tema mais emblemático. Preferi antes contextualizar o Pelé naquele ano que antecedia a Copa do Mundo da Suécia para, depois, falar das ações empregadas pelo seu descobridor, o também craque do passado Waldemar de Brito.

Dondinho, pai do Pelé, estava preocupado com o futuro do filho no futebol. O garoto tinha apenas 15 anos, porém restringia-se somente àquela lengalenga entre o Bauru Atlético Clube e o Noroeste, os dois rivais da cidade do interior paulista, onde vivia Pelé com sua família. 

O grande técnico Tim, que igualmente ao Waldemar também era amigo de Dondinho, ouviu falar do talento do menino e foi à Bauru tentar convencer o pai de Pelé para que o menino viajasse com ele ao Rio de Janeiro com o único intuito de defender o Bangu. Tim garantira a Dondinho que logo que o rapaz completasse 16 anos o escalaria imediatamente no time principal. 

Dondinho viu o brilho nos olhos do menino e respondeu a Tim que, por ele, tudo bem, poderia levar Pelé para jogar pelo Bangu, o time treinado pelo próprio Tim. Dondinho pediu licença ao amigo e foi à cozinha consultar Celeste, a mãe do garoto. Ela largou a panela no fogo, enxugou as mãos e foi à sala ver o que acontecia. Ouviu o pedido de Tim, percebeu o sorriso nos lábios do Pelé e do marido, mas disse um sonoro “não”. Dondinho e Tim ponderaram com Celeste, que abraçada a Pelé, mostrava aos dois que ali estava um menino que ainda vestia calça curta e que ainda era muito imaturo para sair mundo a fora correndo atrás de uma bola de futebol.

Resignado, Dondinho acatou a decisão de Celeste,e quanto ao Tim, restou-lhe um café e, em seguida, deixar a casa da família Arantes do Nascimento sem Pelé a tiracolo. Essa história — pouco ou nada difundida ao longo das décadas — é descrita por Mario Filho no livro Viagem em torno de Pelé (1963). 

A abordagem do Tim não é narrada por nenhuma outra biografia do Pelé traduzida em livro e nem por reportagens mais complexas sobre a vida dele. Eu, pelo menos, não a identifiquei em nenhum deles, exceto na escrita pelo Mario Filho. Também não identifiquei em nenhuma deles (livros ou reportagens), inclusive na do próprio jornalista que empresta o nome ao estádio do Maracanã, a informação de que Pelé por muito pouco não embarcaria para o Parque Antarctica ao invés de seguir para a Vila Belmiro.

Reportagem da revista Manchete Esportiva, de julho de 1957, é categórica sobre a “promessa” Pelé que acabara de brilhar no escrete montado por Pirillo para a Copa Rocca: “Mas o Noroeste não quis aproveitá-lo na equipe superior devido àpouca idade. Diante disso o Pelé voltou para São Paulo e treinou no Palmeiras, mas Aimoré (o técnico Aymoré Moreira) estava viajando e o diretor de futebol Arnaldo Tirone mandou-o embora por julgá-lo jogador sem méritos, dando-lhe vinte cruzeiros para o lotação. Pelé então foi para o Santos, por conselho do próprio Waldemar (de Brito) e em poucos treinos agradou inteiramente e jogou alguns jogos do Torneio Rio-São Paulo (que seria conquistado pelo Fluminense) com um contrato provisório.”

Dondinho e Waldemar de Brito não estão mais entre nós para confirmar a história do Pelé quase alviverde. Muita gente já havia especulado que o craque teria sido dispensado pelo Corinthians. O Rei sempre negou essa informação, que, na verdade, sequer foi oficialmente publicada, nem mesmo como especulação. Tudo ficara restrito ao bastidor, ao disse-me-disse. Mas essa rocambolesca história — extremamente relevante para a biografia do Pelé, frise-se — de que ele teria sido dispensado pelo Palmeiras é novidade. Pelo menos para mim. Pelé poderia confirmá-la. Já imaginou o Rei jogando ao lado de Ademir da Guia? O que a história reservaria para o Santos sem Pelé e o Palmeiras com ele? Essas intrigantes perguntas, amigos, só mesmo Deus para respondê-las no dia do Juízo Final, ou, na hipótese mais jocosa, o “apito” final do Cara lá de cima.

 

HERÓIS INVENTADOS

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Ligo a tevê no momento em que Daniel Alves, o camisa 10 do São Paulo, diz que é um jogador barato para o São Paulo. Será que esse rapaz já ouviu falar em Zizinho, Jair da Rosa Pinto, Gerson e Pedro Rocha? Será que conhece a instituição São Paulo Futebol Clube?

Se eu fosse o presidente, Daniel Alves sairia na mesma hora, ia falar bobagens em outro terreiro. As pessoas perderam o respeito por nossa história, a imprensa criou falsos heróis, vários deles!

Na verdade, viramos chacota para o mundo. Nosso maior astro é um homem que age como adolescente e o técnico do 10×1 até outro dia dava as cartas no Palmeiras como se fosse o rei da cocada preta.

Agora, foi substituído por seu clone Mano Menezes, que, mesmo com um elenco milionário, continuará jogando para não perder, dando chutões e garantindo o resultado. Imagina se ganha o Brasileiro desse jeito!!!

Estamos enxugando gelo. Oswaldo de Oliveira, no Fluminense, é mais uma prova disso. Mas insistimos, insistimos e insistimos! Fui ver Botafogo x São Paulo e meu coração quase voltou a dar problema, Kkkkk!!!! Mas é sério!!! O time de Eduardo Barroca não tem qualquer esquema, é um amontoado correndo de um lado para o outro. Não tenho nada pessoal contra ele, mas preciso perguntar, “Barroca, jogou onde?”, “Vestiu a amarelinha quantas vezes?”, “Chupou laranja com quem?”.

O time do Athletico Paranaense não tem elenco milionário e é bem treinado por Tiago Nunes. E olha que ele é gaúcho, hein!

Para vocês verem que minha cisma não é com os gaúchos, mas com a escola gaúcha. É sempre bom reforçar isso! Até porque não temos muitas escolhas, os gaúchos dominaram o futebol! Até o Lisca Doido é gaúcho, Kkkk!!!!!

E para piorar ainda tem esse VAR que consegue ser ruim no Brasil. E a questão é muito simples, a geração de árbitros é muito ruim. O vitaminado Daronco, mesmo com a ajuda da tecnologia, não deu pênalti que foi, deu pênalti que não foi, mas na próxima rodada estará novamente desfilando seus músculos nos gramados. O futebol virou essa palhaçada.

E para piorar ainda tem o Tite dando show de ironia na convocação para os amistosos contra Senegal e Nigéria. Se são jogos para a CBF encher mais um pouco seu cofrinho, por que não levar uma garotada para testar e não deixar o Brasileirão, já tão ruim, piorar? E quem vai querer assistir essas partidas?

Se Tite já foi uma unanimidade, até mesmo a imprensa, que sempre passou a mão em sua cabeça, está perdendo a paciência. Ainda mais quando ele vem com essa conversa mole de “equidade” e seus termos acadêmicos. Errei quando por algumas vezes chamei Tite de pastor. Na verdade, ele é mais uma ovelha da CBF e apenas cumpre o seu papel de treinador da vez.

No Bom Senso exercia o papel de ovelha rebelde, indomável, fazia críticas severas ao sistema, mas, hoje, é um cordeirinho domesticado que não quer perder a mordomia de sua fazenda milionária.